O Prof. Raúl Alves |
Como tínhamos prometido, aproveitamos o treino de ontem e enquanto as atletas treinavam encontramos o “Homem dos sete instrumentos” que alegra os jogos do Voleibol e partimos à descoberta deste adepto. Chamou-nos a atenção que não é grande dialogante, mas mostrou o contrário. Falou da filha, falou dos instrumentos e de muito mais acabando em tom critico…
A RAZÃO DA SUA ENTRADA NO MUNDO AXADREZADO
Qual o seu nome?
Raul Alves e sou pai da atleta Anita Alves.
Comecemos até pela Anita. Quando ingressou no Boavista?
Ela está cá desde Janeiro deste ano.
Qual o passado dela como desportista?
Ela sempre foi atleta no Ala de Gondomar. Esta época terminou a sua prestação n Ala porque eles não têm equipa sénior. Ela alertou-me para esse facto porque termina este ano o escalão de juniores.
Então é uma júnior no plantel sénior do Boavista?
Sim, como o Boavista não tem juniores a Anita foi incluída no escalão sénior.
Como se deu o seu ingresso no Boavista?
Como lhe ia dizendo… a Anita alertou-me que precisava de conseguir novo clube, porque desejava continuar a jogar Voleibol. Liguei para vários clubes, num desses telefonemas tive a sorte de no outro lado me atender a Dona Graziela, que me informou que tinham na equipa algumas jogadoras nessas condições, no caso a outra Anita e uma Juliana. A Dª Graziela convidou-a ir experimentar para ver se gostava do ambiente e assim aconteceu. Tendo por isso a Anita ingressado no Boavista.
Falemos agora do pai. No Domingo deu aí um show e entusiasmou o público, também sei que já o fez fora de casa. É hábito seu?
Eu faço isso em qualquer lado, mas na condição de me sentir bem! As coisas surgem no momento. Eu estou a ver o jogo e respondo com uma reacção ao próprio jogo. Isto acontece na sequência de vários reagentes, há ocasiões que as coisas se proporcionam para fazer coisas de forma diferente. Por isso a situação não depende de mim exclusivamente, depende de mim e do meio ambiente em que estou inserido.
Então não actua sempre da mesma forma?
Não! Há jogos que a equipa está bem e puxa por mim e há outros jogos que isso não acontece, por isso vocês não podem pensar “no dia tal vamos ter um jogo e vamos ter cá o Raul a dar espectáculo” não! Isso não é assim, comigo o ambiente conta sempre muito. Eu não sou nenhum animador, eu sou uma pessoa que vem ver o jogo e que vibra consoante o jogo.
Mas quando se envolve é o homem dos sete instrumentos?
Não, não sou! Se fosse o homem dos setes instrumentos estava no Rock in Rio. Sou uma pessoa com uma energia que Deus me deu quando me criou e o resultado é essa energia associada ao que elas fazem juntando ao ambiente. Todo este conjunto faz aparecer essa minha participação. Elas é que são as principais!
Mas quando apareceu com os seus instrumentos, como foi recebido pelas pessoas na bancada?
Eu com os instrumentos só apareci há pouco tempo, porque até aí animava o jogo com a minha voz, com palmas e com os pés. Os instrumentos começaram até fora de casa. Trouxe-os a primeira vez para o jogo com Pacense.
Em Paços de Ferreira?
Exactamente. Eu soube que o ambiente lá era difícil e soube daquela história do jogo anterior quando o Boavista lá foi jogar, para além disso, eu já conhecia o ambiente do Pacense porque o meu filho joga Hóquei e eu acompanho-o quando ele vai lá jogar.
Levei o meu saquinho com os instrumentos porque sabia que naquele ambiente era importante marcarmos presença e trouxe-os para aqui porque era o último jogo neste pavilhão e era um jogo muito importante.
Mas os instrumentos são mesmo sete?
Eu já lhe disse que não sou o homem dos sete instrumentos!
Eu sei, mas eles são ou não sete?
Eu trago vários porque é como tudo é preciso mudar. Primeiro porque uma pessoa não aguenta estar sempre a tocar o mesmo instrumento e também esse facto não é eficaz porque as pessoas habituam-se ao som e então é o “chamado” estar a tocar para o boneco. Quem mora perto de um aeroporto houve os aviões a passar, mas depois de um tempo passado deixa de os ouvir.
É preciso mudar, como diz o povo, Muda que Deus ajuda. É preciso mudar!
Nós temos que ter sempre uma solução ou um sapateado, ou umas palmas, uma pandeireta, umas maracas Marroquinas.
Qual a sua profissão?
Sou professor do primeiro ciclo na Escola da Belavista em Fanzeres.
E os miúdos conhecem o professor que têm?
Conhecem sim, mas é como lhe disse isto não é constante, as ocasiões é que proporcionam esta faceta.
Mas é um homem cheio de energia e alegria, isso é constante?
Graças a Deus tenho energia, tenho alegria e sou um homem optimista, considero que as pessoas conseguem fazer sempre mais… não há limites. Quando se gosta do que se faz consegue-se fazer sempre melhor!
O ADEPTO
Como adepto como vê este feito desta equipa?
É claro que só as conheço desde Janeiro e por isso não posso comparar com a época anterior mas já percebi que os objectivos a que se obrigaram no inicio deste campeonato já foram ultrapassados. O ano passado jogaram para se manter, este ano lutam para subir! Isto é um facto.
