sexta-feira, 27 de novembro de 2009

ENTREVISTA COM O DRº EDUARDO MATOS (PRESIDENTE DA A. AMIGOS BOAVISTA)

Para fazermos um resumo da actividade da Associação dos Amigos do Boavista, estivemos à conversa com o seu presidente Drº Eduardo Matos e falamos de tudo um pouco…

A ASSOCIAÇÃO

Há quanto existe a Associação?
A Associação foi criada em vinte e dois de Janeiro deste ano, portanto existe há nove meses.

Quando criaram a constituiram existia algum objectivo principal, ou era um projecto global?
Inicialmente a Associação foi constituída com o intuito de ajudar o Clube e angariar fundos para as dificuldades que o Clube atravessava.
Nessa altura tínhamos também em perspectiva o apoio da própria SAD. Aconteceu que contrariamente ao que prevíamos, os sócios não aderiram. Também é verdade que quando a Associação se constituiu – de resto, tenho que o dizer – a pedido da Direcção do Boavista futebol Clube.
Interrompe-mos
Então houve conhecimento da vossa intenção pelo Boavista, antes da vossa constituição?
Sim. Fui chamado ao Estádio do Bessa para avançarmos com esta ideia. Formamos uma equipa um pouco à pressa e o nosso intuito nessa altura era de angariar fundos, para “ainda” se conseguir negociar com os ex-jogadores que tinham colocado os impedimentos de recurso e ver se conseguíamos reforçar a equipa com jogadores emprestados por outros clubes, para ver se subíamos.

Esses foram os fundamentos?
Exactamente. A pressa da constituição da Associação foi essa, tentar salvar o futebol e a equipa. Na altura entendia-se e o próprio técnico era dessa opinião, que com mais alguns jogadores a equipa tinha condições para atingir a subida. Contávamos com mais adesão e com mais verbas, para com bases nos seus estatutos, negociar com ex-jogadores para libertar os impedimentos que obstavam a fazer novas inscrições.


AUDITORIA INDESPENSÁVEL

Ficou desgostoso, com a falta de adesão?
Sim pelomenos surpreendido com esse facto. É evidente que a partir do momento que fui “empurrado” para a presidência coloquei desde logo uma questão prévia. Eu queria e ainda quero, saber a verdade, isto é saber como é como o Boavista chegou a este estado crítico e portanto, a necessidade de se realizar uma auditoria.

A Direcção também nos apoiava nessa ideia e por isso, parte dos fundos conseguidos seriam aplicados nessa auditoria, que não pretendo que tenha (ou só…tenha) intuitos persecutórios, mas sirva para sabermos a realidade do Clube e a verdade dos números. É importante saber qual os passivos, do Clube e da SAD

Para o senhor a Auditoria era um assunto prioritário?
Não diria prioritário mas fundamental. E digo fundamental porque é a única forma de o clube voltar a ser credível e é a única forma de os sócios saberem concretamente o que temos e o que temos que fazer. Não é intuito da Associação perseguir pessoas, mas sim, saber a realidade da vida do Boavista. Ora isto só é possível através de uma auditoria.
Continua a pensar do mesmo modo?
Claro que sim, até porque ninguém sabe quanto é o passivo do Clube, fala-se em termos globais de trinta, de cinquenta, de oitenta… ninguém faz a mínima ideia, ninguém nos consegue explicar números exactos.

