quinta-feira, 15 de julho de 2010

LUÍS PEDRO, O GUARDA-REDES MATADOR

LUÍS PEDRO
O JOVEM GUARDIÃO E UM DOS "ICONES" DO BOAVISTA

Luís Pedro é um dos dois guarda-redes da equipa juvenil de futsal que se sagrou campeã Nacional. Aproveitamos um intervalo entre aulas (aceite pela prof) e na esplanada da pantera conversamos um pouco, para melhor o conhecermos.

Luís, passados uns dias da conquista nacional, como a continuas a sentir?
É uma sensação muito boa, porque no fundo consegui concretizar um sonho, que comecei a alimentar desde que comecei a jogar o Boavista. Nos iniciados ainda não há campeonato a nível nacional, por isso o ano passado só ganhamos o título distrital. Sempre tive a esperança que nos juvenis, com a equipa forte que temos, de vencermos o titulo Nacional.
Vamos falar um pouco de ti, quando entraste no Boavista?
Eu vim no ano de dois mil e sete, das escola de Gondomar, para os iniciados. Fui duas vezes campeão Distrital de Iniciados e agora de Juvenis, distrital e Nacional.
Na primeira fase da época, a nível distrital, vocês assumiram-se como favoritos sem medo de algum adversário?
Sabíamos que o maior adversário era o Alpendurada, não por ser forte como equipa mas por ter cinco/seis jogadores fortes, bons mesmo, que formam um conjunto forte que joga um bom futsal. Depois havia aquelas equipas que iriam naturalmente complicar, como por exemplo o A. Criança, o Freixieiro. Demonstramos o nosso valor a vencer em Alpendurada e a partir daí foi quase só gerir.
Sem tirar o pé…
Sim, claro jogando sempre o melhor que podíamos porque o nosso “mister” nem outra coisa aceitava, para ele é sempre a sério.
Entramos na segunda fase já a nível nacional, onde vocês foram brilhantes. Ultrapassando a tua veio filosófica do final do jogo em Loures, diz-me lá acreditavas em vencer o Sporting?
Eu acreditava. Eu vivo o futsal intensamente e sempre acriditei que tínhamos equipa para os vencer.
Mas o resultado da primeira mão era de dois a dois…
Isso é verdade mas a nossa conversa nos balneários do Rosa Mota, quer no intervalo, quer no final do jogo, era unânime e todos reconhecíamos que tínhamos equipa para vencer e por isso vamos a Lisboa e arrumamos a questão lá, como podíamos ter arrumado cá.
Mas com cinco minutos de jogo lá, estáveis a perder por dois a zero…
Sim, dois a zero, com dois amarelos, com os árbitros a mostrar ao que estavam, tudo isso é verdade.
Nessa altura, tu pensavas… já fomos (provocamos)
Não, não. Quem reparasse em mim via que eu estive sempre em pé incentivando os meus colegas porque eu sabia que nós éramos melhores e tínhamos que ganhar. Dei sempre moral aos meus colegas porque acredito na capacidade deles.
Conseguir o empate antes do intervalo, foi importante?
Sim, foi muito importante. Porque ao atingirmos o intervalo com tudo igual outra vez e com tempo para assentar-mos ideias e conseguir a calma que não conseguimos no início. A segunda foi toda nossa.
Pois… mas vamos de novo, aquela nossa conversa de Loures. Como é que foi aquele golo, que sofreste?
É contra a corrente do jogo.
Isso, eu sei e estou de acordo, mas explica como o viste…
É um canto o jogador do Sporting enrola a bola para dentro, não quero deitar nomes para a lareira (interrompemos… podes dizer mal dos teus colegas, à vontade) mas se não me engano há dois jogadores nossos, pareceu-me o Miguel e o Leandro, ficam os dois a olhar para a bola e nenhum ataca. E o Dani, que estava a marcar o número sete deles, não permite ver a bola. Assim quando vejo a bola ela está a entrar e, eu nada mais posso fazer que a olhar. Talvez essa tenha sido a imagem que fiou na ideia dos espectadores.
Para não pensares que estou sempre a dizer mal de ti, que não é verdade, vamos falar de duas extraordinárias jogadas que fizeste na primeira mão da final. Como é que te ocorreu fazer aquilo? (duas grandes defesas e lançando o contra ataque vai marcar ele próprio dois golos).É hábito teu?
No Boavista nunca tinha feito isso. Já fiz golos de baliza a baliza quando o adversário joga de cinco para quatro, mas em jogadas destas nunca tinha marcado. Desde o ano passado que o Sérgio tem treinado comigo estas transições que nos dão superioridade numérica. Já no campeonato tinha ensaiado esta jogada, mas ainda não tinha saído, estive muitas vezes perto de marcar mas nunca o consegui, mas tentei muitas vezes.
E consegues logo na final…
No intervalo quando estava a aquecer para entrar no jogo o Sérgio veio ter comigo e disse-me “ o Axel e o Ivo têm instruções para quando tiveres a bola na tua posse abrirem os dois nas alas e tu meteres a bola num deles ou seres tu a começar a jogada”.
Diz-nos como foi…
Lembro-me que há uma primeira jogada em que eu dou no Axel mas ele não conseguiu afundar em mim. Na jogada do primeiro golo, eu dou no Pedro, ele ganha vantagem no adversário directo dele e consegue meter a bola ao primeiro poste e marco. No segundo eu fiz a defesa meti a bola e fiz um sprintezinho (riu-se) para chegar primeiro que o Alex e marcar.
Foi uma homenagem que os teus colegas te fizeram…
Foi (riu-se).
Isto aconteceu quando ganhavam por quatro a zero e esse lace do primeiro golo, relança a equipa…
Eles estavam por cima de nós! (interrompe).
Ainda bem que registas isso, porque eu considero que o ABC vale mais do que o resultado diz. Concordas?
Claramente! O resultado é injusto para eles! Quando marco aquele golo que é o quinto, faço uma festa enorme porque interiormente senti que ali resolvemos o jogo. A partir daí olhávamos para os olhos deles e notava-se que eles praticamente tinham desistido com esse golo. Até ali, na segunda parte, eles estavam muito fortes e deram muito trabalho.
Foi o teu melhor jogo da época?
No seu todo, foi!
Uma das questões que eu coloquei no início da época ao Sérgio era de temer que a subida de escalão vocês não conseguissem manter a competitividade e chagar ao título. Afinal estava errado, a que se deve o facto de não terem sentido esse choque?
Vamos por partes. Entraram dois jogadores, o Dani e o Axel que vieram dar muita qualidade ao plantel. Os jogadores que já estavam que eram o Pedro, o Alex e o Leandro que eram jogadores com muita qualidade.


