domingo, 25 de julho de 2010

FERNANDO RIJO - EX-ATLETA DO VOLEIBOL MASCULINO

JUNTO Á PANTERA, QUE NUNCA ABANDONOU

RECORDANDO ATRAVÉS DAS FOTOS DO ALBUM QUE GUARDA

Tivemos conhecimento que em tempos distantes o Boavista teve equipas de Voleibol na vertente Masculina.
Hoje vamos apresentar uma entrevista com um antigo atleta dessa equipa.
Fernando Rijo, antigo atleta ainda hoje não sabe a razão da extinção dessa equipa. Foi obrigado a prosseguir a sua carreira até ao título nacional alcançado com outras cores, mas nunca deixou o seu amor de família… o Boavista FC do qual é associado nº127.
O CIDADÃO
Recuemos então (um pouco) no tempo.
Como podemos identificar o nosso convidado?
Chamo-me Manuel Fernando Bragança Rijo, tenho setenta e quatro anos e sou o sócio número 127.
É Boavisteiro desde que nasceu?
Eu digo aos meus amigos que em vez de ter setenta e quatro anos de sócio deveria ter setenta e cinco. Quando o meu pai “fez” o filho já lá ia o cromossoma do Boavista, por isso, antes de nascer já era do Boavista. A minha família já vai na quinta geração de boavisteiros. O meu avô era sócio do Boavista, não ligando nada de desporto, mas por influência do filho (meu pai). O meu pai e meus tios foram atletas do Boavista em hóquei em campo.

ENTRAR PELO FUTEBOL, PARA ACABAR NO VOLEIBOL
Naquela altura um desportista nunca se dedicava a uma só modalidade. Aconteceu isso com o Senhor?
Quando iniciei a minha vida profissional fui trabalhar com o meu pai na Alfândega, como Despachante, que acabou por ser a minha profissão, vim aqui ao Boavista para tentar jogar futebol, que era o sonho de todos os jovens.
Então começou como futebolista…
Comecei a treinar com o Senhor Ricardo Cardoso, um homem espectacular. Aconteceu que em Outubro com a mudança da hora, os treinos passaram para meio da tarde e eu não pude comparecer por razões profissionais.
E aparece o Voleibol?
Um amigo disse-me, não podes jogar futebol, passa para o Voleibol. Nessa altura o Voleibol jogava-se de Abril a Outubro em ringues, como não haviam pavilhões. Por isso no inverno não havia Voleibol.
Onde treinavam?
Num ringue que havia atrás da bancada do Bessa, os jogos eram no topo do campo do Bessa, em frente à casa do guarda das instalações, o senhor Manuel.
Voltemos atrás…
Esse meu amigo conhecia o chefe de secção do Voleibol, que era o senhor Rolando Pinto que era funcionário da Orquestra Sinfónica do Porto e vim cá falar com ele. Encontrei-me com ele no café Imperial e decidi então, vir jogar Voleibol.
Como foi a sua carreira?
O primeiro treino foi na constituição num jogo contra o FC Porto, disputado no final da tarde de um dia de Abril. Para espano meu a equipa do Boavista era constituída, em grande parte por aletas de outras modalidades. Foram meus colega a no Voleibol, o Jaime Garcia, o José Caiado – irmão do Fernando e do António Caiado – acabaram no futebol e iam para o Voleibol. Eu com dezassete anos jogava com colegas com mais de trinta.
Foi o início da modalidade no Clube?
Não o Voleibol á existia. Estive duas épocas no Boavista e na terceira apareceu um Director cujo nome não me recordo, que resolveu acabar com algumas modalidades no Boavista entre as quais o voleibol.
Qual a razão?
Não sei porquê. Porque nós custávamos um tostão ao Clube, mesmo as deslocações para jogos eram pagas por nós, por isso não sei o porquê dessa decisão.
Como se deslocavam?
Olhe para os jogos, às vezes aparecia um amigo mais carola que tinha carro e nos levamos para os jogos. Levava, porque o regresso… nós que nos safássemos… às vezes de transporte público, outras a pé.. nós regressávamos. E foi por essa razão quando atingi a maior idade que eu, num dia na Praia Moderna, que era a praia dos boavisteiros, onde parava o Fernando Caiado, o Presidente Fernando Moreira a quem chamavam o Pai Américo pelo que deu ao Clube e que foi Presidente durante muitos anos, onde jogávamos Volei de praia. Nessa praia em conversa com um amigo acabei de ir… jogar para o Leixões, onde fiz toda a minha carreira, até aos trinta e sete anos.

FIM DO VOLEIBOL NO BOAVISTA PASSAGEM PARA O LEIXÕES
No Leixões há um Rijo. Pertence-lhe?
É meu irmão e fui eu que o levei para lá. Esse meu irmão era mais novo, também Boavisteiros, ao ponto de fugir às aulas para vir ver os treinos do futebol e para jogar bilhar com os jogadores de futebol em Pedro Hispano. A minha andava aflita com isso e eu para resolver a questão levei-o para os juniores do Leixões que já tinham formação e ele acabou por ficar por lá. Ele hoje é um Matosinhense puro, enquanto eu não, morei lá mas depois vim para Nevolgide, ele nunca deixou Matosinhos.
O Senhor é natural de onde?
Eu sou de Lordelo do ouro, como toda a minha família, da rua de Serralves.
Tem acompanhado o voleibol actual do Boavista?
Tenho acompanhado no Vosso site (Blog das Amadoras) porque a minha filha mais velha foi cá atleta e campeã!

