terça-feira, 10 de dezembro de 2013

RUI PEREIRA, FALA DO PASSADO, PRESENTE E FUTURO


Rui Pereira é sem dúvidas, um dos mais conceituados técnicos do nosso futsal. Axadrezado desde nascença, regressa uma vez mais ao Boavista e está a realizar uma época bem mais positiva que o esperado. Mas é nossa intenção falar um pouco sobre a paragem que o Rui experimentou nos últimos tempos. O porquê dessa paragem?

Já houve alguns períodos que estive fora da modalidade, cerca de uma época, época e meia, mas nunca foi por vontade pessoal. Esse afastamento temporário, ficou a dever-se a falta de convites por mim, como interessantes, ou de interesses de clubes.
Cheguei a pensar que o Rui Pereira, por razões familiares, teria decidido terminar com a carreira…
Não, aliás pelo contrário. A minha família, sempre fez parte deste projecto desportivo, é até uma razão de aproximação, nesse aspecto, as coisas estão organizadas para o futsal fazer parte da nossa vida conjunta. Os miúdos gostam de ver os jogos e de acompanhar a minha actividade desportiva, que nunca colidiu com a nossa vida familiar. É algo que está dentro dos nossos hábitos e relacionamento familiar. Como disse, foram dois períodos, algo longos, mas nada de anormal.


O Rui quase desapareceu do futsal, quase não era visto, daí a minha conclusão, que agora reconheço como precipitada.
É a minha postura pessoal, que quando não estou a treinar uma equipa, me afastar um pouco dos pavilhões e dos jogos ao vivo, para que a minha presença não seja mal interpretada e não sirva – de algum modo – como pressão sobre o meu colega que esteja a treinar o clube, ao qual eu estivesse a assistir ao jogo. É verdade que quando treino um clube, assisto a mais jogos que quando estou livre.
Quando treina assiste a muitos jogos?
Claro que sim, preciso de analisar adversário e de me aperceber de determinados pormenores, que só se verificam com uma presença física.

Vamos então ao regresso.  Sabendo que já se encontrava comprometido com outro clube, pergunto-lhe. Como surgiu o convite para o regresso ao Boavista e se o processo com o clube a que estava comprometido, foi pacífico?
Eu tinha um compromisso desde a época passada, assumido com o GD da Cohaemato. Fui convidado pelo presidente do clube e comecei desde logo a organizar a época, para trabalhar na Cohaemato. Comecei a organizar – e porque tinha muito tempo para o fazer – organizar o plantel, organizar… enfim tudo para entrarmos na época sem qualquer assunto em atraso. Organizei tudo debaixo das minhas características e da realidade da Cohaemato, naturalmente.
Mas então apareceu o Boavista. Como se dá essa aproximação, que aconteceu já na pré-época?
O Boavista, começou a sentir algumas dificuldades para conseguir a continuidade do treinador anterior, o Alberto Melo, que por motivos profissionais, pressentia-se, não poder vir a dar toda a atenção que uma equipa no primeiro escalão necessita. Notava-se, que o Berto ia ter problemas por motivos profissionais, para assegurar a presença em todos os treinos e penso, que essa situação levou a que me contactassem, apresentando-me um convite para regressar ao Boavista.

Como aconteceu todo o processo?
Depois de abordado por pessoas que considero amigas, com o Morais e o Rui Melo, ponderei e fui – como teria que o fazer sempre – conversar com o Presidente da Cohaemato. Explicar-lhes que o que estava em causa não era uma proposta financeira, felizmente (quando estava comprometido com a Cohaemato) tinha aparecido uma proposta financeira, que recusei, porque estava comprometido com o clube. Explicar-lhes que o que estava em causa era o Boavista, o meu clube do coração, o clube onde estive mais anos consecutivos como treinador, o clube que me liga a toda a família, pois todos somos – na minha família – boavisteiros. Eles entenderam e assim tudo se passou de forma civilizada e pacifica entre as partes interessadas.
  
Vamos entrar então no mundo do Boavista. Eu confesso e todo o país com a excelente temporada axadrezada. A si responsável, pela equipa. Surpreendo ou nem por isso?
Vamos ser rigorosos. Realmente a pontuação que o Boavista tem neste momento é uma surpresa, pela positiva. Nós não esperávamos que a época estivesse a correr tão bem como tem estado a correr, como até agora. O Boavista, quando me convidou, fê-lo para ficar à frente de dois clubes, que é como quem diz, evitar a descida de divisão. Sabíamos que podíamos fazer um pouco mais, se o plantel correspondesse, se as coisas corressem bem etc… mas o objectivo do clube era a manutenção.
Era?
A época tem-nos surpreendido pela positiva, mas ainda falta muito para se jogar.
Deixe-me acrescentar, que quando vi o calendário, o considerei muito problemático e pensei que só pela sexta jornada, conquistariam os primeiros pontos. Enganei-me. O que quero dizer sobre isso?
Sinceramente não me assustou e até considero que o calendário foi positivo, nesse aspecto.
Explique lá isso.
A equipa técnica entrou uma semana antes do início do campeonato e por isso uma semana antes do jogo com o Belenenses e aproveitamos as duas semanas seguintes. Semanas em que defrontávamos o Benfica e o Sporting, para realizar a nossa adaptação ao grupo, com os nossos métodos numa nova pré-temporada chamemos-lhe assim. Fomos impondo as nossas formas de estar, de trabalhar e sistemas de jogo. Nessas três semanas trabalhamos sem grandes pressões preparando o futuro. Por estas razões considero que o calendário foi de certo modo, positivo.
Desistiram dos jogos com os Lisboetas?
Nunca se desiste! Encaramos, foi esses dois jogos como jogos de pré-temporada, se acontecesse algo de bom… tudo bem. Mas nada melhor que trabalhar sem a pressão dos pontos e nesse aspecto, considero que o Benfica e Sporting são adversários, em que ninguém pode esperar ganhar pontos antecipadamente, sendo assim os melhores adversários que poderíamos ter nesse período.


