quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

EVARISTO RIBEIRO E JOSÉ MARTINGO, EM ENTREVISTA DUPLA

Como (já) é do conhecimento dos adeptos axadrezados, a equipa sénior do andebol sofreu uma alteração a nível de orientação técnica. Reunimos os dois treinadores, Evaristo Ribeiro e José Martingo, que formam a nova equipa técnica e realizamos uma entrevista conjunta.


Começamos pelo técnico principal, Evaristo Ribeiro. Como se processou o vosso ingresso no comando do Boavista?
Evaristo - Um dia de manhã fui contactado pelo meu amigo, José Martingo, que me perguntou o que pensava sobre assumir o comando do Boavista. A nossa relação de amizade e de trabalho já vem de uns anos a esta parte e se nos últimos seis anos, o José esteve sempre comigo e nunca me abandonou, quase senti a obrigação de lhe dizer que sim, dado que facilmente percebi que ele queria aceitar tão honroso convite.

Pelo que verifico, vocês para além de amigos formam uma equipa. Vamos começar por identificar primeiro o Evaristo. Quem é o Evaristo Ribeiro no andebol?
Evaristo - Para quem não me conhece devo dizer que ingressei no Andebol com dez anos de idade. Neste momento, tenho cinquenta o que equivale em dizer que tenho quarenta anos interruptos de andebol. A minha formação foi toda feita no FC Porto, depois saí uma época para a Sanjoanense. Estive, no ABC de Braga, com o técnico António Cunha, durante cinco épocas e regresso ao FC Porto.
Jogador de elite do nosso andebol?
De elite não. Era um atleta sempre disponível para trabalhar e bom colega de balneário, que ocupava um lugar de certo modo ingrato no campo.
Qual era a sua posição?
Era guarda-redes, numa altura em que apareceram vários jogadores internacionais com valor para esse lugar, eu fiquei um pouco na sombra, mas sempre a fazer o melhor que sabia em prol da equipa. Depois a partir dos meus vinte e três anos foi me dada a oportunidade para começar a treinar e daí até aqui, nunca mais parei.
Na condição de treinador, quais os clubes onde passou?
Passei por vários clubes, como por exemplo, Académico do Porto, Nuno Alvares, Leça, Gaia e Cal.
Sempre continuamente?
Sempre seguido, no momento, era minha intenção fazer um  pequeno interregno, porque  pensei dar um novo rumo à minha vida, mas o José e o Boavista “obrigaram-me” a mudar de ideias e vou continuar.

Vamos agora conhecer o José Martingo. Fale -nos do seu passado. Quem foi no mundo do andebol, o José Martingo?
Martingo - No passado e no presente! Porque ainda continuo por cá. Comecei cedo, com nove anos. Comecei e completei todas as etapas de formação até sénior no Salgueiros. Neste clube, fiquei até terem extinto a secção de andebol, entrei para o Académico, passei pelo S. Mamede, Santana e Sª da Hora onde encontrei o meu amigo Evaristo, que era o treinador e me convidou para ingressar no clube. A partir daí a nossa carreira é conjunta.
Já como treinador?
Não. Eu prolonguei muito a minha carreira de jogador. No Senhora da Hora, ainda estive quatro anos e depois acompanhei-o para o CAL, eu ainda como jogador e ele treinador. Terminei aí a carreira de jogador e passei para treinador com o Evaristo.

Falemos do Boavista. Neste projecto actual o clube aposta na permanência constante nos primeiros escalões. A equipa caiu um pouco a nível de resultados. Pergunto, chegaram a tempo de evitar sobressaltos ao deveriam chegar mais cedo? A manutenção será fácil ou difícil?
Martingo - Vamos por partes. Só passam os quatros primeiros para a luta pelo título e penso que deste modo, será muito difícil intrometermo-nos nessa hipótese, até admito que já não hipóteses.

Então falemos da manutenção neste escalão. Fácil?
Um clube com tal historial e nome como o Boavista, não pode ficar em modalidade alguma a jogar pela simples manutenção, tem sempre que jogar para lugares mais altos. Assim. Considero que devemos primeiro consolidar a posição na segunda divisão e depois apostar em voos mais altos como é ambição num clube de tal emblema.
Mas este ano é manter a equipa neste escalão. Pergunto ao Vilarinho, concorda comigo?
Vilarinho – O que nos  foi pedido quando tomamos conta da equipa, foi manter a equipa neste escalão, não vai ser fácil mas acho isso possível.
Não vai ser fácil?
Não, repito. Mas acredito ao ver que o grupo de trabalho tem qualidade e está unido nesse projecto. Estão a trabalhar muito bem. Eles querem ajuda para o seu trabalho e nós estamos aqui para dar essa ajuda e todos juntos iremos conseguir, com algumas dificuldades iremos conseguir atingir os nossos objectivos. O Boavista é um clube de massas de adeptos e garantido a continuidade do clube neste escalão, poderemos no futuro ambicionar mais que a permanência.

