quarta-feira, 27 de março de 2013

JUDO - ENTREVISTA COM O MESTRE PEDRO PINHEIRO



O Judo, teve sempre, no Boavista, um lugar de destaque entre modalidades inseridas no quadro da Ginástica. Depois de uma paragem, o Judo foi relançado há alguns meses pela mão de um apaixonado pela modalidade, de nome, Pedro Pinheiro. Este professor de trinta e cinco anos é responsável pela secção e foi com ele que tivemos uma conversa para conhecermos, mais ao pormenor, o Judo no mundo da pantera.

Quando se iniciou como atleta e  a dar aulas de Judo?
Iniciei-me no Judo, como atleta, em mil novecentos e noventa e quatro e a dar aulas em, em noventa e sete, nesse caso, só a crianças pequenas. Desde dois mil e um que dou treinos de competição.

Em que clubes têm dado as suas aulas?
Primeiro no Clube Judo do Porto, em seguida no Infante Sagres e agora, no Boavista.

Que grau tem?
Sou terceiro dan.

O judo esteve parado por uns tempos no Boavista. O senhor recomeça a sua actividade há cerca de um ano. Foi difícil esse recomeço de actividade? Como conseguiu formar as suas equipas?
Sabia que o anterior professor tinha deixado o clube e considerei, que seria uma oportunidade para apresentar o meu trabalho no clube, sabendo que o Boavista é um clube muito grande, apresentei uma proposta para trazer para aqui o Judo. O Boavista aceitou a minha proposta e aproveitei alguns atletas do meu clube anterior e iniciei a actividade no clube. Mas temos aqui muitos atletas novos, graças à publicidade que fizemos, distribuímos cerca de vinte mil prospectos e começamos a actividade.
Alexandre silva na luta que lhe deu o Título Nacional
Mas foi difícil?
Começar e recomeçar, nunca é fácil e começar a sério, só começamos em Setembro. O início foi Junho/Julho mas aulas a sério, considero que foi só em Setembro.

Quantos alunos, tem neste momento?
Temos entre cinquenta e sessenta alunos.

Esse número é suficiente, ou por outro lado, as turmas podem crescer? Qual é o limite que aceitas como inscrições?
Neste momento e com as aulas que temos abertas, penso que poderemos ter cerca de cento e vinte atletas confesso que neste momento, está um pouco abaixo que o que esperava, mas talvez devido à crise, os números estão a cinquenta por cento do que podemos conseguir.

A calendários para atingir metas?
No final do ano queremos ter sessenta, para o ano terminar com cerca de oitenta/noventa e em dois mil e quinze atingirmos os cento e quinze/vinte.

Vamos falar de valores. Quais os custos, para o ingresso de novos atletas?
Estamos, actualmente a reavaliar os valores com que inicialmente partimos como base, para este projecto. Para as crianças mais pequenas, podemos divulgar porque já o baixamos este ano e por isso, o iremos manter é de trinta e dois euros por mês, para três aulas semanais de actividade. Para os outros valores, acho não ser coerente anunciar, para já, pois como já referi iremos baixar um pouco dos praticados agora, porque a crise, também se faz sentir nesta modalidade. Após análise cuidada, anunciaremos os valores definitivos a apresentar para a nova época.

Vamos falar dos treinos. Quantos treinos semanais, se as turmas são separadas e quanto tempo de treino por aula?
As turmas são separadas, por idades e classes. Apesar de hoje em dia, as pessoas verem o Judo como uma arte Marcial, um judo é mais que isso, para nós o Judo é um desporto. Mantendo aquela parte das artes Marciais, com uma visão Oriental, da ética e da moral, também temos uma organização como qualquer, outros desportos. Para isso, temos que dividir os alunos por classes. Temos uma classe de crianças de quatro a seis anos, temos outra dos sete/oito/nove anos, outra ainda, dos dez aos treze e depois, temos a classe de competição. Todas as classes têm três aulas, sendo que os atletas de competição têm que trabalhar todos os dias.

Todos os dias?
Quem quer ser um atleta campeão tem que trabalhar, pelo menos, uma vez por dia.
Festejando o título Nacional com Alexandre Silva

O Judo é uma modalidade de combate, ou uma modalidade espiritual e de exercício de agilidade?
O Judo é muito grande. Pode ser só uma actividade de combate, pode ser só uma actividade apara as pessoas relaxarem de um dia de trabalho, para as crianças é uma actividade de formação e educação, pode ser muita coisa simultaneamente. Podemos estar todos na mesma aula, com objectivos diferentes, porque as técnicas de Judo são sempre as mesmas. Os objectivos com que as treinamos é que podem ser diferentes, quem estiver mais interessado em defesa pessoal, se calhar vem treinar mais técnicas de defesa pessoal, quem estiver interessado em competição tem que treinar essas técnicas. Considero, por tudo isto, que tem mais a ver com a intenção da pessoa que pratica de que com actividade em si.
Posso dar um exemplo, temos aqui um senhor com sessenta e dois anos, que começou a praticar este ano – passei-o esta semana para cinto amarelo – que pratica só para estar inserido num grupo de malta mais jovem. Nesse mesmo treino, temos dois jovens que trabalham para serem campeões nacionais e fazem o mesmo que esse senhor.

