domingo, 7 de dezembro de 2014

ENTREVISTA COM TIAGO RODRIGUES PUGILISTA DO BOAVISTA


Tiago Rodrigues, pratica Boxe há oito anos e é um dos pesos-pesados do Pugilismo do Boavista. Em pleno treino para mais um combate, contou-nos um pouco de si.
Há quantos anos pratica boxe?
Iniciei-me há oito anos. O meu primeiro clube foi o Água Viva e posteriormente, passei para o Boavista, à cerca de dois anos.
Qual a sua categoria?
Sou, mais que 91.

Então é mesmo dos fortes…
Sou! (rindo-se)

Individualmente, como está decorrer a época?
Fui Vice-campeão Nacional e Campeão Regional. Considero estes resultados bons, porque joguei sempre um pouco condicionado.

Que as razões o condicionaram?
Quando ingressei no Boavista, sofri duas lesões bastante graves, uma num braço e outra numa perna, com uma ruptura de ligamentos e só agora, estou a atingir a minha forma, porque considero que felizmente, o pior já passou. Sinto-me a cem por cento, ou perto disso.

Há pouco, reparei que o seu treinador, Carlos Caldas, lhe chamava a atenção para se poupar. Está a preparar-se para algum combate?
Sim, vou combater na Gala da União da Sé e o senhor Caldas, está sempre a tento ao meu entusiasmo, para que eu não me exceda e me prejudique, mas, sabe como é, um atleta quer estar sempre no máximo.

Colectivamente. Fez parte da equipa do Boavista que conquistou o Campeonato Nacional?
Fiz sim. Colaborei na conquista de mais um título Nacional colectivo para o nosso clube, com muita honra minha.

Objectivos pessoais, para o futuro?
Quero lutar até aos quarenta anos e ser Campeão Nacional e Campeão Nacional da Taça de Portugal, isto no meu último ano de competição.

Quer sair por cima?
Exactamente, quero ficar com esses títulos.

Está completamente integrado no Boavista?
Completamente integrado e muito feliz. É uma grande família muito bem dirigida pelo nosso treinador, o Senhor Caldas. Para além de um excelente treinador, é um bom psicólogo, que nos trata bem e nos acompanha individualmente, com os seus conhecimentos. Acompanha cada atleta tendo em conta as suas características e personalidade. Todos juntos conseguimos resultados para bem do nome do Boavista.

As condições, que possuem no Boavista, como as classificam?
Tendo em conta a conjuntura actual, não se pode exigir mais, para além de serem muito boas. Depois o senhor Caldas prepara-nos individualmente, trazendo diversos treinadores (até estrangeiros) para melhorarem as nossas técnicas e conhecimentos e abrirem-nos outras perspectivas de combate.

A pergunta que coloco a todos, é a seguinte. Como se ganha o gosto de entrar no mundo do boxe? Amado por uns e odiado por outros?
O Boxe, no contexto desportivo, é dos desportos mais bonitos e leias que existe! O problema é quando as pessoas olham ou utilizam o boxe para outros fins. Para afirmação pessoal, para na vida civil se aproveitarem dos conhecimentos adquiridos no boxe, para determinados objectivos, até de foro profissional, extra actividade. No entanto, tirando esses casos o Boxe é um desporto completo e muito bonito. Considero que existe na sua prática muito mais lealdade, que, por exemplo, no Rugby ou mesmo no futebol!

Mas concorda que pessoas, como eu, deixem dúvidas baseadas nessas utilizações extras?

Claro que entendo. As situações que descrevi, acabam por criar nas pessoas que estão fora do contexto, um estigma contra o Boxe. Temos que mostrar a diferença e trabalhar por título e pelo bom nome da modalidade que escolhemos e adoramos.

ENTREVISTA COM O DIRECTOR/TREINADOR DO JUDO, PEDRO PINHEIRO

Pedro Pinheiro, é o responsável pelo Judo do Boavista. Dedicado a tempo inteiro à modalidade no Clube, tem um projecto de engrandecimento do Judo axadrezado, que culmina com a participação de atleta do Boavista Futebol Clube nas olimpíadas de 2020.

Conheça mais pormenores nesta entrevista exclusiva.
Comecemos por fazer uma apresentação pessoal, há quantos anos está ao serviço do Boavista?
Estou no Boavista desde dois mil e doze, por isso, estamos a entrar no terceiro ano do projecto.
Sendo um homem do judo, vamos falar um pouco de Pedro Pinheiro. 
Quando começou a praticar a modalidade?
Comecei a praticar judo em mil novecentos e oitenta e quatro e sou treinador, com diploma do curso da federação desde mil novecentos e oitenta e seis. Sou treinador de competição desde dois mil e um.

Como se encontra o Judo do Boavista?
Está muito bem, suplantado as espectativas que tínhamos inicialmente, está a crescer em número de atletas mas essencialmente a nível de resultados que estão a ser muito bons.
Sabe dizer quantos atletas temos neste momento?
Temos cerca de sessenta atletas.
Sendo um número muito satisfatório, podemos atingir que número de atletas?
Com as instalações que temos ao nosso dispor, podemos ter cerca de cento e vinte.
Os atletas dividem-se por classes?
Sim, dividimos os atletas por quatro classes. Uma dos mais pequenos dos quatro aos seis anos, outra dos sete aos nove e depois dos dez aos treze. Para além destas classes, temos os atletas de competição. Nós, no Judo, temos divisões diferentes de outras modalidades e assim, os atletas de competição, com idades a partir dos catorze anos treinam todos em conjunto. Os atletas de mais-valia, acabam por treinar mais, que os tempos normais, que são insuficientes, treinando todos os cincos dias, com uma carga de treinos até cerca de dez horas.

