Terminado mais um jogo muito disputado, conversamos com o capitão de equipa de Bilhar, Diogo Pinto, que se debruçou sobre um pouco de tudo e terminou dando-nos uma lição de regras do Pool Português.
Há quanto tempo joga bilhar a nível competitivo?
Federado, comecei a jogar no ano dois mil, por isso, há catorze anos. No entanto, tenho que registar um interregno de dois em anos em que não me inscrevi por nenhum clube.
Esse gosto pelo jogo, começou por essa altura ou antes?
Muito antes e muito cedo. Comecei a jogar bilhar desde os meus catorze anos de idade. Primeiro jogava com amigos, depois participei em torneios e finalmente resolvi apostar na competição.
Influência de algum amigo ou por decisão pessoal?
Por acaso, foi o Seixas, que é também jogador do Boavista.
Este grupo foi a base dessa equipa?
Não. Foi um grupo muito diferente e por acaso, no grupo actual, somente o Senhor Augusto Magalhães fazia parte dessa minha primeira equipa.
Neste ano, decidiram ligar-se a um clube e escolheram o Boavista. O que acha pessoalmente deste projecto?
Considero um projecto muito aliciante. Eu adoro este jogo e esta modalidade, como os meus companheiros e foi uma honra para todos, conseguirmos oficializar a nossa ligação a clube tão prestigiado do qual todos gostamos.
Esta filiação permitiu a entrada em competições oficiais. Como competiam anteriormente?
Nós jogávamos numa Liga paralela – chamemos-lhe assim – organizada pela Federação, mas sem estarmos inscritos na Federação. Para tal, era necessário estar inscritos num clube oficial.
Será então este o primeiro ano a disputar o Campeonato nacional?
Não, porque todos estes jogadores já disputaram vários campeonatos e até da primeira divisão nacional, mas divididos por vários clubes. Temos inclusive nesta equipa um campeão nacional da primeira divisão, o Seixas, que terminou esta partida e garantiu a vitória do jogo. Eu, por exemplo, joguei vários anos no Académico do Porto, no Atlântico da Madalena, entre outros, jogando sempre na primeira divisão.
Assistimos pela primeira vez a um jogo. O que mais me chamou a atenção foi a concentração de todos, criando um ambiente de muito silêncio. Isso é importante?
Isso é fundamental. A concentração é necessária em todos os desportos mas no bilhar é fundamental, se perdermos a concentração, não é possível vencer.
Este variante, exige quase sempre um jogo de ataque, numa desta partidas assistiu-se a um jogo de esconder e defender. Um jogador com cinco bolas na mesa e o adversário jogando à negra, acabando por vencer de atacada, o atleta do Boavista, que tinha mais bolas. Tem que se jogar sempre ao ataque?
Depende muito das mesas em que se disputa a partida.
Não me diga que no bilhar o factor de jogar em casa conta?
Sim, conta e muito. Repare, nas nossas mesas a abertura dos buracos tem uma medida de oito centímetros, ou oito vírgula um. Existem mesas, onde temos que jogar, que têm uma abertura de oito virgula sete. Nessas mesas, às quais os adversários estão habituados, temos forçosamente que arriscar mais e atacar, porque não há hipóteses de se defender. Como pode ver as diferenças até são grandes. Por isso em casa podemos defender, mas nas outras mesas vamos para a partida.
Objectivos para a época?
Claramente subir de divisão. Colocado por mim, aceite por toda a equipa, é claramente, direi eu, obrigatoriamente a subida de divisão. Eu e o José Alberto que somos os iniciadores deste projecto, colocamos logo declaradamente esse objectivo. Todos os jogadores da nossa equipa, já jogaram na primeira divisão nacional, logo, o lugar do Boavista não é nesta divisão onde nos tivemos de inscrever.
Estão dentro das vossas espectativas?
Sim ocupamos o segundo lugar e subindo quatro, estamos no caminho certo.
Na segunda divisão os objectivos serão idênticos?
Conheço praticamente todos os jogadores que na zona norte jogam bilhar e embora seja uma tarefa mais complicada, posso adiantar que para o próximo ano o objectivo será o de subirmos à primeira divisão.
Vamos falar um pouco das regras, para os nossos adeptos se familiarizarem com o jogo. Se o Boavista tivesse perdido esta partida o jogo estaria empatado a oito. Que aconteceria para ditar o vencedor?
Nada. O jogo terminaria empatado. Nesta variante, o empate é possível a oito dividindo-se os pontos.
Registei que nenhuma bola saiu depois de embocada. Como se penaliza então um jogador?
Todas as bolas que entram, jamais saem. A excepção é a negra se entrar na tacada de saída. A penalização é fácil. Se tocou primeiro na bola adversária ou meteu a branca, perde a tacada e o adversário tem direita a ter a branca na mão e colocar no local que achar mais conveniente. Essa, será a vantagem de um e penalização de outro.
Reparei que não existiu árbitro como se decidem as dúvidas que aparecem?
Entre os dois jogadores em acção na mesa. Nenhum jogador fora da partida pode interferir e serão eles a chegar a uma conclusão.
Jogo de cavalheiros?
Tem que ser!
Mas deixe-me confundir. Eu sabendo que nenhuma bola sai, resolvo meter a minha com um toque na do adversário e perco a tacada mas meti a bola. O que pode acontecer?
Simplesmente perde a partida! Se isso acontecer por acidente, só perde a tacada, mas se o fizer intencionalmente… perde a partida!
Jogo de cavalheiros…
Tem que ser!
Também verifiquei que algumas vezes indicavam para qual o buraco que iam jogar. Porquê?
Em jogadas directas em que é óbvio que vai tentar jogar directo, não é necessário avisar para onde vai tentar embocar a bola, mas em jogadas de tabelas ou até travessia, o jogador tem que indicar para onde vai jogar.
Porque razão?
Para evitar que o jogador jogue à sorte e consiga o que chamamos um “Shouro”. Se embocar a bola noutro buraco que não o indicado, perde a tacada.
Regras apertadas…
Tem que ser pois se as bolas fossem recuperadas… com este jogadores uma partida duraria horas.. tem que ser mesmo um jogo de cavalheiros, mas nas fases mais adiantadas e na primeira divisão, há árbitros nos jogos.
Entrevista de
Manuel Pina
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