Conhecendo os adeptos, como conhecemos, podemos dizer que agora atravessamos a fase da euforia, em que tudo é possível e tudo se exige. Já tive o prazer de trabalhar muitos anos consigo e sei que não partilha desse entusiasmo. Como lê a situação, quando apenas se realizou a primeira volta?
Nesta fase não jogamos com objectivos classificativos, neste momento continuamos a jogar para conquistar pontos, jogo a jogo, semana a semana, para amealhar o maior número de pontos. Nesta fase, continuamos a trabalhar para evitar a descida de divisão.

Nos anos anteriores, os números de trinta e dois pontos davam para entrar no play off. Tendo conquistado, já, vinte pontos, o Boavista está a doze de se entrar nessa fase final?
Quando estamos a jogar com o Braga ou com o Belenenses, jogamos para ganhar. Não estamos a pensar se aqueles pontos, vão servir para este ou aquele objectivo. Sinceramente, neste momento, o nosso objectivo é ficar na primeira divisão. Ainda fazemos as contas às diferenças de pontos entre nós e a primeira equipa que está na zona de descida. Enquanto essa distância não for impossível de ser invertida, nós lutamos para não descer de divisão.
Quando conseguirmos atingir uma margem pontual que nos garanta a manutenção então a partir daí iremos redefinir os nossos objectivos, para que a equipa se mantenha unida e ambiciosa.

O campeonato está um pouco anormal – na minha opinião – temos tubarões afundados… que de repente podem acordar e tudo se alterar. Concorda com esta minha visão?
Completamente. O campeonato está um pouco irregular, neste momento temos duas equipas na situação de descida com doze pontos e por isso apenas a oito do quinto lugar… quando se referiu a tubarões, estou a ler… Rio Ave, Modicus, Olivais. Eu digo-lhe que a pontuação dessas equipas não está traduzida em pontos e que a qualquer momento, essas equipas podem começar a subir na tabela. Nós estamos sempre à espera semana a semana, que essas equipas comessem a somar três/quatro vitórias consecutivas e saiam da posição em que se encontram. São equipas com ambições, com tradição e equipas com valores e  plantel capazes de alterar tudo num espaço curto de semanas. Eu estou á espera que isso aconteça, por isso, considero importante, todos os pontos que possamos conquistar agora. Veja, por exemplo, que o Modicus foi há duas épocas um dos primeiros classificados, foi á final da Taça, o Rio Ave foi o terceiro classificado do ano anterior, são clubes com historial no nosso futsal. A segunda volta pode vir a ser muito diferente da primeira.

A prova sofreu alteração. Terminou o play-out (ainda bem, digo eu. Já fomos vitimas dessa ingrata e injusta fase) agora descem dois directamente e quatro terminam a época mais cedo. Qual a sua análise a este quadro?
Eu considero uma  alteração positiva, porque as equipas que sobem do segundo escalão, praticamente descem. Mesmo com quatro descidas, esses lugares eram (quase sempre ocupados pelos quatro que subiam) algumas equipas foram excepções. Furou o ano passado o Cascais, furou há dois anos o Rio Ave e mais atrás furou o Modicus. As equipas que sobem apresentam um deficit competitivo, comparadas com as que já estão há alguns anos no escalão. Por estas razões considero, uma alteração positiva.
Mas na próxima época só subirão dois, um de cada zona. Isso não tirará interesse ao segundo escalão?
Não há, na segunda divisão mais que uma duas equipas com qualidade para jogarem na primeira divisão. As diferenças são abismais, normalmente a segunda classificada de cada série da segunda divisão, não apresenta condições para competir no primeiro escalão.

A modalidade em Portugal encontra-se em mudanças. Todos criticamos, mas nem todos apresentamos soluções. Com o é que o Rui Pereira vê a actualidade e o futuro do futsal em Portugal?
Fruto da crise que atravessamos e das dificuldades que existem actualmente, há dificuldade em conseguir patrocinadores em que todos os clubes tenham condições de manter os seu melhores jogadores, verificamos que alguns clubes, mesmo de meio da tabela, viram os seus jogadores saírem para jogarem em diversos campeonatos estrangeiros. Essa realidade equilibrou mais o campeonato, mesmo que por baixo, mas tem a vantagem de estar a permitir trabalhar mais com jogadores jovens na primeira divisão que noutros tempos não teriam oportunidades. Tudo somado, estamos a ter um campeonato mais equilibrado e mais competitivo. Há três/quatro equipas de um nível superior e todas as outras competem pelo título de não descer de divisão.

A crise também afecta o futsal?
Claramente. Os melhores jogadores nacionais saem mais facilmente e os clubes deixaram de ter grandes hipóteses de ir buscar ao Brasil jogadores com o valor como se fazia até aqui.
A base de progressão que deveria nascer na segunda divisão, não se nota na primeira?
As diferenças entre a segunda e a primeira divisão, são um abismo. Não na qualidade de jogadores que teriam sempre tempo de evolução, mas no ritmo de jogo, na intensidade do mesmo, dos parâmetros físicos entre os dois escalões. Nós na segunda divisão podemos com sete/oito jogadores de média qualidade fazer um bom campeonato, mas é impossível, na primeira, com um plantel curto somar muitos pontos. Estas são as condições que um clube promovido depara quando chega ou primeiro escalão.


No caso do Boavista, o plantel estava preparado para manter uma tranquilidade no primeiro escalão?
Considero que sim. Nós trabalhamos, com base, não na ideia de nos preparamos para os jogos com determinadas equipas, consideradas adversárias directas, preparando-nos para um pico de forma para determinados jogos, mas preparamos a equipa para crescer, mesmo sem saber se o conseguia num espaço de tempo útil, desconhecíamos se demoraria dois/quatro/seis meses, mas trabalhamos para a equipa poder jogar para vencer em todos os jogos e não só em alguns jogos e com alguns adversários. O plantel reagiu mais rápido que o esperado, e considero que está pronto para qualquer jogo.

