quinta-feira, 28 de abril de 2016

RAQUEL SOFIA - FUTEBOLISTA COM PODER CRÍTICO

Raquel Sofia, tem treze anos e joga futebol, na equipa de sub-13. Aproveitando uma consulta médica, trocamos uma pequena conversa com a futebolista que confessou estar cheia de medo e não desejar falar…mas falou.

Que idade tens?
Treze anos.

Há quantos anos jogas futebol?

Este é o primeiro ano, por isso o Boavista é o meu primeiro clube.

Como nasceu o gosto pelo futebol?

Desde pequena que comecei a jogar com o meu irmão e meus primos e daí nasceu o meu gosto pelo futebol.

Em que escola estudas?

Estudo na escola Maria Lamas e frequento o sétimo ano.

Jogais num campeonato de equipas masculinas e a vossa é a única feminina. O que achas sobre esta situação?

Acho estranho. Quando a treinadora, a Nanda, nos disse que íamos jogar só contra rapazes, achei muito estranho.

Fisicamente eles, são mais fortes que vós, isso incomoda-vos?

Não, não incomoda nada.

Nesta fase, ainda não ganharam nenhum jogo. Qual a tua análise sobre isso?

Acho que temos que nos aplicar mais nos treinos e treinar mais. Estamos a jogar cada uma para si e temos que jogar mais em conjunto.

Qual a tua posição em campo?

Jogo a central ou defesa direita. Gosto de defender.

Para o futuro o que queres?

Quero continuar a jogar futebol e continuar no Boavista.

Pronto, acabou. Foi difícil?

Foi, sim senhor!

sábado, 23 de abril de 2016

FRANCISCA MOURA - UMA GINÁSTA DE PRIMEIRA

Francisca Moura, é uma das nossas jovens ginastas da classe de Ginástica Artística. Atleta de competição, conhecedora do seu potencial, mas reconhecendo que para chegar (ainda) mais alto, teria que ter começado dois/três anos antes.
Tímida e reservada, mas “senhora” das suas ideias.


Começo por te convidar a fazeres a tua apresentação pessoal. Quem é a Francisca Moura?

Tenho dezassete anos, frequento o décimo segundo ano, na Escola Clara de Resende.

Quando te iniciaste na prática de Ginástica?

Há cerca de dez anos, na modalidade que na altura, se chamava Ginástica Desportiva.

Porquê ginástica e não outra modalidade?

A verdade, é que me iniciei experimentando dança, mas como eu andava constantemente aos saltos e piruetas em casa, eu e os meus pais, decidimos apostar na ginástica. 
Vim para a “escola” do Boavista, de onde nunca saí e penso nunca sairei, enquanto for atleta.

És uma jovem a quem é reconhecido um valor alto. A que divisão pertences, e se, quando te iniciaste alguma vez pensavas atingir este nível?

Eu pertenço à primeira divisão nacional e para ser rigorosa e sincera, nunca pensei atingir o nível que tenho.

Vamos recuar no tempo. Conta-nos a história da Francisca.

Eu comecei numa turma que era menos avançada e não era de competição. Lá está, eu vinha para saltar e dar piruetas (sorriu)… depois fui repescada pela ex-treinadora do Boavista, Susana Benigno, para uma turma de segunda divisão, já de competição. A partir daí, evolui, passando níveis, até chegar onde estou no momento.

Como se passam esses níveis? São os professores que os propõem?

Os professores, analisam o nosso trabalho e vão propondo os exames de níveis. Por nossa vez, temos que nos propor a ultrapassar certos limites, para passar à fase seguinte e assim sucessivamente até podermos mudar de divisão.

Então, não basta ser bonita, ter um professor que goste de nós e já está?

Não. Nada disso! Temos que ir evoluindo e ultrapassar limites impostos.

Uma menina na primeira divisão nacional, que olha para trás, para a menina das piruetas. O que sente?

Sinto orgulho! Mas reconheço que se não fosse o Boavista e, só no Boavista, nunca teria atingido este nível.

