domingo, 26 de dezembro de 2010

DR. BRUNO SOUSA APAIXONADO PELO FUTSAL


Chegou há dois anos ao futsal boavisteiro, como o seu médico. Ficou e hoje já é um homem do futsal?
É verdade. Quando fui convidado pelo Sr. Morais para representar o Boavista sempre disse que estaria disponível para tudo o que fosse preciso. Com o tempo, e de forma natural, o meu papel ultrapassou o campo médico e acumulei funções directivas, constituindo com o Sr. Rui Melo uma base de apoio ao topo da pirâmide e ao rosto do Futsal do nosso Clube que é o Sr. António Morais.
Como sente essa realidade?
Como mais uma responsabilidade. Do ponto de vista directivo procuro criar, com todos, uma relação de respeito e de lealdade, desde os seccionistas, aos treinadores passando obviamente pelos jogadores a quem NUNCA faltarei com a minha palavra. Isto complementa a minha função de Médico a quem todos sabem que podem recorrer numa primeira linha. Contudo, é do conhecimento de todos que a minha disponibilidade não é total fruto da minha actividade profissional e das sucessivas ausências do país. Mas enquanto sentirem que sou útil, por cá continuarei.
Na actual conjuntura interna do clube, como perspectiva o futuro do futsal axadrezado?
É óbvio que a situação que o clube atravessa é de uma dificuldade sem par na nossa história. A conjuntura económica do país também não ajuda evidentemente. Mas acredito que uma modalidade com o palmarés que detém, com os títulos que traz para o museu (esta época jogamos com as quinas de campeões nacionais nas camisolas dos juvenis), e sobretudo pelo carinho que desperta junto da massa adepta não poderá nunca ficar para trás e sinceramente acredito, até pelas palavras dos responsáveis máximos do clube, que com maiores ou menores dificuldades continuaremos a trilhar o nosso caminho com o objectivo de, a cada ano, sermos cada vez mais fortes).
Acha importante o regresso à primeira divisão, ou isso pode esperar?
É evidente que todos gostaríamos de regressar à primeira divisão e aos grandes palcos do Futsal Nacional, contudo hoje não dispomos das condições necessárias para que isso aconteça. É minha convicção que isso mais ano menos ano acontecerá, mas não constitui para nós uma obsessão. Apesar das dificuldades julgo que estamos no caminho certo.
Neste momento em que aspectos o Boavista é atractivo?
Há 3 pontos que neste momento conseguimos apresentar que poucos o conseguem ao nível do Futsal. Um Departamento Médico de Excelência personificado pelo Dr. Pinto de Sousa, pelo Enf. Sobreiro, pelo Fisioterapeuta Henrique Pedroso e pela Psicóloga Dra. Sílvia Carvalho. Estes dois últimos contratados esta época. A visibilidade que o Boavista tem e terá. E o extraordinário apoio que temos dos nossos adeptos e da nossa claque Panteras Negras.
Apesar de ser suspeito sinto que é completamente diferente jogar num clube com a grandeza do Boavista ou noutros clubes que não passam de fenómenos transitórios no Futsal cujos adeptos são os familiares dos atletas.
Globalmente como vê o futsal nacional?
Vejo com alguma preocupação. Prevejo sinceramente o fim de muitos clubes.
Com tantos problemas que as empresas atravessam hoje, o investimento em qualquer equipa está longe de estar no topo das prioridades. Por outro lado mesmo as autarquias, sobretudo as do interior do país, que até aqui viam nas equipas da sua região uma forma de dar visibilidade às suas terras, deparam-se com enormíssimas dificuldades e os apoios tendem a diminuir ou até a acabar. Mas a propósito disso importa dizer o seguinte. O Boavista, hoje, é uma equipa que honra os seus compromissos, podem ser objectivos modestos mas cumprimos. Ao contrário de outros não prometemos a banha da cobra e os atletas que para aqui vêm sabem com o que podem contar. Sem ironia, a dificuldade dos outros tenderá a aproximarmo-nos destes porque os apoios que em breve lhes vão faltar nós já não os temos.
Como vive os jogos no banco. como o "Senhor Doutor" ou como Pantera?
Devo dizer que no ano passado a adaptação não foi fácil. Passar da bancada para o banco onde as emoções têm de ser controladas é extremamente complicado para quem vive o Boavista de forma apaixonada. Com o tempo aprendi a conter as minhas emoções. A braçadeira que ostento no braço é a de médico mas o coração palpita como qualquer pantera que está na bancada.
Conhece o novo Blog do futsal? O que pensa dele e quais as alterações que gostaria de ver aplicadas?
Conheço e desde já lhe dou os meus parabéns. Vem preencher uma lacuna que tínhamos e portanto um acréscimo de qualidade é sempre bem-vindo. Percebia que era uma falha nossa quando ao tentar saber notícias dos nossos adversários chegava até elas com alguma facilidade visto que a maior parte deles tem um blog ou site com maior ou menor qualidade. Por outro lado, as reportagens dos nossos jogos são preciosas para quem, por motivos vários, não pode assistir ao jogo no pavilhão e, porque não dizê-lo, que bem sabe depois de uma vitória ler e reler as peripécias do jogo.
Dizem os "antigos" que o Senhor será num futuro o Presidente do Boavista FC. Como comenta esta afirmação?
Sinto-me honrado por haver quem vê em mim uma pessoa à altura de assumir tamanha responsabilidade. Tenho mais de 18 anos, as quotas em dia e sou sócio há mais de três anos (na realidade sou há 30), mas referi estes três pontos porque são as premissas necessárias para, de acordo com os estatutos do clube poder ser Presidente. Qualquer sócio nestas condições pode almejar esse cargo. Vejo o cargo de Presidente do Boavista como uma forma de retribuir com o meu trabalho as alegrias que a Instituição me deu e continua a dar, nunca como uma profissão. Nesse sentido, importa referir que a curto/médio prazo as minhas responsabilidades familiares e profissionais não permitem tamanha disponibilidade.
A que acha se deve esta esperança dos Boavisteiros?
Sem falsas modéstias, não sinto que esse seja um sentimento generalizado dos Boavisteiros. Sei que há quem diga isso mas mais uma vez reafirmo que, neste momento, não está nos meus planos. Há muitos boavisteiros com capacidade para tal e capazes de responder a essas esperanças. A questão da presidência é um assunto que deve estar resolvido na cabeça de todos os Boavisteiros. Esta direcção deve cumprir o seu mandato com tranquilidade. Considero que abordar estes assuntos neste momento é contribuir para a instabilidade e o que eu quero é o melhor para o Boavista.
Qual é a sua perspectiva sobre o futuro do Boavista FC?
Honestamente, relativamente ao Boavista Futebol Clube, é minha convicção que dobrará o "Cabo das Tormentas" que está a atravessar neste momento.
O futsal axadrezado pode continuar a contar com o seu apoio, ou começa a estar cansado?
Digo muitas vezes que qualquer actividade desempenhada sem vontade é uma maçada e sem ética é uma vergonha. A vontade e a ética profissional são os dois pilares fundamentais para me manter no Futsal do Boavista, isto para além obviamente de o Sr. António Morais continuar a ver em mim uma pessoa útil. Neste momento as três condições estão reunidas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PEDRO FERREIRA, O (NOVO) TREINADOR DE JUVENIS DE FUTSAL

Pedro Ferreira, professor de Educação física ( pós-Graduado em Ciências do Desporto na Área do Treino de Alto Rendimento Desportivo) terminou a sua carreira como atleta e iniciou de imediato a carreira de treinador na equipa de Juvenis.
Viveu estas duas situações no clube do seu coração, o Boavista FC.
Vamos conhecer melhor este Boavisteiro e a sua visão da modalidade.

O ATLETA
Todos conhecem o atleta Pedro Ferreira, mas pouco conhecerão o seu passado. Como te dedicaste ao desporto e qual o teu passado desportivo?
Curiosamente comecei pelo futebol e a jogar no Boavista na equipa de infantis. Em seguida, tive uma passagem pelo Basquetebol onde participei em juvenis e cadetes. Só posteriormente optei pelo futsal. O meu primo o Óscar Pereira, também boavisteiro e treinador de futsal levou-me para o Carvalhido.
Pode dizer-se que começaste no Carvalhido?
Exactamente. Estive no Carvalhido um ano e depois passei para a Cerâmica de Valadares, ainda era júnior mas fazia parte da equipa sénior. Após duas épocas fui convidado para ingressar no Miramar, nessa altura era o ex-líbris da modalidade. Fiz grande parte da minha carreira nesse clube.
Nunca foste profissional de futsal?
Sempre optei pelos estudos como principal objectivo e o futsal foi sempre um prazer extra, embora tenha passado uma fase na qual treinei duas vezes por dia. Com esta perspectiva ingressei no Instituto D. João V, onde dava aulas e jogava futsal. Daí passei para a Fundação Jorge Antunes na tal fase mais próxima do profissionalismo e depois para o Módicus.
E terminas no Boavista…
Sim após vários convites apresentados durante anos, vim jogar para o meu clube de coração, onde decidi terminar a minha carreira como atleta.
Mas ainda com idade para continuar, porquê essa decisão?
Decidi ser a altura indicada, porque quis sair a bem e deixando uma boa imagem como atleta. Achei que era a altura correcta mesmo para o meu futuro pessoal.
Esta foi uma panorâmica de clubes. Pessoalmente o que temos a registar de mais significativo?
Fui internacional “A” e estive num Campeonato Mundial Universitário, representando a Selecção Portuguesa. Joguei também na Selecção Distrital do Porto, onde era o capitão. Fui o primeiro jogador a ganhar os três principais títulos nacionais, o Campeonato, a Taça de Portugal e a Super Taça. Claro que tive a sorte de estar em clubes que tinham oportunidade de lutar por esses títulos, mas não deixa de ser curioso ter sido o primeiro atleta a quem aconteceu esta situação. No cômputo geral, fui campeão várias vezes, ganhei Taças de Portugal, estive presente em várias final-four. Posso sentir orgulho na minha carreira.
A ÉPOCA PASSADA
Neste momento, sei que o Boavista te convidou para continuares como atleta e sei também, que tiveste um convite para continuares num clube de primeira divisão. Não seria mais bonito teres terminado na primeira divisão, em vez no Boavista que está na segunda?
Nunca distingui isso. Para mim era igual se o Boavista estivesse nesta ou noutra divisão mais abaixo. Eu nunca joguei futsal por vaidade. Ao ingressar no Boavista ainda mais senti isso. Foi uma forma de sentir e ver a apoiar as pessoas que me conhecem desde pequenino e que sempre me admiraram. Aproveito para dizer a todos os Boavisteiros que foi apenas um ano a jogar mas todos sabem que tem sido uma vida a apoiar.
Foi um enorme prazer e orgulho envergar esta camisola onde dei tudo o que podia e darei no futuro esteja onde estiver.
Mas foi uma época mais difícil que esperavas?
Não vou dizer que gostei de tudo. Tivemos ali alguns maus períodos, achei que o tratamento nem sempre foi o mais correcto mas tudo isso é passado e advém de algumas formas distintas de se encararem certos pontos. Não queria ser repetitivo, mas a lesão do Fabinho – que era um jogador preponderante na manobra da equipa – desanimou muito toda a gente. Durante o campeonato confirmou-se a falta da sua presença em campo. Chegamos a um período que todos nos mentalizamos que tínhamos que resolver as coisas sem ele. Depois tínhamos um plantel com um conjunto de juventude e veterania e foi necessário efectuar um trabalho para melhor adaptação. Foi uma época difícil e trabalhosa, sem dúvida.