Mas é um pouco adverso ver o Boavista a treinar das vinte e duas horas e meia até à meia-noite, com atletas trabalhadores e de depois jogar com equipas que realizam dois treinos diários em horário nobre, Concorda?
Isso faz de nós pessoas mais bem preparadas. Os jogadores treinam nesse horário que referiu, levantam-se cedíssimo para as suas actividades profissionais e portanto, isso é uma dificuldade acrescida, mas dentro dessas dificuldades a capacidade de superar essas mesmas dificuldades, vem mesmo do interior do grupo e da sua qualidade. Nos últimos jogos, temos verificado que estamos a atingir um determinado patamar, que há muito tempo desejávamos atingir e a verdade é que não se tem visto a diferença entre as equipas com melhores condições que as nossas. Por exemplo, o Braga deverá ter cerca de oitenta por cento de um plantel profissionalizado e o ritmo que o Boavista conseguiu impor, no jogo em que os dois clubes se defrontaram, não permitiu ver quem treinava duas vezes por dia ou duas vezes por semana.

O Rui Pereira não é treinador que defenda ser possível ter a equipa em picos de forma, preparando-se para fases?

Nós tivemos a felicidade que logo após o jogo com o Belenenses da primeira volta, ter o tal espaço competitivo sem grandes pressões, verificar que não estávamos preparados, não conhecíamos a equipa e aproveitamos esse tempo para nos adoptarmos ao plantel e ele ao nosso ritmo de trabalho. Aproveitamos esse quinze dias e depois já estávamos preparados para jogar com o Olivais já com o ritmo preparado para combater com uma equipa da categoria, experiência, intensidade e conhecimento de primeira divisão do Olivais.

Se me permite vestir o equipamento de treinador, eu analiso que o plantel do Boavista é constituído por três escalões. Um de veteranos activos, comandado por um enorme jogador de nome Ivan, depois por um grupo com alguma experiencia e finalmente por jovens à procura do seu espaço. Com este misto, como se constitui um plantel coeso?
Fez a imagem correcta do plantel. Nós quando chegamos ao Boavista definimos que tínhamos três grupos de jogadores - não vou utilizar nomes, mas podia, porque isto que vou tornar público já lhes disse a eles – um conjunto muito veteranos, com muita experiencia de primeira divisão, mas considerados (repito, considerados) demasiados veteranos, comandados por um grande exemplo de longevidade (Ivan) que há treze anos atrás fez parte da Selecção Portuguesa que conquistou o terceiro lugar no campeonato mundial. Ivan é um exemplo que a análise que possa ser feita às pessoas pelo seu bilhete de identidade pode ser completamente errada. Este grupo de veteranos, normalmente já não compete a nível de primeira divisão.
O segundo grupo de jogadores em evolução.
Esse grupo é composto por jogadores, que têm alguma experiencia de segunda divisão, onde jogaram o ano passado. Muitos vieram das equipas de formação. E outros que com alguma experiencia, que jogaram no Boavista na época de descida e atravessaram a época passada no regresso ao primeiro escalão. Juntando a estes, um conjunto de aquisições com experiencia na segunda e terceira, que nunca jogaram no primeiro escalão.
De tudo se fez uma boa equipa?
Conseguiu-se um plantel agradável. O Boavista não tem feito uma utilização com cinco/seis jogadores. Antes pelo contrário temos feito uma utilização bastante ampla, mais que duas equipas completas a jogar.

Desculpe, mas isso contraria de certo modo, a sua forma de utilização de um plantel, nos tempos anteriores. A que se deve essa alteração de mentalidade competitiva, por parte do Rui?
Antes de mais, foi a minha forma de me adaptar, eu próprio à evolução da modalidade. Hoje em dia o ritmo com que se joga na primeira divisão, é um ritmo completamente diferente, com que se jogava no passado. A intensidade é muito mais forte e por isso é mito difícil jogar toda uma época com base em cinco/seis jogadores. Para além disso e da alteração que tive que impor aos meus métodos para me manter actualizado e acompanhar a evolução da prova, que utilizei há duas épocas no Modicus e agora no Boavista. Para além disto, dizia, tive que ter em conta as características do plantel que tinha para trabalhar.

Como o define?
É um plantel bastante equilibrado, no qual tem havido poucas oscilações. Já tivemos diversos jogadores jogar de início, diversos jogadores a jogar mais de vinte minutos e não são sempre os mesmos. Quando um jogador vacila um pouco em termos de forma, logo encontramos m para preencher essa lacuna temporária. Deixe-me dizer-lhe que desde que cheguei ao Boavista, com grande alterações no plantel, o Boavista fez apenas três contratações e uma delas ainda nem sequer foi utilizada. Utilizamos muito do grupo que fez a ápoca anterior e pré-temporada com a equipa técnica anterior.
Então evoluíram mentalmente muito! Porque no ano passado, mesmo comandando a classificação se sentia, no grupo algum nervosos que eu próprio apelidei publicamente de exagerado. Houve assim tal evolução?
Não sei como estavam anteriormente. O que lhe sei dizer é que têm estado ao nível das exigências. Fizemos duas contratações, o Kukes eo Edivaldo e agora o Tiago Moreira, do segundo escalão. É verdade que no meio do processo regressou ao grupo o Ricardo Santos. Não houve, assim uma revolução muito grande e foi com base no grupo do ano passado que se alicerçou o grupo de trabalho. Houve mais saídas que entradas, mas estas foram muito direccionadas para os pontos considerados importantes.