Porque dizes, só no Boavista?

Se tivesse entrado noutro clube, com mais interesses e sem tempo para nos dedicarem tanta atenção, eu nunca deixaria de ser a menina das piruetas.
Aqui sempre houve e há, uma atenção muito grande sobre todas nós e de vez enquanto acontecem estas situações. Não duvido, que noutro clube, eu não teria tido esta evolução. Daí dizer que só aqui no Boavista.

Gosta mesmo muito da ginástica do Boavista, mesmo com algumas limitações que (ainda temos, mas estamos a superar)?

Gosto muito, mas muito mesmo. A nível de camaradagem, sei que não existe igual noutros clubes. A nível de instalações e condições de trabalhos, o Boavista, está em constante melhoria e temos condições boas para todas, mas noto que cada vez serão mais melhoradas. Gosto mesmo muito de pertencer a este grupo.

A nível de evolução. Apostas mais em novos desafios ou melhorar os que dominas?

Eu tenho que evoluir nas dificuldades dos exercícios que faço, mas tentando e apostando sempre na busca da perfeição.

Sem querer ferir suscetibilidades de ninguém, podemos afirmar que as condições de trabalho estão a melhorar, como referiste, mas também aconteceu, uma alteração nos treinos, em tempo de treino e exigência. Concordas e como analisas essas alterações?

Na realidade nós aumentamos a nossa carga horária de treino, e treinamos, quase, três horas e meia por dia, isto de segunda a sábado. Antes treinávamos, duas horas e meia por dia, quatro vezes por semana.
Foi-nos proposto este plano de treinos e nós decidimos arriscar.

Como consegue “sobreviver” uma jovem de dezassete anos, com tantos treinos e estudos?

Tem que se organizar muito bem o tempo de estudos e mesmo as saídas com os amigos tem que ser tudo bem organizado e estruturado de forma a conseguir alcançar, os objectivos a que nos propusemos, quer no aspecto Académico, quer no da ginástica. 
Quando se gosta de algo, tudo é sempre conciliável e possível.

Falemos de títulos. O que venceste?
Fui, Campeã Nacional de segunda divisão, há cerca de quatro anos. Na segunda divisão conquistei alguns títulos. Agora na primeira divisão, no ano passado, tive o terceiro lugar na trave e fui Vice-Campeã de cavalo.

Sonhas com a seleção Nacional?

Existe uma seleção nacional que vai competir ao estrangeiro e que tem um nível muito elevado, ao qual é difícil eu chegar. Para o conseguir teria que me ter iniciado pelos meus seis anos. Teria que treinar duas vezes por dia. É um nível exigido, quase a raiar o profissionalismo.

Isso é impossível no Boavista?

Não serei a pessoa indicada para essa resposta. Mas pelo que vejo e olhando para as nossas mais pequeninas, sinto que se está a iniciar no Boavista um projecto que as pode levar, no futuro, até lá.

Como é a cidadã Francisca, nos estudos?

Aplicada, porque nos tempos que estamos tem mesmo que ser, para quem pensa no futuro pessoal. Queria ir para Ciências da Comunicação.

Até onde vais na ginástica que é uma modalidade que após os vinte anos, passam a ser veteranos?

A partir dos vinte anos, é mais difícil continuar a evoluir, isso é verdade, mas temos o exemplo do nosso Manuel Campos, que continuou muito para além disso e com excelentes resultados e soube que uma atleta com quarenta e um anos se classificou para os Jogos Olímpicos… por isso, havendo limites naturais… não há limites pessoais.

E tu, vais até onde?

Até onde o meu corpo me permitir, até onde me for possível conciliar tudo… até ao meu limite.

Entrevista de
Manuel Pina

quarta-feira, 20 de abril de 2016

PAULO MOREIRA - UM PUGILISTA DE FUTURO

aulo Moreira, é um pugilista de 27 anos, que pertence aos quadros do Boavista desde que se iniciou na modalidade.

