domingo, 27 de dezembro de 2015

RUI FARIA, FALA DO MUNDIAL DE KICBOXING

Rui Faria, foi um dos atletas de Kickboxing do Boavista que representou as cores da seleção Nacional no campeonato mundial da modalidade na Sérvia. Vamos conhecer um pouco melhor  este campeão, Boavisteiro de sete costados

Há quanto tempo praticas Kickboxing?

Há cerca de três anos, mal abriu a Academia do Boavista, inscrevi-me.

Subentendo,  que começaste a prática no Boavista. Confirmas?

Exacto. Nunca pratiquei a modalidade noutro clube.

O que te levou a apostar no Kicboxing?

Em principio, foi simples curiosidade, via a modalidade em programas de televisão. Ganhei interesse e vim experimentar e nunca mais abandonei.

De corpo inteiro no Kickboxing?

A cem por cento, como no Boavista, claro.

Com apenas três anos de modalidade, és convocado para um campeonato do mundo. Evoluíste assim tanto, ou foi uma surpresa para ti?

Tem corrido bem. Eu dedico-me a cem por cento e as coisas têm corrido bem. Quanto à convocatória, isso ficou a dever-se de me ter sagrado Campeão Nacional.

O que dizes, sobres a modalidade?

É uma modalidade que todos deveriam experimentar, porque é uma modalidade muito interessante. Devemos acabar com o mito que é modalidade de “porrada” e agressividade. O Kickboxing, ajuda a perder peso, faz trabalhar todo o corpo e por isso acessível a todos. Temos, aqui, como pode ver, muitas raparigas que não andam cá com o objectivo de competir mas apenas para manter a agilidade e perder peso.

Quais os obejctivos pessoais, na modalidade?

A nível nacional, renovar o meu título nacional e continuar a evoluir, apostando no futuro.

Falemos do Mundial. Como te sentiste naquela realidade competitiva?

Foi uma experiencia incrível com uma exigência enorme. É outro mundo, completamente diferente do nosso, com atletas que devem treinar muito mais que o fazemos actualmente e por isso, são adversários poderosíssimos e muitos são profissionais.

Queres regressar a esse mundo?

Claro e por isso vou apostar na evolução contínua.

Com esta dedicação, já trouxeste alguns amigos para o Kicboxing do Boavista?


Já convidei alguns e alguns desses, estão cá.

TIAGO PEREIRA, CAMPEÃO DE KICBOXING

Tiago Pereira, sagrou-se este fim-de-semana, campeão Nacional de Kickboxing na sua categoria, título que junta a outros anteriormente conquistados.
Para conhecer melhor este atleta, que representou a Seleção Nacional no último campeonato Mundial da modalidade, realizamos uma pequena entrevista.

Quando e onde iniciaste a tua carreira no Kickboxing?

Há cerca de dois anos e meio e no Boavista.

Como surgiu a ideia de entrares para esta modalidade?

O meu gosto, por Artes Marciais, já vem desde pequeno. Já pratiquei Taekwondo, depois passei para o Boxe, na Academia do Boavista e finalmente, passei para a Academia do Boavista de Kickboxing.

E agora ficas definitivamente nesta modalidade ou vais experimentar outra?

Devo parar por esta e dedicar todo o meu tempo livre.

Foste um dos selecionados para representar Portugal no campeonato do Mundo. Já tinhas estado nos trabalhos da seleção?

Não. Esta convocatória foi a primeira.

Como aconteceu, logo pra uma prova tão importante?

Confesso que não estava à espera da convocatória. Sou atleta federado há pouco mais de dois anos e foi uma surpresa mesmo para mim, mas foi uma grande honra poder representar o nosso país e assim, juntar o nome do Boavista a essa representação.

Qual foi a classificação no mundial?

Fiquei nos quartos de final, sendo assim o oitavo classificado no mundial. Agora vou trabalhar para evoluir porque o nível “lá fora” é muito superior e exigente.

São muitas as diferenças?

É um mundo completamente diferente. Nós aqui estamos habituados a um nível mais baixo. Lá as coisas são muito mais exigentes, mais trabalhadas, que temos que aplicar aqui. Mas a nível geral gostei de ter estado lá e conhecer esta realidade e claro, gostei de ter representado Portugal, numa competição em que estiveram presentes, alguns atletas profissionais.

Quantos anos, precisamos em Portugal, para atingir um patamar idêntico?

Depende muito da força de cada um atleta, da sua motivação e da sua aplicação. A nível de tempo, não sei prever, depende sempre muito da determinação de cada um, mas acho perfeitamente possível atingir o mesmo patamar que eles apresentaram.

Quais os objectivos pessoais, na modalidade?

Quero chegar o mais longe possível na modalidade. Treino sempre com grande empenho e rigor, dou sempre o meu melhor e em cada treino tento sempre evoluir, mais que no treino anterior.

Sagraste-te Campeão Nacional em Faro. Esse título vem e encontro à tua aposta?

Exactamente. Este título, foi a prova que tenho vindo a trabalhar bem e foi com orgulho que o conquistei para mim e para o Boavista Futebol Clube.

Esperas nova convocação para a seleção?

Sim, agora espero.



FERNANDO SOBREIRO - O FISIOTERAPEUTA DAS AMADORAS

No apoio médico às modalidades Amadoras, existe um homem, por quem todos passam a caminho da sua recuperação física. Falamos de Fernando Sobreiro, o fisioterapeuta das amadoras. 

Há quantos anos está no Boavista, como fisioterapeuta?

Entrei no Boavista, em mil novecentas e oitenta e três, quando o falecido Doutor Acácio Lelo, foi solicitar os meus serviços ao hospital de Santo António.