Com essa entrega, está exclusivamente ao serviço do Boavista?
É verdade. Somente dou uma aula por semana fora do clube, nos resto, estou sempre no Boavista.
Que resultados têm conquistado?
Este ano, tivemos os melhores resultados de sempre – gostaria de repetir – de sempre! a nível da zona norte do país, tirando o escalão de seniores, porque ainda não temos atletas seniores para competir.
No campeonato Nacional de juniores, conseguimos a melhor participação de sempre, ao obtermos três medalhados, feito que nunca nenhum clube da zona norte tinha conseguido. No escalão de juvenis, fomos os segundos classificados, ficando atrás as melhor escola de Judo de Portugal, a escola Nuno Delgado, conseguindo dois medalhados, sendo o Boavista o segundo Clube com mais medalhas.
A nível internacional, tivemos o atleta Alexandre Silva, a participar nos campeonatos Europeu e Mundial.

Segundo sei, essa participação é um facto enorme. Quer especificar?
Há pelo menos vinte e um anos, que nenhum atleta de um clube da zona norte (Coimbra para cima) estava presente em tal competição a este nível. Considero o feito do Alexandre Silva, enorme mesmo. Em nenhum escalão desde 1993 esteve presente qualquer atleta do norte!
O protocolo que existe entre o Boavista e a escola Fonte Pereira de Melo, é mais útil para quem ou está em partes iguais?
Neste momento, e porque é um protocolo recente, talvez seja mais favorável à Fontes, porque estamos a falar essencialmente de Desporto escolar, no futuro o Boavista virá a tirar os seus proveitos desse protocolo, que no entanto, não foi realizado para beneficiar nenhuma das partes em especial, mas essencialmente o atleta e aluno.
Falamos do desporto escolar. Muitos consideram-no “um bicho-de-sete-cabeças” e conheço até dirigentes federativos que têm medo dele. Qual a sua opinião sobre este tema?
Antes da lhe dará minha visão sobre o desporto escolar, deixe-me voltar atrás, para referir que neste momento, temos uma atleta em comum com a Fontes. Trata-se do Mirco Cabral que compete no desporto escolar pela Fontes e oficialmente pelo Boavista, com enorme progressão e a quem auguro um grande futuro no judo nacional e não só. Ganhou, este ano, medalhas em torneios, foi campeão da zona norte em seniores.

Voltemos ao desporto escolar…
Sobre isso tenho que lhe dizer; ninguém vai à procura do que desconhece! Se houvesse Judo em todas as escolas, o Boavista em vez de ter sessenta atletas neste momento, teria cento e vinte, ou cento e oitenta ou mesmo duzentos… mas ninguém procura o que desconhece, todos procuram o que conhecem. O desporto escolar é fundamental na divulgação das modalidades e captação de jovens para o desporto.
Mas muitos acusam-nos de ser uma base de problemas…
Tem problemas? Claro que tem. Mas são problemas do país. Não específicos do desporto escolar. Um dos problemas, quanto a mim, é não termos ainda definido o queremos do desporto em geral. Gastamos dinheiro no desporto escolar, gastamos no desporto federado e ainda subsidiamos o desporto privado. Resumindo o estado gasta dinheiro em três vertentes do desporto e nunca mais se define/decide por um programa desportivo global.

Não haverá um conflito de interesses entre escolas e clubes?
Eu vou referir-me ao Judo, deixando as outras modalidade. Na minha opinião, o Judo até aos 14 anos deveria ser feito todo, no âmbito do desporto escolar. Só que neste caso, os clubes teriam que ser ressarcidos quando os atletas passassem pra os clubes, porque todo o financiamento actual dos clubes é feito pelas mensalidades que os atletas de formação pagam. Todos sabemos que os atletas de competição dão prejuízo aos clubes. Teríamos que conseguir os ajustamentos necessários, mas já viu qual seria o crescimento do Judo se fosse trabalhado desde as escolas num sistema de massificação? É preciso repensar todas as situações.
Acredita nesse projecto para o futuro?
Eu acredito ser esta a solução, que outros países aplicaram e resultou. A que assisto agora? Assisto que as escolas – não a Fontes Pereira de Melo – desvaloriza o desporto quando retira a obrigatoriedade das médias da educação física, no décimo primeiro ano. Quando deixa de ser obrigatório a prática de educação física até ao nono ano, o que para mim é uma anormalidade. O desporto escolar, é uma coisa que umas escolas têm outras não. Enquanto estas coisas não se alterarem, vamos continuar a obter resultados que passam mais por a vontade e carolice de dois ou três que da decisão oficial do país.

O desporto é importante para a formação de um cidadão?
Mais que importante, o desporto sempre fez parte da formação de um bom cidadão.
Voltemos ao Boavista. A nível de instalações, com considera estar o Boavista?
Está muito bem! Temos uma sala das melhores que conheço a nível de clubes, a melhor de zona norte. No momento, estamos a sentir a necessidade de termos uma sala de musculação melhorada, porque cada vez aumenta mais o número de atletas de competição que precisam de trabalhar mais fortemente a componente física. Actualmente as instalações estão perfeitamente adequadas ao que realizamos. Talvez daqui a quatro anos não estejam e eu não diga o mesmo, mas isso será bom sinal…
Falou no início de um projecto. Qual é então o seu projecto para o Judo do Clube?
Desde que cheguei e me apercebi das condições que me ofereceram, o meu projecto em que aposto seriamente passa por levar atletas do Boavista aos jogos Olímpicos. Neste momento, pode parecer ser um sonho, mas não é! Estamos a desenvolver um trabalho direccionado nesse sentido, que nos leva a crer que teremos um atleta do Boavista, nos Jogos Olímpicos de 2020. Sabemos que temos que trabalhar muito para tornar esta ambição em realidade. Neste momento, não é um sonho. É uma ambição, é uma meta!
Quando chegou quantos atletas tinha?
Cerca de quarenta e cinco.
Enão está em progresso?
Claramente e para não estagnar, trabalhamos muito, num trabalho difícil, mas alicerçado. Como digo aos meus atletas, é difícil…mas eu gosto de coisas difíceis.