O TREINADOR
Como surge esta surpresa, de passaras a treinador?
Eu já treinei os Juniores do Modicus, quando lá joguei como sénior e coordenei as camadas jovens do clube. Gostei muito e as coisas correram muito bem. Quanto agora, sou honesto, houve uma conjuntura que me agradou e uma vez mais porque me tocaram no coração e decidi aceitar, porque se trata do Boavista. Tinha determinado parar por uma época para separar o passado do futuro e por essa razão, não aceitei o convite para pertencer a uma equipa técnica de um clube da primeira divisão. No entanto, a forma como fui contactado pelo António Morais, pelo Alberto Melo e Carlos Faria, quase não deram alternativas de resposta. Sem separação de passado e futuro mas com toda a confiança abracei este desafio.
Porque razão irias parar, para além das descritas?
Foi muito tempo dedicado ao futsal, considerava que seria a altura de me dedicar mais à família e ficar mais em casa. Mas a maneira quase desesperada como o Alberto me pediu para tomar conta de uma equipa pela a qual tem muito carinho foi determinante para a minha alteração de projecto pessoal. Sei que ele apostou muito em mim, porque tinha muitos treinadores a oferecerem-se para essa equipa, mas sempre teimou em ser eu o escolhido.
Não resististe?
É muito difícil dizer que não ao Boavista. Aqui estava a dizer não ao Boavista, ao futsal e às pessoas que admiro. Eram muitas vezes não!

OS JUVENIS
Esta equipa tem no seu passado ganho muito. É uma grande responsabilidade?
É verdade! Eu gostava de pegar numa que nunca tivesse ganho e pô-la a ganhar, mas felizmente esta equipa é uma vencedora. A minha missão é melhorar a sua competitiva e formação, porque
há sempre algum a melhorar em todos os conjuntos.
Conheces os miúdos?
Mais o Miguel Ângelo, porque fez parte da equipa de seniores. Os outros, conheço de os ter visto jogar como espectador Boavisteiro que sou. Vi jogos dos juvenis, como vi jogos de outros escalões.
Sentes-te com vocação para treinar juventude?
Sinceramente acho-me mais preparado para treinar juniores ou seniores e especialmente seniores. Isto devido às minhas exigências, mas claro que me adapto muito bem às realidades que encontro.
Uma nova experiência?
Eu nunca aceitaria treinar neste momento uma camada tão jovem, mas devido aos atletas em causa, às pessoas que mo pediram mas acima de tudo, pela dificuldade que é depois de estar lá dentro do Boavista não conseguir ajudar (no que posso e julgo saber), porque senti e sei, que em todos os colaboradores (massagistas, treinadores directores responsáveis pelos escalões, etc)
existe uma paixão enorme por fazer do Boavista a nossa vida.
Encaro este compromisso com muita humildade, seriedade e prazer.
Quais os objectivos?
Os objectivos para com estes jovens, passam por seguir o trabalho realizado até aqui pelos técnicos anteriores, tentando aproveitar tudo o que de bom foi feito (que eu acho que foi muito), e seguir os trilhos do sucesso desportivo. Felizmente neste clube o discurso que passa por toda a gente incluindo atletas é o da vitória. O que eu pretendo no entanto, é que os jogadores não queimem etapas na sua formação, principalmente a nível humano (pois as vitórias nestes escalões por vezes originam a isso) no seu aspecto psicológico.
O caminho está delineado e os objectivos destes rapazes também, ou seja
isto é como uma viagem de longo curso em que a rota está traçada e os motoristas vão se revezando tendo sempre os mesmos princípios que é o de levar a bom porto todo este projecto.
A equipa técnica está formada?
Neste momento conto com o João Marques. Depois veremos se precisamos de mais algum elemento, mas para já, somos os dois.

FORMAÇÃO
Como treinador de formação o que é mais importante, ganhar títulos ou formar atletas?
Num clube como o Boavista, habituado a vencer e a formar, as vitórias são importantes e para os jogadores ganhar também faz parte da sua formação como atletas ambiciosos. Mas a formação Tem que dar frutos nos seniores, não nos iniciados ou juvenis. Não me adianta nada ter campeões nos juvenis e não aproveitar ninguém para os seniores. Eu costumo dizer que mesmo os milionários que têm os Ferraris e Porches, os têm que substituir ao fim de cinco anos, porque as máquinas têm desgaste. Tenho conhecimento de “carradas” de campeões de juniores que quando chegam aos seniores se perdem, ou porque lhes falta a disciplina, métodos de trabalho, poder de sacrifício, humildade, etc… tudo isso, porque chegam aos seniores, já convencidos que sabem tudo e que já nada têm para aprender. Estes atletas, logicamente perdem-se!
Neste escalão de juvenis é preciso que tenham a consciência que estão em formação e que há equipas a treinar como eles, para lhes ganharem. O que é preciso é subir patamares, porque ainda há muito patamares para subir até ao topo.
Como analisas a formação do Boavista?
Não há um fio de jogo constante até aos seniores que se identifique com o sistema de jogo adoptado no escalão máximo. A formação está dividida em muito escalões quase independentes, em que cada um tenta fazer o melhor para o seu escalão, tenta ser campeão! Temos que formar uma pirâmide inter-ligada e definida. Mas eu vejo tanta gente boa, lutando todos pelos mesmos objectivos, que considero que deveríamos estar mais ligados para alcançarmos os nossos objectivos que é melhorar a formação do Boavista futsal.
Qual a diferença que vês em treinar seniores e formação?
Nos seniores ao treinar posso adoptar qualquer um modelo de jogo. Vou poder utilizá-lo muitas vezes, pelo contrário nos juvenis tal não é viável porque poucas vezes vamos encontrar equipas que joguem um futsal como eu acho que deve ser jogado. Neste caso, temos que nos adaptar para vencer o jogo sem impor muitas vezes o método que desejávamos, as equipas vão jogar fechadas sem nos deixar jogar o nosso jogo. Nos seniores há mais facilidade de impor um modelo de jogo determinado por nós.
Nos jovens o presente é mais importante que o futuro, a vitória é mais importante que evoluir. O que é um contra censo.
O FUTSAL
Um homem de futsal como és há muitos anos, como vê a modalidade na globalidade?
No respeitante à qualidade, registo o aparecimento de alguns jovens muito evoluídos, porque chagaram aos seniores e só jogaram futsal. Isso é uma vantagem enorme. Também me apercebo que existe muita a gente a gostar e jogar futsal. Verifico isso nas escolas, onde não há modalidade mais jogada nas escolas que futsal. Como negativo, vejo a estagnação do futsal provocada pela Federação. Não concordo que se faça uma liga independente da Federação, como muitos defendiam, mas também acho que a Federação não pode fazer estagnar a evolução da modalidade, como actualmente acontece.

O FUTURO
O que mais te surpreendeu nesta tua primeira apresentação aos jovens?
O seu método de trabalho, o seu amor ao treino, porque demonstram que estão habituados a trabalhar e estão ali para sugar todos os conhecimentos que lhe apresentam nos treinos. Isso é muito positivo e importante.
Para terminar… uma frase pessoal..
Força Boavista! Aproveito para desejar muita sorte a todas as modalidades AMADORAS onde eu sei que o sentimento é o mesmo pelo BOAVISTA.
Entrevista de Manuel Pina

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

RICARDO... CORAÇÃO DE PANTERA


Ricardo é dos membros dos Panteras Negras, mais conhecido por todos pelo nome de Gaia. Foi na condição de adepto indefectível do Boavista que conversamos com ele.
Esperávamos um homem eléctrico, apareceu-nos um homem ponderado que muitas vezes pensava e repensava as suas resposta, acima de tudo para não provocar feridas internas.
O HOMEM
Ricardo que idade tens e há quantos anos és sócio do Boavista?
Tenho trinta anos e sou associado há vinte e três.
Como aconteceu a tua ligação aos Panteras?
Entrei em noventa e oito, numa fase em que havia algumas divergências internas, motivadas por pontos de vista diferentes. Nessa altura ainda não era uma claque organizada, não tínhamos fachas, por exemplo. As deslocações eram feitas com o apoio do Bingo, através do senhor Silva. Eu quando passei a pertencer à claque decidi fazer uma facha que dizia “PN Gaia” levava-a para todo o lado e daí ter nascido o nome com que sou conhecido, o Gaia.