Vamos esclarecer. O Judo e o Karaté são diferentes. Muito ou pouco?
Vou ser sincero. Eu percebo pouco de Karaté. São jogos muito diferentes e acho que as pessoas comparam porque andamos todos de fato branco. O Judo e Karaté são mais diferentes que o futebol é do andebol. No futebol marcam-se os golos com os pés, no andebol é com as mãos. No Judo só há socos e pontapés, só para estudar a defesa pessoal e é só praticado por alunos numa fase muito avançada de competição e formação. No Karaté não há projecções até porque o tapete é muito pequeno. A única coisa em comum é mesmo, andarmos de fato branco, termos ambos cintos pretos e terem vindo ambas do Japão. As pessoas associam esses factos, mas são modalidades completamente diferentes.

As condições que tem para o seu trabalho, são as ideais ou precisa de algumas melhorias a curto prazo?
Eu trabalho todos os dias para melhorar as nossas condições, mas sinceramente, o que precisamos, hoje em dia são coisas pequenas. Temos no Boavista condições fantásticas, temos no clube o maior tapete de Judo da zona norte de Portugal. Temos um grande apoio médico que é prestado pelo Doutor Pinto Sousa e pelo senhor Sobreiro, deixo aqui as minhas homenagens a estes dois Senhores, no Judo esse apoio é fundamental, principalmente para atletas de competição. Embora o Judo não seja um desporto de combate, por vezes acontecem lesões, por exemplo, na natação também não suposto alguém se magoar, mas as lesões acontecem. O que temos permite-nos fazer todo o trabalho que precisamos no Judo.

Satisfeito por isso, com as condições oferecidas?
Posso dizer-lhes que seremos dos clubes nacionais com melhores condições para praticar a modalidade.

Falando de competição. Qual o momento actual do Boavista nas competições?
O nosso projecto engloba o facto de termos atletas que façam Judo de Alto Rendimento. O trabalho que vimos a realizar há uns tempos, por mim e atletas que me acompanharam de outros clubes e atletas até, de outros países, faz-me afirmar que estamos a chegar ao patamar desejado. Para além deste que referi, temos um grupo de cinco/seis atletas que querem ser … atletas de alta competição. Atenção que entre o querer e o ser, vai uma diferença muito grande. Temos um atleta que pelos resultados se tem feito notar a nível nacional, foi Campeão Nacional de juniores de 55 kg, que é o Alexandre Silva. Para as pessoas terem a noção das coisas, temos que dizer que no distrito do Porto, há mais de vinte e cinco anos que não havia um campeão nacional de Judo nesta classe. E na zona norte um campeão masculino, já não há mais de vinte e cinco, ou seja o que este atleta conseguiu é um feito extraordinário.
Mesmo extraordinário que quase ninguém se apercebeu…
Para além do Alexandre, temos mais um atleta da sua idade, o João Mota, a quem infelizmente, o campeonato nacional não correu pelo melhor, que é um atleta que treina e se esforça tanto como o Alexandre, mas o campeonato de Judo é ingrato, porque é um dia só. Tudo se joga naquele dia e um simples lance pode deitar tudo a perder. Basta acordar mal disposta, basta um erro, enquanto, por exemplo, na ginástica ainda tenho mais dois aparelhos para poder recuperar, no Judo isso, não existe!
Voltemos ao João…
É um atleta que treina muito, aliás estes dois atletas estão neste momento, no estágio da selecção Nacional de Juniores. Estão na secção de Portugal a treinar com as selecções do Brasil, Canadá e Noruega, durante esta semana da Páscoa em Coimbra. Depois destes, que são os nossos pontas de lança, quero destacar a Joana Baptista, que apesar de ser o seu primeiro ano de Cadetes, (sub 18) apesar de só ter 14 anos… é uma atleta que o ano passado foi medalhada, no campeonato Nacional de sub15. Este ano foi a atleta com melhor resultado da sua categoria. No conjunto de todos atletas que fazem quinze anos este ano, ela ficou em quinto lugar! Todas as outras que disputaram as medalhas com ela, faziam dezassete anos. A Joana tem uma capacidade de trabalho fantástica.

No futuro a curto/médio que eventos, tem programados?
Há um quero destacar. É um evento que nos é caro, organizado pelos clubes da zona norte que é o evento denominado, por Liga Luso-Galega, realizado por jornadas. O nosso objectivo não é ganhar, mas proporcionar aos nossos atletas seniores que não são de competição, tenham um momento de competição, sem ser uma competição de Alto Rendimento. A próxima jornada será a 30 de Março e a última a 20 de Abril aqui no Porto. Todos lutam contra todos e por exemplo na última jornada vencemos a académica de Coimbra um dos clubes mais fortes do nosso país. Mas fruto do nosso treinador (eu) perdemos depois com as equipas mais fracas. Porque todos lutam, sem apostar no primeiro lugar, para isso temos o campeonato Nacional, isto é uma prova para ganhar conhecimento competitivo e todos participarem.
É um incentivo para o trabalho?
Sim, o lema é, divirtam-se e depois vamos todos jantar. Gostava de salientar mais uma prova que espero ver os nossos atletas convocados pela selecção nacional, que é o Torneio de Juniores Teresa Herrera, que se disputará na Corunha. Caso não sejam convocados pela selecção Nacional, nós iremos marcar presença representando o Boavista, porque este torneio é de nível europeu. Para além destas, temos mais competições agendadas, mas estas são as mais relevantes.