Mas pelo que sabemos,e esteve (quase) a ingressar num outro clube. Confirma?

Confirmo. Anteriormente, tinha sido, contactado pelo Doutor Domingos Gomes, para o acompanhar no Futebol Clube do Porto. Fiquei claramente, orgulhoso pelo convite, mas recusei.

Por que razão?

Porque, essencialmente, não podia perder as condições, que  usufruía no hospital. Por outro lado, o Doutor Acácio Lelo, proporcionou-me condições equivalentes e acabei por fazer aquilo que sempre desejei, que era entrar na fisioterapia da área desportiva. E assim, ingressei no Boavista a trabalhar com o futebol profissional do Clube.

Mas anteriormente, já estava ligado ao desporto?

Após o meu regresso da Guiné, em setenta e quatro, estive a colaborar com o clube da terra onde nasci e aproveitei esse convite para me iniciar na área desportiva.

Qual foi o seu primeiro clube?

Comecei com a equipa de basquetebol do Leça Futebol Clube.

Teve outros clubes?

Não tive mais nenhum clube. Do Leça vim para o Boavista. Entretanto, tinha concluído o curso de fisioterapia desportiva, através do Instituto de Medicina desportiva.

Vamos falar um pouco dos primeiros tempos de xadrez. Com quem começou a trabalhar?

Comecei no futebol profissional com o Doutor Acácio Lelo, onde estive até mil novecentos e noventa. Depois, tive um pequeno um conflito com a equipa médica, mais propriamente com o Doutor Vieira Braga.

Quer aprofundar o tema?

Sem problema algum. Tudo se resumiu a que foram prestadas declarações erradas sobre uma atleta nossa, a Albertina Dias e com o seu treinador, que era simultaneamente o marido, o Senhor Belarmino. Como foram prestadas informações erradas sobre o meu comportamento, eu solicitei apo Senhor Major, Valentim Loureiro e ao Senhor Tavares Rijo, na qualidade de Vice-Presidente das Amadoras, uma reunião conjuntamente com o Doutor Vieira Braga, para esclarecer todo o processo e tudo o que foi dito. Tudo, porque  foram proferidas uma série de mentiras e deturpação de factos, que eu queria esclarecer e ser esclarecido, o porquê das afirmações que foram feitas, num programa de televisão com o Ribeiro Cristóvão. Nessa reunião, só estiveram presentes o Senhor Major e o Senhor Tavares Rijo, dado que  as outras pessoas faltaram, tendo comparecido uma pessoa que não era a indicada, e, por esse motivo, recusei-me a apresentar os factos e informei o Senhor Major, que me demitia e que nunca mais tarabalharia no Boavista.

Mas tal não aconteceu. Por que razão, mudou de opinião?

Porque o Senhor Tavares Rijo, me chamou após o final da reunião e baseado na proximidade temporal, da inauguração do pavilhão, apresentou-me uma proposta para eu passar a trabalhar exclusivamente para as amadoras. Aceitei, baseado nos muitos anos a trabalhar no Boavista. Tinha amizade pelas pessoas, amizade ao Clube e pelo gosto, que tinha, pelas condições que o Boavista me estava a proporcionar.

Estávamos em que ano?

Ano de noventa e um. Passei nessa data a tomar conta de toda a actividade de fisioterapia de todas as modalidades amadoras do clube.

Deixe-me colocar uma questão, que considero pertinente. Quando olhamos para uma equipa médica, consideramos que estamos a “ver” um mundo pacífico e parece que não é tanto assim. Concorda com esta visão?

Nem sempre é um mundo pacífico. Quando acontece algo de anormal, nós somos os primeiros a ser responsabilizados, numa primeira vaga de críticas, porque somos nós que estamos junto aos atletas e assim, sofremos o primeiro impacto das lesões que podem acontecer. 
Nessas alturas minimizamos muitas situações que possam acontecer para o atleta e para a sua recuperação, se logo, desde início, soubermos fazer o tratamento adequado. O médico e eu, sofremos a pressão da própria mentalidade que o atleta tem, que é “magoei-me hoje, mas quero estar curado ontem”. Muitas vezes, isto leva a processos de alguma tensão entre as partes interessadas.

Mas nem sempre o atleta colabora…

Sim. Existem atletas, a quem nós dizemos o que tem que fazer e depois vimos a saber que ele fez tudo ao contrário. Muitas vezes, mandamos parar uma semana e eles param um dia ou dois e sentindo-se melhor, regressam á actividade e acabam por estragar todo o processo de recuperação, estragando todo os trabalho que estava a ser feito. Felizmente são poucos a fazer isto. Tenho tratado de vários casos, alguns bem graves, tenho que o dizer, sempre com êxito.

Tem muita actividade, actualmente?

Quando tínhamos o pavilhão, havia fins-de-semana que entrava ao serviço, no sábado às duas da tarde e saía às dez/onze da noite. 
Acho que isso também uma prova demonstrativa do amor que, também, tenho por este clube. Estive sempre disponível, para o que precisassem, acompanhei as modalidades para a Madeira, para os Açores, para onde me solicitassem.

Mas a actualidade é muito diferente desses tempos?

O perder o pavilhão, foi uma coisa péssima que aconteceu na vida do clube. Tudo mudou e para pior. Eu sinto isso! 
Hoje, os atletas andam todos espalhados, uns treinam aqui, outros treinam ali, não há a proximidade que havia, quando todos vinham para o treino e nos concentrávamos no mesmo espaço. Era mais fácil, lidar com eles, controla-los e ter uma intervenção mais rápida e eficaz sobre as lesões, se bem que as máquinas que tenho para a recuperação, são praticamente as mesmas que tinha nessa altura, muito do que aqui se faz, parte do saber e das mãos que tenho. 
Felizmente, tenho conseguido, nos acasos de simples e média gravidade, resolvê-los ao fim de uma/duas semanas, alguns até em quatro dias se têm resolvido.