O PANTERA NEGRA
Actualmente os PN Gaia, são um núcleo?
Pode dizer-se que sim! Somos um grupo de sete/oito sócios de Gaia que apoiamos o Boavista em todo o lado. O nosso lema nos “PN Gaia” é sempre presentes!
Vocês marcaram presença durante toda a época também nas Amadoras. Mas numa fase, pareceste sentir-te um pouco isolado. Estou certo?
Os Panteras têm vários núcleos e era bonito estarmos sempre todos representados, mas como é lógico isso nem sempre é possível isso. Quando se passou essa fase, estávamos no auge das lutas em várias amadoras, o futsal Juvenil lutava pelo título, os seniores lutavam pela permanência, o andebol juniores lutavam pela subida e Voleibol precisava de apoio para se mater no campeonato calmo. O meu desabafo foi mais ela pressão global das provas que uma critica. Serviu para puxar um pouco a malta para um último esforço do conjunto. Agora mais calmo, acho que todos os Panteras deram o que puderam pelas modalidades, enfim pelo Boavista. Não há melhores ou piores, somos todos Panteras Negras, somos todos do Boavista.
Essas presenças constantes provocam um encargo pesado?
Costumo dizer que é preciso apertar o cinto durante a semana para o puder alargar mais ao fim de semana.
Planear as presenças também não é fácil?
Pois não. Por exemplo o Futebol Feminino, cujos jogos coincidem muitas vezes com o Futebol sénior e não podemos estar nos dois lados em simultâneo. O andebol júnior, teve um apoio nesta última fase porque o futebol sénior já tinha terminado, porque os jogos do andebol também são aos Domingos… queria ver tudo, apoiar todos, mas isso é impossível.
É sinal que o Clube continua grande?
É verdade. O futsal sénior tem mais apoio porque geralmente joga ao Sábado e beneficia disso.
O FUTEBOL
É lógico que te preocupes mais com o futebol. Como vês a actual situação?
Atravessamos um período bastante complicado, talvez mesmo o período mais complicado da vida do Boavista. Vamos esperar pela assembleia de dia dezasseis para ver se somos mais esclarecido sobre a realidade e depois esperar que melhores dias apareçam.
Tens esperança na assembleia?
Tenho. Pelo menos para que quando ela acabar, todos sabermos um pouco mais do nosso clube. Neste momento todos falam, todos discutem, todos apresentam dúvidas e ninguém sabe quem tem razão. Precisamos de saber o que se passa no nosso Clube. Porque estas dúvidas dividem a família Boavisteira e nós precisamos de muita união. Só unidos venceremos.
O Boavista inscreveu uma equipa no Distrital. Qual a tua opinião?
Estou de acordo! É preciso jogar pelo seguro.
Mas muita gente defende que devem jogar as duas equipas em simultâneo. Isso confunde-te?
Não. Se as duas defenderem as cores do Boavista apoiarei as duas, porque estamos a salvaguardar o futuro do Boavista. O nome do Boavista FC é que nunca poderá acabar! Esse nome é que eu seguirei toda a minha vida. Para mim não conta a divisão em que se joga conta é o Emblema!
Se fosses Presidente do Boavista o que fazias?
Ora bem isso nunca acontecerá, porque o meu lugar no Boavista é no topo sul e é lá que eu pertenço e quero continuar.
Está bem. Mas Senta-te na cadeira presidencial em pensamento…
Não consigo responder, porque não sei o que se passa lá dentro e com estas questões em aberto não sei o que posso responder. Olhe se me saísse o euro milhões as coisas ficavam mais fáceis.
O que mais te agradou durante a época desportiva?
Gostei de acompanhar os jogos de futsal e guardo duas recordações no meu quarto, que é um pequeno museu. São duas simples t-shirts que os jogadores assinaram e me ofereceram. Se for à internet pode ver o meu museuzinho. Claro que gostei muito da conquista do campeonato pelos Juvenis de futsal e pela subida dos juniores do andebol. Foram momentos inesquecíveis.
Temes pelo futuro do Clube?
Não, o Boavista nunca acabará, o Boavista é um clube muito grande! Tem centenas de atletas, se há coisa que não mete medo é o Boavista acabar!
Quando esperas ver o Boavista a subir para o seu lugar?
Agora fala-se na tal indemnização que demorará sete anos… por isso espero que seja aí.
Não é tempo a mais?
Se calhar é a razão de inscrever essa equipa nos distritais para daqui a seis anos poder ter ultrapassado a equipa actual que pertence à sad e depois com esse dinheiro estabilizar o clube e atacarmos a subida para o nosso lugar.
Admira-me ver um homem de sangue quente responder com essa frieza…
Não há nada a fazer… o que se pode fazer ou dizer? Nós estivemos nos bons momentos, porque não havemos de estar nos maus momentos?
Os Panteras não abandonam o Boavista?
Não. Nós temos a nossa importância dentro do clube. Olhe, curiosamente agora na segunda e nos jogos fora de casa vão mais Boavisteiros que na primeira Liga. Na primeira liga se não eram os Panteras negras o Boavista não levava ninguém nos jogos fora.
Nos jogos fora tem havido muita violência. Vós sois mal recebidos… ou assim é que dá gosto?
Isto é fácil de explicar. O Boavista é um clube muito odiado. É muito fácil ser adepto em casa, mas fora de casa é terrível e muitos que nos criticam nunca foram ver um jogo fora de casa. Ver um jogo com o Braga ou Guimarães no Porto não tem nada a ver com um jogo em Braga ou Guimarães. Eu costumo dizer que um Boavisteiro é Boavisteiro a cem por cento e uma pessoa sente tantos insultos e ofensas, mal chegamos a esses campos.
Em Lousada foi o cúmulo?
Mal lá chegamos, vieram dois directores que nos colocaram numa bancada dizendo que estivéssemos à vontade, que podíamos colocar as fachas e depois viu-se o que aconteceu. Na hora da verdade, tudo não passou de uma armadilha.
A vossa presença tem influência nos resultados?
Sem dúvida alguma que se nós não estivéssemos presentes em alguns jogos desta segunda B, os resultados seriam bem piores. Nós representamos a força extra que todos os jogadores gostam de sentir.
Sentes esse reconhecimento dos jogadores, quando se cruzam contigo na rua?
Esse afecto nota-se mais nesta divisão em que eles são mais humildes e cumprimentam-nos e perguntam como estamos. Na realidade neste campeonato há jogadores que nunca tiveram uma claque pelo seu lado. Falo com alguns via internet, somos mais próximos.
OS PANTERAS
Pronto, recusas ser Presidente e chefe da claque dos Panteras.
Não! Também não quero! Eu não sou o chefe e é só problemas a cair em cima de mim… Ó Gaia isto, ó Gaia aquilo! (rindo-se) imagine se um dia fosse. Falando mais a sério nos Panteras Negras somos todos chefes somos todos iguais. Claro que temos dois elementos que controlam as coisas mas somos uma família com regras, mas com igualdade entre todos.
Explica-me, como se organiza uma deslocação?
Os dois responsáveis é que decidem horários e aquisição de bilhetes etc… na primeira Liga os bilhetes chegavam ao Bessa e havia um protocolo entre os clubes para esse envio e para os preços. Tínhamos preços mais baixos nos jogos fora, mas depois havia uma retribuição quando jogassem em nossa casa. Nesta divisão nada disso acontece. Agora até vamos de carro e já nem alugamos transporte. Chegamos lá e um dos chefes, ou Zé Luís ou Sousa vão comprar os bilhetes para todos.
Não queres ser Presidente, não queres ser chefe. E nas Panteras até quando queres estar?
Até morrer se for possível! Até morrer.
Então nunca vais passar para a bancada calma?
Só se for com a idade… mas o meu desejo é ficar sempre na bancada dos Panteras.
Já és pai?
Sou, tenho uma filha com três anos, que já veio ao Bessa ver jogos.
Parece-me que queres falar em alguma coisa que te incomoda. O que é?
É uma coisa que até tenho vergonha de ver no meu clube. É o facto de o Boavista não ter uma loja com material alusivo ao clube para poder-mos comprar e oferecer a amigos e fazer divulgar o clube. Muitas vezes estou na pantera e perguntam-me onde é a loja do Clube? Eu fico com um aperto no coração e invento uma desculpa.
Como explicas, essa lacuna?
Não há simplesmente explicação possível. Não pode ser naquela loja? Arranja-se outro espaço. Num estádio com trinta mil lugares não faltam é lugares para se fazer uma loja. Um clube que vai fazer 107 anos não tem uma loja oficial. Qualquer clubezito tem uma tendinha e nós com 107 anos não temos nada. A melhor loja que o Boavista teve foi no pavilhão Acácio Lelo. O Departamento de markting do clube foi sempre a pior coisa que o Boavista teve.
Tenho um amigo Russo que notou isso quando cá esteve. Disse-me uma camisola do Porto ou do Benfica compra-se em qualquer aeroporto do mundo, mas do Boavista não.
Pois é isso, mas está a ver nem no Bessa há! Não entendo, nem aceito!
OS BLOGS BOAVISTEIROS
Vamos às despedidas. Queres enviar uma mensagem para alguém?
Aproveito para saudar o Blog das Amadoras. Era o Blog que faltava. Para mim o site do Boavista é o Blog das Amadoras. O site do Boavista é a imagem do clube. Eu vejo alguns sites de clubes pequenos que nem se comparem em superioridade ao do Boavista. Ao Blog das Amadoras eu vou lá duas três vezes por dia, porque está sempre actualizado. Dou-lhe os parabéns.
Agradeço!
Nesse aspecto o Boavista está bem servido de Blogs. O que achas?
É a verdadeira paixão ao Boavista. Quando eu e um amigo abrimos o meu Blog foi na condição de o manter sempre actualizado, só assim tem razão de existir. Não é abrir um Blog postar lá uma notícia de dois em dois meses.
O teu é?
O Panteras Negras Gaia. Somos dois amigos, andamos atrás de noticias nesta altura quase não há noticias vou colocando noticias antigas para manter actividade.
Amanhã (a entrevista foi feita no Sábado) o Boavista faz 107 anos. O que sentes?
Indescritível pertencer e amar um clube com tal passado. Nestas datas quando a bandeira sobe no mastro nem sei explicar o que sinto.
Vais estar lá?
Claro! Sempre Presente.
Entrevista de Manuel Pina

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

BOXE - JORGE JEREMIAS EM FAMÍLIA

Jorge Jeremias é um antigo pugilista do Boavista, que optou pelo profissionalismo e por isso não continua inscrito pelo Clube, sendo treinado pelo trio de treinadores axadrezados, Carlos Caldas, Pedro Barbosa e Pinto Lopes.
No passado Domingo, conquistou o título mundial na categoria de TWBA.
Uma semana passada e fomos até sua casa para ouvir o palpitar de um Campeão. Encontramos um homem calmo, ponderado de poucas palavras mas sempre pronto para o diálogo. Enquanto, os seus dois rebentos, orgulhosos do papá, brincavam na varanda.