Entrevista de

Manuel Pina

HÓQUEI EM PATINS - ENTREVISTA COM O TÉCNICO ÓSCAR ALVES


Conhecido no mundo do hóquei patinado por Joca, (o seu verdadeiro nome, é Óscar Alves) o técnico axadrezado é realmente um homem do hóquei. Acompanha-mo-lo numa viagem pelo mundo tão bem conhece, porque mais que entrevista, esta peça é uma verdadeira viagem.
Venham daí.

Quem é então, o Joca, como hoquista?
Comecei muito cedo, para aí com oito anos nas escolinhas do Infante Sagres. Continuei no Infante em Infantis e Iniciados. No segundo ano de Iniciados entro nos trabalhos das selecções e no ano seguinte, vou ara o FC Porto. Jogo no Porto até ao meu último ano de júnior e a seguir passei para o Gulpilhares. Nessa época a equipa do Gulpilhares que tinha subida da terceira para a segunda divisão, mas que tinha vontade de construir um plantel muito forte, para atacar a subida à primeira divisão.

O DESPORTISTA
O que acabou por acontecer. Fazia parte da equipa?
Sim, fazia parte da equipa que atingiu esse objectivo.
Joguei um ano em Fânzeres e depois parei uns tempos. Passado uns tempos, apareceu-me um projecto muito engraçado com o Pasteleira, com um grupo de amigos, já com mais idade e que pensou jogar na terceira divisão. 
Esta era uma equipa formada com jogadores que já não jogavam há muito mas que era fortíssima e com ela subimos à segunda divisão. Fizemos uma grande prova na segunda divisão e nesse ano o campeonato estava dividido em duas zonas e no final, os primeiros lutavam para subir à primeira e os outros cruzavam com o sul para ver quem descia. Ficamos em segundo lugar! Não tínhamos condições para dar um passo desse entrar na primeira divisão e paramos. Passei para o Fluvial e um ano depois parei por opção.

O BOAVISTA FC
Mas por pouco tempo…
Sim porque nesse ano… apareceu-me o Boavista! Com um projecto muito engraçado.
Quem e como começou esse projecto?
Quem me procurou e me disseram estar a liderar esse projecto, era um ex-atleta meu que er o Egídio. Deram-me a conhecer a base desse projecto e disseram-me que procuravam um treinador que tivesse estado, no passado, ligado a projectos do género. No início, sou-lhe sincero, pensei que isto não teria pernas para andar, porque eles não tinham a noção das necessidades e dificuldades, para levar em frente um projecto desta dimensão e deste género. Respondi-lhes com a apresentação da lista que eu achava indispensável para aquele projecto e esperei pela resposta, mas sem grande esperança, repito.
Mas parece que se enganou! Porquê? O que aconteceu?
Passado cerca de um mês, ligaram-me dizendo que tudo estava conseguido e perguntando se estava, então disponível. Achei estranho, muito estranho, honestamente. O grupo foi falar com o Presidente, que disse estar interessado e as coisas foram-se fazendo, devagarinho, com alguma cadência, fomos conseguindo jogadores, de vários sítios e alguns deles nem sequer conhecia. Começamos os trabalhos e aos poucos esses jogadores que jogavam pouco nos clubes a que pertenciam, têm vindo acrescer aos poucos, mas precisam de trabalho.

A sua missão neste projecto era ser somente treinador, mas eu sei que a situação se alterou e voltou o Joca jogador. Que aconteceu para esse regresso do Joca?
Eles convenceram,  isto inicialmente começou como uma brincadeira. Nos treinos havia um ou outro que faltava, outras vezes era preciso mais um jogador para fazer a parte que faltava e eu não ia permitir que o treino ficasse manco por falta de um. Comecei a fazer um ou outro treino com eles e já no ano passado eles me tinham pedido para jogar com eles. Sempre fui renitente e disse sempre que não, justificando-me com a idade, que eles são muito mais jovens que eu, depois porque como não estava a treinar, não me apresentava numa forma capaz para jogar ao lado deles, etc… eles foram teimando e chegando a Janeiro eu comecei a ponderar, se fazia sentido eu jogar com eles. Depois de muito pensar e de falar muito abertamente com eles… acabei por aceitar. o convite que me fizeram.