Como se conseguem angariar novos atletas?
Acima de tudo com o bom trabalho. As crianças que têm entrado, têm-no feito por indicações dos pais das crianças que já cá andam. Há também outros atletas que regressam com os pais de pois de um período de emigração, vinde de diversos países em que o Judo é modalidade popular. Esses entram no clube, porque existe no judo nortenho a referência de qualidade que é o Boavista.
Pode afirmar-se que o Boavista é o melhor clube do Norte’
Sim, pode afirmar isso. Temos um exemplo. Um atleta de nacionalidade francesa. com idade de júnior, que participou no campeonato nacional de Judo Francês, que é muito difícil, depois de chegar ao nosso país, procurou vários clubes e depois de muito ter analisado veio para o Boavista, dizendo que é o clube com melhores condições que encontrou.
Outra forma de divulgação é a publicidade que vãos fazendo a nível de panfletos ou informação na net.
Quando me fala que os filhos dos emigrantes quando regressam procuram praticar a modalidade, isso, por si, demonstra a forma como o Judo é praticado e incentivado no estrangeiro?
Claramente e é uma diferença brutal até a nível de preços que são norma pagar pela aprendizagem. Por exemplo, em França paga-se muito menos que em Portugal, porque aqui o clube tem que pagar tudo, e tem que ser através das mensalidades dos alunos que se cobrem todas as despesas, enquanto nesses países, os clubes são subsidiados.
A diferença de políticas que já nos referimos?
Que resulta neste pormenor… em França há seiscentos mil atelas a praticar Judo.
Homens como o Pedro, nunca deixarão de apostar no progresso da modalidade?

Nunca! Pode crer.

Entrevista de

Manuel Pina

ENTREVISTA COM BALTASAR SOUSA, DIRECTOR DO ATLETISMO


Baltasar Sousa, foi um dos responsáveis do regresso do Atletismo ao Boavista. Antigo atleta do Clube, é actualmente o director do departamento e ainda atleta activo. Para conhecer melhor este regresso da modalidade, fomos ouvir o seu director, que nos surpreendeu quando registou, que desde Julho até ao presente o Boavista, tem já mais de seis dezenas de atletas.

Vamos começar, por conhecer melhor, Baltazar Sousa. Como atleta quantos e quais os clubes que representou?
Os mais conhecidos, SLBenfica, SC Salgueiros, Os Belenenses, Varzim SC, Inter

Profissionalmente qual é a sua actividade e que idade tem?
Sou profissional de seguros e conto com 45 primaveras

Alguma vez representou o Boavista?
Representei o Boavista FC, logo no início da minha carreiraera então menino, tinha 13 anos e estive até aos 16, ou seja, iniciei em 1983, o ano que se iniciava também o atletismo no clube. Fui campeão regional de iniciados nas provas de pista 800 e 1500 metros, fiz a melhor marca do anos nos 1500 m.
Sendo ainda iniciado, também fui Campeonato Regional de Juvenis nos 1500 e fui 2º nos 800 metros. Fui ainda, vice Campeão regional de corta matoeu e a Albertina Dias, fomos os primeiros atletas da secção a alcançar os primeiros títulos do clube (isto tem passado ao lado da história). Entretanto voltei ao clube entre 1991 a 1993, tendo alcançado outros títulos colectivos.


Neste momento pratica a modalidade mesmo num escalão menos competitivo, ou terminou a suas provas?
Apesar de pertencer ao escalão de veteranos, ainda compito a nível sénior, provas regionais, nacionais e internacionais.

Como nasceu este projecto que fez regressar o atletismo ao Boavista? Quem foram as pessoas responsáveis pela iniciativa?
Muito simples, o saudosismo e a paixão, aliando ainda o sentimento de tristeza pelo que aconteceu ao nosso clube. Deparava-me algumas vezes com alguns corredores, estes corriam com a camisola do futebol do Boavista, até que, na Corrida Marginal à Noite em Esposende, interpelei o Diogo Barros(agora colaborador da secção), dizendo-lhe que o Boavista já tinha sido um grande clube em atletismo.  Ele, nem sabia nada na nossa história, entretanto, prontificou-se a contactar com a direcção das actividades amadores, após uma reunião com o Vice-presidente, Eng. António Marques, expusemos o nosso prepósito e partir daí tudo foi fácil.

Verifica-se com alguma surpresa, a “velocidade” como conseguiu formar uma equipa tão vasta e promissora. Como conseguiu esse dinamismo?
No meu imaginário “surrealizava” (não sei onde ouvi isto), uma grande onda axadrezada, a maior do país. Fui divulgando que o Boavista não fazia distinção entre categoria de atletas,  o requisito no "palmarés" apenas a paixão pelo atletismo e o carinho pelo clube. Os contatos foram surgindo...

Os atletas, que convidam aceitam facilmente ou colocam ressalvas para se inscreverem pelo Clube?
Não existem ressalvas. De todos surgiu sempre o carinho e o orgulho por representarem um clube tão simpático e tão grandioso, acredito que também existe o espirito solidário para com o clube.


Quantos atletas, tem neste momento o Boavista?
Contamos com cerca de setenta atletas.

Que apoios, tem para a secção? Algum patrocinador exclusivo para o atletismo?
Todos os atletas pagam um valor de inscrição, sendo esta a primeira ajuda, surgiu pequeno um apoio financeiro da Aricar Rent a Car, que também já nos ajudou com a cedência de transporte para uma prova, apesar dos diversos conctatos com empresas nada mais foi concretizado,

Quais as provas em que irão apostar?
Estrada, Corta Mato - Campeonatos Regionais e Nacionais, Pista  - Camp. Reg. e Nacionais.

O Boavista irá participar em algum campeonato colectivamente, ou apostará essencialmente no aspecto individual?
Iremos participar em termos colectivos (já aconteceu - fomos segundos  no Campeonato  regional dos oito, em corta mato) e apostaremos também individualmente nos escalões mais jovens e em Masters

Quais os objectivos tem para o atletismo axadrezado, a médio e longo prazo?


Tudo dependerá do apoio que possa surgir, caso contrário teremos que continuar a inventar...

sábado, 1 de novembro de 2014

ENTREVISTA COM O VICE-PRESIDENTE, ENG. ANTÓNIO MARQUES

Nota do editor
Para lançamento da nova época desportiva e tendo a consideração o interesse de reforçar "as ideias padrão" defendidas pelo Vice-presidente das Amadoras, repetimos na integra, a entrevista dado pelo Eng. António Marques a 27 de Julho do corrente ano

Para fazermos uma ligação entre as duas épocas desportivas (passado e futuro a curto prazo), a que terminou há alguns dias e a próxima, a iniciar no próximo mês de Agosto, fomos conhecer o parecer do responsável pelo sector das Actividades Amadoras do Boavista, o Vice-presidente Engenheiro António Marques. Numa entrevista, na qual são dissecados todos os pormenores sobre as modalidades Amadoras Axadrezadas.