Há alguma modalidade que lhe dê mais trabalho?

De uma maneira geral, são todas iguais. Umas vezes é o futsal, outras, o andebol e até a ginástica. Mas não há nenhuma que dê mais tarbalho, em particular.
Por exemplo, a ginástica, como as atletas são mais jovens e sofrendo algumas pequenas lesões, os pais procuram-nos para conversar connosco, essa contacto, tranquiliza-os e tudo se torna mais fácil.

Há quanto tempo faz equipa com o Doutor, Pinto de Sousa?

Creio que a partir de noventa e dois que trabalhamos os dois em conjunto.

Falemos das instalações. Sinto que estão um pouco descontentes. Quais as razões?

Quando destruíram o pavilhão, foi-nos prometido que a passagem para aqui, seria uma coisa transitória. As nossas condições, são precárias, não considero que tenha condições para o nosso trabalho, é um local frio com dificuldades no próprio aquecimento que muitas vezes falha, que nos leva a estar um pouco desiludidos com a situação, porque, era considerado uma situação temporária e já passaram cerca de treze anos, antes da inauguração do estádio.

Prevê-se uma alteração de instalações?

As promessas estão feitas, mas promessas… são promessas. O estudo feito determinava que a nossa localização seria no espaço da ginástica, que tem excelentes condições, mas a falta de um elevador, para os doentes que dele necessitem, inviabiliza essa nossa deslocação para esse espaço. 
Em tempos do Rui Gonçalo, como Vice-presidente, ainda se estudou, mais a sério, essa situação, fez-se um projecto de tudo, mas as coisas sofreram alterações e tudo voltou à estaca zero.

Mas isso não lhe retira a dedicação ao clube?

Estou de corpo inteiro sempre. Enquanto, Deus me der vida e saúde estarei aqui, lutando para melhorar. Se calhar, só pensarei em sair para casa, quando tivermos as verdadeiras instalações para o departamento médico. Depois da inauguração dessas instalações, continuarei mais um ano e depois sairei, mas até lá continuarei aqui.

Inaugura-las e entrega-las?

Seria o maior gosto. Inaugurar as instalações médicas das amadoras e ao fim de um ano sair. Não dizer adeus ao Boavista, mas ir descansar um bocadinho, ao fim de todos estes anos.

Estes anos trouxeram-lhe amigos?

Tenho o coração cheio de amizades. Pelo clube e por todas as pessoas que me rodearam estes anos neste clube.

Algum momento mais marcante?

Um... que é inesquecível, quando fui galardoado pela Pantera, que a tenho em casa com muito orgulho e gosto. Tenho-a, exposta em casa e quando os amigos me vistam me perguntam qual é o seu significado. Digo, com vaidade e orgulho, que significa que fui considerado um dos principais elementos do Boavista, para ter direito a ela.

Entrevista de
Manuel Pina

DR PINTO DE SOUSA - O MÉDICO DAS AMADORAS

Iniciamos uma reportagem, sobre o apoio clinico dedicado às modalidades Amadoras, pelo chefe do departamento Clínico, o Doutor Pinto de Sousa.


Há quanto tempo exerce a profissão no Departamento médico do Boavista?

Desde noventa e sete, vai em breve fazer dezoito anos.

Continua a trabalhar com o futebol profissional?

Neste momento somos dois médicos nessa função. O chefe desse departamento profissional, apesar de não fazer jogos, é o Doutor Joaquim Agostinho. Os outros dois médicos sou ee e o doutor José Ramos.

Quantos dias, semanalmente,  está ao dispor das Amadoras?

Só não estou no Bessa, para esse serviço, às quintas-feiras, mas num caso de uma emergência estarei sempre em contacto e pronto a dar a minha colaboração.

Quando há necessidade de intervenção cirúrgica é o Doutor que as realiza?

Não. Em todos os casos, de necessidades de intervenções cirúrgicas é sempre responsabilidade do seguro. Eu, quando tenho suspeitas da necessidade, dessas intervenções, participo ao seguro. Normalmente a companhia aceita a minha opinião, opera e a recuperação é feita por nós.

Realizei uma entrevista mais longa com o fisioterapeuta, Fernando Sobreiro e ele queixou-se um pouco das instalações. Concorda com as críticas?

Nós, viemos para este local, provisoriamente…há dez anos! 
Precisávamos de mais e e melhor espaço. Este, já foi pintado, melhorado, mas precisávamos mesmo de melhores condições. Há uma instalações muito boas, que não são possíveis de utilizar, onde existem – junto à ginástica – por falta de elevador, para as pessoas que estejam incapacitadas de descer as escadarias.

Há alguma modalidade que lhe dê mais trabalho e já teve algum caso mais complicado de resolver?

São todas iguais e quanto aos casos, tudo se consegue resolver.

Para continuar esta colaboração para o futuro?

Em princípio, sim.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

DANIEL SILVA (DANI) A VOZ DA ATLETA/TREINADORA DE JOVENS

Daniela Silva, a simpática Dani, como é conhecida por todos adeptos axadrezados, joga na equipa sénior e é adjunta da equipa de Infantis. Fomos descobrir como se sente nesta missão de “mister” durante um treino da equipa. Tivemos, que recolher para o gabinete para as miúdas não “abusarem” com a prof.

Dani, como te sentes, nesta missão de treinadora?

Já tinha vivido esta experiência no Espinho e mesmo aqui no Boavista, no ano passado, em que estive com as Iniciadas que agora são as Cadetes. Mas esta experiência é nova, a equipa é de Infantis, por isso mais jovem, é uma equipa que joga pela primeira de seis contra seis. Uma equipa, formada ainda por muitas atletas minis. Por, estas razões, sinto uma diferença muito grande em comparação com o ano passado.

