Passados
três meses após a tomada de posse desta Direcção está na hora de fazermos um
primeiro balanço. Antes de nos debruçarmos sobre as Modalidades Amadoras vamos
falar um pouco de outras questões importantes.
Como viu a recandidatura do Dr. João Loureiro á Presidência do
Clube?
Enquanto
adepto incondicional do Boavista recebi, com agrado a notícia da sua
candidatura a Presidente da Direção. Já era minha convicção (e continua a ser)
que se trata da melhor solução possível para que a recuperação do Boavista F.C.
possa vir, de facto, a acontecer. Apesar de tudo o que foi dito ao longo dos
últimos anos relativamente á sua gestão enquanto Presidente do Clube entre 1997
e 2007, a minha opinião foi sempre a mesma: cometeu erros como todos cometem
(isso só não acontece a quem nada faz, nem tenta fazer), mas o saldo final foi
claramente positivo (sendo uma realidade, que o Boavista F.C. se começa a impor
como um dos principais Clubes nacionais em várias Modalidades, particularmente
no futebol profissional, na gestão do major Valentim Loureiro, os seus maiores
sucessos desportivos aconteceram no periodo da presidência do Dr.João
Loureiro).
Acrescento
ainda que relativamente á construção do Estádio do Bessa Sec. XXI, se
tivessemos sido tratados pelas autoridades competentes em plano de igualdade
com os outros Clubes nacionais com estádios próprios, a situação financeira do
Boavista F.C. seria completamente diferente da atual realidade.
Como
Boavisteiro queria que fizesse uma análise pessoal ao momento que o Boavista atravessa. (Revitalização e possível regresso
á 1ª Liga no futebol profissional). Concorda que é um momento crucial na vida
do Boavista? Que resultados, espera destes pontos?
No que diz
respeito ao programa em curso no Clube (PER – Plano Especial de Revitalização)
é prematuro tecer qualquer tipo de comentário. Naturalmente que se trata de um
momento crucial da vida do Boavista F.C. e acredito que com a capacidade e o
empenhamento dos Elementos directivos directamente envolvidos nesta questão
(Presidente e Presidente-Adjunto) o vamos ultrapassar positivamente.
Na questão
do “Boavista F.C., Futebol SAD” e o anunciado regresso ao principal campeonato
português, estando todos os processos judiciais cíveis e desportivos resolvidos
a nosso favor, aguardo com natural ansiedade que todas as Entidades envolvidas
estejam á altura das suas responsabilidades de forma a que este regresso, de
facto, se concretize.
Foi em
tempos passados o Vice-Presidente das Amadoras (no mandato do actual
presidente). Posteriormente recusou fazer parte de listas para o mesmo cargo e
agora regressou. Que (ou quem ) o fez mudar de ideias?
Não está
correto. Durante a Presidência do Dr. João Loureiro fui sempre Diretor-Ajunto
do Vice-Presidente das Actividades Amadoras, Eng. Paulo Garcez. De facto, viria
a exercer esta função durante os oito meses da gestão do Eng. Joaquim Teixeira
e durante cerca de um ano na primeira direção de Álvaro Braga. É público que,
posteriormente, não aceitei continuar na Direção, por razões que também na altura
própria foram devidamente explicadas.
Em relação
ao meu regresso nesta altura, ele deveu-se fundamentalmente aos seguintes
factos:
- Ter sido
convidado directamente pelo Presidente
- Considerar
ter conhecimentos e capacidades para o exercer
- Á minha condição
de adepto incondicional do Boavista F.C.
- Acreditar
na capacidade e no empenhamento do Presidente, condições que considero
fundamentais para ultrapassar este momento dificil da vida do Clube.
Quantos
anos, esteve ausente do cargo de Vice-Presidente das Amadoras? E que diferenças
encontrou na gestão do sector?
Saí em Junho
de 2009 da Direção do Clube (entrei para os Orgãos Sociais em Fevereiro de 1991
onde exerci até Outubro de 2007 a função de Diretor-Adjunto do Vice-Presidente
das Atividades Amadoras, Eng. Paulo Garcez. De Outubro de 2007 até Junho de
2009 passei a exercer a função de Vice-Presidente).