Terminada mais uma época desportiva, é hora de se fazer um balanço global. Foi mais fácil ou mais exigente que o esperado? Quais as maiores dificuldades que encontrou?
Poderei dizer que em termos organizacionais decorreu dentro do que era previsível e, na minha opinião, decorreu de forma positiva.
Em termos de resultados desportivos posso afirmar que, globalmente, ultrapassamos largamente as expectativas que tinhamos quando “arrancamos” a época.
As principais dificuldades que encontramos também não foram surpresa: conseguir obter os meios financeiros necessários para que as Modalidades pudessem desenvolver as suas atividades competitivas em toda a época, cumprindo com todas as suas obrigações financeiras e “libertando” o  mais possível a Tesouraria central do Clube. Como é público, o Clube tem obrigatóriamente de cumprir um conjunto de compromissos no ambito do PER (para além de todas as suas despesas correntes), de forma que as Modalidades Amadoras terão de ser finaceiramente autónomas e, não tendo instalações próprias em várias dessas Modalidades, os custos que são necessários assegurar são, de facto, muito elevados. Naturalmente que, uma vez mais, contamos com o apoio da “Associação de Amigos do Boavista” e, o que foi decisivo, também contamos com a enorme ajuda de familares de Atletas, nomeadamente na colaboração nas iniciativas que realizamos para angariação de receitas e na ajuda fundamental no transporte de Atletas para treinos e competições.
Realço também as excelentes “parcerias” que estabelecemos com o Agrupamento da Escola Fontes Pereira de Melo e com a Escola Clara de Resende que nos permite algumas soluções para treinos, nomeadamente com a utilização do ginásio da Escola Clara de Resende para a nossa formação de Voleibol e com o Pavilhão da Escola Maria Lamas para as nossas equipas de Andebol. Em termos pessoais e enquanto responsável do Boavista, quero manifestar o agradecimento a ambas as Instituições e, muito em particular, ao Dr. José Mário Cachada que tem tido uma excecional sensibilidade para colaborar, em várias frentes, com o Boavista F.C. 
Internamente o Engenheiro tem a sua “máquina” organizada. Sente que os diversos departamentos das modalidades já se inseriram e adaptaram às directivas que acha indispensáveis, para o melhor funcionamento?
Sim, tenho o previlégio de trabalhar com um conjunto de Diretores que já me conhece há vários anos e que sabe que a minha forma de atuar e de intervir.
A Vice-Presidência das Modalidades Amadoras é constituída, para além de mim, de mais 2 Elementos: O Vice-Presidente Adjunto, Dr. Carlos Santos e a Coordenadora das Modalidades Amadoras, Profª Sara Monteiro.
A nossa forma de atuar com as várias Modalidades resume-se em poucas palavras: existe um conjunto de orientações nas várias vertentes que cada Diretor conhece e tem de respeitar. Também temos um “Regulamento Interno” que serve de “guião” para todos os Agentes desportivos envolvidos nas Modalidades (naturalmente que sem colidir com as normas deste regulamento geral, cada Departamento pode e deve ter um regulamento interno próprio que tenha em consideração as especificidades da sua Modalidade). Assim, conhecendo cada Diretor as suas regras de funcionamento e sabendo onde começa e acaba a sua responsabilidade direta, cada um tem uma grande autonomia na gestão do dia a dia da sua Modalidade. Naturalmente que existe a obrigatoriedade de nos manter sempre devidamente informados do que vai acontecendo ao longo do tempo.
Com o regresso do Boavista, ao primeiro escalão de futebol, há quem espere que a gestão das modalidades seja mais fácil, mas há quem pense rigorosamente o contrário. O que pensa sobre isso?
Concretamente ao nível da gestão, considero que o facto de o nosso Futebol Profissional regressar ao lugar de onde nunca deveria ter sido retirado (a 1ª Liga) nada muda ao nível do rigor que terá sempre de existir. O que poderá e deverá acontecer é o aumento da visibilidade, notoriedade e credibilidade do Clube, o que poderá contribuir para que algumas Entidades ou Empresas se nos associem como forma de promoção da sua marca ou produtos que comercializam.   

Todos são unanimes, num ponto. A falta de espaço para treinos e jogos. Como conseguiu esta época gerir as contas de despesas com os pavilhões, sabendo (eu, por razões profissionais) que o Boavista atingiu o final da época com todas as contas pagas à Porto Lazer?
É uma realidade que o nosso principal problema reside no facto de nas Modalidades de pavilhão necessitarmos de recorrer a espaços desportivos exteriores ao Clube para os treinos e competições. Como atrás referi, temos protocolos de cooperação com a Escola Clara de Resende e com o Agrupamento Fontes Pereira de Melo que contribui para ultrapassar uma pequena parte das nossas necessidades. Mas, sendo muito importantes estes protocolos, para mantermos os níveis competitivos que as várias equipas do Clube exigem, temos de recorrer diáriamente ao aluguer de pavilhões da Porto Lazer, Infante Sagres e Escola Carolina Miccaellis. Este facto implica um enorme esforço financeiro que é partilhado diretamente pelas Modalidades, pela “Associação de Amigos do Boavista” e pelas verbas obtidas através de iniciativas da Vice-Presidência e das nossas Modalidades de Ginástica, Judo, Karaté e Kenpo. 