Rui, todos os adeptos e atletas querem vencer (sempre) os jogos todos. A equipa técnica vai apontar para jogos considerados vitais, ou encarar todos os jogos por igual?
A nossa mentalidade, desde que aqui chegamos, foi definir com os atletas, que a nossa classificação não iria ser decidida no jogo “x” ou “y”. Embora, sabendo que o jogo com o Olivais, como o último jogo com o Belenenses, são jogos diferentes, porque são adversários directos e os pontos que eles ganham entram na contagem global que nos diz respeito. São jogos que quase valem seis pontos, pois são os pontos que nós ganhamos e os pontos que eles não somam. Apesar dessa visão, nós decidimos que não haveria jogos especiais, em todos os jogos podemos conquistar pontos. Essa é a nossa postura na competição. O jogo do Braga é o melhor exemplo disso. Se tivéssemos considerado que esse jogo não era do nosso campeonato, pela excelente época do Braga, não conseguiríamos vencer e tão categoricamente como o fizemos.
Mas falou no jogo com o Olivais, porquê?
É um jogo muito, muito importante. Se conseguirmos vencer lá, praticamente garantimos a manutenção e podemos começar a pensar de outra forma para outros objectivos. No caso de uma derrota nesse jogo, as coisas ficarão muito complicadas por mais uns tempos.

Mas antes disso há o jogo com o Benfica.
Sinceramente gostava que os adeptos do Boavista fossem ver esse jogo, porque podem ter uma agradável surpresa.

Concorda que o campeonato está um bocado esquisito?
Normalmente, uma equipa que estivesse no quinto lugar, como estamos, estaria tranquila. Teria já o décimo primeiro e décimo segundo a uma distância pontual para já estar tranquilo e preparar já, outro tipo de objectivos para a prova. O campeonato não está assim. Há duas jornadas atrás, a diferença entre o sexto e o décimo terceiro era de quatro pontos, portanto, com dois maus resultados seguidos e tudo se poderia alterar profundamente. Agora esticou um pouco mais, a nossa distância de quinto para a primeira equipa da posição de descida, é de oito pontos. Dois maus resultados levam para a fase de manutenção, dois resultados positivos trazem a equipa para o plau off.
Isso é uma mensagem para os seus jogadores?
Exactamente, exactamente! Para eles e para todos os interessados. Nada está ganho, estamos muito bem, mas com nada garantido. Olhe o jogo com o Belenenses, dá para tirar muitas ilações. O Boavista fez vinte e cinco minutos fantásticos, com toda a agente a pensar numa goleada e o jogo estava para isso, mas com a reacção do Belenenses o jogo terminou com um resultado banal.
O treinador teve que trabalhar nos últimos dez minutos, para garantir a vitória num jogo em que chegaram a ser muito superiores!
O treinador teve que trabalhar e deve servir como um exemplo. Se nós virmos este jogo como tem sido a nossa época. Se considerarmos que metade do campeonato e mais um jogo, foram os vinte e cinco minutos do jogo com o Beleneneses e o que nos falta são os últimos dez minutos desse mesmo jogo,  só há uma certeza…
Que é…?
Descemos de divisão! Vamos sofrer muito. O Boavista tem que manter os mesmos prossupostos que nos trouxeram até aqui e com a mesma atitude, podemos fazer uma época fantástica, se baixarmos, nem que seja um bocadinho, a guarda as coisas podem complicar-se profundamente e para isso, que aqui estamos para evitar essa situação.

Primeira volta com dezassete pontos, se conseguirmos uma segunda volta igual.. dá…
Dá play off! (interrompeu)
Mas com trinta e quatro pontos, pode não jogar com nenhum dos primeiros dois… (Rui deu uma gargalhada e rematou a conversa)
Deixe-me, terminar agradecendo o grande apoio dos adeptos do Boavista. Tem sido um apoio fantástico e mais que lhes agradecer, quero dizer-lhes que são imprescindíveis neste percurso e pedir-lhes para manter esse apoio em toda parte que nos falta. Em nome de todo o grupo de trabalho lhes agradeço.

Entrevista de




 Manuel Pina

quinta-feira, 4 de julho de 2013

PROFESSOR JOSÉ MACHADO, REGRESSA AO VOLEIBOL DO BOAVISTA

Quem conhece a história do voleibol axadrezado conhece o professor José Machado que venceu tudo o que havia para vencer no passado glorioso do Boavista FC na modalidade.
Com o início de um novo ciclo na modalidade, dentro do Bessa, José Machado regressa ao comando da nau axadrezada.
O Campeão que venceu mais de 95% dos títulos do Boavista

Marcamos uma entrevista para uma esplanada na foz, mas a nortada (ontem) enviou para o interior de um estabelecimento digno de ser visitado. Não foi só uma entrevista, porque a ela se seguiu uma preparação de toda uma época, já que fomos acompanhados do Vice-presidente, Eng. António Marques.

Vamos então conhecer José Machado.

Comecemos por ai, quem é o cidadão José Machado?
Sou professor de educação física na escola Carolina Michaeles. Tenho formação nas áreas de futebol e de voleibol, mas principalmente no voleibol. Estou na modalidade desde setenta e oito e tenho os cursos de primeiro, segundo e terceiro grau.

Antes de técnico, foi jogador de voleibol?
Fui atleta, mas um atleta de nível fraco, treinei e joguei no CDUP e Fluvial, portanto nunca me considerei um atleta de tope.
Modéstia?
Não, rigor de técnico.

O professor tem uma passado riquíssimo, já verifiquei que quer evitar falar dele –mas vai regressar à casa em que tudo venceu e vou “obriga-lo” a recordar esses tempos. Ora conte lá, um pouco dessas conquistas.
Grosso modo, sublinho… conquistamos! Nada se conquista individualmente. Conquistamos uma série de Campeonatos Nacionais da primeira divisão, Taças de Portugal, Supertaças. A nível internacional estivemos em várias competições onde chegamos aos  quartos-de-final da Taça Confederação Europeia de Voleibol – comparado actualmente a uma Liga dos Campeões – e na Taça da Confederação, também chegamos, por duas vezes, aos quartos de final. Penso que temos um assado rico, não lhe vou enumerar quantos títulos porque não os sei de cor… cinco ou seis Taças de Portugal, supertaças, umas poucas e fomos também os campeões do segundo lugar. (risos).
Porque diz isso?
Porque temos dez ou onze segundos lugares, numa situação em que haviam equipas que tinham um poderio superior ao nossos, tendo seis/sete estrangeiras. Nós discutíamos sempre até à última mas haviam depois pequenas coisas que… bem que nos colocava no segundo lugar. Diz-se que o segundo é o primeiro dos últimos mas também fomos dez ou onze vezes segundo.
Conversando com o Vice_presidente

O professor continua à defesa, mas eu sou atacante. Sei que foi Seleccionador Nacional, Verdade?
Sim fui seleccionador Nacional de Juniores, onde acabamos em terceiro numa poule de seis.
Excelente resultado do voleibol a nível internacional…
Sim, creio que sim. Fui também Seleccionador de seniores, durante umas quatro épocas, mas não me peça datas que eu não quero errar.
Vamos lá para universos da pantera.

