quarta-feira, 18 de abril de 2018

BALTASAR SOUSA, O SENHOR ATLETISMO DO BOAVISTA



A NOSSA IMAGEM É A JUVENTUDE 
 
Baltasar Sousa, foi galardoado com o troféu de treinador do ano de todas as modalidades, mas foi numa perspetiva mais global, que o entrevistamos, sobre o momento da modalidade de Atletismo que dirige.
Onde começou a sua carreira de atleta?
Comecei aqui no Boavista, na época de 1983/84. Depois de uma saída regressei na época de 1991/92 e por fim voltei há  quatro anos, para iniciar um processo de recuperação do atletismo no clube.
Nessa fase o Atletismo estava suspenso no Boavista?
Sim estava inactivo. Eu passei pelas instalações do atletismo no Bessa e na condição de Boavisteiro verifiquei essa situação e chocou-me. O Clube estava na segunda divisão em futebol e eu passava por aqui e via tudo isto sem vida e sem alma e essa tristeza fez-me intervir.
O que decidiu fazer?
Eu nessa altura tinha pessoalmente três hipóteses. A primeira era terminar com a actividade desportiva, encerrando a minha carreira no Atletismo de competição, deixar os atletas que tinha sob minha responsabilidade e continuar apenas e só, com o meu atletismo de manutenção. A segunda hipótese, seria formar um clube novo, continuando o que até aí tinha feito. A terceira hipótese, que se colocou, foi vir ao Boavista e inteirar-me da verdadeira situação da modalidade no clube.
Optou pela terceira hipótese?
Mas primeiro passei noites sem dormir, lutando entre o abandonar tudo ou apresentar-me no Boavista. E foi o que aconteceu e iniciei este processo de recuperação do atletismo no Boavista. É bom que se diga, que “nós” nas Modalidades Amadoras somos auto-suficientes, não sendo renumerados em nenhum aspecto, fazemos isto com alma e paixão. Uma das coisas que me “obrigou” a tomar esta decisão, era o facto de eu ver em algumas provas de atletismo, adeptos do Boavista a correr envergando a camisola de futebol do clube. Aquilo comovia-me e foram esses atletas que me fizeram ver que afinal havia gente para recomeçar a modalidade.
Como se processou?
Foi nessa vertente, que falei com o Engenheiro António Marques, expliquei a minha ideia mas tenho que confessar que eu vinha do … nada! Eu não sabia para o que vinha nem o que ia encontrar. O Engenheiro, foi claro e directo e informou que nada tinha para me dar, nem sequer equipamentos. Perante essa resposta, seria fácil para mim recuar e terminar a carreira, mas eu tinha obrigação com atletas e apostei em começar tudo do zero, no Boavista. E assim. Em vez de pedir alguma coisa ao vice-presidente, ofereci o que tinha e sei.
Mas o Baltazar veio na condição de treinador e saiu com outros cargos. Explique essa situação?
Nestas condições eu vi-me, como treinador, como atleta e … passei a ser também o dirigente. Tive que conseguir equipamentos, organizar a logística etc…
Dando um salto no tempo. O atletismo do Boavista tem neste momento, passados quatro anos, um excelente nível. Esse facto surpreendeu-o ou era por si esperado?
Eu tinha a convicção que as coisas iriam melhorar, mas reconheço que o nível que alcançamos me surpreendeu um pouco. Esta evolução não se fica a dever á minha pessoa mas ao nome do Boavista Futebol Clube, que atrai pessoas. Foram surgindo atletas com excelente nível e foram surgindo patrocinadores, principalmente esta época.
Neste momento, o Baltazar já tem uma estrutura que o ajude a deixar de ser três em um?
Neste momento, continuo a ser o Dirigente, o treinador e cada vez menos o atleta. Algumas circunstâncias têm-me levado a treinar menos, mas continuo a albergar essas três funções. Tenho agora a ajuda do Amândio Costa, com quem divido parte da formação. Mas continuo com o mesmo gosto de início do processo.
Há tempos disse publicamente que não se importaria de perder alguns atletas veteranos, em prol da juventude. Verificamos, facilmente, que na actualidade o Boavista tem um grupo de jovens muito promissores.  Como aconteceu todo esse processo?
Os veteranos que temos nas nossas equipas não podem pensar que a modalidade existe no clube por causa dos veteranos. A quem nos vê nas corridas, com atletas mais idosos, mais magrinhos ou mais gordinhos, posso afirmar essa não é a nossa imagem. A nossa imagem é a juventude. Essa foi a minha aposta e nunca vi com bons olhos os veteranos que se assumiam como vedetas. Sem me aborrecer com ninguém fui proporcionando a saída de alguns veteranos que pensavam dessa forma. Porque o nosso espírito é ter equipas de jovens e formar com qualidade, como tem acontecido.
Com as condições que pode oferecer, não teme estar a formar jovens para outros clubes aproveitarem?
Convém ressalvar duas coisas no atletismo. Que me perdoem todos os Boavisteiros, mas considero importante, que o interesse do Clube, não se sobreponha ao interesse do atleta, embora o interesse do atleta não pode ofuscar o interesse do clube. Enquanto treinador penso assim.
Quer pormenorizar, para evitar más interpretações?
Eu ficarei satisfeito se um dia, um clube dos grandes (Sporting ou Benfica) venha cá buscar atletas. Isso será sinal que esse atleta vai ter outras condições, nomeadamente financeiras, usufruindo de um ordenado, porque o Boavista não tem essas condições para lhe oferecer. Se no futuro houverem atletas do Boavista a passarem por essa situação, esse facto, só poderá ser um motivo de orgulho para nós.
Os nossos jovens podem continuar a apostar na sua evolução, porque nunca lhe irão cortar as pernas?
Exactamente, na altura certa seremos nós a elucidar os jovens sobre a realidade. Aqui respeitamos todos os jovens que temos entre nós, por isso, é que somos uma modalidade amadora. O respeito e vontade do atleta será sempre mantido e salvaguardado.
No futuro a secção do Duatlo/Triatlo irá continuar inserida no atletismo, ou irão separar-se?
Eu penso que podemos continuar a trabalhar juntos e cada vez melhor. O Carlos Lopes, dinamiza todo esse sector com grande vontade e dinamismo, porque é um grande Boavisteiro. Com a sua entrega e organização ele vai formando as equipas do Boavista em triatletas. Pela minha parte vou tentar organizar melhor esse sector. Como somos verdadeiros amigos, considero que ambas as modalidades podem continuar a ser geridas em conjunto.
Globalmente, como está organizado a descoberta de jovens para o atletismo?
Essencialmente tem a  base no desporto escolar, que é importantíssimo. Considero que mesmo assim, o desporto escolar deve ser reformulado e reestruturado na vertente do atletismo, porque quando vejo miúdas no campeonato distrital de corta-mato a correr de fato de treino ou de casaco de passeio e até de sapatos de salto alto… já considero um descalabro. Este aspecto tem que ser revisto, porque muitos desses jovens vão fazer essas provas de corta-mato só para faltarem às aulas e vão prejudicar a imagem da prova. Sem fugir à questão, a captação principal de atletas tem sido o desporto escolar, que vai muitas vezes ao encontro dos atletas.
E  o papel dos clubes na captação?
Muitas vezes o miúdo já percebeu na escola que corre muito, ou pelo menos que gosta de correr e ele vai procurar um clube que tenha a modalidade. Por sua vez todos os clubes estão atentos a tentar descobrir jovens com potencial para o atletismo. Posso assegurar que se o nosso departamento tivesse outras condições eu teria já convidado muitos jovens que vejo com valor, mas neste momento, não os posso convidar porque não tenho condições para evitar despesas pessoais que sempre iriam aparecer. O que eu posso assegurar é que nunca prometo nada que não seja possível cumprir. Tenho aqui atletas que sabem que nada lhes prometi e já lhes consegui dar algumas coisas. Funcionou ao contrário, mas prometer e não dar isso, nunca!
Valeu a pena ter optado pelo renascer do atletismo no Boavista?
Claro que sim. Mesmo que não tivesse vencido nenhum galardão, mesmo que não tivesse conseguido trazer alguns atletas de valor, mesmo que pouco tivesse acontecido, teria valido sempre a pena. É necessário realizarmos experiencia e enfrentar desafios. Como o clube reconhece o trabalho mediano que fui fazendo, então obviamente que valeu a pena.
Alguma mensagem para os adeptos?
Tenho recebido vários pedidos de venda de camisolas do atletismo, que demonstra a forma como os adeptos reconhecem o nosso trabalho. É muito importante que os nossos associados tenham conhecimento que no atletismo do Clube temos já muitos atletas de grande valor e, mesmo com muito pouco tempo de actividade, temos já uma jovem atleta que esta época se sagrou campeã nacional de juvenis e juniores e obtendo ainda o recorde nacional. Para a história não ficou só o seu nome mas também o do Boavista F.C como melhor registo de sempre na prova de 400 metros. Falo da atleta Ana Costa.