A Câmara Municipal, através da Porto Lazer, colaborou (facilitou) com alguns pormenores para equilibrar as despesas?
Tem havido ao longo do tempo uma boa relação com o anterior e o atual executivo da Camara Municipal do Porto e com os Responsáveis da “Porto Lazer” no sentido de serem criadas algumas condições de cooperação entre ambas as Instituições.
O Boavista F.C. neste Departamento (Modalidades Amadoras) teve em atividade permanente na época que agora termina, 13 modalidades desportivas (futsal masculino, voleibol feminino, andebol masculino, futebol feminino, desporto adaptado, hoquei patins masculino, ginástica, judo, karaté, kenpo, Aikido, boxe e kickboxing) e proporcionou a prática desportiva regular a mais de 1.200 Atletas. Trata-se de um enorme contributo do Clube para o serviço público que é, em termos constitucionais, uma obrigação do Estado. Naturalmente que a Camara Municipal do Porto não é alheia a este esforço que o Boavista F.C. tem vindo a desenvolver e irá, seguramente, já na próxima época aprofundar a sua colaboração com o Clube. Seria de todo incompreensível que essa situação não viesse a suceder. Em todos os contactos que temos vindo a estabelecer com os principais Responsáveis autárquicos (Presidente da C.M.Porto, Administração da Porto Lazer e outros) ficamos com a certeza do seu reconhecimento pelo trabalho que o Clube há largos anos tem vindo a desenvolver e com a convição de que tudo irão fazer para nos proporcionar as melhores condições possíveis que permitam que este trabalho que temos vindo a realizar não só se mantenha como possa, eventualmente, vir a ser reforçado.


Quer divulgar os resultados considerados mais positivos ou significativos desta época? Quantas modalidades existem, no momento, no Boavista? Durante a época, iniciou-se ou consolidou-se alguma nova modalidade?
Como atrás referi foi uma época difícil (o que não foi nenhuma surpresa) mas com resultados globalmente muito positivos que suplantaram as nossas previsões iniciais. Em termos sintéticos passo a referir os factos mais relevantes por cada uma das treze Modalidades:

            BOXE – revalidamos o Titulo nacional da 1ª Divisão e a Taça de Portugal
            KICKBOXING – uma nova modalidade que se iniciou no inicio da época e onde obtivemos vários titulos regionais e outros resultados relevantes.
            GINÁSTICA – vários titulos regionais e nacionais conquistados e várias participações em saraus e galas nacionais e internacionais nas várias especialidades que constituem esta nossa Modalidade: ritmica, artística, acrobática, play gym, baby gym, gimnastrada.
            JUDO – alguns titulos nacionais e regionais obtidos e excelentes classificações em competições internacionais.
            KARATÉ -  resultados relevantes em competições regionais e nacionais
            KENPO – modalidade em franca expanção no Clube ao nível da quantidade de praticantes.
            AIKIDO – modalidade em inicio de atividade no Clube.
            HOQUEI PATINS – modalidade recente no Clube. Participamos na 3ª Divisão Nacional e obtivemos o 3º lugar no campeonato regional do Porto.
            DDA – Futsal Adaptado – 3º lugar no campeonato nacional e 2º classificado na Taça de Portugal // Futebol 7 Adaptado – 2º lugar no campeonato nacional // Tiro Adaptado – excelentes resultados do nosso Atleta, Bruno Valentim, que está já integrado no estágio para os próximos Jogos Paralímpicos.
            FUTEBOL FEMININO – participação honrosa da equipa sénior no campeonato nacional da 1ª divisão (6º lugar) – titulos distritais nos escalões sub-15 e sub-19 (neste caso com o pleno de vitórias nos 24 jogos realizados) e resultados meritórios na equipa sénior “promoção” e nos outros escalões de formação.
            ANDEBOL – subida á 2ª Divisão Nacional da equipa sénior e excelentes resultados nos vários escalões etários de formação
            VOLEIBOL – 2º lugar no campeonato nacional da 2ª divisão (iremos disputar no próximo mês de setembro a possibilidade de na próxima época podermos vir a competir na 1ª Divisão Nacional) e resultados meritórios nos escalões de formação
            FUTSAL – excelente participação da nossa equipa sénior no campeonato nacional da 1ª Divisão Nacional (fomos apurados para o play-off final onde fomos eliminados nos oitavos de final pelo Sporting que se viria a sagrar campeão nacional) e resultados meritórios nos vários escalões de formação.

Realço ainda a organização de alguns importantes eventos, nomeadamente:

            - “Final Four” do Campeonato Nacional da 2ª Divisão de Voleibol Feminino – organização do nosso Departamento de Voleibol e que contou com o apoio da “Porto Lazer” e da “Associação de Amigos do Boavista”. Este evento realizou-se no Pavilhão da Escola Fontes Pereira de Melo.
            - “Gala dos Campeões” de Boxe – realizada nas instalações do Estádio do Bessa e com organização do nosso Departamento de Boxe.
            - 3 “Saraus” das nossas classes de Ginástica, Judo, Karaté e Kenpo (dezembro de 2013, abril e julho) – organização do nosso Departamento de Ginástica. Dois destes eventos foram realizados no Pavilhão dos Congressos em Matosinhos e o sarau de final de época realizou-se no Pavilhão Municipal da Maia.  
            - “Campeonato Nacional de Ginástica Ritmica – conjuntos” – realizada nas excelentes instalações do Velódromo de Sangalhos sendo a organização partilhada entre o nosso Departamento de Ginástrica e a Federação Portuguesa de Ginástica.

 Que objetivos, tem para a próxima época?
Com a sua equipa de futebol profissional injustamente relegada para os escalões secundários da modalidade durante seis longos anos, e sendo o futebol profissional o seu principal impulsionador e aglutinador, o Boavista F.C. viveu, globalmente, uma situação absolutamente dramática. Neste período negro provocado por alguns irresponsáveis cujos rostos jamais esqueceremos, e em que vimos partir muitos dos Funcionários e Colaboradores que muito contribuíram para o engrandecimento deste Clube que irá completar 111 anos de existência no próximo dia 1 de agosto, todos os objetivos desportivos ficaram fortemente condicionados. Mesmo com todos esses problemas, o Clube manteve o seu forte ecletismo continuando a contribuir para que muitos jovens pudessem praticar o seu desporto favorito e não enveredassem por modos de vida menos recomendáveis e saudáveis.
Com a nossa reintegração na 1ª Liga do futebol profissional na próxima época desportiva, que apenas parcialmente repõe alguma justiça (outras ações estão em curso para que os prejuízos que nos foram causados sejam, pelo menos, minimizados), julgamos que esta próxima época será o ano “zero” do Clube e de começar a criar condições para no futuro próximo todas as nossas Modalidades desportivas possam, de novo, “ombrear” com os principais emblemas nacionais.
Naturalmente que com os resultados obtidos na época que agora termina, os nossos objetivos para a próxima época apontam no sentido de,  no mínimo, mantermos as “performances” atingidas que, como anteriormente referi, em todas as Modalidades foram claramente positivas.