Acreditam que é possível colocar na próxima época o Boavista a lutar pelos primeiros lugares?
Vilarinho - Se mantivermos a grande maioria destes jogadores e colocarmos aqui mais três elementos do nível dos que já temos, mantendo igualmente as condições de trabalho, como temos feito, considero que o Boavista tem condições para lutar – repito – a lutar pelo apuramento para uma fase final.
Isso é importante?
Uma das coisas que eu desconhecia era que o Boavista tem muita formação, mesmo muita. Ora se tem uma equipa de Juniores a lutar pela subida ao escalão principal, com praticamente garantida a passagem à fase final. Temos todo interesse em termos a equipa júnior na primeira divisão nacional. Quando se forma com tanta qualidade, tem que forçosamente se apontar para que  os escalões  mais altos ao mais alto nível.

Mas será possível imaginar o Boavista na primeira divisão a lutar contra colossos com grandes orçamentos?
Martingo – Acho perfeitamente possível esse facto, senão vejamos. Os orçamentos actuais não têm nada a ver com os orçamentos de há uns anos atrás. Tirando os habituais candidatos ao título os orçamentos dos outros clubes, são muito reduzidos. Há muitos jogadores a jogar na primeira divisão sem receber qualquer valor. Numa filosofia parecida com essa o Boavista tem todas condições para jogar na primeira divisão. Terá que haver um novo investimento mas não muito diferente do actual para atingir este patamar.
Estão prontos a conseguir esse objectivo?
Martingo - Obviamente se estudarmos bem o projecto, podemos perfeitamente conseguir
Vilarinho – Sim desde que se trabalhe em profundidade, nós estamos consciente que é possível.

Vocês vêem substituir um amigo, numa situação sempre desagradável. Desejam enviar uma mensagem ao Eduardo Ferreira?
Evaristo – Eu fui apanhado de surpresa e penso que o José também. Em muitos anos de andebol é sempre possível que esta situação aconteca com qualquer treinador. Mais importante que as pessoas é o clube e as pessoas que o dirigem já tinham tomada a decisão e deixado em aberto o cargo. Eles é que dirigem o clube e acharam que era o momento para a mudança. Mas eu realço, que mais importante, que o treinador são os jogadores que têm que se manter unidos e a dar continuidade ao trabalho. Não sei o que correu mal e por mim, estou á vontade, porque lhe confesso, nunca tinha visto o Boavista a jogar, nem conhecia a sua vida interna.
Martingo – Nós fomos convidados pelo director da equipa, Fernando Oliveira, que tinha assumido interinamente a equipa. Quando fomos convidados havia um vazio no comando da equipa, não viemos substituir ninguém, porque nessa altura o nosso amigo Eduardo já não estava vá.

Quantos jogos faltam e qual a meta final?
Martingo – Nós temos uma meta pessoal que não divulgamos a ninguém, mas faltando nove jogos, sempre lhe digo que queremos conseguir a manutenção acima do meio da tabela.
Evaristo – Se analisarmos a tabela vemos que alguns clubes têm uma diferença significativa sobre nós, mas acho que é possível atingir a meta que idealizamos.

Vão lutar pela permanência e simultaneamente preparar a equipa para o ano, ou pensar apenas nesta época?
Martingo - Não sei se vai ser comigo, com o José ou com os dois ou ainda com outras pessoas, que se vai jogar para o ano. Mas vamos tentar mudar algumas coisas e que acho ser razoável conseguir mudar.

Muitas pessoas acusavam a equipa de jogar demasiado pelo pivot e centro. Essa estratégia vai ser alterada?
Evaristo - Essa é a filosofia do Eduardo, que não se pode questionar, mas nós pretendemos dar mais largura ao jogo e liberdade ao jogador para utilizar os flancos.

Martingo – Eu nunca vi o Boavista jogar, por isso não comento isso, mas sempre lhe posso dizer que neste momento, os golos que obtemos estão mais divididos por todos jogadores o que demonstra a nossa filosofia de jogo.

Entrevista de 
Manuel Pina

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