Dado que, sempre ouvimos falar pelos responsáveis do Clube, que havia sempre a hipótese de um investidor. Nós entediamos e entendemos que qualquer investidor para investir vai querer saber o estado real do Clube, através de uma auditoria externa e séria.
Mas essa auditoria nunca se realizou…
Chegamos a reunir (com a Direcção do Boavista, também) com algumas Auditoras para saber da disponibilidade para fazerem essas auditorias, o que até agora não foi possível. Mas como é público, encontra-se um processo no Ministério Público e o Ministério – pensamos nós – irá analisar alguns factos e por esse lado pode ser que a auditoria seja feita, desse modo, a nível oficial.
Mas seria mais agradável ser feita pelo Clube…
Sim. Eu acho que as pessoas não têm que ter medo. É fundamental sabermos o que temos o que precisamos e fundamentalmente como sair desta situação.
A sua não realizou, não foi uma frustração para a Associação? Não vos tirou força? Não! A força continua. As auditorias continuam na ordem do dia, só que nós tivemos acesso a um estudo efectuado no tempo da presidência do Engenheiro Joaquim Teixeira. Essa análise de factos –para nós – consubstancia uma mini-auditoria que completada resolveria o problema. De resto eu e o Presidente, Álvaro Braga, deslocamo-nos a Viseu para falar com essas pessoas que a fizeram, com o intuito de saber até que ponto estariam interessados em continuar o trabalho. Que é um trabalho inacabado e por isso teria custos menores.

Não desistimos da luta e estamos a tentar re-contactar essas pessoas mas é evidente que isto terá que ter o apoio da Direcção, porque a Associação não tem legitimidade para fazer entrar auditores numas instalações que a Associação não gere. A Direcção é autónoma para decidir sobre esse assunto. Terá que haver sempre a vontade da Direcção do Boavista, nós continuaremos a falar de auditorias e da necessidade de realizar uma.

RESUMO AOS MESES DE VIDA DA ASSOCIAÇÃO

Voltando um pouco atrás. Quantos associados têm a Associação?
Com as quotas em dia, temos cerca de cento e noventa sócios. Já tivemos mais, mas alguns decidiram de pagar as suas quotas, foram convidados há pouco para retomarem o pagamento. Alguns fizeram-no, outros ainda não, mas o número de sócios está a aumentar.

O nosso objectivo é triplicar o número de associados, não só Boavisteiros, mas essencialmente Boavisteiros. Sem associados a Associação não tem razão de existir e não poderá cumprir os objectivos para os quais foi formada.
Há um valor mínimo para a quota, ou é facultativo?
Não, há quota mínima o sócio pode dar se desejar cinquenta cêntimos por mês! Para se tornar “amigo” que é um sócio efectivo com direitos e deveres terá que pagar uma jóia de inscrição no valor de cinco euros e depois estabelecerá o valor que quer pagar como quota mensal.

Na época passada a Associação colaborou com o futebol. Se não foi com o reforço da equipa foi de outro modo. Quer especificar?
A Associação tem por lema a verdade, tem por lema a seriedade, tem por lema a legalidade e por isso não temos nada a esconder. É a verdade, até porque os nossos sócios têm várias sensibilidades. Temos uns, que acham que devemos apoiar exclusivamente o futebol, temos outros pretendem que seja somente para as auditorias, outros que deve ser exclusivamente para as Amadoras. É difícil por esta razão a Associação tomar decisões que agradem a toda a gente.
O futebol é e continua a ser, a menina dos olhos dos sócios e assim, consideramos que a Associação tinha deveres para com o futebol. Sempre que a Administração da SAD nos pediu ajuda, nós colaboramos, dentro dos pedidos que nos foram formulados e dentro das verbas que nos foram solicitados.
Apoiamos de diversas formas, inclusive – a pedido dos sócios – apoiamos na deslocação ao Estoril. Pagamos quatro autocarros para essa deslocação e como é sabido, apoiamos um grupo de jogadores a quem a SAD pagava as refeições e com as dificuldades desse pagamento, começaram a faltar “local” para as fazer.
A Associação perante o pedido da SAD assumiu o pagamento das refeições desse grupo (almoços e jantares) até ao final da época, o que cumpriu religiosamente. Estivemos em todos os apoios que nos solicitaram sempre para o bem da equipa de futebol.