Fiel ao lema “se não se poder começar… não iniciamos, mas se iniciarmos, não paramos” prevê que alguma modalidade esteja em dúvida de participação na próxima época?
Não temos qualquer intenção de parar com alguma das nossas 13 Modalidades. Quando acedi ao convite que me foi feito pelo Dr. João Loureiro em dezembro de 2012, não foi seguramente a pensar em liderar nenhuma “comissão liquidatária” mas sim para contribuir para consolidar e, se possível,  reforçar o ecletismo do Clube. Como sabe, mesmo passando por todas as dificuldades que são conhecidas, o Boavista F.C. continua a ser um dos mais ecléticos Clubes nacionais. Naturalmente que, tal como refere, só avançamos quando temos a convição que estão reunidas as condições para lhe dar a completa sequência durante toda a época. Essa situação já foi claramente colocada aos Diretores das Modalidades que poderiam ser mais problemáticas face á indisponibilidade de meios próprios para treinos e dos custos inerentes para ultrapassar essas limitações. A resposta que me foi dada não me deixou dúvidas: todos estamos motivados para continuar e procurar condições para melhorar.
Pelo contrário, existe intenção de aumentarmos o número de Modalidades no Clube desde que as mesmas tenham a necessária sustentabilidade. A  médio prazo essa situação será definida.


Não sendo um profissional do Clube, o Engenheiro marca presença frequente no Bessa. Para o futuro, acha que possível manter essa disponibilidade para o Boavista, ou com o andar dos tempos, a “máquina” pode aliviar todo o seu empenhamento?
Já há muito tempo que faz parte da minha rotina diária terminar o meu dia de trabalho no Bessa. Naturalmente que devido ás grandes dificuldades financeiras com que o Clube se tem debatido nos últimos anos, a minha atividade no Clube passou a ser mais intensa. A gestão propriamente dita das várias Modalidades está integralmente á responsabilidade do Diretor de cada uma delas e dos seus diretos Colaboradores. A atividade da Vice-Presidência (minha e dos meus colegas da Vice-Presidência) para além do normal controlo das atividades dos vários Departamentos no que ao cumprimento das regras e orientações diz respeito, está muito ligada á obtenção de receitas absolutamente obrigatórias que assegurem o pagamento de um conjunto de despesas necessárias ao normal desenvolvimento de algumas das Modalidades (com particular destaque as inscrições associativas e federativas e o pagamento de pavilhões para treinos e jogos).
Tal como atrás referi, considero que esta próxima época não será muito diferente da que agora terminou.
Estou entretanto convicto que daqui a um ano quando a próxima Direção do Clube (o próximo ato eleitoral deverá realizar-se em junho de 2015) iniciar a preparação da época 2015/2016 a minha profunda convição é que a situação poderá ser diferente para melhor. 

A curto prazo, quais as dificuldades esperadas, que lhe tiram o sono?
Não sou pessoa de perder o sono devido a problemas (sejam eles pessoais, profissionais ou relacionados com o Clube).
Quando eles surgem, só tenho uma forma de atuar : analiso-os, estudo a melhor maneira de os ultrapassar e depois empenho-me e envolvo-me na sua resolução. Depois, duas situações podem acontecer: ou o resolvo ou não sou capaz e neste caso só poderá existir, eventualmente, uma solução: procurar alternativas. Ou consigo encontrá-las ou esqueço e “parto para outra”.

Uma pergunta final que muitos adeptos que acompanham as várias modalidades frequentemente comentam. Sente que os vários Departamentos do Boavista F.C. estão com as Modalidades Amadoras e, de facto, colaboram ou, simplesmente só pensam no futebol profissional ?
Não tenho qualquer dúvida que qualquer meu colega de Direção tem especial prazer em pertencer a um Clube tão eclético como é o Boavista F.C. e, seguramente, todos desejam o melhor para as nossas Modalidades.
Não posso no entanto deixar de referir que o esforço em prol do Clube e do seu ecletismo, dos cerca de 1.200 atletas das Modalidades Amadoras e dos mais de 170 Dirigentes, Técnicos e demais Colaboradores, merecia da parte de todos os Departamentos do Clube uma atenção e uma colaboração mais efetiva. É um tema que, num futuro próximo, irá naturalmente ser analisado e discutido em sede própria.
  
Entrevista de

Manuel Pina Ferreira

             



domingo, 14 de setembro de 2014

VITOR NASCIMENTO, NA HORA DO ADEUS DO TREINADOR


Na sabedoria popular, existem verdades incontornáveis. Diz-se – entre outras – que não existem pessoas insubstituíveis, dizemos, nós, que sendo verdade, existem pessoas muito difícil de serem substituídas. Na hora da sua despedida de técnico de Andebol, Vítor Nascimento, ficará nesse  segundo campo e, para quem o conhece e ao seu trabalho (como nós) podemos afirmar que vai contrariar o ditado popular.

O Amadoras, realizou uma extensa entrevista com o Vitor Nascimento no dia do reconhecimento público da sua partida de treinador do Boavista. Pode parecer grande, mas nunca se aproximará de quanto este “Monstro de Carinho e ensinamento” dedicado aos mais jovens mereceria. Nela tentaremos descobrir o homem que marcou o andebol jovem axadrezado,  durante mais de dezena e meia de anos.