sexta-feira, 23 de março de 2018

ANTÓNIO MORAIS, O DIRECTOR DO ANO



António Morais, Director  do departamento de Futsal, ao qual pertence quase desde a sua fundação. Consideramos ser a hora de fazer um balanço sobre a realidade do futsal do clube e numa abrangência mais global.


Todos conhecem o António Morais , mas vamos recuar no tempo. És dos fundadores do futsal no Boavista?


Não sou fundador mas entrei no departamento no ano seguinte. A modalidade nasceu no clube, começou pelo António Santos e com o Joaquim Oliveira. Eu fui convidado depois, para formar uma equipa de juniores, porque na altura não tínhamos esse escalão. Como todos sabem, o futsal no clube começou através dos “Panteras Negras” com essa designação e só dois  ou três anos depois passou a ser integrado no Clube a convite do Major Valentim Loureiro.


Entras então como seccionista exclusivamente com essa responsabilidade?


Exacto. Formei a equipa de juniores e no primeiro ano o campeão foi o Pasteleira, porém no ano seguinte  já foi o Boavista que venceu o título da AF Porto.

Convidei o José Vasconcelos para treinador que era à época guarda redes dos seniores. Deixou de jogar muito novo para abraçar a carreira de treinador começando pelos juniores do Boavista. Tudo isto se passou por volta do ano de 1991.



Posteriormente deixaste os juniores e passaste para a equipa sénior. Queres resumir essa mudança?


Depois desta fase passei para director dos seniores, após cerca de uns quatro anos passados nos juniores. Ocupei este cargo até 2005/2006, na altura com o Paulo Fonseca como director do Departamento. Quando ele saiu, a convite do Sr Eng. António Marques, assumi o cargo de director do Departamento.