O INÍCIO
Quando começaste a jogar Boxe?
Com dezasseis anos, no Praça da Alegria no parque das Camélias.
O boxe nasceu contigo, ou foi uma descoberta pessoal?
Eu com nove anos comecei pelo atletismo e depois experimentei o futebol, como qualquer jovem fazia.
Situemo-nos no tempo. Com que idade jogaste e de onde és natural?
Sou natural de Massarelos e viva em Miragaia no Passeio das Virtudes. Joguei até aos quinze/dezasseis anos. Comecei no FC Foz e cheguei até ao Leixões.
Porque não continuaste?
Cedo percebi que no futebol é preciso ter sorte e tudo, pelo menos naquela altura, passava por ter uma boa cunha. Como não era o meu caso, decidi ficar por ali.

O BOXE
Desistes do futebol e… porquê a opção pelo Boxe?
Eu já era um bocado traquina… e fui experimentar o Boxe. Cheguei, vi, experimentei e fiquei! Descobri que era o meu desporto, porque é um desporto individual em que o nosso futuro é fruto da nossa capacidade, trabalho e dedicação. No Boxe, somos aquilo que realmente construímos durante a nossa carreira.

O BOAVISTA FC
Como se dá a passagem do Praça para o Boavista?
Eu no Praça da Alegria nunca combati. O treinador era o Pedro Sá, que por sua vez foi convidado pelo Senhor Pinto Lopes para ir para o Boavista e eu acompanhei-o. Fiquei toda a minha carreira de amador no Clube.
Ainda é (informaram-me) o atleta que conquistou mais títulos… lembra-se de alguns?
Eu como Amador ganhei tudo o que havia para ganhar. Fui campeão Nacional em sessenta e dois quilos e meio. Também ganhei o título Nacional em em sessenta e sete quilos e em setenta e um quilos fui campeão Nacional durante seis anos consecutivos. Fui sete vezes campeão regional. Conquistei cinco Taças de Portugal. Pela selecção Nacional, conquistei três medalhas de bronze e uma medalha de ouro.
Sempre ligado aos homens do Boavista?
Sempre ligado a eles e sempre ligado ao Clube, como me continuo a sentir, só não tenho o seu emblema porque deixei o amadorismo.

O PROFISSIONALISMO
...Algumas pessoas desconhecem, mas quando se opta pelo profissionalismo, passamos à condição de individuais, podemos continuar a treinar nos clubes mas a competir temos que o fazer individualmente. Os clubes não têm capacidade para abraçar o profissionalismo do Boxe, já sabe Deus para o futebol… mas tirando isso estive sempre ligado ao Boavista. Quem me "fez" sempre os cantos (apoio técnico, nos combates) foi o Carlos Caldas, o Pinto Lopes e o Pedro Barbosa, todos treinadores do Boavista. Eu vou ao Bessa várias vezes, treino com os atletas do Boavista, eles treinam comigo…
Como nasceu a ideia do profissionalismo?
Eu tinha ganho tudo como Amador e naturalmente a minha ambição pessoal, fez-me tentar vencer novos desafios. Quis experimentar novas sensações. Falei sobre isso com o Pinto Lopes e ele concordou com a ideia. E deixei o amadorismo.

O TÍTULO MUNDIAL
Chegar a este título, foi um objectivo ou aconteceu como corolário lógico de uma evolução?
Primeiro de tudo temos que estar rankeados (tabela oficial do Ranking Internacional) eu tenho ali a minha caderneta profissional que prova que eu já não perco um combate desde 2005. Todos os combates nos dão pontos nesse ranking e depois de termos uma pontuação que nos permita, podemos candidatarmo-nos a um título, deste género.
Foi por isso, programado?
As portas já estavam abertas ao ter vencido o Daniel Suco no Casino de Monte Gordo. Só que organizar um programa como este é uma coisa cara e é difícil encontrar alguém para o organizar. Para agravar vivemos uma crise mundial que afasta muito os possíveis patrocinadores. Tendo tudo isto em conta, tive que ser a organizar este evento.
Mas essa posição não te reduziu a concentração no combate e o tempo de treino?
Nesse aspecto tive a grande ajuda da minha mulher, que organizou tudo ao pormenor e aquém devo muito nesse aspecto organizativo. Confesso que no início pensava que iria despender energias e concentração para ajudara organizar o programa. Mas no final, acho que acabou por me ajudar, porque não tinha tempos livres, como tal não pensei demasiado no combate e não fui assaltado mentalmente por aquele nervosismo que sempre acontece. Gastei tempo na divulgação, a colar cartazes a tentar apoios e quase não pensei no combate.
Agora com o título de campeão no bolso, como se processam as coisas, quando é obrigado a colocá-lo em disputa?
Eu agora tenho seis meses para ficar com o título. Isto é, se amanhã me propuserem a disputa do título, eu tenho o direito de aceitar ou não. Se no final dos seis eu não o quiser defender… ele ficará entregue a quem se quiser candidatar. Mas é obvio que quando se aproximar esse prazo o irei defender. De qualquer modo este título, durante este período é exclusivamente meu e a minha conquista ficará registada para a história deste título. Este cinto ficará sempre comigo. É como a Liga dos Campeões. Campeão é Campeão!
O FUTURO
Por quanto mais tempo teremos o Jeremias a lutar?
Eu sinto-me bem. Tenho o apoio dos mais jovens, treino com eles e por isso não sei.
Pensar em acabar é difícil?
O Boxe é uma paixão, mas é igualmente um vício e por isso ninguém pensa em terminar. Mesmo quando acabar como atleta não abandonarei o Boxe, há sempre que fazer, há sempre forma de continuar ligado a esta arte. Para além disso continuarei a treinar, porque essa preparação ajuda na saúde e por isso nunca abandonarei o treino.
Por falar em treinos. Posteriormente vai nascer um treinador?
Actualmente eu já dou aulas, já ajudo atletas novos, por isso essa situação será normal de acontecer. Penso, no entanto, competir por mais dois anos.
Mais dois anos… que objectivos?
Penso defender este cinturão e atacar outro diferente.
Desculpa a ignorância de um aprendiz. Há diferença entre este título o que o Nuno Cruz se candidatou?
Sim há uma diferença. O título hispânico é disputado por atletas oriundos de países de língua hispânica, consideradas as línguas Portuguesa e Espanhola. O Nuno já venceu também, este título de TWBA.

A FAMÍLIA PESSOAL
Como é que o pai e marido, luta e olha para a bancada e vê os filhos e a mulher. Isso não o atrapalha?
Não pelo contrário! Como já disse eu treino muito e sinto-me preparado para o jogo. A presença deles só me entusiasma e quando olho para eles isso dá-me uma força enorme. Eles apoiam, eles dizem que o pai é o melhor do mundo (rindo-se).

A FAMÍLIA DO BOXE
Quando assisti à gala realizada no Fontes pareceu-me que as pessoas do Boxe, são um conjunto que segue todos os espectáculos. Existe a “família do Boxe”?
É verdade as pessoas andam de um lado para o outro. Eu tenho um grupo de apoio muito grande. Como já pratico há vinte e três anos a minha claque vai de jovens a Senhoras e homens de várias idades, mas que me dão um apoio incondicional.

A ACTUALIDADE
O aparecimento da Arena de Matosinhos ajudou o Boxe?
Sim, porque se têm realizado vários eventos. O César é um homem que gosta da modalidade e faz com que isto cresça e isso é positivo para a modalidade.
Comparando estes vinte e três anos. Qual a tua opinião?
Evoluiu nuns aspectos, diminuiu em outros. Neste momento há mais eventos, mas há menos apoios.
Por exemplo, eu há uns anos atrás era muito mais apoiado, existiam os subsídios da Federação, agora tem que ser mais por amor á camisola.
Esta pergunta é para mim, sacramental. Nós os de fora, víamos os Pugilistas como gente (quase) marginal, mas vocês transmitido uma ideia diferente…como vês este assunto?
Por isso lhe chamam a Nobre Arte. Nós lutamos dentro do ringue mas utilizando apenas as regras do jogo de Boxe, como desporto que é. Na luta tentamos dar o mais possível e receber o menos.