O HOMEM
Amadoras - Comecemos por identificar o cidadão Vitor Nascimento.  Nascido onde? Idade?
Vitor Nascimento - Nasci a 6 de Setembro de 1971, na Freguesia de Massarelos-Porto, na Rua mais bonita e com melhores vistas da Cidade do Porto (Rua de Entre-Quintas) onde se localiza a Casa Tait, o Museu Romântico do Vinho do Porto e inicia a ecadaria de um dos percursos do romântico e uma vista do Douro de tirar a respiração (que eu conheço muito bem, acrescenta o editor)

 Qual a sua profissão?
Trabalho na Universidade do Porto, desde o início deste ano lectivo no Departamento de Integração Académica dos Serviços de Acção Social, mas desde 1992 até 2013 trabalhei no Gabinete de Desporto da Universidade do Porto

Como nasceu o amor pelo andebol?
Iniciei no Andebol pela “mão” de um amigo de Infância, antigo Atleta do Boavista e Internacional, de seu nome Paulo Pinhal, que me convidou a mim e outros amigos (vizinhos e da escola) a experimentar a prática do Andebol no velhinho e saudoso CDUP.
Foi logo amor desde o 1º dia, pelos novos Amigos, pelo Treinador, no fundo porque encontrei uma excelente família.

Essa vantagem de se apresentar sempre frio e calmo mesmo nos momentos de pressão nasceu consigo, ou foi cultivada com o andar dos anos?
Eu não me considero frio e não sou assim tão calmo como pensa. Naturalmente tenho a minha forma de estar, na qual me considero uma pessoa ponderada e respeitadora o que dá a entender que a pressão me passa ao lado e também porque o Andebol me dá um prazer imenso, bem como a partilha e vivência com todos os seus agentes.
Naturalmente que a experiência nos dá mais serenidade e o facto de sempre ter sido um treinador de formação, em que estamos constantemente a transmitir mensagens para os jovens atletas, faz com que tenhamos de filtrar muitos dos nossos impulsos, para que possamos ser o próprio exemplo.

O ANDEBOLISTA
Qual foi a sua carreira como jogador de andebol, quais os clubes que representou?
Como jogador representei o CDUP, Estrela e Vigorosa e Académico do Porto.

Algum título importante conquistado?
Alguns Títulos de Campeão Regional e uma Série de Taças que não consigo neste momento enumerar nem discriminar.

Qual a posição que ocupava em campo?
Inicialmente, motivado pelo meu grande Mentor e Treinador, Prof. Mário Santos, era Ponta Direita, apesar de ser destro, mas, penso que tinha uma excelente basculação, poder de salto e um fascínio por jogar numa posição de tão difícil nexecução para quem jogava com a mão direita.
Posteriormente, com o amadurecimento e com o facto de os treinadores acharem que tinha boas apetências para o posto, tornei-me Pivot.

O Vitor treinador, como analisa o Vítor atleta/jogador?
Tive um Treinador, o Prof. Paulo Sá, que uma vez me definiu: “ Algo Limitado, mas muito Dedicado e Esforçado e sempre necessário”…
Na verdade concordo com ele, comecei a jogar com 17 anos, já no escalão de juniores, com 18 anos, já jogava pelos juniores e pelos seniores…
Como Treinador sei que é uma idade muito avançada para começar, mas na verdade, não foi isso que me impediu de treinar, treinar e treinar para poder evoluir e poder jogar…
Não fui o melhor jogador, mas era aquele que mais vontade tinha de provar e fazer por merecer.
Muitas vezes treinei sozinho a rematar da ponta, a saltar por cima de uma barreira de atletismo e com a baliza torta a encurtar o angulo para dificultar a obtenção do golo.

Como nasceu o gosto para treinar?
Comecei a ser Treinador por necessidade, ou seja, na altura existia um escalão que não tinha treinador e como não havia recursos para contratar alguém e talvez porque achassem que eu tinha algum jeito, propuseram-me para tomar conta desses jovens…
Começou aí uma aventura que termina agora e que durou 25 anos.

Sempre treinou jovens de formação ou já treinou adultos?
Sempre treinei formação, Infantis, Iniciados e Juvenis.
Houve apenas uma época em que treinei uma equipa senior, mas, foi mais um ajudar o Clube amigo que necessitava de uma pessoa credenciada para o efeito.


Esta decisão de abandonar a actividade ou de pelo menos sair do Boavista, foi fruto de uma circunstância pontual ou de uma ideia amadurecida?
Esta decisão é muito amadurecida.
Chegou a hora de pensar na minha familia, poder proporcionar-lhes tempo de qualidade, de poder também apostar na minha formação académica, tudo isto enquanto tenho idade em que ainda me posso “divertir”
Pelo que esta decisão é muito difícil de tomar, mas é necessária para mim e a minha familia.
Pelo que não é sair do Boavista, mas sim terminar a carreira de Treinador…

 Qual a razão dessa mudança de rumo, que ninguém esperava?
As Razões indiquei-as na resposta anterior.
De certa forma as pessoas já sabiam desta decisão, pois   eu próprio para me mentalizar fui dizendo do meio da época para cá, no entanto sei que a maioria das pessoas não queria acreditar que era mesmo uma decisão irreversível. (o Portas era irrevogável).

Há quantos anos veste a camisola do Boavista?
Atingi a maioridade no Boavista, 18 ANOS de Xadrez ao Peito

Depois de tantos anos é fácil sair?
É muito difícil… Já estou cheio de saudades, cada semana que passa até ao fim da época é mais uma estação cada vez mais próxima da linha de chegada…
Nem quero imaginar o que irei sentir quando tudo acabar.

O que o leva a deixar o clube de seu coração. A falta de condições para treinar, outros objectivos mais elevados, ou ainda outra qualquer razão?
O que me leva a deixar o Clube são decisões familiares e de formação e valorização pessoal…
Neste Clube nunca me queixei de nada mesmo tendo razões para tal, sempre arregacei as mangas e sempre dei o melhor de mim, sem exigir nada a quem quer que fosse.
Para mim bastava ter Atletas, Bolas e local para treinar que as condições estavam todas reunidas.