Comungas da esperança que o Carlos Simão tem nesta equipa para o futuro?

Concordo, porque  o professor, com a minha ajuda, em poucos meses, conseguiu uma grande evolução em toda a equipa. É uma equipa alta, que gosta disto, que quer isto, por isso, acho, que ainda vão dar muito que fazer.

Pessoalmente, como é trabalhar com o professor Carlos Simão?

É incrível. Ele vê o Voleibol como eu vejo, gosta de ganhar, odeia perder e leva isto a sério. Ele, dá um ritmo aos treinos e jogos, completamente diferente do que eu estava habituada. Com ele, é tudo a cem à hora e a cem por cento.

Para aquilo que pretendes para o teu futuro como treinadora, é o homem certo no momento certo?

Sim. ele acredita em mim, apoia-me e faz uma coisa muito boa, como acredita em mim, deixa-me assumir o treino, como me deixa assumir o jogo. Logo, isso vai permitir-me evoluir muito mais que se fosse outro treinador que me condicionasse.

Notas alguma diferença entre o passado e a actualidade da formação do Boavista?

Nota-se uma grande diferença, que toda a gente verifica. O Boavista, começa a ganhar jogos, a começar a marcar presenças com muitas pessoas a perguntar a que se deve esta evolução. Muitas equipas, a quererem marcar jogos treino com o Boavista. Muita gente a ver os nossos treinos, muitas miúdas. a perguntar como podem vir para cá. Está completamente diferente. Métodos novos, gente nova e vida nova.

Como pode uma jovem como tu, conciliar vida pessoal e voleibol, com tanto que fazer no Volei?


Olhe, por mim eu vivia só, do e para o voleibol. Sabendo, que em Portugal, nunca dará para viver exclusivamente de voleibol, eu por mim fazia, disto, vida. Dar treinos, treinar…é o amor ao voleibol, o que sinto à frente de tudo.

CARLOS SIMÃO, COLOCA O DEDO NAS FERIDAS

Carlos Simão, coordenador da formação do Voleibol, reconhece, não ser um homem fácil, mas ser um homem frontal, em todos os momentos e sobre todos assuntos. Foi com este homem, um pouco desiludido, com a posição de algumas pessoas, mas seguro da sua verdade, que realizamos uma entrevista, dura, em que todos os assuntos foram versados, sem hesitações.



Nota do editor: Chegamos a ponderar dividir a entrevista em duas partes, mas tememos que se perdesse o contexto, e definitivamente, apostamos na publicação na integra numa única peça. É  a maior entrevista do Amadoras e, a mais dura, toda ela baseada na defesa de “uma crítica construtiva”. Só os grandes, assumem sem reservas o que sentem.

Após, os primeiros meses da chegada ao Boavista, a pergunta que lhe coloco, é. Já se adaptou ao Clube ou as pessoas com quem trabalha já se adaptaram a si?

Eu assumi, começar a trabalhar no Boavista em finais de Junho, mas a meio desse mês, realizei algumas reuniões técnicas, por isso, estou no Boavista há quatro meses. Quanto à minha adaptação tenho que referir que encontrei, alguns contextos diferentes. Encontrei dirigentes, com ambição, com vontade de reerguer o Voleibol do Boavista, nas pessoas do Engº António Marques, do Artur Nunes, do Fernando Pereira, que entrou posteriormente, do Manuel Tavares e do Ivo Brito, que neste momento, já não faz parte do corpo diretivo. Vi em todos eles, uma grande ambição de trabalhar e reerguer a modalidade num clube que noutros tempos foi um GRANDE do voleibol nacional, e que nós queremos que volte a ser.

Quando o conheci, o seu trabalho era um misto de treinador/coordenador/dirigente/funcionário. Já terminou cessou as funções que não são de âmbito técnico?

Para que não fiquem dúvidas algumas, gostava que enaltecer a grande dedicação e trabalho que o Fernando Pereira e o Artur Nunes têm tido no departamento, e que poucos há como eles, no entanto, para a dinâmica e ritmo que se pretende implementar são precisos mais, mas que tenham as mesmas ideias e ideais que nós. 
Em relação à sua pergunta, eu não considero que fui dirigente ou funcionário, tentei ajudar a acelerar situações para que o clube começasse a época em condições, tal como o pavilhão pronto, os campos marcados, as inscrições das atletas efetuadas, enfim, um conjunto de coisas em que eu ajudei apesar de não serem funções minhas….foi preciso…..e em relação a este aspeto, não posso esquecer a grande ajuda do Sr. Pina e do Fernando Pereira, que dentro da sua disponibilidade me ajudaram muito em todo este processo.

Regista, muito em pormenor, esse facto, mas noto nas suas palavras, um sentimento mais negativo. Estou errado, na análise?

De certo modo, mas o que encontrei foi uma secção totalmente desorganizada, sem estar a querer desvalorizar os meus antecessores. A nível de trabalho, muito pouco trabalho visível nas diferentes equipas, pouca disciplina de treino e poucos hábitos de treino. 
Estamos a verificar até uma assiduidade muito maior aos treinos do que no passado, e isto eu sei porque as atletas me transmitem, e para nós é bom saber isso, é sinal que as miúdas estão motivadas e entusiasmadas com esta nova dinâmica. Houve, necessidade de reorganizar muita coisa, ou a maior parte delas. Isso, foi uma realidade muito complicada e que ainda está, mas que a pouco e pouco se tem desvanecido…..têm sido etapas aliciantes de superar.


Esperava outra realidade?