O Regresso
Diga-nos o que é que consegue tirar do sossego de um sofá, uma homem que já venceu – por diversas vezes – tudo. O Engenheiro António Marques, o amor ao clube, ou o bichinho do Volei?
É tudo junto. Primeiro, a pessoa que me faz o convite que foi o eng. Marques a quem eu seria incapaz de dizer não! O clube que em si que me diz muito e depois, claro, o bichinho da competição. Ainda penso que tenho capacidade para fazer coisas engraçadas e por isso, estou aqui para tentar ajudar.

Traz consigo algum adjunto para formara a equipa técnica?
Trago um homem que é mais que um adjunto, trago o  Nuno Costa, que já trabalhou comigo no Boavista e volta comigo e vou contar com a colaboração de uma treinadora que é a Sara Gomes.

O trabalho do professor vai ser restrito à equipa sénior, ou também se estenderá um pouco à formação?
Primeiro de tudo, nós precisamos de nos organizar, para ir de encontro aquilo que são os objectivos do Boavista, que são nas diversas modalidades, estar no primeiro nível competitivo. Vamos fazer um apanhado do que há, eu conheço pouco ou nada da actual situação, passaram já sete ou oito anos que eu saí do Clube e por isso estou um pouco desfasado do momento actual e da realidade. Depois de ter conhecimentos, vamos em conjunto com os outros treinadores definir uma estrutura que consiga abarcar a parte formativa da formação e a parte competitiva.

Mas tem alguma ideia preconcebida sobre o assunto?
É nossa ideia, pegar já em alguns valores emergentes e poder ter um período de tempo para durante a semana poderem trabalhar em conjunto, mas ainda é muito cedo para falar sobre isso.
Pensando a resposta diplomática

O Boavista
Como está o plantel, formado ou em construção?
Estamos ainda a construi-lo, digamos que nesses aspecto o conhecimento que eu tenho é muito pouco. Do anterior plantel, houve atletas nucleares que saíram, como seja a central a Catarina Liz e a distribuidora, a Mafalda. Vamos ver se conseguimos colmatar essas baixas e mais alguma que ainda venha a acontecer. Essa é a  nossa grande interrogação, embora ainda seja cedo, é o primeiro problema a resolver.

Uma situação muito diferente do passado, tem a noção disso?
Absolutamente. Eu no passado tinha todo o conhecimento, porque a equipa do Boavista apareceu de uma forma sustentada, da formação da escola Carolina Michaeles e depois foi só desenvolve-la. Portanto, não tendo, neste momento essa base sustentada, temos que a criar e iremos cria-la aos poucos.

Não é trabalho para um ano…
Não. Isto é um trabalho para implementar durante um período superior e construir um conjunto de regras que nos possa. Ao fim de alguns anos, voltar a sonhar com os primeiros lugares.
Mas a realidade actual… (interrompeu-nos)
São completamente adversas e diferentes, eu sei disso!

Quais os objectivos desportivos?
Primeiro organizar uma equipa, torna-la competitiva, torna-la solidária e depois, os nossos objectivos serão jogo a jogo. Se pudermos ir tão longe, que nos permita sonhar nós vamos. Se não der para sonhar, há que criar os alicerces para no futuro o conseguirmos, juntando gente jovem ao grupo e acreditando que se não neste ano há-de ser no outro e acabar lá em cima.

O clube irá regressar no futebol ao escalão máximo. Pode ser em 2015 quase o regresso do grande Boavista isso pode coincidir com o renascimento (permita-me o termo) do voleibol.
Espero que sim, para alegria de todos.

Quantos treinos quer realizar por semana?
Eu precisava de treinar todos os dias, mas sei que é utópico, vamos ver se com três ou quatro sessões semanais conseguimos cumprir os nossos objectivos.
Trocando ideias com o Vice
Se puder escolher qual o pavilhão em que prefere jogar?
O Fontes pereira de Melo, é o pavilhão dos Boavisteiros! Depois que deixamos de ter pavilhão este é o nosso pavilhão, portanto, quero jogar nele, queremos estar junto aos adeptos e junto ao coração do Clube. Em termos de espaço para jogo é claramente superior ao Pêro. Nesse aspecto, conto com o trabalho do director Artur Nunes e com o engenheiro Marques.

Já conhece o novo director?
Sim, falamos regularmente os dois e estamos a trabalhar em sintonia.

O Voleibol
Como vê o voleibol feminino nacional?
Sou um pouco suspeito para falar disso, eu continuo a pensar, que ou se trabalha mal a formação ou a formação é muito mal aproveitada. Quando vejo na primeira divisão feminina jogadoras com quarenta e seis e quarenta e sete anos a jogar… alguma coisa não vai bem. Sinto que a formação no nosso país não tem sido rentabilizada, eu deixei o voleibol de primeiro nível à cerca  de oito anos, continuo a ver quase as mesmas jogadoras nas selecções nacionais, algumas delas que ajudei a formar como atletas e sinto que, a nível de atletas de valor, não aparecem com a quantidade que seria de desejar. Nesse aspecto, o nosso voleibol não tem evoluído.Os campeonatos nacionais estão mais pobres, menos competitivos, limitam-se a uma duas equipas, ainda há cinco seis anos era uma campeonato com quatro equipas a lutar com objectivos agora limita-se a duas equipas.
Soluções?
Fazer alguma coisa para inverter este estado de coisas, e para isso, é apostar na formação.
Não passa muito pela coragem dos treinadores para lançar essas jovens?
Obviamente, temos que apostar na formação e lançar jovens, mas para isso, temos que formar bem.