No primeiro ano de juvenis dois deles tiveram poucas oportunidades de mostrar o seu valor e esta época, com as oportunidades reais, que o Sérgio lhes deu, mostraram o seu real valor. Juntando a estes os que subiram e que tinham muita qualidade, formamos uma excelente equipa.
As exigências que o Sérgio vos impõe não vos cansam? Depois de um treino de hora e meia, muitas vezes ainda vai conversar convosco mais meia hora. Muitas vezes não pensam em…? Podes dizer mal do Sérgio à vontade.
Eu não digo mal do Sérgio, toda a gente que me conhece sabe que para mim o Sérgio é um ídolo.
Quer como pessoa quer como treinador.


Ajudou-me a crescer muito enquanto homem enquanto atleta e os métodos de treino dele dão resultados. Ele aprendeu muito com o Berto, mas ele tem muito valor como treinador. Mesmo os atletas que entram notam a diferença de ritmo e intensidade dos treinos. Isso nota-se dentro do campo. Não há equipa que trabalhe como nós!
Para o ano continuas juvenil?
Continuo.
E com o Sérgio a treinador?
Espero bem que sim.
Para revalidar o título, embora seja mais difícil?
Não acho que seja mais difícil. Muitos dos atletas do primeiro ano, pensaram erradamente que não iriam ter tantas oportunidades e não deram tudo o que podiam, foi o erro deles. Para o ano, sabendo que vão jogar, vão dar tudo e por isso vão manter o nível da equipa.
O treinador coloca os dois guarda-redes nos jogos. Mesmo num jogo decisivo ele faz. Isso demonstra a confiança que tem em vocês os dois. Mas como vês tu isso, sem filosofias e não haverá uma luta para um ser encostado?
Não essa luta não existe. Nós sabemos que somos dois grandes guarda-redes, na minha opinião somos os dois melhores guarda-redes nacionais.


Estou-me a lembrar do guarda-redes do Vermoim que é muito bom, do Sporting que também é e alguns da associação do Porto que têm valor, mas nós somos melhores.
O Fragata é um grande guarda-redes, temos estilos diferentes, eu sou melhor numas coisas e o Fragata é melhor noutras. Nos treinos vamo-nos ajudando e vamos evoluindo e completando-nos.
O Boavista o que significa para ti?
Eu antes de vir para o Boavista via o Boavista como o pápa tudo no futsal. Já tinha jogado com eles e tinha perdido por catorze, por quinze, enfim. Eu olhava para o Miguel Ângelo… minha nossa senhora! Na altura, o Filipe, o João, o Leandro, o Pincha e o Alex e como eu toda a gente olhava para eles como ídolos.
O sonho de qualquer jogador era estar numa equipa assim. Eu consegui realizar o meu sonho.
Fora do futsal, o que te diz?
Como Instituição, foram campeões Nacionais, nos quatro campeonatos anteriores lutaram sempre pelo título e desde que aqui estou vibro muito pelo Clube. Mesmo estando aqui há três ou quatro anos, ganhamos umas costelas.
Que idade tens?
Dezasseis.
Explica como é isso enquanto toda a gandulada está na praia tu ainda tens escola. Porquê?
Estou a tirar um curso de recuperação de computadores e ano lectivo só acaba na quarta-feira. Tenho que estudar para ir aos exames nacionais para puder ir para o décimo e recuperar os anos que deixei erradamente para trás.
Mesmo nesse aspecto o Sérgio está atento?
Exactamente, o Sérgio está atento a tudo, sempre que tive problemas ele ajudou-me. Lembro que numa sexta-feira após um treino aqui no Fontes, ele que nos vai levar a todos e eu sou o primeiro que ele deixa, nesse dia fez ao contrário, foi levar todos e ficou comigo até à uma hora da manhã.
Queres acabar com alguma mensagem?
Sim para os seccionistas e treinadores. O Simas, o Bruno, o Nuno, o João, eles que trabalham todo o ano para que nada nos falte e são excelentes. É claro que às vezes no balneário há aqueles conflitos e tal… mas é para despertar. Um abraço para todos.
Porque te chamam... ervilha?
Sei lá, são malucos!

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