Esperava, realmente outra situação, esperava que as coisas estivessem um bocadinho melhor, porque os treinadores que cá estavam, tinham capacidade para estarem no Boavista, agora também reconheço que as condições de trabalho eram outras. Nós, neste momento, temos condições de trabalho, muito superiores às que existiam em anos anteriores e assim, reconheço as dificuldades que os treinadores que cá estavam sentiam e encaravam para trabalhar.

Mas, muitas dessas melhorias, devem-se ao ritmo e objetivos que impôs na preparação desta época. Sendo, o principal responsável dessa melhoria de condições, por que razão se sente desiludido? Volto a questionar. Já se adaptou?

Não! Não me adaptei, nem me vou acomodar, porque o meu ritmo é este e é meu próprio. É um ritmo, que institui nos clubes por onde passei e onde tive muitos sucessos desportivos. No Vila Real (onde fui 2 vezes vice campeão nacional – Juvenis e Juniores Femininos), onde me iniciei, no Castêlo da Maia quando lá estive na formação masculina entre 1994 e 1997 e onde conquistei um título nacional de Iniciados Masculinos (1995/96), na AA Espinho, entre 1997 e 2005, 8 anos magníficos e onde fui campeão e vice-campeão nacional de Juniores Masculinos, e depois já na equipa de seniores masculinos, contribuí na subida à 1ª divisão nacional. Passei também pelo Esmoriz GC, onde estive presente na fase final de Juniores Masculinos, tive uma intervenção direta na formação do Tiago Violas como distribuidor, e que é hoje um dos distribuidores principais da seleção nacional masculina, e  depois estes últimos 7 anos, no GDC Gueifães, onde fui vice campeão nacional de Juvenis Femininos, 4º classificado na fase final de Juniores Masculinos e nos dois últimos anos fui treinador principal da equipa de Seniores Femininos na 1ª divisão nacional, e que obteve o 5º lugar em 2013/2014 e o 4º lugar em 2014/2015. 
Tenho uma dinâmica muito própria, não sou uma pessoa simpática e reconheço que não sou uma pessoa fácil. Não sou fácil para os atletas, não sou fácil para os dirigentes, não sou fácil para os pais, eu reconheço tudo isso, mas nunca na minha vida tratei mal ninguém e os resultados em 29 anos de carreira como treinador estão aí, à vista de todos….Uma carreira que me orgulho imenso, como é também para mim um orgulho orientar e trabalhar num clube como o Boavista FC e trabalhar ao lado de um dos melhores e mais carismáticos treinadores do voleibol português, que é o Prof. José Machado. E numa reunião geral que tivemos de departamento, onde estiveram todos os treinadores, diretores e seccionistas, referi um ponto importante, que há um conjunto de situações, que me levam a dizer, que neste momento não sei se a minha contratação foi uma boa ou má aposta…...


Uma má aposta? Troque isso, por “linguagem inteligível”.

Má contratação, porque passados estes meses, ainda não consegui começar a trabalhar como Coordenador Técnico, dedicar-me ao trabalho dentro do departamento, discutir com os colegas treinadores aspetos relacionados com o treino, uma vez que tenho que ajudar noutras vertentes, como disse anteriormente, as pessoas que temos no departamento são VOLUNTÁRIOS inexcedíveis, mas não conseguem fazer tudo…..são pouco e teremos que arranjar mais gente. Porque se isso acontecer, posso afirmar, que não faltará muito tempo para o Boavista dar o salto para a ribalta, porque aqui dentro há uma coisa….VONTADE E DETERMINAÇÃO, e isso existe em poucos clubes. Agora temos que dar tempo para as pessoas se irem ajustando, agora ajustarem-se à minha dinâmica e ao meu “speed” desculpe a expressão, não é fácil…..mas é possível, e é isso que eu quero e o que eu ambiciono.

Então posso deduzir que está desiludido com esta situação?

Acima de tudo, sinto-me cansado. E sinto-me cansado porque há este trabalho de retaguarda que eu também tenho que ajudar a fazer e quando chego à hora do meu treino, tenho vontade de ir embora….há dias que me falta energia para o treino.
Eu tenho a noção que estou afastado da família, tempo demais. Passei aqui todo o mês de Julho, parte do mês de Agosto, com a grande ajuda do Manuel Pina e do Fernando Pereira como já disse. O Artur ajudava de outra forma e de acordo com a sua disponibilidade. Roubei muitas horas à família - isto, poucas pessoas, sabem - e, ainda lhes roubo muito tempo.
Os treinos começam no Irene às 18h30 e eu chego lá pelas 17h30, para preparar toda a logística necessária para o treino. O único dia que não estou no pavilhão é à sexta-feira, porque tenho compromissos profissionais naquela que é a minha atividade principal….professor de educação física. Tudo isto, acaba por provocar um desgaste e a juntar a tudo, tenho os meus jogos ao fim-de-semana.

Esses jogos, são a razão do trabalho semanal. Como treinador, não está a conseguir tirar ”prazer” de dirigir os jogos?

Prazer tiro sempre….eu gosto disto e gosto de ver a evolução das miúdas de jogo para jogo. Tenho é que me preocupar também com a logística inerente ao jogo em casa, montar e desmontar a rede, preparar o campo, enfim questões que nós sabemos que temos que fazer, e aqui os pais têm ajudado imenso porque também estão lá e ajudam a montar e desmontar….não são todos….direi que…são sempre os mesmo, e a eles lhes agradeço MUITO…eles sabem quem são. 
O Boavista é um clube, em que me sinto bem, não posso dizer o contrário, as atletas TODAS me respeitam, 98% dos pais respeita e apoio o meu trabalho como treinador e como coordenador..…sinto-me bem, mas é um Clube que ainda não funciona ao meu ritmo. Isto não é uma crítica destrutiva, é uma crítica construtiva. Mas devido á minha personalidade, tudo tenho feito para pôr isto a andar mais depressa, e estou em crer que conseguirei…espero ter energia e força para isso.