Em que categoria praticas o Boxe?

Na categoria de 75 kg.

Há quantos anos praticas a modalidade?

Há cinco anos e sempre a representar o Boavista.

Quais os resultados ou títulos mais significativos?

Fui duas vezes campeão regional e esta época, fui Vice-campeão nacional.

Como se processou a entrada na modalidade?

Sempre pratiquei desporto e sempre gostei de modalidades de combate. Para além, de sempre ouvir dizer muito bem da escola do Boavista. Um dia, vim experimentar o Boxe. Confirmei o que dizia sobre o Boxe do Boavista e fiquei, na modalidade e no clube.

O que espera conseguir desta época e que objectivos, tem para o futuro no boxe?

Para a época espero ser campeão nacional. A curto prazo, vou estar presente a dois de Maio, em Tenerife num combate, representado o Boavista e a seleção nacional. Nesta prova, estarei acompanhado pelo Senhor Carlos Caldas e pelo meu colega Augusto Pinheiro que vai lutar em 81 kg. Vou dar o meu melhor e se possível vencer o meu combate.

Vai então representar a seleção nacional, pela primeira vez?

Efectivamente, é a primeira vez, o que me dá muito orgulho. Vou tentar honrar este convite.

Para o futuro. Continuar como amador, fazendo o Boxe como hobby ou algo mais?

Para já, continuar a trabalhar mais uns anos como amador, tentando mais umas vitórias e depois mais para lá… tentar a passagem para profissional.

Qual a sua intensidade e número de treinos por semana?

Treino todos os dias. Dificilmente, passo um dia sem treinar. De segunda a sexta, venho treinar ao Bessa, tentando conciliar o meu trabalho com o tempo de treino. Ao sábado e domingo, treino sozinho, faço umas corridas, preparação física e natação.

Uma das coisas que me surpreenderam é o tempo que os pugilistas dedicam à corrida. Porquê?

Porque, para resistir e estar bem, nos três assaltos, que compõem os combates de amadores, é preciso ter muita resistência, ter muito pulmão e ter muita força e agilidade nas pernas. Para estarmos bem fisicamente a corrida é um exercício muito completo.

Quantos quilómetros, faz em média por dia?

Nuns dias mais. Noutros menos. Mas em média corro doze quilómetros pro dia.

Para um pugilista amador, é necessário ter uma grande devoção. Concorda?

Se queremos e gostamos temos que nos dedicar e esforçar. Quando se gosta e se quer… tem que ser.

Cinco anos depois, como analisa a escola de boxe do Boavista?

É uma verdadeira família. Uma pessoa chega aqui e sente-se bem. Temos o professor Caldas, que nos trata bem, sendo quase um pai para nós, sempre a ensinar-nos os bons caminhos. Temos colegas de treino espectaculares, que nos fazem sentir em nossa casa e tudo isso, nos dá vontade de treinar.

Entrevista de 
Manuel Pina

domingo, 10 de abril de 2016

JOANA RIBEIRO - UMA ATLETA EXEMPLAR NA DEDICAÇÃO AO FUTEBOL

Joana Ribeiro, jogadora da equipa de promoção do Boavista, é a prova que a dedicação a uma modalidade, faz superar muitas vezes todos os obstáculos que se nos deparam. Leiam a entrevista e compreendam o que se consegue com a força de vontade.

Que idade tens e que fazes para além de jogar futebol?

Tenho dezoito anos e estudo na Escola secundária de Cinfães.

Cinfães? Como se pode estudar em Cinfães e jogar no Porto? Como geres a tua vida?

Quando venho para os treinos, por vezes, aproveito a boleia da Figo (Sandra Silva) que é minha professora e, como sabe, treinadora do Boavista. Quando não tenho boleia venho de autocarro, ou de comboio, depois das aulas.

Mas se os treinos são tardios, como regressas a Cinfães e onde pernoitas?