Os quadros competitivos, esta época serão alterados?
Não. A segunda divisão será disputada da mesma forma da época passada. Em três fases.

Não considera que seria mais competitivo se as houvesse apenas uma serie a norte e outra a sul, em vez de duas em cada zona que obriga a uma repetição de jogos?
O ideal seria criar uma zona norte com oito equipas e outra igual a sul, mas talvez se prejudicasse tudo pela falta de competitividade no decorrer do campeonato. Desta forma, a prova tem três fases e acaba mais equilibrada, mas o ideal seria uma série.

Que treinador vão descobrir as jogadoras do Boavista que eu conheço pela solidariedade e garra que poem no jogo. O Pardalejo era extrovertido, exigente  e amigo. E o José Machado?
Também sou extrovertido, também sou ambicioso, também sou impulsivo e amigo, portanto, não vai mudar muito do que elas tinham e estavam habituadas. No entanto, eu como conheço mal a realidade, tenho que primeiro entrar nela para depois puder opinar. Mas espero que a gente tenha guerreiras e solidárias. O voleibol é uma modalidade que exige muito do grupo, as individualidades só por si, não resolve nada. Espero que estejam dispostas a trabalhar, para atingirmos o que desejamos que é o primeiro lugar.

Entrevista 


de Manuel Pina



quarta-feira, 1 de maio de 2013

ENTREVISTA COM O VICE-PRESIDENTE DAS AMADORAS , ENG. ANTÓNIO MARQUES


Passados três meses após a tomada de posse desta Direcção está na hora de fazermos um primeiro balanço. Antes de nos debruçarmos sobre as Modalidades Amadoras vamos falar um pouco de outras questões importantes.

 Como viu a recandidatura do  Dr. João Loureiro á Presidência do Clube? 
Enquanto adepto incondicional do Boavista recebi, com agrado a notícia da sua candidatura a Presidente da Direção. Já era minha convicção (e continua a ser) que se trata da melhor solução possível para que a recuperação do Boavista F.C. possa vir, de facto, a acontecer. Apesar de tudo o que foi dito ao longo dos últimos anos relativamente á sua gestão enquanto Presidente do Clube entre 1997 e 2007, a minha opinião foi sempre a mesma: cometeu erros como todos cometem (isso só não acontece a quem nada faz, nem tenta fazer), mas o saldo final foi claramente positivo (sendo uma realidade, que o Boavista F.C. se começa a impor como um dos principais Clubes nacionais em várias Modalidades, particularmente no futebol profissional, na gestão do major Valentim Loureiro, os seus maiores sucessos desportivos aconteceram no periodo da presidência do Dr.João Loureiro).
Acrescento ainda que relativamente á construção do Estádio do Bessa Sec. XXI, se tivessemos sido tratados pelas autoridades competentes em plano de igualdade com os outros Clubes nacionais com estádios próprios, a situação financeira do Boavista F.C. seria completamente diferente da atual realidade.

Como Boavisteiro queria que fizesse uma análise pessoal ao momento que o Boavista  atravessa. (Revitalização e possível regresso á 1ª Liga no futebol profissional). Concorda que é um momento crucial na vida do Boavista? Que resultados, espera destes pontos?
No que diz respeito ao programa em curso no Clube (PER – Plano Especial de Revitalização) é prematuro tecer qualquer tipo de comentário. Naturalmente que se trata de um momento crucial da vida do Boavista F.C. e acredito que com a capacidade e o empenhamento dos Elementos directivos directamente envolvidos nesta questão (Presidente e Presidente-Adjunto) o vamos ultrapassar positivamente.
Na questão do “Boavista F.C., Futebol SAD” e o anunciado regresso ao principal campeonato português, estando todos os processos judiciais cíveis e desportivos resolvidos a nosso favor, aguardo com natural ansiedade que todas as Entidades envolvidas estejam á altura das suas responsabilidades de forma a que este regresso, de facto, se concretize.

Foi em tempos passados o Vice-Presidente das Amadoras (no mandato do actual presidente). Posteriormente recusou fazer parte de listas para o mesmo cargo e agora regressou. Que (ou quem ) o fez mudar de ideias?
Não está correto. Durante a Presidência do Dr. João Loureiro fui sempre Diretor-Ajunto do Vice-Presidente das Actividades Amadoras, Eng. Paulo Garcez. De facto, viria a exercer esta função durante os oito meses da gestão do Eng. Joaquim Teixeira e durante cerca de um ano na primeira direção de Álvaro Braga. É público que, posteriormente, não aceitei continuar na Direção, por razões que também na altura própria foram devidamente explicadas.
Em relação ao meu regresso nesta altura, ele deveu-se fundamentalmente aos seguintes factos:

- Ter sido convidado directamente pelo Presidente
- Considerar ter conhecimentos e capacidades para o exercer
- Á minha condição de adepto incondicional do Boavista F.C.
- Acreditar na capacidade e no empenhamento do Presidente, condições que considero fundamentais para ultrapassar este momento dificil da vida do Clube.

Quantos anos, esteve ausente do cargo de Vice-Presidente das Amadoras? E que diferenças encontrou na gestão do sector?
Saí em Junho de 2009 da Direção do Clube (entrei para os Orgãos Sociais em Fevereiro de 1991 onde exerci até Outubro de 2007 a função de Diretor-Adjunto do Vice-Presidente das Atividades Amadoras, Eng. Paulo Garcez. De Outubro de 2007 até Junho de 2009 passei a exercer a função de Vice-Presidente).
Naturalmente que são muitas as diferenças que agora existem relativamente ao período de maior fulgor do Clube (até 2003) e também são relevantes em comparação ao momento da minha saída da direção (Junho de 2009). Não tenho a mínima dúvida do forte empenhamento dos Responsáveis directivos que me sucederam (José Chalupa e Prof.José Santos), mas as precárias condições existentes no Clube que desde 2003 até á data se agravaram, contribuiu decisivamente para essa situação.