Ou seja, neste período passei por todas as funções como dirigente do Futsal do Boavista.

 

Nesta fase negativa de duas descidas, sucessivas, até às provas de cariz distrital, nunca equacionaste abandonar o Departamento? O homem que venceu a supertaça nacional é o mesmo que enfrentou esta realidade?


Nunca pensei em abandonar . Que a pressão dos resultados e das dificuldades me levassem a fazer uma introspeção acerca do que seria melhor para o futsal, nomeadamente a minha continuidade ou não,  claro que aconteceu. Mas nunca com uma intenção de abandono. Diria que tentei , em consciência, ponderar se a validade do meu trabalho era aquilo que o futsal precisava até porque, naturalmente, com tantos anos de modalidade, poderia o fator desgaste  depreciar a qualidade do meu desempenho e portanto houve apenas momentos de mera reflexão que acabaram sempre por ter a mesma resposta - o amor é tanto, a paixão é tanta que o bichinho do futsal acaba por vencer  e , sentindo-me útil , mantenho as minhas funções.


As descidas foram uma surpresa desagradável, ou era algo que temias vir a acontecer?


As descidas eram praticamente certas. Nós somos a imagem do próprio clube, se bem que quando o clube esteve nos distritais, nós éramos a modalidade mais representativa do Boavista. E é uma pena que muitos esqueçam esse facto. Estávamos na primeira divisão nacional, conseguindo grandes feitos. A formação conquistava sucessivos títulos distritais e Nacionais e mantivemos a “chama” do nosso clube bem presente e bem intensa na modalidade e no desporto em geral num momento em que a nossa imagem global era ostracizada e maltratada. De qualquer forma, as descidas eram inevitáveis dadas as condições de que dispúnhamos.

Alertei sempre no início de cada época a Direcção – Vice-presidente e Presidente – . Foram sempre informados do que poderia vir a acontecer, mediante as condições que tínhamos. Mas como constantemente conseguíamos fazer tanto com tão pouco, a descida podia até não ter acontecido e creio que os nossos apelos não foram impactantes o suficiente justamente porque lá íamos fazendo pequenos milagres, até que a determinada altura não foi de todo possível para grande tristeza minha.



Como se provou durante épocas, digo eu, a descida foi apenas um adiamento. Era no teu entender quase inevitável?


Fomos adiando, mas os milagres não prevalecem toda a vida. Durante longos anos alcançamos resultados muito mas muito acima do que era expectável o que servia de certa forma para encobrir as muitas dificuldades e limitações, fazendo com muito pouco o que muitos não faziam com muito mais . Há que ser objetivo e analisar factos. O Futsal mudou ! Cresceu muito, tem uma visibilidade tremenda na comunicação social, atrai investimento e patrocínios nas divisões séniores Nacionais e o título de campeão europeu alcançado é a prova disso mesmo. O reconhecimento do Futsal Português tem hoje um destaque como nunca teve. Pelo campeonato que tem, pelos jogadores que forma e pelas suas selecções. Mas para estar nessa Elite tem de haver investimento concreto, objetivo dos clubes – e há quem o faça sem hesitações porque há quem já tenha percebido o retorno que a modalidade está a trazer a quem assume as duas principais ligas como nenhuma outra no panorama desportivo Português. Era bom que o Boavista voltasse a olhar o Futsal dessa forma, especialmente nesta altura de grande visibilidade da modalidade e do clube.



Falemos um pouco então do futsal, na sua globalidade. Mudaram muito as coisas em todos estes anos?


Nada tem a ver com o início e tem atualmente uma dimensão que muita gente não imagina. Os orçamentos das equipas são enormes, incomportáveis para nós neste momento e por estranho ou incrível que pareça estávamos e estamos a competir com equipas que têm orçamentos muito grandes com ajudas dos próprios clubes, de Câmaras e de patrocinadores, que nós nem temos nem sonhamos ter. Nestas condições descemos à segunda divisão mas nestas mesmas condições competimos contra essas diferenças e estamos a fazer de tudo para voltar ao nosso lugar.


Mas depois tivemos nova descida. Essa “doeu” mais?

Também essa era quase inevitável, porque como todos sabemos, não há terceira divisão e da segunda a descida é direta para os distritais, o que não se compreende do ponto de vista dos quadros competitivos actuais da federação e respectivas associações. Era quase inevitável, porque nós não tínhamos forma de pagar o que quer que fosse, descemos porque não tínhamos a possibilidade de fazer mais – há que assumir – mas ainda assim podíamos até ter conseguido outro milagre e nem ter descido se eventualmente tivéssemos vencido aquele jogo com o Paredes, no qual até o empate nos serviria. Vejamos bem, descemos sem o mínimo de condições por um ponto. Dá que pensar.



Como analisas a falta de uma terceira divisão nacional?


Uma autentica aberração. Mas deixa-me voltar um pouco atrás, antes de falarmos desse ponto.

 

Sobre a actual condição da equipa?


Sim. Muita gente nos diz que estamos nos distritais e temos que voltar para o lugar que merecem a  modalidade e o clube. Eu aceito essas afirmações, porque as pessoas estão habituadas a ver o futsal num patamar muito alto e tendo em conta o tudo o que fizemos e  vencemos no passado.