Embora a Associação não interfira na gestão da SAD ou do Clube. Porque é entidade independente, no entanto, os sócios são na sua maioria Boavisteiros e como tal querem o melhor para o Boavista e para a sua equipa de futebol e nós gostaríamos muito (muito) que a equipa não tivesse descido. Mesmo que tivéssemos de descer que fosse por via administrativa, mas teríamos sempre o orgulho de dizer não descemos no campo!
Mas infelizmente descemos no campo! Por isso tudo o que fizemos, voltaríamos a fazer para evitar esta situação.
Mas também aconteceram outras ajudas…
Sim, também aconteceram ajudas de sócios a título individual. Não foi através da Associação mas foi a Associação que falou com sócios com mais poder económico que ajudaram de várias formas a SAD e houve algumas ajudas à equipa de futebol.
Cumpriram o que achavam ser a vossa obrigação?
Cumprimos! O futebol está na situação que está, mas enquanto assim for entendido, a Associação continuará a apoiar o Clube.
Vamos passar para outros apoios. Começamos pelo futebol de formação. Já tiveram uma reunião para tratar desses pontos?
Não tivemos reunião com o Departamento de futebol de formação. Tivemos um pedido de apoio por parte de um seccionista, convidámo-lo para vir com o Departamento de formação, a uma reunião.
Convidámo-los mas não vieram!
Há um segundo contacto em que dois seccionistas, que vieram à Associação e pediram apoio. Esse apoio foi satisfeito e foi para a deslocação a Abambres da equipa de juniores “C”, hoje mesmo chegou mais um pedido para a deslocação dos juniores “A” a Guimarães. Estes apoios foram totalmente satisfeitos.
Sentiu-se (em tempos) no exterior que as relações entre a Associação e a Direcção não eram muito pacíficas. Isso corresponde á verdade?
Foi notório, isso! No que diz respeito á Associação e à minha pessoa, eu nunca permitiria que a Associação tomasse posição em relação a qualquer candidatura. É claro que como associado do Boavista eu tenho a minha opinião. Sou sócio do Boavista há trinta e dois anos, portanto tenho o direito a ter a minha posição sobre o assunto. Mas nós sempre tivemos a cautela de dizer aos meus colegas de Direcção que eram livres de seguir ou votar em qualquer das candidaturas.
Eu sempre disse que enquanto estivesse na Associação nunca entraria em campanha eleitoral ou em cargos no Boavista. Não quero fazer misturas. Admitiria que pudessem aderir a qualquer das listas, mas sempre fiz notar que se algum elemento aderisse a uma lista, teria que no mínimo, pedir a suspensão do cargo que ocupava na Associação.
O primeiro a aderir a uma lista até foi o Presidente do Conselho Fiscal e depois outro elemento resolveu aderir a outra lista. Ambos pediram e eu aceitei a suspensão das suas funções.
A Associação não fez campanha ao contrário do que chegou a falar-se que nós apoiávamos uma ou outra lista, chegando a sair um comunicado a desmentir esses apoios a qualquer das listas. Por estas razões gerou-se aí um pequeno equívoco ou até uns grandes equívocos. Eu nunca deixei de ter relações com o presidente e candidato a uma das listas, sempre tive um bom relacionamento institucional e até pessoal.
Jantava com ambos os candidatos e sinto que tenho direito a ter as minhas convicções pessoais e de falar com quem quero.
O acto passou, falei com ambos no dia das eleições dei os parabéns a quem venceu. Venceu bem, está legitimamente eleito, merece o apoio de todos os Boavisteiro e tem o apoio da Associação, porque a Associação tem um discurso que diz que apoiará a Direcção do Clube e SAD. Qualquer que ela seja, desde que legitimamente eleito. Pode ter havido algum afastamento ou alguma frieza o que me parece normal em tempos de campanha acalorada.
Isso não demonstra a força que a Associação já tem?
A Associação tem força! A associação incomoda!
Incomoda, alguns...só! Porque pensam que queremos ser poder e nós não queremos ser poder!
A associação não vai desistir, tem objectivos a cumprir, vai tentar ajudar esta Direcção e o Clube nos problemas. A Associação não quer poder, não vai candidatar-se a nenhum cargo oficial no Clube, nem vai ser oposição! A Associação já tem muito com que se preocupar com a sua orgânica interna e objectivos a cumprir. Só esperamos que tenham muitos êxitos, porque isso é bom para o Boavista e nós ficaremos muitos contentes.