Foram os jogadores que o convocaram e não o treinador que foi “buscar” um novo jogador?
Exactamente, foram eles que me foram buscar e convenceram e estou a gostar da experiência.
Na companhia do Director Morais Gomes

 O HÓQUEI ACTUAL
O Director do departamento, disse-me há pouco, que para o ano pondera entrar só no campeonato regional em detrimento do Nacional. Quer explicar as razões?
O hóquei está numa fase muito complicada, estamos numa fase de carência total da modalidade e dou-lhe o exemplo, mais caricato, do momento. O Física de Torres Vedras, que está no quarto lugar da primeira divisão, não vai jogar aos Açores. Uma deslocação aos Açores custam seis mil euros, quem a paga é o Instituto Desporto de Portugal. O IDP, por sua vez, vem dizer que tem problemas de pessoal para processamento desses pagamentos, consequentemente, os pagamentos arrastam-se por cerca de ano, enquanto uma equipa pode ter três/quatro vezes à Madeira e Açores, sem receber qualquer verba do IDP. Resultado, as equipas deixam de ir a esses jogos e a imagem do hóquei começa a cair.

No caso do Boavista?
No nosso caso, ponderamos sobre o assunto e verificamos que o chamado Campeonato nacional da terceira divisão, mais não é, que um grupo de seis equipas e obriga (pelo nome) a grandes despesas. Este campeonato, chamado regional tem muito mais equipas e é mais competitivo e os custos são muito menores. No momento que atravessamos e nesta fase do projecto, consideramos alterar a participação nas provas que disputamos. No futuro, quando quisermos subir de divisões… alteraremos de novo.

A nível técnico,eu verifico muitas diferenças de jogo dos tempos de Livramento. Etc… como jogador e treinador, como analisa este facto?
A última alteração às regras de jogo era fundamental para o hóquei. Estamos a enveredar por um caminho que o jogo já era um misto de hóquei em patins e hóquei no gelo, com choques constantes e sem espaços para se jogar. Se puxarmos um pouco o filme atrás, tivemos um tempo sem linha de antijogo em que o antijogo era permanente (tempo de Livramento) depois, entramos na fase em que se colocou a linha de antijogo, para a linha da área, o que proporciona um espaço de jogo considerável. Para mim, é ainda, até hoje, a mais favorável ao hóquei. Depois, passou-se para a linha dos vinte e dois metros, em que quase não havia espaço para jogar, pois o contacto físico aumentou drasticamente. Após todas estas experiências  optou-se pela exclusão da linha de antijogo, conseguindo-se um estratagema para impedir que o antijogo fosse latente.
Passou-se a ter como referencia a linha de meio campo…
Exactamente e só se pode jogar atrás dessa linha durante cinco segundos e só se pode passar para trás dessa linha cinco vezes em cada posse de bola atacante. À sexta vez, é falta! Por outro lado, copiou-se substancialmente parte das regras do futsal, o que acho bem, devemos sempre aproveitar o que é positivo, fazendo um misto de leis de futsal e basquetebol, onde o contacto é quase inexistente. Copiamos os tempos de ataque e a penalização das faltas dividindo-as em colectivas ou do atleta. Um misto de tudo, o que para mim melhorou consideravelmente o jogo do hóquei em patins.
Explique as diferenças entre as faltas?
As faltas feitas directamente sobre um adversário, são sempre faltas da equipa e somam-se até atingir o número de dez. Atingido esse número, a equipa sofre um livre directo. A partir daí, começa nova contagem mas agora de cinco em cinco. Esta diferença entre o futsal, pois o hóquei é um jogo de muito maior contacto. As outras, como pé na bola, fazer a bola subir etc… são faltas individuais, a bola passa para o adversário, mas não contam para a equipa. Com estas alterações dos últimos três/quatro anos o hóquei melhorou substancialmente, disso não tenho qualquer dúvida. Anteriormente um jogador tecnicamente mais evoluído era quase impedido de dar espectacularidade ao jogo porque estava sistematicamente barrado, pela falta de espaço.

Mas hóquei perdeu muito com isso?
Muito, mesmo. Eu dou-lhe um exemplo eu quando fui para o Gulpilhares, para aí em noventa e um ou noventa e dois, nós tínhamos – sempre – o pavilhão de Gulpilhares completo. Um exemplo, fomos disputar a subida a Barcelinhos e acompanharam-nos quatro mil espectadores. Gulpilhares ficou sem ninguém… deserta. No pavilhão das Antas cheguei a ver em muito jogos, público uma hora antes de cada jogo e estamos a falar de um pavilhão que tinha sete mil lugares… agora temos jogos de uma centena de pessoas nas bancadas.
Adicionar legenda

O PROJECTO DO BOAVISTA
Voltando ao Boavista. O que espera deste projecto?
É como qualquer projecto na fase inicial. Creio que se nós pouco podemos apontar de negativo à Direcção do Boavista, mas acredito que do lado dos adeptos e sócios, pouco ou nada nos poderiam exigir. Estamos nesta luta, para acabar com a ideia inicial – dos adeptos – que éramos um grupo de amigos que conforme apareceu, um dia pegávamos nos sticks e íamos para casa. Nada disso! Nada de mais errado! Não temos qualquer custo, para o clube. Os gastos estão garantidos por sponsors, ou de alguém, externo ao clube. A única coisa que recebemos do Boavista e foi o ano passado, foi um jogo de equipamentos, com os quais continuamos a jogar este ano.