DESPEDIDAS
Alguma mensagem?
Queria agradecer a todas as pessoas que têm estado comigo. Ao Senhor Caldas, ao Pedro, ao Pinto Lopes, aos atletas que me ajudam nos treinos e a toda a família Boavisteira.
Dizer a todos que é com muita mágoa que vejo as injustiça que estão a fazer ao Boavista. Pode ser que um dia mais tarde se reponha a justiça.
Se voltasses vinte e quatro anos atrás, o Jeremias era futebolista ou boxista?
Se calhar era futebolista, olhando à possibilidade de ganhar dinheiro, por paixão por prazer, por orgulho… seria o Boxe. Se calhar a dúvida não está nas modalidades, mas no país que somos e temos.
Aqui, neste país, só conta o número um! Há o campeão e mais ninguém.
Entrevista de Manuel Pina

quarta-feira, 28 de julho de 2010

NUNO ANDRADE, CAMPEÃO UM EXEMPLO DE FÉ AXADREZADA

Nuno Andrade jovem de vinte e sete anos, é conhecido por muitos (somente) como o treinador adjunto da equipa de juvenis de futsal, que se sagrou campeã Nacional, mas o Nuno ultrapassa em muito isso.
É o maior Boavisteiro do mundo (admite que possam haver outros iguais a eles, mas maiores não existem), é um homem que tem sempre um sorriso nos lábios mesmo quando em seu redor reina o desespero, é perito em dar a volta aos textos. Assim, esta entrevista teria que ser á sua imagem.
Sem fio de jogo… jogando como a bola surgia mas sempre em profundidade.
AS ORIGENS
És sócio do Boavista há quantos anos?
Há dezoito anos (
depois de fazer contas de cabeça) tinha nove anos.
Já perdoaste ao teu padrinho por te pôr o nome de Andrade, em vez de Pantera?
Não fico contente… não fico contente por ser Andrade, mas há coisas na vida que temos que levar com elas. (
estavam abertas as hostilidades).
Conheci-te no futsal, mas depois verifiquei os teus conhecimentos no futebol. Qual é a modalidade que gostas mais?
Nasci a ver futebol de onze e mais tarde apaixonei-me pelo futsal.
Como nasceu o treinador de futsal?
Joguei futsal num clube amador que era o Forenses Clube do Porto, joguei durante dez anos. Durante esse tempo fui operado por duas vezes ao joelho, fui analisando e apreendendo com todos os treinadores e um dia optei por tirar o curso de treinador. Por circunstâncias da vida comecei a trabalhar no ramo de hotelaria e adiei o meu inicio nas funções, por motivos de os horários não serem compatíveis.
Tinhas que começar no Boavista, era o era…
(rindo-se) Surgiu um convite do Sérgio para colaborar com ele e comecei no meu Clube.
Já o conhecias?
Conhecia-o como Boavisteiro e viver o Clube como eu vivo. Ele soube que eu tinha alguns conhecimentos de futsal e que desejava colaborar com o clube e juntamo-nos neste projecto. Eu não estou a pensar em fazer carreira na modalidade, estou aqui porque é o Boavista FC. O meu primeiro objectivo é ajudar o Boavista.
A hierarquia está invertida, tu tens um curso mais antigo que o treinador principal. Não devias ser tu a mandar?
Deveria… (rindo-se muito) eu deixo o Sérgio mandar, mas sempre com o olho em cima dele…
O TÍTULO NACIONAL
O que sente um treinador ao ser Campeão Nacional?
O nosso objectivo, é ganhar todos os jogos. Se isso nos trouxer um título, um torneio, nós ficamos contentes, acima do nosso trabalho é pelo trabalho dos miúdos. Para eles poderem dizer no futuro que com treze anos foram campeões de iniciados, com quinze foram campeões de juvenis e quando nos virem a mim, ao Sérgio, ao Simas, ao João, ao Bruno, na rua (daqui a uns anos) que foi connosco que o conquistaram. Para mim tudo é importante, seja o torneio do Gaia, o campeonato distrital…
Mas um Nacional… (interrompemos) é superior!
O que nos trouxe de mais o Título Nacional foi a divulgação do nome do Boavista FC a nível de todo o país, isso é que é normal e estamos habituados, pois somos um clube de nível nacional.
Há pouco torceste o nariz, na anterior pergunta. E qual foi a sensação como Boavisteiro?
Foi voltar às velhas alegrias! E acima de tudo, porque neste momento toda a gente olha para o Boavista com um olhar diferente daquele que o Clube merece. O Boavista merece ser visto como o quarto grande, um clube que já levou o nome de Portugal por essa Europa fora, que era temido por muitos clubes Europeus. Este título foi útil para recordar esses tempos pelo menos aos portugueses.
Então explica-me lá, esta questão. Como vê um Boavisteiro que o título conquistado, seja mais reconhecido pelo Sporting CP, que pelos próprios Boavisteiros?
Acima de tudo o Sporting sabia que tinha uma grande equipa e que era candidato à conquista do título e sabiam que só uma grande equipa lhes poderia tirar essa conquista. Nós tivemos uma primeira experiência desagradável com o Sporting no torneio do Gaia e sabíamos a sua categoria. Eles no campeonato de Lisboa em que só cederam um empate, com um plantel repleto de jogadores de grande valia, sabiam que só uma igual ou superiores a eles lhes podia tirar esse título.
Nem parece teu… a fugir à questão.
Foram dois jogos de grande espectáculo e – pronto aí vai – porque eles têm uma ligação às modalidades superior a nós. Hoje eu sinto que os sócios do Boavista voltaram a dar outro valor às modalidades, talvez devido à situação do clube, mas sinto o regresso dos sócios. Eu considero de certa forma normal, porque as conquistas que futebol de onze do Boavista teve nos últimos vinte anos, acabaram por engolir um pouco o que as Amadoras iam fazendo.
Regressemos ao treinador. És treinador há dois anos e conseguiste três títulos, és o Mourinho do futsal?
Não! O Mourinho do futsal é o Sérgio! Eu sou adjunto do Mourinho do futsal!
O Mourinho também foi adjunto…
Pois…mas o Sérgio é que é o Mourinho.
Durante uma época desportiva, chega o cansaço e muitas vezes desejamos que chegue depressa o seu final. Mas a meio das férias, já temos saudades do trabalho. Sentes esta loucura, meia estúpida?
Sentimos a falta do dia-a-dia, dos problemas para resolver, das discussões em torno da equipa, dos bate papo… sentimos falta de tudo isso. Nós temos que sentir falta para depois regressarmos com força para mais uma época.
É uma loucura…
É normal! Para loucos, é normal!
A PARTIDA DO BOAVISTEIRO
Vais-nos deixar ao partir para Inglaterra. Quais as razões?
Primeiro familiares e depois profissionais.
Vais ensinar os “Bifes” a jogar futsal?
Eu gostaria de colaborar com alguma associação de futsal, mas nos primeiros tempos ainda não. Primeiro tenho que me adaptar a uma vida toda nova e depois poderei tentar. Tentarei isso até para não estar afastado da modalidade.
Vais para fora para te esqueceres dos problemas do teu Boavista?
Eu tenho um plano que é vir cá assiduamente, todos os meses ou de dois em dois meses e uma das razões é vir ver o meu clube, seja o futsal, o voleibol ou o futebol de onze. Agora com o internet vou estar ligado com o Clube todos os dias.
Vais conseguir explicar aos Ingleses o que se passa com o Boavista?
Vou explicar, como aqui tenho feito, que isto é uma situação passageira e que de hoje para amanhã o Boavista estará de novo a jogar em Anfielde Road, em Old Trafford e meter medo aos grandes.
O ano passado escolhias jogadores para o futebol, nas tuas críticas, só pela forma de caminhar…
Vê-se logo pela forma de caminhar. (riu-se).
Para tal perito, como vês esta realidade?
Não é agradável, isso não é! O que é preciso é que no dia 1 de Setembro tenhamos uma equipa inscrita. Quanto a jogadores vai ser difícil encontrar qualidade, pois como na última época, andamos a procurar jogadores à última hora e temos que nos sujeitar aos que ainda estiveram livres. Eu penso e espero que dentro de alguns anos vamos a voltar a não ter que escolher jogadores “aos magotes” e que se faça uma equipa com tempo, com qualidade, com categoria.

Este ano vais fazer falta na escolha dos “magotes”…
Eu vou para Inglaterra fazer prospecção de jogadores para o futuro!

NUNO " PRESIDENTE"

Só um Boavisteiro inteligente, tem direito a esta pergunta. O que farias se fosses Presidente do Boavista?
O que faria? (pela primeira vez…pensou mais demoradamente)
Sim o que farias?
Acima de tudo tentaria a unidade entre os sócios, que é o mais importante! (ganhou vigor e disse alto e bom som) enquanto andarmos aqui divididos com tricas internas, nunca vamos conseguir passar uma imagem positiva para o exterior. O exterior sente que o Boavista está a passar ao lado do panorama do futebol português e o Boavista não pode estar nessa posição. Eu sei que é difícil andar tantos anos a mostrar aos media e governantes que o Boavista está actualmente a viver com enormes dificuldades, mas pode voltar aos tempos passados. Tive conhecimento pela TV que o Twente que foi campeão holandês e que em dois mil teve uma crise enorme e dez anos depois é campeão holandês. Neste momento vivemos estas dificuldades, isso não quer dizer que daqui a dez anos o Boavista não volte ao seu lugar.
Mas como?
Temos que organizar um plano, com os sócios, com os governantes da cidade e do pais, apesar de muitos deles gostarem de ver o Boavista na desgraça, mas nós temos que nos rodear de pessoas importantes, que queiram o bem do Clube e mesmo que seja engolir alguns sapos. Se for preciso engolir alguns sapos, nós estamos cá para os engolir.
Nunca duvidei que eras o meu Presidente…
Sem problema, haja união e venham os sapos…

COMPARAÇÕES DE FUTEBOIS


Porque achas que o pessoal do futebol de onze, olha para o futsal de cima da burra?
Não é os sócios, não é o clube. É o país desportivo e considero isso normal, porque o país sempre viveu com base no futebol há cerca de cento e dez anos e o futsal começou há dez ou quinze anos. Ao fim ao cabo é igual à forma como nós do futsal, olhamos para o Futebol de praia. Nós – as pessoas do futsal – é que temos a obrigação de conquistar o pessoal do futebol. E é o que está a acontecer. Neste momento o futsal tem um numero de adeptos que não tinha à dez anos.