Eu já o vi, “perder” horas a explicar a sua posição a certos pais. Esse cansaço, advém das miúdas, das críticas dos pais ou da falta de apoio de dirigentes?

Diretamente, sobre os dirigentes, que são dois, o Fernando e o Artur têm-me dado 500% de apoio incondicional, sobre isso não há dúvidas. Mas a dinâmica que implantei é muito forte e por vezes eles até “abanam” (sorrisos…). Mas tentam….mas são apenas dois. Tivemos agora uma entrada feliz da D.Graça que está a dar apoio particularmente à equipa júnior e que nos vai dar uma grande ajuda também ao departamento. Considero que vai ser uma seccionista para o futuro. 
Temos em perspetiva também, a entrada de um pai de uma atleta infantil, que  vai aliviar algum trabalho. Temos, também, o Manuel Tavares, que é muito importante, já que resolve toda a logística da equipa sénior, conseguindo libertar o Artur e o Fernando, para outros trabalhos. Temos também 2 pais da equipa de juvenis que vão dando apoio principalmente nos jogos o que também é já muito positivo. 
Precisavamos de uma pessoa para ajudar de mais perto nas cadetes para libertar o Artur para outra funções puramente diretivas e abrangentes, uma vez que ele cumulativamente às funções de diretor é também o seccionista das cadetes, aliás como também o Fernando é em relação às infantis. Com mais uma ou outra pessoa, eles os dois poderiam ser aliviados para outro tipo de trabalho mais interno. Depois ainda falta o minivolei, uma vez que o Fernando é o diretor responsável do minivolei….ainda mais este….diretor adjunto do departamento, do minivolei e seccionista das infantis…..é difícil, mas acredito que vamos dar a volta a isto. E é por esta sobrecarga que eles têm que eu por vezes acho que eu é que estou a andar depressa de mais e em algumas alturas a um ritmo diabólico. Veja os torneios, realizamos 2 finais de semana inteiros de voleibol, com todos os escalões exceto o minivolei, tivemos cerca de 40 equipas cá presentes, e graças ao trabalho de treinadores, dirigentes e de alguns pais, eu diria mesmo, “sempre os mesmos”, fizemos que o torneio fosse um sucesso. 
O Boavista voltou a ser falado…reapareceu como alguns treinadores de outros clubes me disseram….é excelente ouvir isto.
Relativamente ao resto, tenho muita pena que os pais não entendam – estou a falar de percentagem de 1 ou 2%, que são uma percentagem mínima – que não entendam, repito, as opções que tomamos nós treinadores nos jogos, que não entendam as opções que fazemos nos treinos e critiquem de uma forma deselegante.
Digo, deselegante porque o fazem de uma forma indireta e, eu preferia - como já aconteceu com outros pais – que viessem ter connosco e nos confrontassem com factos para podermos argumentar sobre alguma coisa. E eu quando falo em falarem connosco, não é sobre opções ou questões técnicas, porque aí nem pensar….as decisões são nossas e mais nada. Mas há alguns, que não fazem, simplesmente criticam e eu pessoalmente começo a questionar se realmente vale a pena, estar aqui tanto tempo e roubar tanto tempo à família, para trabalhar com as “filhas dos outros”.

Mas isso, não é exclusivo no Boavista. Já sentiu essa injustiça noutros clubes?


Não, claro que não, penso que é uma questão de falta de cultura desportiva. Situações como estas fazem pensar e refletir. Não nos dois últimos, porque nesses estive com a equipa sénior do Gueifães e o tipo de problemas a resolver são de outro tipo, mas na formação há isto.

Mas está na formação de novo. Porquê, se os pais não mudam?

Adoro a formação….adoro ver as atletas crescer…evoluir e a superar etapas…é fantástico para um treinador. Aquilo que me prende? Tenho uma grande lealdade para com as minhas equipas. 
Adoro as miúdas Cadetes, adoro as miúdas Infantis, e apesar de não ser o treinador delas, adoro as Juniores e Juvenis. Tenho uma empatia muito grande por essas miúdas, sinto-me respeitado e sinto que acreditam naquilo que estamos a fazer, mas não me posso esquecer do minivolei que apesar de não estar muito próximo delas uma vez que só tenho hipótese de as ver às 3ª feiras, não deixo de ir falando com os treinadores sobre o trabalho que vai sendo desenvolvido. Isto porque deixo o sábado de manhã para acompanhar, pelo menos uma vez por semana, o meu filho ao treino de futebol, coisa que não posso fazer durante a semana. E é este sentimento por elas que me acaba por prender. 
O desgaste é imenso, não ponho o trabalho de lado, mas começo a chegar à conclusão que posso vir a não ter força para conseguir levar o barco até ao final da época com esta dinâmica e “speed” como disse antes.

Pensa sinceramente, nesses termos de puder sair no final da época?

Quando falo em puder não ter força para levar o barco até final da época com a dinâmica que tenho, não é porque quero abandonar, mas sim por questões cansaço e alguma saturação.
Ser coordenador, de um clube, quase a começar do zero e treinador de duas equipas de formação, não é nada fácil, mas é um desafio aliciante, e neste momento é isso que me faz aguentar.
Em relação ao sair no final da época, depende de duas coisas. A 1ª será o departamento a fazer uma avaliação do trabalho que fiz e que implementei e daí sair uma decisão final. A 2ª será a minha motivação…..estou no voleibol pelos projetos desportivos que me apresentam. Estava no Gueifães e foi-me apresentado um projeto aliciante pelo Boavista e mudei….e digo que me custou muito mudar, foram 7 anos excelentes que passei em Gueifães, onde deixei atletas e amigos. Por isso o futuro….depende dos projetos que me surgirem e os desafios que me possam aparecer….