No futuro tem que ser alterada essa situação?
A forma como o hóquei era visto, por muitos, como o parente pobre do Boavista está a mudar e foi, para isso, preponderante a entrada do Senhor Morais para a secção. As coisas estão pensadas e aguardamos apenas a altura para as lançarmos definitivamente. Era fácil conseguirmos dois/ três e facilmente subíamos à segunda divisão e automaticamente triplicávamos os custos… alto lá! Neste momento isso não é possível, temos a consciência disso. Triplicávamos os custo e como não lhe poderíamos fazer frente… fechávamos a porta.

Mas está pensado um dia a subida a uma divisão superior?
Claro que está e estamos a trabalhar nela. De todos os jogadores que temos vamos tentar evoluir e ficar com uma base para o futuro. Esta equipa será a base da equipa que irá lutar pelas subidas, mas a seu tempo.

Agora ara o treinador. Os resultados do primeiro ano desapareceram de vez? Aqueles 7-1 e outros que tais?
A equipa era toda nova, o campeonato também é forte, o sinal disso é que há muitas equipas de terceira que derrotam equipas de segunda e equipas de primeira sentem muitas dificuldades contra equipas de terceira. A evolução nota-se embora seja relativa. Os números de sete a um, nove a dois, estão ultrapassados agora já, mesmo quando perdemos, é por quatro a três, seis a cinco… eu sinto muito e custa-me a compreender as arbitragens contra o Boavista.
São más?
Por razões totalmente transcendentes ao hóquei, eu sinto (tenho a certeza) que somos constantemente prejudicados. O Boavista é uma equipa nova no hóquei, os jogadores são novos, logo os árbitros não tem razão nem nada contra nós particularmente e custa-me compreender então, o porquê de nos prejudicarem sistematicamente.
É o ódio do futebol, transportado para o ringue?
Só pode ser. O Boavista é um alvo a abater e mesmo no hóquei isso é flagrante. Mas não será por aí que nos irão atirar à terra.

O FUTURO
O Joca, vai continuar para o ano?
Estou disponível para continuar assim os dirigentes o entendam. Para mim, isto foi mais engraçado ainda, porque o meu pai, era um Boavisteiro doente, o meu padrinho, também e o meu tio era um sócio acérrimo e sócio de mérito e por todas estas razões eu acompanhei sempre a ida do Boavista. O meu pai, jogou hóquei em campo e andebol de onze no Boavista e por isso também tenho ligações ao clube. 
Tenho achado curioso, como é que um clube com esta dimensão, mesmo nestas situações que atravessamos, deixa um pouco de lado as modalidades amadoras. Não falo só pelo hóquei, mas pelo que vou conversando com as pessoas de outras modalidades, que constantemente se queixam de falta de condições para o desenvolvimento das modalidade a que pertencem.

Conhece então a situação que o clube atravessa?
Tenho algum conhecimento, mas o não se poder ajudar e apoiar economicamente, não invalida, que os dirigentes se encontrem e dialoguem com as pessoas e se inteirem das realidades e dificuldades.

A DESCOBERTA DO CLUBE
Orgulhoso por vestir esta camisola?
Claramente orgulhoso e tenho que confessar, que não tinha conhecimento da grandeza do Boavista Futebol Clube. A crise vai passar e este clube irá ocupar o seu lugar, que pensei só ser grande no futebol, mas verifico que estava enganado, há neste clube uma extraordinária potencialidade a nível de Amadoras. Pela minha parte estou disponível para fazermos o nosso regresso aos lugares cimeiros do desporto nacional, ao qual o Boavista pertence.

Entrevista de

Manuel Pina

quinta-feira, 14 de março de 2013

ENTREVISTA COM BRUNO VALENTIM


Bruno Valentim, tem o seu firmado no universo desportivo nacional e internacional. Depois de ter conquistado vários títulos, em Boccia, decidiu mudar de modalidade e cedo, assumiu, lugar de destaque nesta nova aposta. Mais uma vez, se afirma como um desportista ambicioso e sem limites para atingir as suas apostas, mas não deixando de criticar a politica desportiva do país, que tanto o tem condicionado, como a outros atletas.
Um exemplo!  

Depois de uma carreira desportiva, na modalidade de BOCCIA, muda-se para o tiro. O que o levou a essa alteração?
A mudança para o tiro é simples de explicar: já fiz mergulho desportivo, já joguei boccia, já pratiquei vela adaptada… ora bem, só faltava andar aos tiros. Parece não haver nada em comum todavia são tudo actividades de baixa carga física e que se adequam à minha doença e eu gosto de ter uma actividade física para complementar a minha actividade profissional.