O merecimento é indiscutível mas eu pergunto, em que condições o podemos fazer? Se tivermos em conta as condições que temos, que são parcas, se calhar até estamos no lugar em que nos é possível estar , se calhar, em função do campeonato que estamos a fazer até estamos bem acima do que podemos. Há equipas na distrital do Porto, Aveiro, Braga, etc , por exemplo, com orçamentos que alguns clubes da segunda divisão Nacional não têm . E há que o afirmar para que as pessoas percebam as nossas dificuldades e valorizem e respeitem o que se está a fazer ano após ano e este não é exceção. Estamos à porta de mais um milagre e quase ninguém tem essa noção dentro do clube.

 

Voltemos aos quadros competitivos. Como consideras a segunda divisão nacional?


Outra aberração. Tudo indica que vamos subir e por isso regressar ao segundo escalão nacional. Se subirmos o mérito é todo dos treinadores e jogadores e de todo o staff da equipa.

Mas repara, num ano estamos a jogar com Benfica e Sporting e dois anos depois estamos em divisões distritais. Uma aberração.

Mas observemos também esta particularidade : depois disto, para subir da segunda para a primeira é muito, mas muito difícil. E Porquê ? Estamos a falar de um campeonato com setenta equipas ( !!!!! ) (sete séries de dez) e só subirá uma ( !!! ) do norte e outra do sul ( !!! ). Há equipas a investir muitíssimo para subir, mas mesmo muito há longos anos  e muitas não conseguem tal o índice de dificuldade. Mas acredito que nós vamos para lá a seu tempo. A queda no distrital foi um passo atrás mas pode ser, agora, que surjam dois passos à frente.



Tens a consciência que vais ser pressionado para assumir a subida ao primeiro escalão?

Como disse nós jogamos sempre para vencer e depois os resultados ditarão a nossa sina. Mas o campeonato que vamos participar – se subirmos – está muito mal planeado como quadro competitivo. Para agravar esta competição há outro fator determinante e inexplicável. Após a primeira fase passam à segunda ( apuramento de subida ) todos os primeiros e nem todos os segundos classificados. Ora, até um segundo classificado e todos abaixo do terceiro na primeira fase vão competir na fase de permanência ( mesmo com boas equipas, grandes orçamentos ) e podem até descer de divisão directo para os Distritais – é surreal ! Porque esta fase só tem uma volta e o desconto de cinquenta por cento dos pontos, põe todas as equipas muito próximas.

Isto é, uma equipa pode de uma luta para subir à primeira divisão nacional… passar para uma queda nos  distritais. Uma aberração. Há que alterar esta segunda divisão urgentemente.

Fomos campeões europeus mas ainda há muita coisa que está mal no futsal nacional. Há coisas que melhoraram, mas outras continuam a precisar ser repensadas quanto antes porque isto cria uma incerteza e instabilidade muito grandes nos clubes e naqueles que querem investir.

 

Mas essa foi uma aposta assumida entre ti e o treinador no principio da época?


Claro que foi. Nós estamos aqui para subir e subir sempre. Estamos a tentar a subida de divisão e já estamos a trabalhar na planificação da próxima época. Um passo de cada vez. Primeiro temos de conseguir a subida de divisão.  Mas que fique claro, jogamos sempre para ganhar e subir.

Mal descemos, assumi logo o objetivo de subida. Mas atenção antes mesmo desse triste momento , ou seja antes de saber se descíamos ou não, por principio,  coloquei o meu lugar à disposição, para que a Direcção, caso entendesse, requalificasse o departamento e eventualmente até trouxesse gente diferente para o conduzir.

 

Qual foi a resposta?


Tive um voto de confiança da direcção e obviamente continuei.



Como preparaste a época actual, com vista ao regresso aos nacionais?

Contratei o Sérgio Carvalho – que faço questão de referir que trabalha voluntariamente e a custo zero no clube com esta tamanha responsabilidade - , e que é obviamente um homem da casa. Fomos buscar muitos jogadores que já tinham passado pelo clube o que de imediato criou nesta equipa o que também nos faltava. Identidade Boavista ! O que me deixou muito contente. Para além de tudo estar a correr bem e para além do perfil da equipa técnica e colaboradores que respiram o clube, entendemos que esta é a forma de estar e independentemente dos resultados dos outros, temos que ter esta posição e entrega até ao fim do campeonato façam os outros o que fizerem. Temos treze pontos de avanço mas não vamos facilitar nem um milímetro. Este é o espírito de sempre do Boavista e só quem o sabe transmitir o consegue impor.


Juntar este conjunto de jogadores da formação, foi um êxito?

Estes jogadores, sendo todos jovens, têm a experiência de terem passado já por realidades competitivas de índole nacional e verifico que a vinda deles para o Boavista foi encarada com um incrível espírito de missão. Enalteço essa entrega de todos e agradeço. É fantástico.



Reuniste no distrital jogadores de ex-formação que não conseguiste no nacional. Como explicas?