A nível de treinadores. Eles foram escolhidos tendo por base o projeto e visão de Carlos Simão, e posterior adaptação? Já se encontram adaptados?

Sinceramente. Nós temos um corpo técnico excelente. Temos grande empatia e entendemo-nos todos muito bem. Partilhamos as atletas em qualquer escalão sem qualquer problema. Acima de tudo eu nunca precisei de “puxar os galões” como Coordenador, para indicar o que fazer, porque eles próprios quando querem inovar me procuram para debater a questão, ou a justificar, explicando porque tomaram essa decisão. Neste aspeto, o Boavista, está muito bem servido.
Todos os treinadores foram escolhidos pelo perfil que possuem. Não conhecia a Profª Rita Melo, que me foi indicada por uma pessoa amiga que foi meu atleta e em quem confio muito. Estou muito contente com o trabalho dela e pelo valor técnico e humano que evidencia.

Durante a realização dos torneios de pré-época tive oportunidade de ouvir alguns treinadores, com diferentes opiniões sobre como se formar atletas. Qual a sua opinião sobre a formação de um atleta?

Podemos ter duas visões e duas vertentes sobre a formação. A vertente lúdica e a vertente competitiva. No primeiro caso, todos temos o direito de ir para os treinos e de ir para os jogos e toda a gente tem que jogar. Na vertente competitiva, toda a gente tem que treinar, mas nem toda a gente tem que jogar. Todo o processo, de treino é um processo educativo. Todas as atletas e pais, também, têm que aceitar, porque é que o treinador não convocou, porque é que pôs a jogar ou porque é que o treinador convocou. Se atleta tem alguma dúvida deve questionar junto ao treinador. Eu, por norma, não dou qualquer explicação ou justificação nem a atleta nem aos pais, há quem o faça, mas eu não tenho essa opção.
O processo formativo de um atleta é, que daqui por sete ou oito anos, nas Infantis e dois anos nas juniores, esteja a jogar na equipa sénior.


Acredita que algumas destas atletas vão cumprir esse objetivo?

Com este trabalho, algumas vão conseguir! Se em cada fornada conseguirmos meter uma nas seniores, teremos os objetivo conquistado. Eu dou um exemplo, quando há dois anos peguei na equipa de seniores femininos do Gueifães, metade da equipa vinha da formação do clube, o que me deixou muito feliz e orgulhoso.

Você, aposta muito na equipa das Infantis. Em que se baseia?

Apesar da nossa equipa de infantis, ter um ano de atraso de todas equipas adversárias, há determinadas etapas na formação de uma equipa que não devemos omitir. Apesar de eu estar preparado para perder a maior parte dos jogos que ganhar, acredito que a meio da época isto se inverta, porque conheço o potencial desta equipa de Infantis. 
Por exemplo, este fim-de-semana, fiquei muito triste com a derrota de 3-2, com o GC Santo Tirso. Eu conheço o grande trabalho que se faz em Santo Tirso, que tem uma equipa que trabalha junta há três anos. A nossa equipa, esteve algo desgarrada e podia e deveria ter ganho….mas os nervos nestas idades ainda valem mais do que a vontade. Mas há etapas que não quero suprimir e nas Infantis, eu não quero suprimir nenhuma etapa. Elas fazem agora o que não faziam há quinze dias e assim continuarão a progredir. Este trabalho tem que ser feito pausadamente e com calma, mas reconheço que é importante ganhar… por elas mesmo. A vitória ajudará muito a sua evolução e estou confiante que as vitórias virão a partir e meio da época. E aqui a Dani, atleta da equipa de seniores femininos tem feito um trabalho notável, uma vez que ela está mais tempo com elas do que eu, pois ao lado estou a treinar com a equipa de cadetes.

Vamos aproveitar e fazer uma análise superficial de todas as equipas?

Passando, então, para as Cadetes, que perdem o primeiro jogo à 3ª jornada em casa com o SC Braga, pelos resultados de 25/23, 28/26 e 19-25, com uma equipa que o ano passado esteve presente na Fase Final do Campeonato Nacional de Iniciadas, representando a Escola de Lamaçães. Esta escola tem feito um trabalho notável em prol do voleibol, que depois do escalão de iniciadas serve a formação do SC Braga. Resumindo, a nossa equipa só não ganhou os primeiros dois sets, por erros provenientes do nervosismo que sentiram. Fiquei triste por perdermos, mas muito feliz pela forma como reagiram e jogaram. Acho que a equipa tem um potencial muito grande e que pode ir vencer em Braga.

Juvenis?
Esta equipa passou muitas dificuldades no ano passado enquanto Cadetes. Recuperamos algumas atletas que tinham desistido a meio da época passada e têm entrado várias atletas novas que nunca foram praticantes. A Profª Rita está a fazer um trabalho notável, de pura formação, embora os resultados acabem por contradizer o que se está a fazer. Nota-se uma melhoria mas temos que saber esperar, porque nada se faz de manhã para a tarde.

Juniores?
Calhou numa série mais acessível, mas nem por isso, tem tirado o pé do acelerador. Eu fui ver o jogo com o FC Infesta, que tem uma equipa mais fraca e as miúdas podiam ter facilitado, mas não o fizeram. Venceram por números grandes porque foram GRANDES e RESPONSÁVEIS.

Depreendo que a nível de mentalidade, as coisas se alteraram?