Naturalmente
que são muitas as diferenças que agora existem relativamente ao período de
maior fulgor do Clube (até 2003) e também são relevantes em comparação ao
momento da minha saída da direção (Junho de 2009). Não tenho a mínima dúvida do
forte empenhamento dos Responsáveis directivos que me sucederam (José Chalupa e
Prof.José Santos), mas as precárias condições existentes no Clube que desde 2003
até á data se agravaram, contribuiu decisivamente para essa situação.
Para que se
possa ter uma ideia do que tem vindo a acontecer nas Modalidades Amadoras desde
que, por imperativos da construção do Estádio do Bessa Século XXI, foi demolido
o Pavilhão Dr.Acácio Lello, o Ginásio de Alto Rendimento da Ginástica e todas
as infraestruturas então existentes, passo a informar alguns dados referentes
ao número de Atletas federados no Clube nos últimos tempos:
- em 2003 as Modalidades Amadoras
tinham inscritas mais de 2.000 Atletas
- em 2009 esse número baixou para
cerca de 1.400 Atletas
- Actualmente temos cerca de 900
Atletas
Obviamente,
esta diminuição no número de Atletas inscritos deve-se fundamentalmente á
degradação das condições de trabalho existentes provocadas pelo desaparecimento
dos seus espaços nobres (pavilhão e ginásios) e também á forte crise financeira
que se instalou no Clube e que impediu o seu natural desenvolvimento.
Aproveito
ainda para realçar que, apesar de todas estas enormes contrariedades, o
Boavista F.C. continua forte e respeitado nas suas várias Modalidades em
actividade e tal só é possível pelo empenhamento e dedicação fantástica de todos os Diretores,
Seccionistas, Atletas, Pais, Adeptos e muitos outros Colaboradores que, por
amor ao Clube e/ou ás Modalidades têm vindo a conseguir ultrapassar muitos dos
obstáculos que vão aparecendo diariamente nos seus caminhos. E esta forte
dedicação tem vindo a ter expressão plena nos excelentes resultados desportivos
obtidos já nesta época e que é de elementar justiça realçar:
- A
subida á 1ª Divisão Nacional da equipa sénior de Futsal, quando ainda faltam disputar
4 jogos !!!
- Os excelentes resultados de todos os
escalões de formação de Futsal com o destaque na atual participação nas Taças
Nacionais dos escalões júniores e Juvenis após terem sido Vice-Campeões
distritais.
- A excelente carreira da equipa sénior de
Voleibol que irá disputar nos próximos dias 26, 27 e 28 de abril a “final-four”
para disputa do Título Nacional da 2ª Divisão Nacional e consequente
possibilidade de subida á 1ª Divisão Nacional.
- Bons resultados globais nos vários
escalões etários de Andebol
- Vários títulos nacionais e distritais
individuais e Título Nacional coletivo em Boxe
- Um Título Nacional individual em Ginástica
Ritmica e vários lugares de “pódio” nesta modalidade
- Um Título Nacional individual em
Judo
- Excelentes resultados no Karaté
- Excelentes resultados em Futebol Adaptado
e Tiro Adaptado
- A clara melhoria nos resultados da equipa
sénior de Hóquei em Patins
Informamos
ainda que, a muito curto prazo, iremos “arrancar” com o “Kickboxing” como uma
nova Modalidade no Clube.
Pode fazer um resumo, das principais
iniciativas que tomou neste três meses?
A tomada de
posse desta nova direção aconteceu no inicio do ano de 2013, ou seja
praticamente a meio da actual época desportiva. Para além disso, como já
referimos, o Clube no final do ano transato aderiu ao “Plano especial de
Revitalização” (PER), o que implica um esforço enorme no sentido de conseguir
demonstrar que é possível concretizar um plano de recuperação credível com
acordo dos seus principais credores.
Nesse
sentido, a nossa principal preocupação nestes primeiros tempos tem sido
sensibilizar todos os Diretores e demais Elementos envolvidos nas Modalidades
Amadoras do Clube no sentido de conseguir a maior ““autonomização” financeira
possível para assegurar o seu normal funcionamento. Naturalmente que com as
dificuldades logísticas do Clube e com a necessidade permanente de recurso a
aluguer de espaços para treinos e competições em várias das nossas Modalidades,
tivemos de “inventar” de imediato soluções para angariação de receitas que
permitissem fazer face a esses custos sem necessidade de recurso á tesouraria
central do Clube. Assim tomamos algumas iniciativas, entre as quais destacamos:
- Planificamos e quantificamos as várias possibilidades
de “sponsorização” de todas as Modalidades e respetivos escalões etários.