Como se processou a adaptação ao Tiro?
Foi um verdadeiro desafio (e uma despesa das maiores) uma vez que não havia tiro adaptado em Portugal:
Primeiro, em 2009 tive de aprender o básico da modalidade, comprei livros, passei horas na net, fui à Galiza falar com um atirador espanhol e desloquei-me a Alicante para assistir a um campeonato e ser classificado funcionalmente para ver qual seria a minha classe de tiro;
Segundo, fiz um curso de acesso ao exame federativo, comprei a arma, o fato e outro material;
Terceiro, tirei a Licença Federativa, montei a minha carreira de tiro no BFC, e comecei a treinar com um aluno (Marco Alves);
Quarto, comecei a participar em provas no estrangeiro (a primeira em Setembro de 2010 foi e Inglaterra);
Quinto, fui-me dando a conhecer à Federação Portuguesa de Tiro apresentando relatórios das minhas deslocações.

Qual o local em que treina e quantos treinos realiza semanalmente?
Treino na antiga sala de boxe do B.F.C., onde como já referi instalei uma linha de tiro e um sistema de “falling targets”, mas também em casa e na piscina. Realizo 5 a 6 treinos semanais (cerca de 14 horas) que incluem treino mental, treino com Scatt, musculação e manutenção da forma e tiro real.

Tem algum treinador especializado nessa modalidade, ou treina sozinho?
A modalidade de tiro que pratico (tiro paralímpico = tiro adaptado = tiro ICP/ISSF) não precisa de um treinador específico, apenas de um treinador de carabina de ar comprimido ISSF.
Em todo o caso treino sozinho, ainda que agora já tenha o apoio do seleccionador nacional de carabina. Infelizmente, em Portugal, há muita gente com o curso de treinador mas pouquíssimos são treinadores e destes apenas alguns sabem realmente da coisa.
É assim o nosso país, esbanjou-se (e esbanja-se) muito dinheiro em formações inúteis. É como aquela coisa da formação de formadores para formar formadores e depois os verdadeiros professores não arranjam trabalho.

Quais os resultados mais significativos que conseguiu até agora?
Em termos de medalhas e essas coisas não consegui nada, pelo contrário tenho ficado sempre na segunda metade da tabela classificativa. Acontece que o tiro é uma modalidade técnica com uma componente mental dominante e, portanto, precisa de muita aprendizagem e trabalho em coisas muito finas. E, ainda bem que também é assim na sua versão paralímpica e não é uma “chanchada”, depois a competitividade é muito elevada, havendo inclusivamente alguns atiradores paralímpicos que também são atiradores olímpicos, para além dos seleccionadores e treinadores serem também muitos deles ex-olímpicos.
Em todo o caso o meu recorde nacional é de 600 em 600, e isso é muito bom.

Que objectivos têm para o futuro a nível desportivo?
Desde logo tornar-me um excelente atirador, no sentido mais abrangente do termo, para ter prazer na actividade e fazer dela o meu passatempo até daqui a muitos anos. Contudo, tenho objectivo de vir a ter o mérito de poder participar nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, depois de até lá ter prestado bons desempenhos em diversas provas internacionais.

Existem provas nacionais oficiais da modalidade?
Não especificamente, até porque não temos juízes para ajuizar acerca dos regulamentos específicos do IPC (tiro paralímpico). Em todo o caso como cada um está na sua linha de tiro é-me indiferente quem é o parceiro do lado e o importante para mim é saber que estou a atirar nas condições em que atiro nas provas internacionais. Assim, tenho até cerca de 30 provas nacionais onde posso participar de acordo com os regulamentos ISSF (tiro olímpico) que são os mesmos excepto algumas adaptações (fato e a cadeira de rodas) e a classe funcional.
Para além disso entro em provas com os nossos melhores atiradores nacionais.

Tenho que conhecimento – não oficial – da sua convocatória para os trabalhos nos próximos jogos. Confirma?
Não, o que já é certo é que vou é participar em Abril numa Taça do Mundo na Polónia e em Setembro vou ao Campeonato Europeu. Pelo meio vamos ver se consigo patrocínios para a mais provas. Os próximos jogos Paralímpicos ainda estão muito longe e o que devo é conseguir entrar no projecto paralímpico porque os meus resultados têm, há dez provas nacionais, ficado sempre acima do mínimo paralímpico da paralimpíada anterior.

Quais as dificuldades, que tem encontrado para se manter em actividade, lutando pelo topo nacional?
Nenhumas, uma vez que só eu é que estou neste nível. Agora o topo onde me encontro em termos de qualidade e pretendo subir ainda um pouquinho mais é que apresenta “dificuldades”. De facto, não ter treinador é complicado e obriga a uma grande determinação e perseverança, porém, modéstia à parte, tenho essas qualidades.