Vai ser difícil isso mas já fizeram muito…
As coisas são assim. Nós somos essencialmente constituídos por matéria, mas também somos formados pelo espírito, pela parte psicologicamente que é muito importante, mesmo fundamental e as emoções. O Pardalejo sabe lidar muito bem com as emoções, pelo que eu vejo, claro. Ele nos treinos e nos jogos sabe jogar muito bem com as emoções delas. Acho isso muito importante porque quem se ficar só pela parte técnica, não consegue chegar onde quer. Eu conheço pouco o desporto, mas sei o suficiente para ver que há grandes equipas na parte técnica que não consegue os seus objectivos e há equipas com menos valia mas muito forte emocionalmente que os atingem superando os mais fortes!
Eu não sei se isto acontece no Voleibol, mas no futebol que é mais mediático e no hóquei que acompanho, esse factor emocional transforma positivamente as equipas. Há equipas com grandes atletas que não fazem nada e há equipas com jogadores medianos que fazem uma grande prestação.
Eu não sei se isto acontece no Voleibol, mas no futebol que é mais mediático e no hóquei que acompanho, esse factor emocional transforma positivamente as equipas. Há equipas com grandes atletas que não fazem nada e há equipas com jogadores medianos que fazem uma grande prestação.
Você é um homem de emoções?
O que comanda o homem são as emoções. As nossas pernas andam e os nossos braços movimentam-se por causa das nossas emoções a nossa cabeça comanda o corpo. Se nós estivermos bem emocionalmente… fazemos bem. No caso oposto, podemos tocar muito bem na bola, mas emocionalmente estamos mal… fazemos mal!
O CRÍTICO
Vai estar presente na fase final?
Não sei! Tenho muito medo daquele pavilhão, tenho medo de fazer quase setecentos quilómetros e não conseguir entrar no pavilhão. Eu estive lá quando foi o jogo da Taça e com o Ala, aquilo não tem bancadas, aquilo é só o recinto de jogo… como se pode jogar ali uma fase final de Voleibol? Gostava de obter uma resposta sobre isto.
Não conheço…
Aquilo nem condições de segurança tem. Esta fase é para apurar o Campeão nacional A2 e a subida de divisão e certamente vai lá muita gente ver e o que pode acontecer é muitos nem conseguirem entrar e os que entrarem vão colocar-se em redor do campo junto às atletas, feitos sardinha em lata… não tem condições, não tem!
Mas a federação conhece o pavilhão e como marcou para lá?
Espanta-me essa marcação, aquilo só visto, porque quem não conhece não acredita. Se dissermos isto a alguém que os jogos de uma fase nacional tão importante se realizam nestas condições, tenho a certeza que ninguém acreditaria. Como é possível?
Realmente também não entendo…
Já nem falo desportivamente, porque considero uma autêntica estupidez que um clube que vai disputar a subida ou o título jogue em casa, com clara vantagem sobre os outros concorrentes. A Federação teria que realizar esta fase num campo neutro, num pavilhão digno onde o público pudesse entrar e com condições de segurança.
Nestas condições tenho muitas dúvidas se irei a Lisboa durante três dias perdendo um dia de trabalho e correr o risco de não conseguir entrar. Isto não é servir a modalidade, isto é servir alguém que tem conhecimentos e ajudar aquele clube.
Está tudo organizadinho para que esse clube alcance o que pretende, mas olhe pode acontecer uma surpresa, pode-lhes acontecer o que aconteceu agora para a final da Taça de futebol…. Estava tudo organizadinho mas aconteceu uma surpresa! Oxalá isso volte a acontecer.
Nem tem espaço para levar os instrumentos…
Não sei, nem sei se vou. Tenho esperança que até lá haja alterações, não sei o que vão fazer os outros clubes, pode ser que até lá a Federação ganhe juízo! Eu só compreendo isto se os dirigentes da federação não conhecerem o pavilhão.
Nota: Confessou que não conhecia o Blog das Amadoras e julgava que era eu (M. Pina) que editava o Blog do Voleibol. Apresentei-o aos editores do Voleibol que estavam no pavilhão – Catarina e Filipe Ribeiro – e apresentei o Amadoras, dando-lhe uma visão global, sobre os 17 Blogs que compõe o conjunto.
Sobre este aspecto referiu.
Pensava que era o senhor Pina que fazia o Voleibol, mas vejo agora o trabalho enorme que tem para gerir os seus Blogs incluindo o de Futsal. Sabe, eu sinto que quem tem o mérito da equipa sénior ter chegado aqui, são as atletas, são os directores, o Pardalejo como treinador e o senhor Pina que tem uma participação muito importante. Eu sei que a treinadora adjunta – Sara Gomes – ficou muito emocionada pelo artigozinho que fez sobre ela, mas todas as atletas quando vêem ali alguma coisinha registam-no interiormente e a parte emocional constrói-se a pouco e pouco, com todas as coisas. E isso é muito importante. Se as coisas correm bem é graças a pessoas como o senhor. Parabéns!
Desta vez fomos nós que ficamos sem palavras.
Entrevista de M. Pina
Gostava de referir que nao conheço o senhor. Mas posso referir que é verdade o pavilhao do lusofona nao tem bancadas e o unico sitio onde se pode ver o jogo e de pe! como nao ha redes nem nada mtas vezes as bolas vem para a bancada pq o que separa do perimetro de jogo e uma fita! no minimo lamentavel!
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