O ADJUNTO

O adjunto de uma equipa é muita vezes um moderador e equilibrador de emoções. Sentes-te um moderador entre o rigor do Sérgio e a irreverência dos jovens?
A maior missão que eu tinha dentro do grupo, não era aconselhar o Sérgio sobre a forma de jogar, porque ele sabe muito bem como o fazer.
Sabe bem? (provocamos)
Muito bem! Como grande treinador que é sabe muito bem o que fazer e não precisa de mim para isso. A minha maior missão para além de observar os adversários e gerir a logística era o elo de ligação com os jogadores. Ter atletas com dezasseis anos, no pico da adolescência ainda com ideias aos saltos, na idade de serem revoltados e com vontade de imporem as suas ideias, boas ou más, não interessa para o caso. Nós temos que andar junto deles no papel de morador (como você diz) e acima de tudo a ouvi-los e dar-lhes a volta ao texto.
Amenizando?
A amenizar!
Qual foi o momento mais difícil da época?
Foi a semana a seguir ao primeiro jogo com o Vila Flor. Foi muito difícil, muito difícil.
Mas convém lembrar que venceram por oito a três…
Mas foi muito difícil, se calhar por isso mesmo. Foi por causa da idade deles, mas no final considero que ganhamos aí uma equipa que nos iria levar ao título. Ganhamos um grupo de homens, porque o resultado, ganhar oito ou quatro a três, ou quinze a zero não teve importância. Nós tivemos muitos resultados desses e nada aconteceu, o que mexeu connosco foi a atitude.
Esse puxão de orelhas culminou em duas goleadas nos jogos da final, levando muita gente a questionar o valor do Nelas. O que tens a dizer sobre isso?
O Nelas tem o seu valor e acima de tudo é um clube amigo que se dedica muito bem a formação de jovens do futsal. O primeiro jogo é fundamental em que eles tiveram algum azar, a arbitragem não esteve bem para os dois lados e nós fizemos um jogo quase perfeito.


DESPEDIDAS

Vamos entrar nas despedidas. O que tens a dizer aos teus putos?
Não é uma despedida, é um até já. Espero que eles continuem a gostar de futsal como até aqui. Espero que continuem no Boavista, porque apesar de andarem para aí muitas propostas e aliciamento, eu acredito que eles continuando por aqui com o carinho que todos têm por eles, com o futuro que as pessoas lhes perspectivam e que lhe darão todo o apoio para que isso se concretize, eles podem ser o futuro do futsal em Portugal.
E aos Boavisteiros?
Aos Boavisteiros digo-lhes simplesmente que acreditem no futuro. Para acreditar e temos que nos unir. Apesar de eu não concordar com tudo o que está acontecer no Boavista, considero que é indispensável a união de todos, para todos juntos ajudarmos a recuperação do Boavista.
Mas para se conseguir unir um grupo, não achas que não pode haver dúvidas sobre o que se informa e a verdade mesmo que dura estará sempre acima de tudo. Achas que isso se passa no momento?
Vou-lhe responder diplomaticamente. Quero acreditar que sim!
Agora vais responder por instinto, em frases curtas.
Armando Simas?
Vital!
João Marques, que arrumou contigo (risota geral)?
Grande substituto!
Bruno Santos?
Um grande companheiro!
António Morais?
Um grande amigo!
Tu falas assim do Big Boss?
Um grande amigo!
Blog das Amadoras?
Um acompanhante diário!
Acompanhas?
Acompanho diariamente, sim senhor!
Sérgio Carvalho?
Um grande professor. Um grande amigo. Um homem que eu quero que hoje, amanhã e depois, continue ligado ao futsal e ao Boavista FC. Quero vê-lo ligado ao Boavista não só como adepto, quero vê-lo como treinador e como futuro dirigente. Ele é uma mais-valia para qualquer grupo. É um grande homem na sua vida profissional e familiar. É um homem que conquista tudo o que se propõe. Com ele aprendi mais em dois anos que em todos os anteriores.
Sérgio treinador ou Sérgio dirigente?
Como treinador o Sérgio é metódico, tacticamente é astuto, no banco sabe perspectivar a dez a quinze minutos e consegue formar e gerir um grupo.
Vais voltar ao Boavista?
Eu não me vou afastar do Boavista, vou tentar vir cá no máximo de dois em dois meses. Eu vou fazer prospecção de mercado e pode ser que traga aí três ou quatro craks (gargalhada) vou estar ligado ao Clube pela internet e com a assiduidade que for possível estar sempre presente.

Entrevista feita por Manuel Pina

domingo, 25 de julho de 2010

FERNANDO RIJO - EX-ATLETA DO VOLEIBOL MASCULINO

JUNTO Á PANTERA, QUE NUNCA ABANDONOU

RECORDANDO ATRAVÉS DAS FOTOS DO ALBUM QUE GUARDA

Tivemos conhecimento que em tempos distantes o Boavista teve equipas de Voleibol na vertente Masculina.
Hoje vamos apresentar uma entrevista com um antigo atleta dessa equipa.
Fernando Rijo, antigo atleta ainda hoje não sabe a razão da extinção dessa equipa. Foi obrigado a prosseguir a sua carreira até ao título nacional alcançado com outras cores, mas nunca deixou o seu amor de família… o Boavista FC do qual é associado nº127.
O CIDADÃO
Recuemos então (um pouco) no tempo.
Como podemos identificar o nosso convidado?
Chamo-me Manuel Fernando Bragança Rijo, tenho setenta e quatro anos e sou o sócio número 127.
É Boavisteiro desde que nasceu?
Eu digo aos meus amigos que em vez de ter setenta e quatro anos de sócio deveria ter setenta e cinco. Quando o meu pai “fez” o filho já lá ia o cromossoma do Boavista, por isso, antes de nascer já era do Boavista. A minha família já vai na quinta geração de boavisteiros. O meu avô era sócio do Boavista, não ligando nada de desporto, mas por influência do filho (meu pai). O meu pai e meus tios foram atletas do Boavista em hóquei em campo.

ENTRAR PELO FUTEBOL, PARA ACABAR NO VOLEIBOL
Naquela altura um desportista nunca se dedicava a uma só modalidade. Aconteceu isso com o Senhor?
Quando iniciei a minha vida profissional fui trabalhar com o meu pai na Alfândega, como Despachante, que acabou por ser a minha profissão, vim aqui ao Boavista para tentar jogar futebol, que era o sonho de todos os jovens.
Então começou como futebolista…
Comecei a treinar com o Senhor Ricardo Cardoso, um homem espectacular. Aconteceu que em Outubro com a mudança da hora, os treinos passaram para meio da tarde e eu não pude comparecer por razões profissionais.
E aparece o Voleibol?
Um amigo disse-me, não podes jogar futebol, passa para o Voleibol. Nessa altura o Voleibol jogava-se de Abril a Outubro em ringues, como não haviam pavilhões. Por isso no inverno não havia Voleibol.
Onde treinavam?
Num ringue que havia atrás da bancada do Bessa, os jogos eram no topo do campo do Bessa, em frente à casa do guarda das instalações, o senhor Manuel.
Voltemos atrás…
Esse meu amigo conhecia o chefe de secção do Voleibol, que era o senhor Rolando Pinto que era funcionário da Orquestra Sinfónica do Porto e vim cá falar com ele. Encontrei-me com ele no café Imperial e decidi então, vir jogar Voleibol.
Como foi a sua carreira?
O primeiro treino foi na constituição num jogo contra o FC Porto, disputado no final da tarde de um dia de Abril. Para espano meu a equipa do Boavista era constituída, em grande parte por aletas de outras modalidades. Foram meus colega a no Voleibol, o Jaime Garcia, o José Caiado – irmão do Fernando e do António Caiado – acabaram no futebol e iam para o Voleibol. Eu com dezassete anos jogava com colegas com mais de trinta.
Foi o início da modalidade no Clube?
Não o Voleibol á existia. Estive duas épocas no Boavista e na terceira apareceu um Director cujo nome não me recordo, que resolveu acabar com algumas modalidades no Boavista entre as quais o voleibol.
Qual a razão?
Não sei porquê. Porque nós custávamos um tostão ao Clube, mesmo as deslocações para jogos eram pagas por nós, por isso não sei o porquê dessa decisão.
Como se deslocavam?
Olhe para os jogos, às vezes aparecia um amigo mais carola que tinha carro e nos levamos para os jogos. Levava, porque o regresso… nós que nos safássemos… às vezes de transporte público, outras a pé.. nós regressávamos. E foi por essa razão quando atingi a maior idade que eu, num dia na Praia Moderna, que era a praia dos boavisteiros, onde parava o Fernando Caiado, o Presidente Fernando Moreira a quem chamavam o Pai Américo pelo que deu ao Clube e que foi Presidente durante muitos anos, onde jogávamos Volei de praia. Nessa praia em conversa com um amigo acabei de ir… jogar para o Leixões, onde fiz toda a minha carreira, até aos trinta e sete anos.

FIM DO VOLEIBOL NO BOAVISTA PASSAGEM PARA O LEIXÕES
No Leixões há um Rijo. Pertence-lhe?
É meu irmão e fui eu que o levei para lá. Esse meu irmão era mais novo, também Boavisteiros, ao ponto de fugir às aulas para vir ver os treinos do futebol e para jogar bilhar com os jogadores de futebol em Pedro Hispano. A minha andava aflita com isso e eu para resolver a questão levei-o para os juniores do Leixões que já tinham formação e ele acabou por ficar por lá. Ele hoje é um Matosinhense puro, enquanto eu não, morei lá mas depois vim para Nevolgide, ele nunca deixou Matosinhos.
O Senhor é natural de onde?
Eu sou de Lordelo do ouro, como toda a minha família, da rua de Serralves.
Tem acompanhado o voleibol actual do Boavista?
Tenho acompanhado no Vosso site (Blog das Amadoras) porque a minha filha mais velha foi cá atleta e campeã!