Tem tido alguns apoios materiais?
Sim, e imateriais também (da minha família, de amigos, do Sr. Pina, da Cristina Almeida, da presidência e dos directores do B.F.C. e de muitas outras pessoas). Materialmente tenho do B.F.C. que me cede uma sala (e algum financeiro na medida das possibilidades actuais do clube), da Associação dos Amigos do Boavista tenho actualmente apoio financeiro para me deslocar uma vez por mês a provas nacionais ao sul (entre outros apoios maiores no passado para ir ao estrangeiro), já tive apoio financeiro do Dr. Eduardo Matos e da Junta de Freguesia de Ramalde, da Blasport/Macron já tive equipamento e, actualmente, já tenho o apoio da Federação Portuguesa de Tiro nas deslocações a Lisboa para estágios de selecção e nas próximas idas à Polónia e ao Campeonato Europeu.

Esta modalidade apresenta-se como sendo uma modalidade de custo elevados para a sua prática. Confirma? E como tem sido possível essa manutenção?
Isto é sempre relativo, pois se um clube tiver meios e equipamentos os atletas não têm custos na iniciação. O problema é que eu quis “praticar natação mas tive de construir e pagar a piscina”, porque não existiam condições no Porto nem para tiro normal nem conhecimentos em Portugal de tiro paralímpico. Vai daí, entre arma e outro equipamento e idas ao estrangeiro até ter resultados de monta, gastei para cima de vinte mil euros.
Enfim, neste como noutros casos no início de algo funciona muitas vezes o efeito de “pescadinha de rabo-na-boca”: não nos dão apoio porque não temos resultados, mas como sem apoio não se conseguem resultados lá põe a pescadinha o rabo na boca.

O Campeão de Boccia, pode dar lugar ao Campeão de Tiro?
O tiro é de uma improbabilidade muito grande no que concerne a resultados, para além de que um atirador leva dez anos a formar-se. O que espero é tornar-me um excelente atirador e permanecer nessa condição durante muito tempo para merecer representar o Boavista cá dentro e Portugal lá fora

quarta-feira, 13 de março de 2013

ANDEBOL - CÉSAR VASCONCELOS EM ENTREVISTA


 
César Vasconcelos, é o técnico da equipa júnior de andebol. Um homem calmo e consciente das dificuldades que a participação no escalão principal, lhe tem apresentado, mas simultaneamente, consciente das hipóteses de manutenção.

Sabia de antemão das dificuldades que iriam encontrar nesta fase da época, como analisa a participação da equipa? A situação está mais difícil do que esperava?
Estão mais difíceis, claro que estão. Esperávamos ter nesta altura mais três/quatro vitórias e não ter tantos resultados desnivelados, como temos tido. Por este prisma, está a ser uma surpresa, embora pela negativa, a nossa participação na prova.
  
O Boavista apresenta na sua equipa três ou quatro jogadores juvenis, enquanto os outros apresentam jogadores que jogam nas equipas seniores. Isso, não desequilibra mais a prova?
Sim. Nós temos habitualmente a jogar três jogadores do escalão de juvenis, curiosamente, um do primeiro ano, outro de segundo e ainda outro de terceiro ano de juvenis. Fomos agora, buscar mais um jogador desse escalão, o guarda-redes, o Antero, também de segundo ano. Sabemos que é complicado quando jogamos com equipas, com atletas que jogam nos seniores e que conseguem adquirir um traquejo competitivo muito forte. Nós também os temos, mas num nível mais baixo, que outros clubes como, Porto, ABC e outros clubes. Enquanto os nossos seniores estão a disputar a terceira divisão, alguns dos atletas juniores dos clubes adversários, estão a disputar a segunda e primeira divisão nacional. É uma diferença muito grande de ritmos de competição. A meu ver, o nível e ritmo do campeonato da primeira divisão de juniores consegue ser superior ao nível do campeonato de seniores da terceira divisão, o que faz com que haja uma maior diferença de ritmos competitivos entre nós e alguns dos nossos adversários. No entanto, o nosso objectivo é mantermo-nos e posteriormente, com os conhecimentos que vamos adquirindo, penso que estaremos muito competitivos nos próximos anos e até (já) no próximo.

Esse objectivo, passa pela manutenção?
Tudo isto, irá por água-abaixo, se não conseguirmos assegurar a manutenção, porque se o conseguirmos iremos receber os actuais atletas de juvenis que virão consolidar este projecto, tornando o andebol do Boavista sustentável e altamente competitivo.

Tem que continuar a trabalhar, para esse objectivo?
Sim, nós trabalhamos bem, só que os resultados não têm sido positivos. Fazemos análise de vídeo, fazemos musculação, realizamos quatro treinos semanais. Nós treinar, treinámos e espero que o resultado desse trabalho apareça com o tempo, mesmo a curto tempo. Dou o exemplo, de um dos últimos jogos, em que ao intervalo, estávamos a perder por seis com o Águas Santas e tínhamos perdido sete situações de contra-ataque. Temos debatido esse ponto e sabemos que a nossa situação passa pela eficácia, ou falta dela, no aproveitamento dessas jogadas de contra-ataque. Temos que melhorar nesse aspecto.


O plantel era o pretendido no início, ou ficaram algumas aquisições desejadas por fazer?
Nós estamos a falar de juniores e não é habitual realizarem-se contratações. Mesmo assim, tivemos sete entradas novas no clube. Tenho que concordar, que também contactamos outros atletas que não conseguimos fazer com que eles ingressassem na nossa equipa. Depois de começar a época, assumimos que é este o nosso plantel para a disputar o campeonato.