-
Lançamos um grande sorteio com
extração no S.João.
- Reunimos com a Associação dos Amigos
do Boavista e solicitamos o seu apoio.
- Criamos um novo espaço (ginásio) para
aumentar a nossa “oferta” (em particular com novas aulas de “Yoga” e “Pilates”)
- Realizamos através do Departamento de
Ginástica um “Sarau” no Carnaval
- Acordamos com a “Porto Lazer” uma nova
“parceria” que nos irá “ajudar” no futuro na redução de alguns valores
necessários para os alugueres de pavilhões
- Acordamos com a “Associação de Voleibol do
Porto” a realização do Torneio “Gira Volei” no nosso Estádio (9 e 10 de junho),
permitindo-nos reduzir os valores das inscrições da nossa equipa de Voleibol na
próxima época desportiva.
-
Planificamos um novo grande Sarau que se irá realizar no dia 5 de Maio no
Pavilhão dos Congressos de Matosinhos.
Pode tornar
publico quais os valores que são necessários para os treinos e jogos das
Modalidades Amadoras?
Os treinos e
jogos da equipa sénior de Futsal são realizados no Pavilhão “Infante Sagres”
através de uma negociação directa feita com este Clube pela direção do
Departamento de Futsal no inicio da corrente época.
Temos também
um “protocolo” com as Escolas “Maria Lamas” e “Clara de Resende” que nos
permite algumas horas de treino semanais de Andebol e Voleibol.
Para além
dos casos acima expostos, as nossas Modalidades de pavilhão têm necessidade de
recorrer para treinos e jogos aos Pavilhões da “Porto Lazer” e podemos referir
que o valor médio mensal necessário varia entre os 3.500€ e os 4.000€ (depende
muito do número de jogos que disputamos em nossa “casa” e do número de dias
úteis mensais), ou seja, o valor/época que necessitamos para aluguer dos
pavilhões necessários aos nossos jogos e treinos das várias Modalidades
aproxima-se dos 50.000€ .
Naturalmente
que existem muitos outros custos envolvidos nas Modalidades (inscrições,
policiamento, deslocações, taxas de arbitragem, ...)
Com as
medidas tomadas, estão assegurados os pagamentos até ao final da época?
Tendo como
dado adquirido que o sorteio em curso corresponderá ás nossas expectativas e
que o próximo “sarau de ginástica” será um sucesso, consideramos que a época em
curso será práticamente assegurada sem grande “turbulência”. Queremos, no
entanto referir e realçar, que para esta nossa convicção muito contribuiu a excelente cooperação da
“Associação de Amigos” que muito nos tem ajudado em várias necessidades, muito
em particular nos custos mensais com os alugueres de pavilhões. Queremos de
forma sincera agradecer públicamente á sua Direção todo o apoio prestado e
dizer também que, enquanto Vice-Presidente e principalmente enquanto Adepto do
Clube, lamento profundamente a atuação da anterior Direção do Clube quando, de
forma absolutamente incompreensível, lhes retirou o espaço ocupado pela sua
Sede. Como temos conhecimento que esta situação já foi abordada pela sua
Direção em reunião com o Presidente do Clube, Dr.João Loureiro, estamos
totalmente convencidos que esse problema irá ser muito em breve resolvido.
Sobre esta
questão queremos também referir que, no passado, se dizia existirem Diretores
do Clube que “não gostavam” e até “hostilizavam” a “Associação de Amigos”.
Conhecendo os Elementos que constituíam e ainda se mantêm na sua Direção e
tendo a certeza da sua paixão pelo Clube e da vontade que manifestam em
colaborar na procura de soluções que viabilizem a manutenção da sua actividade
nobre (a sua actividade desportiva), não podemos acreditar que tal possa ter
acontecido (ou então, estaríamos perante Diretores do Clube apenas interessados
no seu protagonismo e muito pouco preocupados com a Instituição que deveriam
defender). Todos temos de entender, que o Boavista F.C. precisa de união e da
ajuda de todos os que realmente estão interessados no seu sucesso. Não temos a
mínima dúvida das nobres intenções que presidiram á criação da Associação de Amigos
e da sua grande importância para o Clube. O seu actual apoio é a melhor
prova.