AS AMADORAS

A associação aproximou-se das Amadoras. Qual o porquê da aproximação? Existe algum protocolo entre as duas partes?
As amadoras, é que se aproximaram da Associação e não o contrário, se calhar também estavam um bocadinho desconfiadas sobre a Associação. Talvez pensassem que isto seria uma associação de malfeitores, ou coisa por aí. Vieram em boa hora ter connosco e deixe-me dizê-lo, vieram quando nós pensávamos que seria a formação a vir.
Estabeleceram bases para um apoio?
As amadoras vieram ter connosco, colocaram os problemas que tinham na altura e a primeira situação que nos foi colocada foi referente aos pavilhões. Como sabe o Boavista não tem pavilhão joga e treina em pavilhões alugados. Inclusive, o pagamento dos pavilhões já estava em atraso e corriam o risco sério de lhe cortarem o acesso aos pavilhões para os treinos.
Nós assumimos o pagamento de três pavilhões – um para já, não está a ser utilizado – responsabilizamo-nos neste momento, pelo pagamento do Pavilhão do GD do Viso e da Escola Leonardo Coimbra.
Como se processa isso?
A Associação assume o encargo directamente com os proprietários dos Pavilhões que nos apresentam a factura e nós pagamos.
Para além dos pavilhões, há outros acordos?
No que respeita ao desporto adaptado, estamos a ajudar esse departamento com a atribuição de uma verba mensal para apoio a uma treinadora. Também o futsal veio ter connosco para a realização de um protocolo.

A CARRINHA DE NOVE LUGARES, PARA O FUTSAL

Sobre esse assunto gostaria que pormenorizássemos porque é assunto que pode levantar algumas dúvidas. Quer explicar?
O Departamento do Futsal colocou-nos uma questão bastante pertinente e com alguma dificuldade de decisão porque estava em causa a compra de uma carrinha de passageiros. Sendo um valor que a Associação poderia suportar era um assunto que teríamos que analisar porque o Futsal pretendia e pretende que a carrinha seja exclusivamente para utilização própria. Isto levantava uma questão. Nós não podemos descriminar nenhuma modalidade das actividades. Levantamos a questão ás Actividades Amadoras e depois disso a Associação decidiu dar esse apoio.
Fizemos uma reunião com o Futsal e a Direcção do Boavista FC e outorgamos um acordo entre o Futsal e a nossa associação.


Em que bases?
A Associação já pagou a totalidade da carrinha. A carrinha é propriedade da Associação, o Boavista aceitou porque entendeu a proposta que em termos gerais a carrinha seja exclusivamente para o futsal, podendo haver alturas que outras modalidades a possam utilizar e desde que o futsal não veja inconveniente nessa utilização. Só que este acordo tem algumas especialidades e uma delas é que em rigor quem paga a carrinha é o futsal.

O Futsal vai-nos pagar uma renda mensal até à liquidação da carrinha. A Associação responsabiliza-se pelo pagamento do seguro – que já está liquidado – e pelas vistorias á carrinha. No entanto, mesmo sendo a proprietária da carrinha a Associação não poderá onera-la ou aliena-la sem o consentimento do Boavista Futebol Clube, isto porque nós entendemos que o nosso património, não é o nosso património, mas será sempre o património do Boavista FC.
Estão salvaguardados então, todos os pormenores?
Exacto! Imaginemos que se me passasse pela cabeça vender a carrinha – porque ela é nossa propriedade – vende-la ou coloca-la como valia sobre um empréstimo, não o posso fazer sem o acordo do Boavista. Isto para evitar qualquer fuga de património, porque ao fim e ao cabo nos nossos Estatutos, nós também dizemos que queremos enriquecer o património do Clube.
Com tantos incêndios para acudir, a Associação não corre riscos de ruptura?
Nós para além dos duzentos sócios temos mais amigos. Os sócios do Boavista vão perceber isto se não puderem dar cinco dão quatro, mas nós também estamos numa campanha em que pretendemos aumentar os sócios e estamos em contacto com pessoas do exterior do Clube. Deixe-me esclarecer melhor.