Para que se possa ter uma ideia do que tem vindo a acontecer nas Modalidades Amadoras desde que, por imperativos da construção do Estádio do Bessa Século XXI, foi demolido o Pavilhão Dr.Acácio Lello, o Ginásio de Alto Rendimento da Ginástica e todas as infraestruturas então existentes, passo a informar alguns dados referentes ao número de Atletas federados no Clube nos últimos tempos:
            - em 2003 as Modalidades Amadoras tinham inscritas mais de 2.000 Atletas
            - em 2009 esse número baixou para cerca de 1.400 Atletas
            - Actualmente temos cerca de 900 Atletas
Obviamente, esta diminuição no número de Atletas inscritos deve-se fundamentalmente á degradação das condições de trabalho existentes provocadas pelo desaparecimento dos seus espaços nobres (pavilhão e ginásios) e também á forte crise financeira que se instalou no Clube e que impediu o seu natural desenvolvimento.

Aproveito ainda para realçar que, apesar de todas estas enormes contrariedades, o Boavista F.C. continua forte e respeitado nas suas várias Modalidades em actividade e tal só é possível pelo empenhamento e  dedicação fantástica de todos os Diretores, Seccionistas, Atletas, Pais, Adeptos e muitos outros Colaboradores que, por amor ao Clube e/ou ás Modalidades têm vindo a conseguir ultrapassar muitos dos obstáculos que vão aparecendo diariamente nos seus caminhos. E esta forte dedicação tem vindo a ter expressão plena nos excelentes resultados desportivos obtidos já nesta época e que é de elementar justiça realçar:
   -  A subida á 1ª Divisão Nacional da equipa sénior de Futsal, quando ainda faltam disputar 4 jogos !!!
  - Os excelentes resultados de todos os escalões de formação de Futsal com o destaque na atual participação nas Taças Nacionais dos escalões júniores e Juvenis após terem sido Vice-Campeões distritais.
  - A excelente carreira da equipa sénior de Voleibol que irá disputar nos próximos dias 26, 27 e 28 de abril a “final-four” para disputa do Título Nacional da 2ª Divisão Nacional e consequente possibilidade de subida á 1ª Divisão Nacional.
   - Bons resultados globais nos vários escalões etários de Andebol
   - Vários títulos nacionais e distritais individuais e Título Nacional coletivo em Boxe
  - Um Título Nacional individual em Ginástica Ritmica e vários lugares de “pódio” nesta modalidade
    - Um Título Nacional individual em Judo  
    - Excelentes resultados no Karaté
    - Excelentes resultados em Futebol Adaptado e Tiro Adaptado
    - A clara melhoria nos resultados da equipa sénior de Hóquei em Patins

Informamos ainda que, a muito curto prazo, iremos “arrancar” com o “Kickboxing” como uma nova Modalidade no Clube.

 Pode fazer um resumo, das principais iniciativas que tomou neste três meses?
A tomada de posse desta nova direção aconteceu no inicio do ano de 2013, ou seja praticamente a meio da actual época desportiva. Para além disso, como já referimos, o Clube no final do ano transato aderiu ao “Plano especial de Revitalização” (PER), o que implica um esforço enorme no sentido de conseguir demonstrar que é possível concretizar um plano de recuperação credível com acordo dos seus principais credores.

Nesse sentido, a nossa principal preocupação nestes primeiros tempos tem sido sensibilizar todos os Diretores e demais Elementos envolvidos nas Modalidades Amadoras do Clube no sentido de conseguir a maior ““autonomização” financeira possível para assegurar o seu normal funcionamento. Naturalmente que com as dificuldades logísticas do Clube e com a necessidade permanente de recurso a aluguer de espaços para treinos e competições em várias das nossas Modalidades, tivemos de “inventar” de imediato soluções para angariação de receitas que permitissem fazer face a esses custos sem necessidade de recurso á tesouraria central do Clube. Assim tomamos algumas iniciativas, entre as quais destacamos:
 - Planificamos e quantificamos as várias possibilidades de “sponsorização” de todas as Modalidades e respetivos escalões etários.
  -  Lançamos  um grande sorteio com extração no S.João.
         - Reunimos com a Associação dos Amigos do Boavista e solicitamos o seu apoio.
 - Criamos um novo espaço (ginásio) para aumentar a nossa “oferta” (em particular com novas aulas de “Yoga” e “Pilates”)
 - Realizamos através do Departamento de Ginástica um “Sarau” no Carnaval
 - Acordamos com a “Porto Lazer” uma nova “parceria” que nos irá “ajudar” no futuro na redução de alguns valores necessários para os alugueres de pavilhões
 - Acordamos com a “Associação de Voleibol do Porto” a realização do Torneio “Gira Volei” no nosso Estádio (9 e 10 de junho), permitindo-nos reduzir os valores das inscrições da nossa equipa de Voleibol na próxima época desportiva.
- Planificamos um novo grande Sarau que se irá realizar no dia 5 de Maio no Pavilhão dos Congressos de Matosinhos.


Pode tornar publico quais os valores que são necessários para os treinos e jogos das Modalidades Amadoras?
Os treinos e jogos da equipa sénior de Futsal são realizados no Pavilhão “Infante Sagres” através de uma negociação directa feita com este Clube pela direção do Departamento de Futsal no inicio da corrente época.
Temos também um “protocolo” com as Escolas “Maria Lamas” e “Clara de Resende” que nos permite algumas horas de treino semanais de Andebol e Voleibol.
Para além dos casos acima expostos, as nossas Modalidades de pavilhão têm necessidade de recorrer para treinos e jogos aos Pavilhões da “Porto Lazer” e podemos referir que o valor médio mensal necessário varia entre os 3.500€ e os 4.000€ (depende muito do número de jogos que disputamos em nossa “casa” e do número de dias úteis mensais), ou seja, o valor/época que necessitamos para aluguer dos pavilhões necessários aos nossos jogos e treinos das várias Modalidades aproxima-se dos 50.000€ .
Naturalmente que existem muitos outros custos envolvidos nas Modalidades (inscrições, policiamento, deslocações, taxas de arbitragem, ...)