Se me permite, na análise que fiz aos jogos que restam disputar, haverá três/quatro jogos de perder, mas será nos outros que terão que assegurar a manutenção. Concorda com esta minha visão?
Ninguém joga para perder, mas temos que assumir que há alguns jogos que será muito difícil conseguir a vitória e há outros jogos que são contra equipas que nós chamamos do nosso campeonato. E no chamado “nosso campeonato” já perdemos alguns jogos que devíamos ter vencido. Falhamos em casa com a Sanjoanense e falhamos agora, fora com o Alavarium e, de certa forma, com o Espinho em casa, sendo ainda duvidoso com o Gaia se eles serão superiores ou não. Tenho a ideia que devíamos ter vencido os dois jogos com o Gaia. Devíamos ter vencido. Claro que todos quisemos vencer os jogos, mas não fomos competentes para o conseguir.

Nesse percurso de treinador de formação, sente independentemente do resultado final da prova. Que formou alguns jogadores, a quem reconhece evolução em alguns atletas?
Estamos a falar da fase final da formação de atletas. Estou cá há um ano e meio e já verifico evolução em alguns atletas. Alguns que eram da equipa da equipa juvenis do ano passado e jogavam na equipa de juniores, outros que eram do primeiro ano de juniores da época passada. É claro que se nota evolução técnica em vários atletas, sendo que é mais difícil notar essa evolução nestas idades do que quando eles são mais novos. Mas nota-se evolução, por exemplo na baliza, notei evolução no guarda-redes do ano passado que este ano já é sénior, o Bernardo. Houve evolução em vários atletas que eles próprios reconhecerão. Mesmo com os juvenis, nota-se uma grande evolução ao traze-los "cá a cima", evoluem na forma de estar no jogo (aspecto mais táctico), assim como nas soluções técnicas.

Duas realidades,  a nível de resultados entre os dois escalões…
Realmente, temos aqui uma dicotomia. Os juvenis só com vitórias em todos os jogos e os juniores com a maioria de jogos com derrotas. Mas a aprendizagem que se faz é completamente diferente, mesmo com derrotas, a aprendizagem que se faz nos juniores é bastante superior ao que se consegue nos juvenis, mesmo vencendo. A nível de mentalidade competitiva, os juvenis que sobem a juniores conseguem evoluir mais e com mais consistência.

Na próxima época, independentemente da divisão em que estiver, a época será mais fácil, pelo conhecimento e evolução. Concorda?
Dificilmente vamos sentir as dificuldades que temos conhecido. Primeiro, porque já temos um ano de adaptação. Segundo, porque alguns atletas que vieram este ano de clubes de menor nível competitivo e exigência, já estarão igualmente mais adaptados à nova realidade. Estes reconheceram que temos um nível competitivo e exigência, que não se equiparava ao que estavam habituados. Estamos a falar de ex-atletas do CPN do Lusitanos, etc… atletas que jogavam para perder por pouco mesmo numa segunda divisão. Aqui e apesar de eu ser muito exigente com eles e mesmo tendo perdido vários jogos, tenho a certeza que a exigência de treino é muito superior ao que estavam habituados.


Uma pergunta traiçoeira, para si. Considera positivo o seu trabalho, nesta época independente de conseguir ou não a manutenção? Seria mais positivo para si, estar na segunda divisão vencendo sempre, ou nesta divisão mesmo com muitas derrotas?
Essa pergunta, faz todo o sentido porque me apanha numa situação que nunca tive na vida, que é a situação de tentar ganhar e chegar a esta altura da época e nem sequer conseguimos 50% de vitórias nos jogos disputados. Isto é um facto que me obriga a colocar muita coisa em causa, como é evidente. Será que o problema sou eu? O que é que está mal aqui? Se era melhor, estar nos juvenis ou nos juniores? Eu gosto de estar a disputar a primeira divisão nacional de juniores, sou provavelmente o treinador mais jovem desta competição. O nível competitivo desta prova, é muito elevado e permite-me evoluir como técnico. É sempre uma aprendizagem e uma formação, que nós treinadores também vamos fazendo. A própria gestão em jogo é completamente diferente, a preparação dos próprios jogos, também é muito diferente e faz parte da minha aprendizagem. Eu não sou um treinador veterano e tenho de aproveitar estas experiências para evoluir.

Um treinador de formação, em formação?
Sim, é mesmo isso e penso que é positivo! Todos nós gostamos de ganhar e eu também gostava de estar a ganhar todos os jogos. Também a mim me ia fazer falta este ritmo competitivo, portanto, colocando na balança o sucesso de resultados numa 2ª divisão, ou o insucesso de resultados numa 1ª divisão, o resultado deve ser semelhante.

Tudo passa por marcar mais golos que o adversário?
Fundamentalmente é isso que decide o resultado final.

Entrevista realizada por Manuel Pina