Exactamente. Foi o sentimento que têm pelo clube e porventura a identificação que têm com o grupo de trabalho reunido para atacar esta época. Espero segurar a maior parte deles para o futuro, mas não vai ser fácil, porque os miúdos são aliciados todos os dias para clubes mais fortes. Precisamos que nos ajudem a encontrar apoios , que colaborem para nos ajudar a dar a estes miúdos aquilo que merecem e o quanto merecem que lhes seja reconhecido o trabalho que estão a fazer. E se assim for, é com grande parte deles que vamos para  a luta. O clube e especialmente as modalidades amadoras têm de se mobilizar em torno das causas verdadeiramente importantes, que tragam visibilidade, resultados palpáveis e retorno ao clube em toda a sua esfera e alegrias aos seus adeptos. O Futsal é de longe o expoente máximo, depois do futebol ao nível Nacional  - há que entender isto com urgência dentro do clube e que de fora vejam a marca Boavista como potenciadora de competitividade e de interesse nas principais competições. Onde devem estar todos os clubes históricos, e onde aliás a maioria já está. Faltamos lá nós. Vejam as equipas que compõem a primeira divisão e as que já estão a caminho. O Boavista não pode ficar para trás.


Na condição de Director máximo do futsal, tu respondes há hipótese de teres simultaneamente uma equipa de Seniores, Juniores e Juvenis a disputar uma prova de nível nacional?

Eu sei que todos os adeptos consideram que esses será o lugar que temos direito, mas eu digo-te outra vez. Isso é quase impossível de acontecer e suportar.
Este ano vamos descer com os Juniores aos distritais mas ninguém morre por isso, mas cada vez é mais difícil ter equipas de formação nos campeonatos nacionais. Primeiro porque são custos incomportáveis com deslocações a pagamento à arbitragem, policiamento, etc… depois porque há clubes que estão tão estruturados que oferecem condições muito boas e com as quais nós ”ainda” mão temos forma de competir. Vamos continuar a fazer o que podemos, continuando a recrutar nas divisões inferiores atletas com a nossa identidade e subir outra vez. O mais rápido possível. E tentaremos crescer na formação mas precisamos de ajuda ! Repito , precisamos de ajuda e que haja consciência ! A todos os níveis – apoio financeiro, de anónimos, de sócios com sentido de missão para colaborar, de pessoas e / ou empresas que estabeleçam parcerias que entreguem à estrutura da formação as coisas básicas de que precisam. Isso não acontece na formação como não acontece nos seniores  onde temos de “inventar” muito para suprir as dificuldades.  E aqui fica uma chamada de atenção séria, muito séria. Excluindo o Sr Eng António Marques que apaixonadamente nos ajuda com o que pode e a quem agradecemos de coração tudo o que tenta fazer por nós, estamos desde o início  do ano passado à espera que os responsáveis de Marketing e publicidade do Boavista ( neste caso especificamente das modalidades amadoras ) nos arranjem UM , repito UM único apoio , seja ele qual for de todos aqueles que nos foram questionados e que foram devidamente informados a quem de  direito. Até hoje, excluindo o que as pessoas do departamento captaram, não recebemos um único apoio nem para os seniores nem para a formação. E Quando falamos de apoio não discutimos verbas exorbitantes pois sabemos que é difícil consegui-las, mas no meio de todas as necessidades que colocamos ao responsável, reduzimos o assunto a isto : até agora, nem uma parceria para nos fornecer bolas, cones, sinalizadores, coletes, equipamentos ou até um sumo ou um reforço pós jogo para os nossos atletas. Quanto mais apoios de fundo, estruturais. Nada, absolutamente nada. O que temos foi exclusivamente conseguido por quem está aqui na modalidade e repito com a benevolência e entrega inexcedível do Sr Eng António Marques. Questionamos porque alguns têm tanta publicidade, parcerias , apoios , etc, afinal de onde vêm e quem verdadeiramente os conseguiu e porque razão estão alocadas apenas a uma ou outra modalidades. E com o devido respeito sem metade do reconhecimento ou impacto público que tem hoje o futsal. Não consigo entender e a menos que as coisas mudem , a utilidade que tem esse departamento das modalidades amadoras na visão global daquilo que verdadeiramente todas elas precisam é muito questionável nos actuais moldes. Somos todos filhos do mesmo clube, ou não ? Claro que depois é a filosofia do “depois vê-se”... e vamos vendo. Até agora absolutamente nada.



E depois vê-se?


Exacto. Depois vê-se o que vai acontecendo. E depois vê-se como vamos fazendo os tais “milagres” que um dia se acabam . Mas relembro com ou sem dificuldade e com estas tristes contingências de caráter interno, tanto se forma bem na distrital como se forma bem nos nacionais. Os níveis competitivos são diferentes mas não são tão diferentes assim como muitos pensam. O propósito de termos formação e não abdicamos dela, é formarmos jogadores para os seniores, se calhar este ano não vamos conseguir mas para o ano vamos.

Isso está provado na actual equipa sénior. Concordas com esta afirmação?


Concordo e repara que neste plantel temos aqui jogadores que já jogaram nos nacionais e outros que nunca jogaram e têm um nível idêntico e encaixaram bem no plantel.


Foste distinguido com o troféu de Melhor Diretor do Ano, na Gala das Amadoras. Que significado teve para ti tal distinção?


Estou muito reconhecido por esse facto, foi uma grande satisfação receber este Galardão, principalmente depois de uma época que até foi negativa em termos de resultados desportivos da equipa sénior.


Assumes que a modalidade de futsal é vista como a segunda modalidade do Clube?