Nós temos nos nossos Estatutos duas figuras, o sócio efectivo que dá o valor que decidiu no acto da sua inscrição e o contribuinte. Esse contribuinte dá dez, cinquenta euros e… manda-nos passear, desde o portista, ao benfiquista, ao salgueirista ao do Vitória de Guimarães, Belenenses, temos dois alentejanos que acham que devem ajudar o Boavista e o fazem através de nós. Não são Boavisteiros mas entendem ajudar esta causa. Para nós muitos, “vinte euros” é muito dinheiro, temos restaurantes que nos apoiam e posso dizer, que em breve vamos fazer mais ronda pelos amigos que nos deram cinquenta/cem euros, para conseguir nova colaboração.


Tudo controlado, então?
É ponto assente que dos compromissos que assumimos e em relação aos pavilhões até ao final da época tudo será rigorosamente cumprido por nós.
A formação está a aproximar-se…
Sim já nos pediram para Domingo, agora pediram para Sábado e se calhar vão começar a chover pedidos semanais. Dentro das verbas que tenhamos disponíveis vamos ajuda-los.
Mas o universo Boavisteiro não pode pensar que vós sois um cofre que resolve todos os problemas…
É evidente que não. Primeiro os dirigentes da Associação são amadores, não ganham um tostão, nem têm contrapartidas algumas. Segundo não ricos, porque se fossem ricos já tinham posto a SAD viável etc… agora têm é que ter capacidade para quando estão com amigos ou com a família, chamar pessoas para aderirem á Associação. Essas pessoas não precisam de ser obrigatoriamente Boavisteiras.

Os Boavisteiros, esses, têm obrigações e os habitantes do Porto têm obrigações de ajudar porque o Boavista é uma colectividade do Porto e não a podem deixar desaparecer.