Com as medidas tomadas, estão assegurados os pagamentos até ao final da época?
Tendo como dado adquirido que o sorteio em curso corresponderá ás nossas expectativas e que o próximo “sarau de ginástica” será um sucesso, consideramos que a época em curso será práticamente assegurada sem grande “turbulência”. Queremos, no entanto referir e realçar, que para esta nossa convicção  muito contribuiu a excelente cooperação da “Associação de Amigos” que muito nos tem ajudado em várias necessidades, muito em particular nos custos mensais com os alugueres de pavilhões. Queremos de forma sincera agradecer públicamente á sua Direção todo o apoio prestado e dizer também que, enquanto Vice-Presidente e principalmente enquanto Adepto do Clube, lamento profundamente a atuação da anterior Direção do Clube quando, de forma absolutamente incompreensível, lhes retirou o espaço ocupado pela sua Sede. Como temos conhecimento que esta situação já foi abordada pela sua Direção em reunião com o Presidente do Clube, Dr.João Loureiro, estamos totalmente convencidos que esse problema irá ser muito em breve resolvido.
Sobre esta questão queremos também referir que, no passado, se dizia existirem Diretores do Clube que “não gostavam” e até “hostilizavam” a “Associação de Amigos”. Conhecendo os Elementos que constituíam e ainda se mantêm na sua Direção e tendo a certeza da sua paixão pelo Clube e da vontade que manifestam em colaborar na procura de soluções que viabilizem a manutenção da sua actividade nobre (a sua actividade desportiva), não podemos acreditar que tal possa ter acontecido (ou então, estaríamos perante Diretores do Clube apenas interessados no seu protagonismo e muito pouco preocupados com a Instituição que deveriam defender). Todos temos de entender, que o Boavista F.C. precisa de união e da ajuda de todos os que realmente estão interessados no seu sucesso. Não temos a mínima dúvida das nobres intenções que presidiram á criação da Associação de Amigos e da sua grande importância para o Clube. O seu actual apoio é a melhor prova.     

Uma das medidas publicas que é do conhecimento geral, foi a passagem do Futebol Feminino par o sector do futebol e o regresso do Futsal ao sector das Amadoras. Quer explicar quais as razões que o levaram a tomar tais medidas?
Resultou basicamente de uma acordo que realizamos com o Vice-Presidente do Futebol de Formação, Ricardo Silva. Utilizando o Futebol Feminino e os vários escalões do futebol de formação os mesmos espaços de treino e jogo, a forma mais rápida e eficaz na gestão desta Modalidade seria a sua integração nessa Vice-Presidência. Esse facto foi entendido por ambas as partes e a transferência de responsabilidade foi imediata.
Relativamente ao Futsal, a sua passagem para a responsabilidade desta Vice-Presidência (só durante os 6 meses anteriores é que a situação foi diferente) foi motivada pelas mesmas razões que presidiram á passagem do Futebol Feminino para a responsabilidade do Futebol de Formação, ou seja, sendo os espaços de treino e jogos desta Modalidade comuns ao Voleibol e Andebol, não faria sentido outra solução.

Vamos partir com pensamento positivo e considerar que o Plano de Revitalização é concretizado e o Futebol Profissional regressa ao primeiro escalão do futebol nacional.  Esses factos terão, em sua opinião, alteração no desenvolvimento e futuro das Amadoras?
Naturalmente que esses dois factos que nomeou são fundamentais para o futuro de todo o universo Boavista.
Relativamente ao PER, temos fortes esperanças que tenha um desfecho positivo. No entanto, temos de ter a consciência plena que, mesmo após concretizado, vai continuar a exigir de todos um grande rigor e empenhamento para mantermos em actividade de forma saudável e com sucesso desportivo as nossas Modalidades.
No que se relaciona com o futebol profissional, julgamos que hoje é quase unânime no País que o Boavista tem de ser reposto no lugar de onde nunca deveria ter sido excluído e também, financeiramente, ser devidamente indemnizado pelos graves prejuízos que foi vítima. Esperamos que tal aconteça e, naturalmente, todo o Clube irá beneficiar desse regresso á normalidade.


A forma atual de sobrevivência das Amadoras está esgotada, ou podemos continuarcom esta “ginástica” de gestão mais quantas épocas?
Pelas razões que anteriormente tivemos oportunidade de referir, neste momento existem muitas incógnitas relativamente ao futuro do Clube, em particular nas condições que poderão vir a existir após a conclusão dos processos em curso. Como é normal, todos nós ambicionamos o melhor para as nossas Modalidades (condições de trabalho, equipamentos, acesso aos melhores Técnicos e Atletas, ...) de forma a podermos “conquistar” para o Clube os melhores resultados desportivos e uma grande notoriedade. O passado recente e o presente não têm permitido ter acesso a tudo o que ambicionamos. No entanto, também já demonstramos que o Clube pode contar connosco para “lutar” com todas as forças para aguentar esta dificil situação, porque também sentimos que o Clube tem futuro. Respondendo concretamente á pergunta que coloca, o presente do Clube é difícil  temos a plena consciência que vai continuar a ser difícil  mas não vamos capitular. Temos esperança que o futuro nos vai recompensar.

O que considera indispensável para a sobrevivência das modalidades no Boavista?
Acima de tudo a disponibilidade e motivação de todos aqueles que, apesar das contrariedades sentidas, continuam a trabalhar e a “lutar” diariamente em prol do Clube.
Naturalmente que a nossa ambição passa por recuperar as condições logísticas que já tivemos no passado (nomeadamente Pavilhão, Ginásio de competições) e que o Clube possa ter outras condições financeiras de “apoio” ás Modalidades que nos permitam também concretizar outros objectivos (no presente, todas as nossas energias são direcionadas na angariação de receitas que possam fazer face ás necessidades existentes). 

Entrevista de


Manuel Pina