Acho que sim, sempre foi , apesar de que estranhamente com o campeonato excecional que estamos a fazer este ano não o temos sentido tanto mas não posso afirmar que não o seja. O que sei é que o futsal é a segunda modalidade mais praticada no país, no entanto, sinto que os sócios e simpatizantes têm grande amor pelo futsal, que sempre nos acompanharam nos campeonatos nacionais e não deixaram de o fazer nos distritais. Continuem a apoiar aquela equipa técnica, aquele staff e aqueles jogadores. Dão tudo o que têm . Respiram Boavista, amam o clube e estão a  fazer um tremendo sacrifício para nos tentar dar o privilégio de sair dos distritais e regressar aos Nacionais. Eles merecem tudo !



Já tinhas sido galardoado com o troféu de seccionista do ano (anos atrás) para um dirigente, cem por cento Boavisteiro receber dois troféus deste valor é algo que fica para a vida?


Eu não estou neste cargo para receber galardões, mas quando eles chegam, sinto que é o reconhecimento do meu esforço, da minha dedicação e do tempo que disponibilizo para o meu clube. Sinto que é acto de justiça pela minha entrega ao Boavista. Acredito que nas outras modalidades os directores desses departamentos, mereçam tanto quanto eu serem reconhecidos pela seu desempenho e dedicação à sua modalidade.

 

Depois desta descida aos distritais e regresso aos nacionais, tens esperança que ao apresentares o teu projecto para a próxima junto da Direcção, o apoio que vais receber poderá ser superior aos anteriores, para evitar definitivamente esta situação?

Não apresento só isto no início da época, eu vou falando periodicamente com o Engenheiro Marques e alertando para as nossas necessidades. Acredito que nos tem ajudado com o que pode e faz por nós o que lhe é possível fazer, mas nós queremos sempre mais, como é óbvio. Para que o clube resista entre os melhores. No seu lugar ! Já o alertei que para a nova época. subindo de divisão, precisamos de apoios e apoios é dinheiro, para poder segurar quem cá temos e reforçar com algum atleta que nos interesse, para assegurar o melhor lugar possível numa divisão muito competitiva.

 

A nossa situação geográfica pode colocar-nos a disputar a série “B”, que é tremendamente complicada. Temes isso?


É uma série muito competitiva e quase de cariz nacional. Precisamos de apoio para enfrentar essa competição, penso que todos estão a fazer tudo para aumentar o nosso apoio e estou esperançado nisso.



Qual a análise que fazes deste plantel?


Quero salientar que oitenta por cento do plantel é constituído por jogadores da nossa formação, com um pormenor de quase todos serem boavisteiros, daí o seu regresso num espírito de recuperar o seu clube. Como o treinador também o é. Aliás, quase todos os que regressaram e outros que permaneceram com esse sentido de missão acabaram por ser aqueles que aqui foram campeões nacionais com o Sérgio Carvalho na formação. Está tudo dito.


O treinador e a sua equipa técnica vão ser um problema para ti, porque vão exigir condições para subir de divisão. Estás preparado para essa exigência?


Vamos jogar para subir, sempre para subir, mas estamos a falar de uma modalidade que tem catorze equipas na primeira divisão, tem setenta na segunda e tem dezenas nos campeonatos distritais, que foi campeão europeu e que internacionalmente tem a sua marca, acho que acompanhar essa evolução faria o Boavista subir no reconhecimento de todos. Claro que vão exigir algo mais mas a base está definida. Precisamos de um ou outro ajustes.



O campeonato nacional de primeira divisão é constituído, cada vez mais, por “equipas de camisola”. Entre Benfica, Sporting, Belenenses, Braga, Rio Ave, Aves, etc… o lugar do Boavista está vago. O povo do desporto pergunta, quando o ocupa?


Está a chegar o Portimonense, o Farense, Paços Ferreira, agora arrancou o Leixões e outros. O Boavista será aquilo que a Direcção quiser que seja. Eu estou aqui para empregar todo o meu esforço e fazer tudo o que sei. Tendo pouco ou tendo muito a minha dedicação é sempre a mesma.

Já estou aqui há muito tempo. Já tive tempos de vacas gordas, muito gordas e vacas magras e muito magras. A minha dedicação é sempre a mesma. Não vamos, para alem do esforço e dedicação de todo o plantel, que supera em muito essas lacunas e eu acredito na sua constante superação, mas sem apoios financeiros é sempre mais difícil.


Depois de um prémio individual, surge a curto prazo um prémio global. A subida aos escalões nacionais. Como sentes essa hipótese?


Tudo indica que vamos conquistar o título e isso será um prémio para toda a equipa que apostou nessa conquista. Mas ainda faltam alguns jogos e se neste momento, estamos com vantagem, o que garanto é que nem num único jogo teremos essa vantagem em conta. Vamos jogar como até aqui para vencer todos os jogos e conquistar esse título, que será de todos eles. Pela minha parte… eles foram a minha aposta, por isso, esse prémio será deles.


Alguma mensagem para os adeptos ?

Conto sempre com eles. Sempre foram  muito prestáveis comigo e sempre me apoiaram. Agradeço-lhes por isso. Espero que mantenham o carinho que têm com a modalidade e continuem a comparecer nos jogos. E de preferência cada vez em maior número para mostrar a nossa força , o nosso Boavista . Esta modalidade começou com os Panteras Negras – caso único no clube -  e acredito que seja a modalidade que mais diz a todos membros da claque, sócios e adeptos. Contamos com eles, Porque : “ Muitos não vão entender...”

quinta-feira, 11 de maio de 2017

BEATRIZ NETO NA SUA PRIMEIRA ENTREVISTA





Beatriz Neto, é uma atleta da Ginástica Rítmica do Boavista à cerca de cinco anos, sempre no Clube. Entrevistamos a jovem quando se dirigia para mais um treino.


