segunda-feira, 5 de julho de 2010

CATARINA GOMES - TREINADORA DE VOLEIBOL

Catarina Gomes, acumula o cargo de treinadora das Minis e o de treinadora-adjunta das juvenis. É uma mulher calma, fria mas convicta do caminho que pisa. Com grande entrega às suas meninas, mas sempre exigente.

Na qualidade de treinadora das Minis. Como analisa esta época?
Penso que foi uma excelente época, começamos com algumas dificuldades em termos de nº de atletas, mas graças a um excelente trabalho de divulgação por parte das atletas e respectivas famílias conseguimos rapidamente colmatar essa insuficiência.
Chegamos ao fim da época com uma média de 25 atletas por treino, o que não é nada mau. Foi também uma época muito boa porque penso que nós, treinadoras e dirigentes, conseguimos transmitir muito bem os valores que fazem parte desta casa e deste departamento e as atletas integraram-se muito bem, bem como respectivas famílias a quem aproveito para agradecer todo o incansável apoio que deram durante a época.
Sempre que se proporciona contamos um pouco da grande história deste clube às nossas atletas,e mais concretamente do historial do voleibol para que elas compreendam a responsabilidade que é envergar a camisola axadrezada seja em que competição for - sentimos que é muito importante que uma atleta pense que, independentemente do lugar em que o Boavista está hoje, é importante erguer novamente o nome deste clube e ser parte activa nessa mudança, todas as atletas deverão sentir que podem fazer a diferença!
Em termos de resultados não nos propusemos a grandes conquistas uma vez que sabíamos que estavamos a começar com equipas completamente novas (em idade e experiência) e que com apenas 2 treinos semanais não seria fácil atingir grandes resultados, ainda assim conseguimos surpreender.
CATARINA E JU... AS TREINADORAS DA MINIS

Cumprimos todos os objectivos que tinhamos delineado no início da época.

Na idade delas é muito cedo para descobrir "craques" mas há alguma atleta que mostre dons especiais?
Não, temos um conjunto de atletas com mais facilidade em termos de aprendizagem e concentração o que lhes permite atingir resultados mais rapidamente, mas devo dizer que temos um grupo com bastantante potencial.
Não podemos esquecer que o voleibol é extremamente exigente em termos de coordenação motora e, por exemplo, as atletas mais altas têm mais dificuldade a este nível.
Para além desta grande exigência de coordenação motora temos as regras do jogo (minivoleibol) que são um pouco diferentes das do voleibol e que exigem uma enorme concentração às atletas que, como é normal, de início estão dentro de campo muito presas por não saberem quando jogar a bola nem para onde. Portanto nestas idades não podemos falar em "craques" porque são miúdas que nestes escalões podem jogar muito bem e não se adaptar aos escalões superiores e também acontece de haverem miúdas que nestes escalões mais baixos passam completamente despercebidas e depois dão muito nas vistas num escalão acima. O que mais a prende a estas miúdas?
Talvez seja o facto de ensinar as grandes bases do voleibol...quando elas chegam às nossas mãos não sabem nada de voleibol e depois é muito bom ver toda a aprendizagem dar frutos.
O facto de serem tão novas também é motivador porque elas acreditam realmente nelas e jogam muito mais descontraídas e normalmente não escondem as suas vontades e emoções - tão depressa estão a rir como de repente estão a chorar - o facto de serem tão genuínas facilita-nos o trabalho.

É fácil trabalhar com elas? E ensinar Voleibol a meninas tão jovens?
Como já tive oportunidade de dizer é um trabalho que requer muita paciência. É fácil no sentido que estão numa idade de aprendizagem e absorvem tudo o que dizemos, copiam-nos em gestos e expressões e são persistentes. Por outro lado temos treinos em que elas chegam completamente "alteradas" da escola e o treino torna-se quase impossível porque elas ainda não têm a percepção de: concentrar para treinar - treinar para obter resultados.
Já tivemos alturas em que a maioria das miúdas chegaram ao treino a dizer "Hoje não quero correr!" ou "Já estou farta de fazer abdominais!" e geralmente isto acontece na altura dos testes escolares - temos que arranjar forma de as pôr a fazer estas acções divertindo-se, de modo a não desmotivarem e continuarem a gostar da modalidade e dos treinos.

Para além de treinar as Minis é treinadora de que escalão?
Sou treinadora-adjunta das juvenis.