FILHA LUÍSA, CAMPEÃ NO BOAVISTA
Como se chama?
Luísa Fernanda Gomes Rijo.
Falemos um pouco dela….
Ela jogou em vários clubes. Começou no Fluvial com o padrinho dela que era o Professor Costa Pereira, mais tarde treinador no Leixões. Depois quando ele saiu do Leixões veio para cá, onde esteve muitos anos. A seguir foi para o Castêlo da Maia onde já lhe pagavam e acabou no Vilacondense. Ainda hoje joga Voleibol de praia com quarenta e dois anos. Faz voleibol de praia com a filha. Ela jogava no tempo das irmãs Schullers, da Paula Semedo e da Cristina Pereira.
Então conhecia a Cristina?
Muito bem! Os pais dela eram grandes amigos meus. O pai da Cristina era meu colega no Leixões e a mãe era colega da minha mulher também no Leixões. A mãe tinha vindo de Coimbra e o pai jogava no CDUP acabando por se conhecerem no Leixões. A Cristina formou-se no leixões e depois veio para o Boavista.
O senhor jogou no Boavista mais ao menos em que época?
Na época de 1956 até 1958.
Mas separou-se do Boavista?
Não nunca. Fui só aleta e adepto, mas nunca me desliguei. Tenho camarote, eu o meu filho e o meu neto. Fora o meu sobrinho que também é sócio e o filho. A família Rijo é conhecida.
Pertence ao inspector Rijo?
Uma vez, quando ele me colocou o emblema dos cinquenta anos de sócio, perguntei-lhe e chagamos à conclusão que poderemos ser primos em sexto ou sétimo grau. Embora tenha uma grande ligação com o meu irmão por causa do ciclismo e continuam a visitar-se normalmente.
AS COMPETIÇÕES NO PASSADO
Vamos recordar um pouco as competições da época?
O forte do Voleibol era em Lisboa. As melhores equipas eram o Lisboa Ginásio que era melhor equipa Nacional e o Sporting que tinha um jogador conhecido por todos noutra modalidade que era o Moniz Pereira. Eles tinham a hegemonia porque já jogavam em pavilhões enquanto cá não existiam. Quando o campeonato se realizava era nos fins dos regionais, em Novembro. A fase final era realizada num fim-de-semana só, em Lisboa. Entre as duas melhores equipas do Porto e de Lisboa. Nós jogávamos em Lisboa num pavilhão, com luz artificial, condições que nunca tínhamos durante o ano e só o ambiente já era meia derrota.
Mas depois as coisas alteraram-se…
Com uma vitória do SC Espinho. Aconteceu uma reviravolta, apareceu o FC Porto, o Leixões.
Estamos a falar da globalidade?
Sim eu estou a responder á sua questão na generalidade. Foi nessa fase que fui campeão Nacional ao serviço do Leixões.
Retomemos o fio à meada…
Começamos a jogar cá também em pavilhões e a evoluir. Mas antes os campeonatos começaram a ser disputados cá e lá no verão. Assim eles também tinham que jogar cá ao ar livre e sentiram as nossas dificuldades, de conseguir jogar com ventos com sol etc… as coisas ficaram mais idênticas. Hoje a hegemonia é no norte.
TERMINAR CARREIRA NO INFANTE
Ainda esteve noutra aventura?
Sim no Infante Sagres que também só teve Voleibol durante dois anos e formou a equipa com os veteranos do Leixões. Jogávamos na terceira divisão era bom para manter-mos o bichinho. Eu era sócio do Infante e a minha mulher, era treinadora da equipa feminina e fomos para lá. Não havia pavilhão para treinar e alugava-se um ao banco e alguém resolveu acabar com o Voleibol.
Lá como cá…
Durante estes anos não conseguiu quem acabou com o Voleibol Masculino no Boavista?
Não e ainda não entendi porquê. Podiam acabar com outras que tinham custos, mas talvez fosse para ficarem com espaços para outros. Ao Voleibol a única coisa que nos davam eram as camisolas, porque sapatilhas e calções éramos que as comprávamos. Depois o curioso é que acabou o Voleibol, o hóquei em patins e Basquetebol e ficou o ringue…
A sua história tem algum em comum com a que nos contou o Senhor Jacinto Catau do Hóquei. Conhece-o?
Neste momento, digo-lhe que não mas como somos da mesma época…
Então vou dar-lhe o contacto dele para conversarem um bocado.

Foi uma viagem a um passado que este campeão Boavisteiro nos conduziu. Um homem com setenta e quatro anos de vida e setenta e cinco de Boavisteiro.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

JOÃO MARQUES, DE FIO A PAVIO... SEMPRE EM FRENTE

João Marques, teve um ano movimentado como treinador pois participou em três projectos e acabou Campeão Nacional.
É um apaixonado por futsal e um acérrimo adepto do Boavista. Um jovem com dezanove anos de idade e onze de camisola axadrezada ao peito.
Interrompeu as férias e veio por umas horas ao Porto para nos conceder uma entrevista. Sem entrar em polémicas, mas nunca fugindo ás perguntas, Que parecia trazer na ponta da lingua.

O ATLETA
Vamos começar pelo atleta. Porquê o futsal?
Como jogador actuei durante doze anos, onze dos quais no Boavista. Optei pelo futsal, porque o meu pai foi director do Boavista nas actividades Amadoras e eu passava horas e horas no pavilhão Acácio Lelo e sempre me cativou ver jogos e treinos de Andebol, de Voleibol e de futsal.
Sempre gostei de jogar à bola com os meus amigos, na escola na rua e assim sempre me cativou mais o futsal. Outra razão de escolher o futsal em vez do futebol de onze, foi a preocupação que os pais sempre têm e os meus também tinham, que na altura do inverno pudesse adoecer com o frio e a chuva.
Começaste no Boavista?
Sim vim desde as escolinhas até júnior do primeiro ano sempre no Boavista, depois saí para os juniores do FC Foz.
Conquistaste algum título durante esse trajecto?
Não. No Boavista a única coisa que consegui vencer foi uma prova extra que para um clube como o nosso, é muito pouco. Em infantis consegui ser campeão de série mas depois na final, perdemos com o Freixieiro por um golo.
Sais do Boavista para o FC Foz, ainda júnior. Porquê?
O Foz criou nesse ano uma equipa de juniores, porque tinha subido à terceira divisão nacional. Tinha lá muitos amigos e considerei que lá ira mais tempo de utilização, por isso apostei na mudança para evoluir como jogador.
O TREINADOR
Mas no ano seguinte (2009) deixas de jogar e nasce o treinador, o que aconteceu?
Eu no ano que estive no Foz estive quase parado em termos de escola porque completei o décimo segundo ano mas não consegui colocação na universidade. Para me manter activo fiz o curso de nível um de futsal.
Mas podíamos ter continuado a jogar…
O director máximo do futsal do Foz, Doutor Luís Figueiredo, propôs que eu fosse rodar por um ano noutro clube. Eu analisei e tomei a opção de acabar a nível de jogador e iniciar-me como treinador.
O que te levou a tirar o curso de treinador?
Eu estou a estudar na Faculdade de Desporto e esse é o meu principal objectivo.
Qual é o curso?
Ciências de Desporto.
Logo no primeiro ano de treinador regressas ao Boavista. Como aconteceu esse regresso?
Inicialmente ingressei no Ases de Leça com uma equipa de feminino que se formou nesse ano, cujo director desportivo, era o Gabriel pereira, atleta da Fundação Jorge Antunes e era o treinador principal da equipa. Comecei a pré-época mas surgiram alguns conflitos e optei por sair, mesmo antes do início do campeonato. Posteriormente falei com o nosso Director de Futsal, o Senhor António Morais e mostrei disponibilidade para o caso ele ter algum escalão a precisar dos meus serviços. Dentro desta disponibilidade surgiu a oportunidade do meu regresso para fazer dupla como adjunto com o Vasco Fragata.
Mas era o inicio de uma época movimentada. A meio passas de adjunto a responsável principal. Como?
A quatro ou cinco jogos do final do campeonato, o Vasco por motivos pessoais teve que interromper a sua prestação na equipa e por isso eu assumi a direcção técnica dos iniciados.
Em que classificação terminaram?
Em terceiro lugar.