Tenho família aqui no Porto. Durmo na casa deles, levanto-me pelas cinco horas e vou apanhar o autocarro para Cinfães das seis da manhã. Chego a tempo do início das aulas cerca das oito da manhã e depois… repito.

Fazes isso, todos os dias?

Não. Como sou de Cinfães só treino duas vezes por semana no Porto.

Mesmo assim, é cansativo?
Bastante.

Porque optaste pelo futebol e não por outra modalidade?

Eu pratico várias modalidades no desporto escolar da minha escola e não consigo sentir em nenhuma delas o que sinto no futebol. É completamente diferente. Nenhuma me puxa tanto como o futebol.

Como foi e onde foi a tua formação de futebol?

Comecei, por volta de 2009/10, numa equipa de rapazes, onde era a única rapariga, na equipa da minha "terrinha", que é o Nespereira Futebol Clube, onde estive um ano. Depois quando eles mudaram para o escalão de Infantis, já não era permitido eu acompanhar e parei de jogar.


Estiveste parada, quanto tempo?

Oficialmente sim, cerca de dois anos, mas quando cheguei à escola secundária, iniciei-me a jogar futsal no desporto Escolar.~

Podemos dizer, que te iniciaste no Boavista em futebol de onze?

Comecei no Boavista mas ainda no futebol de sete e esta época, é que estou no futebol de onze. Estou no Boavista há três anos.

Que acontece quando uma jovem rapariga, chega junto aos pais e diz, eu vou jogar futebol?

Comigo nem foi difícil, porque o meu irmão e o meu pai, gostam muito de futebol, mas a minha mãe, ainda hoje, não percebe porque é que eu ando aqui, mas não me impede de continuar.

Como jogadora o que achas que deve ser feito para que o futebol feminino comece a ser disputado mais cedo e as raparigas, não precisem de andar em equipas mistas?

Avaliar o trabalho que a federação, faz ou vai fazer, ainda é para mim, difícil. Penso, que todos os clubes deveriam apostar na formação de miúdas mais jovens, como o Boavista faz, com o trabalho nas panterinhas. As escolas, poderiam apostar também no futebol exclusivamente feminino, sem ter preconceitos de continuar a considerar que o futebol é um jogo para homens.

Qual a equipa em que jogas?

Eu pertenço à equipa seniores “B” que disputa o campeonato de promoção.

Qual o teu lugar em campo?

Sou extrema ou direita ou esquerda.

Como te caracterizas como jogadora?

Sou uma jogadora que aposta no jogo táctito e conjunto da equipa. Gosto de colocar a bola no sítio certo. Tenho um bom domínio de bola. Não tenho muita velocidade e defendo quando a equipa precisa.

Objectivos da equipa. Ainda podem chegar ao primeiro lugar?

Na fase que estamos, acho que chegar a esse ponto já é muito complicado. Acho que estamos num bom lugar mas pela equipa que temos podíamos estar um pouco melhor.

Pessoalmente, aposta em chegar à equipa principal já no próximo ano?

Acho que ainda é cedo. Este é o meu primeiro ano de seniores, por isso, acho ainda cedo, mas não deixo de tentar fazer o melhor para conseguir esse objectivo o mais cedo possível.

O que dizem as pessoas na tua “terrinha” por seres jogadora do Boavista?

As pessoas quando me veem jogar a bola, comentam que eu sou oficialmente jogadora do Boavista. Os mais velhos também comentam…

E tu não sentes nada?

Claro que sinto. Ficou orgulhosa do emblema que jogo e pronto… fico com vaidade desses comentários.

Voltemos ao início. Como concilias, escola, viagens e futebol? O que resta para viver?

É um pouco complicado, principalmente pelo cansaço das viagens, mas depende tudo da vontade como nos dedicamos.

Neste momento, estás a realizar um estágio no Boavista. Como e porquê no Boavista?

Todos os anos tenho que fazer um estágio, este é já o terceiro ano. Juntei a escola e o Clube e tudo ficou mais fácil.