Como analisa a época que terminou na vertente competitiva e na vertente de formação?
Sempre que pude acompanhei as seniores e penso que o grupo era muito coeso, pessoalmente penso que os objectivos a que se propuseram eram um pouco altos, não por falta de valor da nossa equipa mas porque estavam a disputar um campeonato em que só sobe uma equipa, com equipas de muito valor e bastante fortes na minha opinião.
No entanto devo salientar que até nem foram contra essas equipas aqueles que considero que foram os piores jogos. Em termos de formação penso que as treinadoras dos escalões de infantis, iniciadas e juvenis só devem estar orgulhosas do trabalho que realizaram esta época, são muito novas e estão aqui a ter a oportunidade para aprender algo que não é nada fácil que é orientar uma equipa, e não sabendo quais os objectivos a que se propuseram, penso que foi visível uma enorme evolução em todas as atletas e em todos os grupos graças à sua dedicação. Estão de parabéns.

Como analisa a escola de Voleibol do Boavista?
Penso que continua a ser das melhores que conheço, uma vez que, como já foi dito, não estamos aqui apenas para formar estas meninas como atletas, para nós é extremamente importante formá-las como pessoas e isso, posso dizê-lo com conhecimento de causa, é visível em qualquer jogo ou torneio em que qualquer uma das nossas equipas participa, sendo nisso superior a qualquer campeão regional ou nacional que possa aparecer.

Sente que tem carências e quais?
Penso que a expressão carência é um pouco pesada. Existem algumas lacunas sim, mas que com o passar do tempo vão sendo preenchidas. Se queria mais horas de treino e mais espaço? Óbvio que sim, bem como também gostaria de ter mais e melhor material e todas as atletas equipadas a preceito, mas sabemos que para já não vai sendo possível e sabíamos que eram essas as condições quando cá chegamos. A única coisa que realmente me chateia é o facto de nos retirarem treinos tendo havido meses em que apenas tivemos um treino por semana. Ainda assim, não posso falar de carências quando temos uma fantástica Directora sempre a lutar pelo o nosso melhor mesmo quando as forças lhe faltam,quando temos pais sempre dispostos a ajudar, um fantástico blog da modalidade (BoavistaVolei) actualizado diariamente e como não posso deixar de referir, uma Direcção que nos apoiou sempre da forma que pôde, isto é, mostrando-se presente e mostrando-nos que não estamos esquecidos.

Não considera que a partir das Infantis o Boavista poderia ser mais competitivo, ou considera que não é factor de importância?
Penso que o factor competição é muito importante seja em que escalão for, se não houver competição não há objectivos e se não houver objectivos o que estamos cá a fazer? Agora há escalões em que a competitividade não é o mais importante, que a meu ver são os escalões de minis e infantis porque se nestas idades formos muito exigentes com as atletas elas acabam por se sentir frustradas e desmotivar e muitas vezes isso leva ao abandono precoce da modalidade.
Também penso que o escalão de infantis deve ser sempre fruto de uma análise muito cuidada, ainda entram muitas atletas para esta modalidade na idade de infantil, sem as bases fornecidas no escalão de minis, e como sabemos, no Boavista todas as atletas são bem-vindas, por outro lado as atletas que já têm formação técnica do escalão de minis, deparam-se com uma realidade de jogo completamente diferente pelo que às vezes é difícil exigir grandes resultados neste escalão.

Objectivos para a próxima época?
Os meus objectivos como treinadora de minis passam por sermos mais e melhores. Grande parte das nossas atletas desta época que passou vão subir de escalão, faz parte da sua evolução e ficamos muito contentes por isso. As que não sobem já sabem que o grau de exigência vai ser maior para que os resultados que não atingiram na época que passou possam ser atingidos na próxima.
Espero sinceramente que tal como aconteceu esta época, as nossas atletas ganhem uma grande paixão seja pela modalidade seja pelo clube que representam e que cheguemos também ao final da próxima época com zero desistências.

Não teme criar divisões entre as atletas quando determina quem foi a Atleta do Ano? Acha importante esse título?
Não, e não vejo motivo para que essas divisões fossem criadas. Desde o início da época que tínhamos a eleição das atletas do mês e quando chegamos a meio da época decidimos atribuir esta nomeação (atleta do ano). Todas as atletas foram avisadas e todas as atletas foram consideradas nesta nomeação - todas sabiam quais seriam os parâmetros considerados, entre eles participação em treinos e torneios, estar informada sobre o que se passa na modalidade e nos outros escalões e serem interactivas num blogue (BoavistaVolei) que foi criado para elas e, como é óbvio o factor evolução, espírito de equipa e garra que são valores desejados por todos os treinadores nos seus atletas.
Esta nomeação fomentou ainda o espírito de entreajuda porque esse também era um dos parâmetros avaliados, i.e., se eu ajudo a minha colega e a minha treinadora vê ganho pontos. O que é certo é que depois de lhe termos comunicado essa nossa decisão elas começaram a tornar-se altamente participativas na modalidade, que era o grande objectivo desta nomeação. Temos grandes laços de amizade criados no seio deste grupo tanto entre atletas como entre estas e treinadoras e dirigentes.

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