Completamente. As nossas equipas querem estar presentes no Campeonato Nacional. As miúdas treinam com vontade, determinação, garra e mais do que isso nota-se uma GRANDE união entre as equipas dos diferentes escalões, fruto de estarmos a treinar no mesmo local…em relação a isto tem sido fantástico.

Sei que estão a desenvolver um trabalho de colaboração com estabelecimento de ensino. Que me pode dizer sobre isso?

 O Agrupamento de Escolas Carolina Michaelis, deu uma enorme ajuda na realização dos nossos torneios e posteriormente, ao fazer uma parceria connosco, no sentido de nos possibilitar trabalhar com os alunos da escola, uma vez por semana, durante uma hora. Isto claro está, irá reverter com novos atletas para o clube. Aqui um agradecimento muito especial à Profª Isabel Ribeiro.

Já agora, quer comentar algo sobre a equipa sénior?

Está a fazer um campeonato excecional com uma média de vinte anos. Tem a Fabiana um pouco mais velha do que as outras e o resto são “miúdas”, que têm o futuro nas suas mãos. Se, se criar uma dinâmica mais pragmática em algumas coisas, eu acho que o futuro do Voleibol do Boavista, dentro de três/quatro anos pode ter uma visibilidade maior, que já se está a sentir, porque eu tenho treinadores adversários a vir espiar os meus jogos e alguns a ver os nossos treinos.

Se a parte diretiva se reforçar, acabará por ter mais tempo disponível. E esse desencanto desaparecerá e teremos de novo, o Carlos Simão de corpo e alma?

Não é desencanto, eu ajudo naquilo que posso, mas eu tenho que me preocupar com a minha parte. No caso do Fernando e do Artur, que são pessoas que estão cá sempre mas que sozinhos não conseguem resolver tudo.
Tenho que registar com agrado a aproximação e um pouco mais a colaboração de diversos pais, dos diversos escalões em várias vertentes, porque começam a apreciar o trabalho que se tem feito e aquilo que as equipas começam a mostrar nos jogos....Isto é muito importante para o futuro na criação de um espirito vencedor.
Talvez eu tenha que mudar um pouco a minha mentalidade e velocidade de trabalho, mas neste cinco meses, já se evoluiu um pouco, já se mudaram muitas mentalidades, mesmo que eu tenha ganho alguns anticorpos, mas eu não vou mudar nesse aspeto, quer o pai desta ou daquela não tenham gostado.
Quando as pessoas não estiverem contentes, mandem-me embora. Quando os pais da miúdas, acharem que as meninas estão a ser puxadas de mais que se queixem aos diretores. Mas até lá será à minha maneira. Não gosto de abandonar projetos a meio e este é um projeto para um ano e quando chegarmos ao final do ano, o balanço será feito e se verá o que fazer a seguir.

O departamento sofreu alterações a nível de dirigentes, durante o tempo que cá está?

Quando cá cheguei eram 2 os dirigentes mais o Manuel Tavares que era seccionista. Entretanto entrou o Fernando Pereira, que foi promovido de seccionista a diretor adjunto e saiu um, o Ivo Brito, que apresentou uma justificação a quem de direito e levou a filha para outro clube e saiu.


Os pais, têm que entender que desporto é entrega, esforço e dedicação. Os pais emendam-se?

Alguns pais entendem, outros não. Há pais que muitas vezes arranjam explicações que não consigo entender. Umas vezes por causa de um evento têm que faltar a um jogo, outras por causa de um teste têm que faltar a um treino… as pessoas têm que se adaptar e decidir. Sendo a escola a parte mais importante da vida das miúdas, têm que se adaptar. Se não conseguem isso… deixam o voleibol. Ou se organizam, porque umas vezes preparamos um treino para dez e aparecem quatro atletas, outras preparamos para quatro e aparecem dez. É muito difícil para os treinadores organizarem os trabalhos desta forma. Mas isto tem mudado muito por intervenção dos treinadores.

Acontecem, ainda, essas situações?

Como disse, era a mentalidade que existia e que está a ser alterada, com sucesso. Estou à vontade porque isso nas minhas equipas não acontece, elas vêm sempre todas e praticamente não faltam, e quando faltam avisam quase sempre. E no geral, isso pouco acontece nas diferentes equipas, mas esta observação refere-se à vida do treinador e à falta de cultura desportiva que há. Não se vai pôr o voleibol à frente dos estudos, claro que não, mas faz parte da formação, ensiná-las a encaixar tudo no dia-a-dia delas, e esta é uma das funções dos treinadores e dos pais.
Aliás, vão de certeza surgir momentos em que irão pedir para faltar a um treino para estudar e claro que nós teremos que aceitar, mas o princípio deve ser, ensiná-las a gerir o tempo, e neste aspeto, a vida de atleta imputa muitos sacrifícios, entre eles por vezes abdicar de estar com os amigos numa festa ou num jantar porque tem jogo ou treino, mas a disciplina é isto mesmo.

Vamos ter alguns eventos de registar em breve?

Vamos realizar em finais de novembro ou inícios de dezembro, é uma ação de sensibilização numa das escolas do 1º ciclo do agrupamento Carolina Michaeles, dinamizando o voleibol, e onde muitos dos treinadores do clube estarão presentes, bem como atletas da equipa de juniores e seniores.

Agora mais a frio, como quer terminar sobre o Departamento?

Considero que o departamento está-se a encontrar, está a ficar arrumado, mas tem sido uma tarefa difícil, e temos tido a grande ajuda do professor José Machado.

Deixe-me terminar com um sloggan que habitualmente escreve no final de algumas linhas que escrevo às atletas…

ESTAMOS CÁ…
ESTAMOS JUNTOS….
CONTEM CONNOSCO…
CARREGA BOAVISTA…..

 Entrevista de
Manuel Pina