Uma das
medidas publicas que é do conhecimento geral, foi a passagem do Futebol
Feminino par o sector do futebol e o regresso do Futsal ao sector das Amadoras.
Quer explicar quais as razões que o levaram a tomar tais medidas?
Resultou
basicamente de uma acordo que realizamos com o Vice-Presidente do Futebol de
Formação, Ricardo Silva. Utilizando o Futebol Feminino e os vários escalões do
futebol de formação os mesmos espaços de treino e jogo, a forma mais rápida e
eficaz na gestão desta Modalidade seria a sua integração nessa
Vice-Presidência. Esse facto foi entendido por ambas as partes e a
transferência de responsabilidade foi imediata.
Relativamente
ao Futsal, a sua passagem para a responsabilidade desta Vice-Presidência (só
durante os 6 meses anteriores é que a situação foi diferente) foi motivada
pelas mesmas razões que presidiram á passagem do Futebol Feminino para a
responsabilidade do Futebol de Formação, ou seja, sendo os espaços de treino e
jogos desta Modalidade comuns ao Voleibol e Andebol, não faria sentido outra
solução.
Vamos partir
com pensamento positivo e considerar que o Plano de Revitalização é
concretizado e o Futebol Profissional regressa ao primeiro escalão do futebol
nacional. Esses factos terão, em sua
opinião, alteração no desenvolvimento e futuro das Amadoras?
Naturalmente
que esses dois factos que nomeou são fundamentais para o futuro de todo o
universo Boavista.
Relativamente
ao PER, temos fortes esperanças que tenha um desfecho positivo. No entanto,
temos de ter a consciência plena que, mesmo após concretizado, vai continuar a
exigir de todos um grande rigor e empenhamento para mantermos em actividade de
forma saudável e com sucesso desportivo as nossas Modalidades.
No que se
relaciona com o futebol profissional, julgamos que hoje é quase unânime no País
que o Boavista tem de ser reposto no lugar de onde nunca deveria ter sido
excluído e também, financeiramente, ser devidamente indemnizado pelos graves
prejuízos que foi vítima. Esperamos que tal aconteça e, naturalmente, todo o
Clube irá beneficiar desse regresso á normalidade.
A forma
atual de sobrevivência das Amadoras está esgotada, ou podemos continuarcom esta
“ginástica” de gestão mais quantas épocas?
Pelas razões
que anteriormente tivemos oportunidade de referir, neste momento existem muitas
incógnitas relativamente ao futuro do Clube, em particular nas condições que
poderão vir a existir após a conclusão dos processos em curso. Como é normal,
todos nós ambicionamos o melhor para as nossas Modalidades (condições de
trabalho, equipamentos, acesso aos melhores Técnicos e Atletas, ...) de forma a
podermos “conquistar” para o Clube os melhores resultados desportivos e uma
grande notoriedade. O passado recente e o presente não têm permitido ter acesso
a tudo o que ambicionamos. No entanto, também já demonstramos que o Clube pode
contar connosco para “lutar” com todas as forças para aguentar esta dificil
situação, porque também sentimos que o Clube tem futuro. Respondendo
concretamente á pergunta que coloca, o presente do Clube é difícil temos a plena consciência que vai continuar a
ser difícil mas não vamos capitular.
Temos esperança que o futuro nos vai recompensar.
O que
considera indispensável para a sobrevivência das modalidades no Boavista?
Acima de
tudo a disponibilidade e motivação de todos aqueles que, apesar das
contrariedades sentidas, continuam a trabalhar e a “lutar” diariamente em prol
do Clube.
Naturalmente
que a nossa ambição passa por recuperar as condições logísticas que já tivemos
no passado (nomeadamente Pavilhão, Ginásio de competições) e que o Clube possa
ter outras condições financeiras de “apoio” ás Modalidades que nos permitam
também concretizar outros objectivos (no presente, todas as nossas energias são
direcionadas na angariação de receitas que possam fazer face ás necessidades
existentes).
Entrevista
de
Manuel Pina
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