Como te chamas e que idade tens?

Chamo-me, Beatriz Neto e tenho onze anos, estudo na escola Garcia de Resende, no sexto ano.

Praticas ginástica há quantos anos?

Iniciei-me aos seis anos e por isso pratico há cinco.

Como nasceu o gosto pela ginástica e não outra modalidade?

Eu, na altura, queria ir para o Futebol, mas como ainda era muito nova para isso, o meu irmão falou-me de colegas que praticavam ginástica e eu acabei por me interessar e vim para a Rítmica.

Qual o teu escalão, na Rítmica?

Sou juvenil.

Nesse escalão já treinas todos os aparelhos?

Só ainda não fiz, Maças nem Fita. Os restantes aparelhos, fazemos quando actuamos nos conjuntos. Nós, na categoria Base, só fazemos dois aparelhos, enquanto na primeira divisão fazem três aparelhos e um livre.

Qual o teu aparelho favorito e qual o que gostas menos?

Sinto-me bem na Bola e menos bem nas Cordas.

A nível de resultados, quais os mais significativos?

Acima de tudo, os resultados que mais importantes, foram conseguidos nos conjuntos. Já tive um terceiro lugar nos nacionais de conjuntos, quando era infantil. A nível de Infantis, também em conjuntos, conquistei todos os títulos regionais, em que participei. Este ano, a nível individual fiquei em terceiro lugar nos distritais e no ano passado em oitavo, entre sessenta e duas ginastas.

Quem são as tuas treinadoras?

São a Teresa Morgado, a Amanda Batista e a Joana Delgado.

Preparada para a mudança que a alteração de escalão vai impor?

Confesso que não me sinto muito bem a pensar que terei que fazer Fita e Maças, porque me sinto menos á vontade.

Mas com treino tudo se consegue. Tens medo?

Não. Medo não tenho e concordo que com o treino até poderei vir a mudar de opinião. Vamos esperar.

O que significa para ti representar o Boavista, nas competições oficiais?

É sempre um grande orgulho, porque o Boavista costuma ficar sempre em bons lugares classificativos e seja eu, ou outra colega, a conseguir ficar bem classificada, quem fica sempre falado é o Boavista no seu conjunto de atletas.

A prática da ginástica impôs uma nova vivência com outras amigas e realidade. Achas que isso foi positivo?

Ajudou em muitas coisa, a começar pelo aspecto físico, pelo à vontade que adquiri e transportei para escola, conseguindo boas notas, porque socialmente, me fez crescer mais depressa. Obrigou-me a organizar as minhas coisas melhor e isso, também é positivo. O meu dia diminuiu e entre treinos e estudos, tive que aprender a organizar a minha actividade pessoal.

Mas esta actividade acaba por cansar…

Por vezes, vou para escola com algum sono, porque me levanto cedo e deito tarde, logo quando tenho mais tempo, tenho equilibrar esse descanso. Cansa, mas dá prazer e é essa a força que tenho para continuar sempre neste ritmo.

Com te vêem as colegas da escola?

Com alguma admiração. Por vezes, pedem para eu exectuar alguns movimentos e ficam admiradas por conseguir. Ainda, há uns dias, uma amiga daqui da ginástica que estuda comigo - a Inês - pediu-me para fazer um movimento em frente à turma dela e eu fiz bem, e os comentários foram muito bons.

Verifico que os teus sempre te acompanham. Esse facto não serve de pressão sobre ti?

Eu vejo, esse apoio, como uma ajuda que sempre em deram e dão. Não são um tipo de pais que me dizem faz assim, faz de outra forma, etc… quando vou para provas e olho para as bancadas tento evitar olhar para eles, para me acalmar um pouco, mas isso é culpa minha e não deles. Quero fazer melhor, para mim e sei que logicamente eles ficam orgulhosos com isso.

Tens pais orgulhosos em ti?

Penso que sim!

terça-feira, 2 de maio de 2017

MARIA ROSÁRIO (ROSARINHO) A GINASTA CAMPEÃ QUE COLOCA OS ESTUDOS EM PRIMEIRO PLANO

Maria Rosário Mariz, conhecida no meio da ginástica, como “Rosarinho”, sagrou-se Campeã Nacional de base, em Ginástica Rítmica, nos campeonatos disputado neste mês de Abril e terminou na quinta posição, nos nacionais da primeira divisão, na prova realizada no passado fim-de-semana.

Confessa, que os estudos são a primeira opção e caso contrário, poderia ser uma ginasta em constante luta pelos títulos.


Fazendo uma apresentação pessoal, quem é a Rosarinho?

Chamo-me, Maria Rosário Mariz, tenho dezasseis anos, estudo no décimo ano na Escola Clara de Resende e pratico ginástica Rítmica desde os oito anos, sempre no Boavista Futebol Clube.


Porque a opção pela ginástica?

Eu necessitava de praticar um desporto e experimentei o Ténis, aqui no Boavista. Confesso, que não gostei do Ténis e trouxeram-me para a experimentar na ginástica, aqui sim, gostei e como gostei… fiquei.