Ficou, em algumas pessoas, a ideia que podiam conseguir mais. O que pensas sobre isso?
Sinceramente acho que nós fizemos um bom trabalho e que obtivemos uma boa classificação final. Se repararmos o primeiro classificado foi o Caxinas só com vitórias, com uma super equipa que tinha muitos jogadores com andamento de juvenis, jogando ate alguns jogos de juvenis.
O segundo classificado foi o Freixieiro com os mesmo pontos que nós, que tem outras condições que nós não temos. Têm pavilhão próprio que lhes permite realizar três treinos semanais de pelo menos duas horas e neste escalão de formação isso é muito importante.
Pelo nosso lado tínhamos miúdos sem escola de futsal que tivemos que os formar de início, tínhamos meia dúzia com escola mas que não eram (ainda) fundamentais na equipa. Por tudo isto, acho que o terceiro lugar foi uma boa classificação.
De repente ingressas nos juvenis. Ora explica lá, mais essa mudança na época.
Um dia fui ver um jogo de infantis com o Sérgio Carvalho, a meio da conversa ele disse-me que o Nuno Andrade, na altura o seu adjunto, iria residir para Inglaterra e perguntou-me se estaria interessado em colaborar como adjunto, na fase final nacional do campeonato. Assim eu iniciei-me como adjunto dos iniciados, depois como principal dos mesmos e acabei como adjunto nos juvenis.
Onde foste campeão nacional. Para o ano vais continuar nos juvenis ou regressas aos iniciados?
Vou continuar nos juvenis, como adjunto. Havia a oportunidade de assumir como treinador principal os iniciados, mas achei por bem, nesta fase inicial de treinador, ganhar mais experiencia e maturidade com alguém que percebe, como é o caso do Sérgio, que já conquistou vários títulos e que já demonstrou que sabe como lidar com um grupo. Acho que continuar como adjunto do Sérgio é a melhor opção para mim.
És um treinador da formação ou em formação?
Neste momento sou um treinador em formação na formação. Mas de futuro serie um treinador de qualquer escalão.
FALANDO DE FORMAÇÃO
Dá-me o teu comentário sobre esta minha afirmação. Nos juvenis sente-se que a equipa partiu para ser campeão. Nos outros escalões, fico com a ideia que se parte para ver se seremos campeões, por exemplo os juniores que tinha uma excelente equipa. Como analisas?
Esse discurso muda consoante os jogadores que temos. Se repararmos em relação aos juvenis, nós temos jogadores que já estão bastante identificados com o clube. Alguns já se encontram no Boavista há vários anos e este ano, por exemplo, só entraram dois jogadores vindos de outro clube. Nos ouros escalões, como nos juniores tínhamos uma excelente equipa, é certo, que até poderia ser o futuro da equipa sénior, mas não aconteceu porque são jogadores que não estavam identificados com o clube.
Estão cá há um ou dois anos e não estão ainda identificados com os objectivos que um clube como o Boavista tem forçosamente que perseguir.
Segundo entendi defendes que se deve começar com um grupo de base e depois reforçando com outros (poucos) elementos, durante a evolução. Entendi bem?
Eu acho que isso é que a formação. Pegar em jovens desde a base e leva-los até juvenis ou juniores, sempre com alguma reestruturação, com a inclusão de algumas mais-valias. Jogadores de qualidade são sempre bem-vindos, mas devemos manter sempre a base da equipa formada por jovens que se identifiquem com o clube,
muitos deles Boavisteiros, o que agora já é difícil. Acho que isso é a base do sucesso.
É difícil conseguir miúdos Boavisteiros?
Cada vez mais difícil, o que é grave e deveria fazer pensar os responsáveis.
Voltando aos juvenis. O título foi o corolário lógico do vosso trabalho?
Sim estávamos plenamente conscientes do valor da equipa e de ser possível atingir o título. Mesmo depois do empate em casa com o Sporting nós transmitimos ao grupo a plena confiança que poderíamos ir ganhar a Loures, tal como aconteceu. Esse foi o grande passo para a conquista do campeonato. O outro passo que considero importante, foi quando no final do primeiro jogo da fase nacional quando vencemos por oito a três o SC Vila Flor, termos feito ver aos jogadores que o realizamos um mau jogo como equipa colectiva. Durante a semana transmitimos a mensagem desse facto e acho que ganhamos um grupo mais coeso.
Mas foi uma goleada…
Apesar de termos ganho confortavelmente o jogo foi mau.
O FUTURO
Para o ano a equipa vai manter este nível?
Vamos perder alguns jogadores importantes, como o caso do Pedro, do Alex, do Dani, do Axel e do Leandro. Vamos buscar alguns e temos um base que vai subir do primeiro para o segundo ano e dois ou três que chegarão dos iniciados, por isso
vamos estar na luta.
Registamos, criticas indirectas nas duas entrevistas que realizamos sobre os jogadores do primeiro ano. Tomaste conhecimento delas?
Concordo com as críticas, pois penso que os jogadores de primeiro ano cometeram um erro. Não digo que fossem todos, mas houve alguns que se baldaram um bocado porque sabiam que não iriam ser uma opção tão frequente, no fim-de-semana dos jogos. Eles sabem que o ano deles é o segundo ano da chegada ao escalão. É aí que eles têm que dar o grande salto em termos evolutivos, é aí que eles têm que mostrar o seu valor.
Mas esse salto só vai acontecer se no ano anterior, que é o primeiro ano no escalão, eles treinarem e esforçarem-se ao máximo, porque se não em vez de ganharem um ano e evoluírem, vão perder um ano e começarem quase do zero no segundo ano de juvenis.

O TÍTULO NACIONAL
Sem entrarmos em polémicas. Como Boavisteiro, como treinador, como homem do futsal, achas que se reconheceu o vosso título como mereciam?
Sinceramente acho que não tivemos o reconhecimento pelo clube que o nosso título merecia. Se repararmos no segundo jogo da final em Nelas só tínhamos uma pessoa da Direcção que era o Vice-presidente-adjunto, o Senhor Engenheiro, Américo Santos, mas na qualidade de adepto, aliás que habitualmente nos acompanhou. Não houve uma recepção da parte da Direcção, não houve nada. Acho até, que a muitos parece que lhes caiu mal a nossa conquista do título. Eu estava à espera de mais por parte de Direcção, ao contrário dos adeptos que foram inexcedíveis no apoio que nos deram durante a época e principalmente nos jogos das meias-finais e final foram sem dúvida o sexto jogador.
Uma constatação fácil de ser feita é o facto de na equipa de juvenis todos os dirigentes e treinadores, serem boavisteiros “ Malucos pelo Clube”. Doeu-vos mais essa falta de reconhecimento?
Eu estava à espera de melhor, confesso, mas pouco me afectou. No seio do grupo sabíamos a importância deste titulo, sabíamos o que este título podia trazer ao Boavista, que numa época de crise que nós atravessamos, é um título importante, porque é um título nacional. Este título é a afirmação que o Boavista ainda tem uma equipa que é a melhor do país a jogar futsal. Não nos afectou porque nós sabíamos o valor que tínhamos e essa certeza não importava transmitir às pessoas de fora. Esse título entre nós foi vivido duma maneira inexcedível.

INCONFIDÊNCIAS DA NOSSA PARTE
Peço perdão ao João mas não resisto a publicar uma conversa tida em off ainda à cerca deste ponto, em que ele desabafava…
Chegaram a criticar o facto de a Direcção nos ter cedido o autocarro do clube e o qestionaram o valor do título por termos ganho por catorze golos no total da final. Isto é grave, porque foi feito por um homem de dentro da organização do clube, com responsabilidades no futebol de formação… quem entende um pouco disto, sabe que o nosso principal adversário era o Sporting (com todo o respeito pelo ABC Nelas)
e aos Leões nós vencemos com toda a categoria, não temos culpas da ordem que o sorteio proporcionou.
Mas mesmo com o Nelas os resultados enganam…
Respeitamos o ABC ao máximo, fizemos contra eles um jogo quase perfeito, ao nível da segunda parte com o Sporting, e aproveitamos tudo o que jogo nos proporcionou e terminamos com um resultado que nem nós prevíamos, mas esse resultado foi fruto do nosso trabalho, do nosso rigor e da nossa categoria.
Só quem não percebe, ou está de má fé, pode questionar este verdade. Mas foi grave essa afirmação, porque veio de dentro do Nosso Clube. Eu vou para o futebol, a todas modalidades, grito, apoio e sofro. Quero lá saber se não é futsal. É o Boavista, é o meu clube!
Renovo o pedido de perdão mas considero que era importante publicar este desabafo sofrido por um Grande Boavisteiro! Todos que o conhecem sabem isso muito bem.

O FUTSAL DO BOAVISTA
Como vês o futsal globalmente no Boavista?
É obvio que com esta crise as modalidades do Boavista estão a passar algumas dificuldades. Em termos de futsal formação, continuamos a ter boas equipas, que são um orgulho e demonstram que o Boavista ainda é uma Instituição que cativa muitos miúdos. Em termos de seniores fizemos uma época que poderia ter sido melhor, embora com muitas adversidades. Penso que nesta época podemos voltar aos lugares de cima.
E o futsal a nível nacional?
Acho que esta a ser um bocado rejeitado pela federação, dou um exemplo, que foi mau de mais. Quando o Módicus foi campeado nacional da segunda divisão e não teve nenhum representante da Federação para lhes entregar o troféu de campeão. Na minha opinião a Federação continua a olhar muito mais para o futebol que para o futsal.
Não achas que o troféu que conquistaram, é demasiado simples?
Sim para o que representa, considero que deveria ter uma grandiosidade maior.
O ACTUAL MOMENTO DO BOAVISTA
Membro de uma família reconhecidamente boavisteira, como vês esta fase da vida do Boavista?
Vejo com alguma apreensão, porque considero que o Boavista não esta a ir pelo caminho correcto. Estamos com bastantes dificuldades em inscrever equipas em todas as modalidades por questões financeiras, para alimentar uma Instituição paralela ao Boavista, que é a Sad em prejuízo das actividades Amadoras e sem ver a viabilidade da continuidade dessa Sad.
Para o João Marques é mais fácil ter o pai fora, ou dentro da Direcção do Boavista?
Esse facto nunca me fez sentir nem superior nem inferior a ninguém. Nunca teve influencia quando eu era jogador porque passou sempre ao lado dos treinadores e dirigentes, eu era apenas e só, mais um jogador. Como treinador, o meu pai já não pertencia aos quadros do Boavista. Eu nunca fui o filho do vice-presidente. Eu estou lá porque sou boavisteiro, porque gosto da modalidade.
O CHEFE
Falando do Sérgio. Ele sempre demonstrou grandes capacidades para o dirigismo. O teu pai sempre se opôs à passagem para o lado do treinador, com medo que o Sérgio não atingisse como técnico o que atingiria com dirigente. Qual a tua opinião?
Acho que é um treinador espectacular. Ele consegue conciliar, uma coisa que é fundamental na formação – que é conciliar a amizade com o trabalho. Ele consegue descobrir problemas pessoais dos jogadores, quando mais ninguém os vê. É um treinador como nunca tive enquanto jogador que organiza palestras, analisando os jogos ao pormenor para nunca faltar nada aos jogadores. Sem tirar mérito aos outros treinadores da formação, para mim é o melhor. Todos os anos ganha títulos!
Para terminar, fala-me daquilo que eu considero a grande aventura de jogar em Lisboa ao meio-dia saindo do mesmo dia do Porto.
Foi tudo programado. Fizemos um género de estágio no estádio do Bessa, aí devemos agradecer ao clube que tudo fez para que nada nos faltasse. No jogo de Loures havia duas possibilidades, ou jogar ao meio-dia ou jogar ás dezanove horas depois de um Sporting/ Benfica em seniores que é sempre problemático. Decidimos libertar os nossos jogadores dessa pressão e confusão. Foi excepcional e os nossos miúdos portaram-se como homens.
Mas nunca tentes fazer isso com os seniores…em qualquer clube.
Num jogo daqueles, em que todos querem jogar eu acho que seria da mesma maneira…