FILHA LUÍSA, CAMPEÃ NO BOAVISTA
Como se chama?
Luísa Fernanda Gomes Rijo.
Falemos um pouco dela….
Ela jogou em vários clubes. Começou no Fluvial com o padrinho dela que era o Professor Costa Pereira, mais tarde treinador no Leixões. Depois quando ele saiu do Leixões veio para cá, onde esteve muitos anos. A seguir foi para o Castêlo da Maia onde já lhe pagavam e acabou no Vilacondense. Ainda hoje joga Voleibol de praia com quarenta e dois anos. Faz voleibol de praia com a filha. Ela jogava no tempo das irmãs Schullers, da Paula Semedo e da Cristina Pereira.
Então conhecia a Cristina?
Muito bem! Os pais dela eram grandes amigos meus. O pai da Cristina era meu colega no Leixões e a mãe era colega da minha mulher também no Leixões. A mãe tinha vindo de Coimbra e o pai jogava no CDUP acabando por se conhecerem no Leixões. A Cristina formou-se no leixões e depois veio para o Boavista.
O senhor jogou no Boavista mais ao menos em que época?
Na época de 1956 até 1958.
Mas separou-se do Boavista?
Não nunca. Fui só aleta e adepto, mas nunca me desliguei. Tenho camarote, eu o meu filho e o meu neto. Fora o meu sobrinho que também é sócio e o filho. A família Rijo é conhecida.
Pertence ao inspector Rijo?
Uma vez, quando ele me colocou o emblema dos cinquenta anos de sócio, perguntei-lhe e chagamos à conclusão que poderemos ser primos em sexto ou sétimo grau. Embora tenha uma grande ligação com o meu irmão por causa do ciclismo e continuam a visitar-se normalmente.
AS COMPETIÇÕES NO PASSADO
Vamos recordar um pouco as competições da época?
O forte do Voleibol era em Lisboa. As melhores equipas eram o Lisboa Ginásio que era melhor equipa Nacional e o Sporting que tinha um jogador conhecido por todos noutra modalidade que era o Moniz Pereira. Eles tinham a hegemonia porque já jogavam em pavilhões enquanto cá não existiam. Quando o campeonato se realizava era nos fins dos regionais, em Novembro. A fase final era realizada num fim-de-semana só, em Lisboa. Entre as duas melhores equipas do Porto e de Lisboa. Nós jogávamos em Lisboa num pavilhão, com luz artificial, condições que nunca tínhamos durante o ano e só o ambiente já era meia derrota.
Mas depois as coisas alteraram-se…
Com uma vitória do SC Espinho. Aconteceu uma reviravolta, apareceu o FC Porto, o Leixões.
Estamos a falar da globalidade?
Sim eu estou a responder á sua questão na generalidade. Foi nessa fase que fui campeão Nacional ao serviço do Leixões.
Retomemos o fio à meada…
Começamos a jogar cá também em pavilhões e a evoluir. Mas antes os campeonatos começaram a ser disputados cá e lá no verão. Assim eles também tinham que jogar cá ao ar livre e sentiram as nossas dificuldades, de conseguir jogar com ventos com sol etc… as coisas ficaram mais idênticas. Hoje a hegemonia é no norte.
TERMINAR CARREIRA NO INFANTE
Ainda esteve noutra aventura?
Sim no Infante Sagres que também só teve Voleibol durante dois anos e formou a equipa com os veteranos do Leixões. Jogávamos na terceira divisão era bom para manter-mos o bichinho. Eu era sócio do Infante e a minha mulher, era treinadora da equipa feminina e fomos para lá. Não havia pavilhão para treinar e alugava-se um ao banco e alguém resolveu acabar com o Voleibol.
Lá como cá…
Durante estes anos não conseguiu quem acabou com o Voleibol Masculino no Boavista?
Não e ainda não entendi porquê. Podiam acabar com outras que tinham custos, mas talvez fosse para ficarem com espaços para outros. Ao Voleibol a única coisa que nos davam eram as camisolas, porque sapatilhas e calções éramos que as comprávamos. Depois o curioso é que acabou o Voleibol, o hóquei em patins e Basquetebol e ficou o ringue…
A sua história tem algum em comum com a que nos contou o Senhor Jacinto Catau do Hóquei. Conhece-o?
Neste momento, digo-lhe que não mas como somos da mesma época…
Então vou dar-lhe o contacto dele para conversarem um bocado.

Foi uma viagem a um passado que este campeão Boavisteiro nos conduziu. Um homem com setenta e quatro anos de vida e setenta e cinco de Boavisteiro.

Um comentário:

  1. fiquei muito contente com esta entrevista de fernado rijo,porque ficamos mais esclarecidos como funcionou o vólei masculino nos anos de 50.ainda bem porque podemos contar melhor a história do nosso boavista,pelo menos por quem se interessa como eu.Pessoalmente como sócio agradeço ao Sr.e ao Sr Manuel Pina a forma como vamos explorando no dia a dia a bonita história que vamos construindo,e já agora não esqueço o Director do museu Sr Dúlio,outro monstro de memória do passado boavisteiro.A todos estes o muito obrigado do A.Pina,sinto-me feliz por ter enveredado também por questóes históricas do boavista.

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