Pareces-me uma jovem decidida e frontal, por isso, vou colocar uma questão melindrosa e algo polémica. Tenho conhecimento, que a Rosarinho, está neste actual patamar, quando podia ser uma das melhores atletas nacionais, bastaria para isso…querer. Concordas?


Sim concordo. Eu sei que se me aplicasse totalmente na ginástica iria de certeza mais longe, mas vejo e vivo a ginástica, como um hobbies, um escape, levando isto, na desportiva.


Qual a razão?

Optei, em colocar os estudos em primeiro lugar. Primeiro (sempre) os estudos e só depois a ginástica. Conversei sobre isto com os meus pais, que foram da mesma opinião e assim, a escola passou a estar sempre em primeiro plano, sobre tudo o restante. Para ser uma ginasta de mais qualidade, teria que apostar mais na modalidade, abdicando de muita coisa e assim fiquei neste nível, embora seja uma apaixonada pela ginástica.


Qual os aparelhos que mais gostas e o que gostas menos?

O que gosto mais é “Bola”, onde me sinto bem e tenho mais experiência.  O que gosto menos é “Fita”. Sendo o mais bonito de se ver, é claramente, o mais complicado de se fazer, porque qualquer falha conta. ´+e um aparelho, ingrato e mais difícil.


Quantos treinos realizas por semana?

Cerca de quatro treinos. Supostamente três horas por dia. Como pôde ver, aproveitei as férias da Páscoa para treinar todos os dias.


Como é que uma jovem, abdica das férias?

A verdade foi essa, abdiquei das férias e de muitas coisas, como estar com as minhas amigas, para treinar aqui todas as manhãs, para conseguir melhores prestações nas provas que iria disputar.


E resultou! Porque não poderia ter sido melhor, dado que te sagraste Campeã Nacional de base. Com te sentiste como Campeã Nacional?

A prova correu bem, mas podia ter corrido ainda melhor.


Desculpa. Conquistas o título Nacional e dizes que ainda podia ser melhor. Como é possível tal afirmação?

Eu senti que não foi uma prova perfeita. Cá fora pode não se ver algumas falhas, mas eu senti-as e sei que as cometi. Foram pequenas, claro que foram, mas eu sei que tive, a nível corporal. Mas senti, também, que o título foi merecido, porque fui a melhor.


Já tinhas conseguido o título de Campeã distrital, juntas o Nacional de Base e és convidada- na condição de Campeã Nacional - para participares o campeonato nacional da primeira divisão. Nessa prova estiveste em excelente plano. Isso, prova que podias -  como já afirmamos - ter sido muito melhor ginasta,?

Exatamente. Gostei da minha prestação, que achei muito boa, terminando em quinto lugar da geral e se não fosse a prestação (menos boa) que tive nas “Maças” teria terminado em lugar de pódio.


Resume a tua prestação…

As minhas classificações foram:

Primeira classificada na, Bola

Segunda, na, Fita

Sétima no, Arco

Décima nas, Maças


Significa, que individualmente, foste a melhor ginasta dos campeonatos, em Bola e segunda na Fita. Como te sentiste?

Feliz pela prestação no aparelho que mais gosto, feliz por ter sido segunda no mais difícil e um pouco frustrada pela prestação nas Maças, onde deveria ter sido melhor, porque deixei cair duas vezes uma das Maças. Este aparelho, foi o último e eu estava demasiado cansada.

Foi acima de tudo, uma honra representar o Boavista na primeira divisão e foi um prazer ouvir as treinadoras dizerem que tenho capacidade para estar na primeira divisão. Foi positivo e fiquei feliz.


Com base em tudo o que conquistaste, como responderás a um convite das tuas treinadoras para passar para a equipa da primeira divisão?

Já pensei nisso, porque considero que me irão convidar, mas tudo terá a ver com os estudos, porque o próximo ano será um ano de exames. Teria que aliar tudo, ter boas notas e trabalhar em condições para merecer e estar na primeira divisão.


Vi os teus olhinhos felizes, quando conquistaste o título de base. Porque não, te dedicares por dois anos e saíres da competição como Campeã nacional da primeira divisão?

Obviamente, que estava feliz, ganhar é sempre bonito. No resto, depende. Se os treinos continuarem nesses horários até posso mesmo ponderar e apostar, mas os estudos sempre em primeiro.


Uma menina que chega aqui há oito anos atrás e agora jovem, como sente e o que representa ser atleta do Boavista?

Um orgulho. Reconheço o crescimento do Boavista como clube, para além do futebol. A nível de ginástica, embora as condições ainda não sejam as ideais, têm vindo a melhorar todos anos e a todos os níveis. Os resultados da ginástica têm vindo a melhorar, fruto do trabalho que se continua a fazer no Clube.


Sentes, então, os melhoramentos e benefícios na ginástica do Boavista?

Sim, as instalações estão sempre a melhorar, com o senhor Pina sempre  a trabalhar, a correr (rindo-se) e sempre atento.

Para o ano teremos a Rosarinho, Campeão da primeira divisão?

Ganhar é sempre bonito. Vou pensar nisso, agora deixo uma certeza, na base ou na primeira divisão, a Rosarinho será sempre uma apaixonada pela Rítmica e orgulhosa de pertencer ao Boavista.


Entrevista de 
Manuel Pina