Na estrutura técnica do andebol, o Vitor é visto como o primeiro pilar da formação, formando em seu redor uma equipa de seguidores nos seus atletas, meio comandante, meio pai, meio exemplo. Não teme que os seus pupilos fiquem órfãos, com a sua saída?
Nem penso nisso sequer…
Tenho a certeza e desejo que quem me substituir tenha o mesmo e mais sucesso que eu, pois é sinal que os nossos “meninos”, que são quem realmente importa, continuam a ter pessoas competentes e que se importam com eles.
Os miúdos adaptam-se facilmente a tudo, pelo que naturalmente com o passar do tempo não sentirão a minha falta, tenho certeza que daqui por 5 anos se lembrarão de muitas coisas que lhes transmiti, mas que neste momento e pela idade que têm não conseguem ainda assimilar toda a informação dada.
Espero apenas que no futuro se lembrem que sempre fui uma pessoa correcta, justa e dedicada que sempre os tratou e respeitou, tendo por base estes princípios e que consigam aplicar todos os valores que lhes transmiti, quer como atletas, quer como homens.

Porque nunca apostou em treinar equipas mais adultas dentro do Boavista?
Fui convidado por diversas vezes, mas sempre recusei…
Não era o meu Campeonato…
Prefiro promover os jovens em Adultos…

Nas suas equipas, nunca se ouvem os seus jogadores queixarem que perderam por culpa dos árbitros, como se ouve nas outras. Simples acaso ou algo mais que isso?
Nas minhas equipas os atletas sabem que há Autoridade, Responsabilidade e Liberdade, todos sabem o seu papel, todos sabem a necessidade de interrelacionarem estes 3 princípios para que possam respeitar e ser respeitados.
Não posso pensar em formar só um jogador de andebol, tenho também o dever de o ajudar a educar como homem, logo só é desporto se houver correcção e elevação.
E eu disso não prescindo…
Quando perco, sempre digo que foi por ter marcado menos golos e ter tido mais falhas técnicas que o adversário… ou tão simplesmente por reconhecer que o adversário possa ter sido melhor que nós…

Sabemos que o Boavista vai entrar de novo na primeira Liga de futebol. Há quem considere que isso será bom para as amadoras, outros consideram o contrário. E você?
Honestamente acho que vai ser indiferente para o Andebol e para as Modalidades Amadoras.
Em 18 anos do Boavista, estive no melhor e no pior do Clube, mas, na verdade há já muitos anos que as modalidades desportivas se aguentam sem ou com um muito reduzido apoio da Direcção.
Vou esperar para ver, mas, gostaria que houvesse um forte apoio e houvesse algum reconhecimento das Amadoras, até pelo lutar e superar que tiveram no “Coma induzido” em que o Clube esteve nestes últimos anos.

Nos últimos anos foram exigidos sacrifícios enormes aos colaboradores das amadoras. Pela parte que lhe toca, acha que valeu a pena tudo que deu ao clube?
Quem pode dizer se os meus sacrifícios valeram a pena, são os meus Directores.
Por mim, só posso dizer que fiz de tudo para manter o Clube, foi Dirigente, Treinador, Psicólogo, Motorista, etc…
Fiz e dei tudo o que tinha pelo Andebol do nosso Clube e aí posso dizer-lhe uma coisa com toda a certeza: “Não abandonei nem deixei morrer o nosso Andebol”, perante tudo isto e olhando para a realidade desportiva do Andebol agora, posso dizer que tudo porque lutei, valeu a pena.

Falemos no geral do andebol axadrezado.
O que há de positivo?
De Positivo temos o factor humano, social e desportivo, somos uma autêntica família, quase todos os atletas são da nossa formação.
Cada vez estamos mais consolidados, cada vez mais fortes, cada vez mais competitivos.
Penso que este ano, foi um ano dourado, um ano em que todos os escalões atingiram e ultrapassaram com distinção os objectivos propostos no início da época desportiva.
Vejo também o aumento do número de jovens que temos a praticar Andebolno nosso Clube.
E encaro também como positivo o facto de o Andebol do Boavista já ser desejado e procurado por outros atletas.
E o que acha negativo?
De negativo, saliento as condições estruturais que temos, mais concretamente a falta de locais e horários de treino condignos para todos os escalões e alheamento e sensibilidade por parte da Direcção a este grande problema.
Nem quero imaginar o que atingiríamos caso tivéssemos um pavilhão com medidas regulamentares para treinos regulares…

Sentiu-se sempre um homem compreendido dentro do clube, ou muitas vezes não continuou um assunto porque… não valia a pena?
Sempre fui muito bem tratado por todas as pessoas.
Sempre tive relações cordiais com todas as pessoas, pois sempre fui correcto e respeitador nas opiniões e na aceitação.
A minha forma de estar no desporto é prática, directa e correcta, pelo que como nunca recebi nenhum reparo sobre a minha postura, só posso considerar que sempre fui compreendido.

Todos estes anos de xadrez. Na hora da despedida o que diz o Vitor… valeu a pena?
Nesta hora de despedida, solto algumas lágrimas
É a decisão mais difícil da minha vida
È sentir que saio com a certeza que a minha “missão” foi totalmente cumprida…
É Saber que fui sempre igual a mim próprio
È Sentir que fui bem estimado por todos os Agentes do Andebol
È Tão gratificante saber que consegui incutir o gosto pela modalidade a tantas centenas de jovens
É Estar de bem comigo próprio por saber que sempre dei o melhor de mim, sempre de forma altruísta
É relembrar que sempre tive a humildade de saber ouvir para saber estar
È tanta coisa…
Sentir que sempre fui justo e correcto para com todos
É saber que fui mais que um treinador, que fui um amigo, um tio e pai dos atletas.
É saber que incuti nos próprios pais dos atletas o espirito do Andebol do Boavista
Sou uma pessoa grata e se mereço algum reconhecimento, muito a este Clube o devo.
Mas essencialmente, valeu a Pena, por TUDO o que consegui e TODOS  que conheci e que o Andebol me proporcionou …
Serei sempre Boavisteiro e estarei sempre a apoiar o Andebol.

Nota: Do editor, depois de palavras tão sensibilizantes a que não conseguimos alheios, terminamos esta entrevista com um nota, que ameniza a tristeza da sua partida.
Vitor Nascimento, vai continuar ao serviço do Boavista, com supervisor do sector de formação e ainda que não seja já oficial... Como sempre o Amadoras sabe e nunca... se engana. Hoje despedimo-nos do treinador... o amigo, continua connosco!

Entrevista


de
Manuel Pina