O ASSOCIADO DO BOAVISTA
Vamos deixar um pouco o Presidente da Associação e falar com o sócio do Clube. Como vê a situação do Boavista?
Eu tenho um problema gravíssimo comigo, tenho um neto que ao fim de meia hora do seu nascimento estava a ser Boavisteiro. Eu tenho que deixar um legado, porque ele não teve culpa de eu o meter nestas aventuras.
Como associado do Boavista já exaltei com todas as vitórias e fico muito triste com o que está correr. É evidente que eu olho para o Clube e sinto uma mágoa terrível porque não sei o que é que se passou.
A minha grande angústia não saber o que aconteceu e ainda mais angustia sinto, ao aperceber-me e ter a sensação que os Boavisteiros estão pouco preocupados com isto. Acho que todos devíamos estar preocupados com isso e fazer força para nos unirmos para se um dia – eu espero que nunca aconteça – mas se um dia tivermos que fazer o funeral, sejamos nós a fazê-lo! E a fazê-lo conscientemente.
Noto que lhe dói muito dizer isso…
Dói-me muito porque eu queria o Boavista na primeira Liga e como associado, não estou a ver hipóteses de lá chegar tão cedo.
Estou preocupado.
O nosso estádio, aquele património que é nosso e temos que nos orgulhar dele, já esteve com a venda marcada e foi com a ajuda da Associação ( já na fase da sua constituição) que se conseguiu anular a venda do Nosso estádio. Mais, neste momento, dando cumprimento á decisão da Assembleia-Geral e com conhecimento da Direcção, está a decorrer no Tribunal Cível do Porto uma acção para a anulação de uma hipoteca e é a Associação que está a pagar os custos desse Processo. A Associação apoia o Clube mas apoia para que o Clube mantenha o património.
No fundo e usando uma imagem militar, existe uma guerra e nós somos os militares que estão a tentar aguentar essa guerra para que os políticos (dirigentes do Clube) tentem resolver a situação e tentar arranjar condições e soluções para o Boavista sair desta crise. Eu tenho muito medo e sinto que a situação está difícil, está difícil…
Vamos esperar que os associados fortaleçam a Associação para que dentro de dois/três anos a Associação seja um parceiro forte na vida do Clube…
Os associados que não tenham medo de dar uma quota de cinco euros, porque muitos a dar pouco acaba numa ajuda muito grande.
Vou dar-lhe um exemplo. Há associado, uma pessoa Boavisteira de cinco custados que aderiu á associação, que sempre foi amiga da Associação e que ultimamente nos escreveu dizendo que suspendia a sua ajuda. Entendemos as razões! Nós sabemos que há crise que há pessoas que têm problemas e algumas no desemprego e comunicamos a essa pessoa que o facto de se ter comprometido a pagar determinada quantia não o impedia de alterar esse valor.
Ou seja, aceito como bom, que uma pessoa que estava a pagar vinte euros e não possa continuar a fazê-lo e possa pagar cinco, continue a colaborar. Repito, aceito isso como bom!
Peço a todos que estejam nessa situação que reflictam e continuem connosco. É nessas pessoas que nós vamos apostar, pois se nos derem cinco ou dez euros por mês (claro que gostávamos de mais) porque para nós interessa-nos qualidades mas também nos interessam os números.
Que iniciativas estão previstas para angariar mais adeptos?
Vamos fazer agora (dia 4) o jantar de Natal eu não acredito em grande angariação de fundos nele, pois o preço de dezassete euros custas à s pessoas, mas é mais para unir os Boavisteiros, chama-los para que tenham a consciência que o Boavista ainda existe.
As nossas reuniões são abertas, nós todas as quintas-feiras temos reuniões e todos os Boavisteiros podem estar presentes e até colocar questões. Nós não temos nada a esconder.
A Associação não mente?
Não! A Associação não mente, comigo nunca vai mentir. Os meus colegas não mentem. Podemos é falhar, isso é outra coisa, mas mentir nunca! Não queremos é que também não nos mintam, porque o Boavista com a verdade terá sempre mais condições.
Voltando aos eventos a realizar…
Como já se realizou o Jantar “ a cidade com o Boavista” vamos tentar em Março fazer “a Universidade com o Boavista” já iniciamos contactos e a seu tempo daremos mais pormenores.
Em Abril e este já está em fase avançada, iremos organizar uma prova de atletismo de dez quilómetros e marcha de quatro com saída e chegada ao estádio do Bessa e tentar com estas iniciativas divulgar o nome do Boavista e conseguir algumas receitas.
Claro que Associação está ao dispor das Amadoras para ajudar naquilo que nos for possível fazer, como agora com circo é preciso que as pessoas nos coloquem os seus problemas que nós na medida do possível daremos resposta sempre para bem do Boavista Futebol Clube.
Gostaríamos muito de ajudar os trabalhadores do Clube, mas tal não é possível, não podemos a ajudar um e deixar os outros.
O nosso apelo aos Boavisteiros é para que colaborem para ajudarem a ajudar o Clube.
Nota:
1. Consideramos que é um documento (mais que uma entrevista9 para meditar, discutir e analisar. Espamos ver o interesses dos Boavisteiros traduzidos em comentários (o que não acontecido)
2. Em breve colocaremos uma foto do Presidente da Associação
Entrevista de Manuel Pina

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

PAULO PARDALEJO TREINADOR/COORDENADOR DO VOLEIBOL


UM CIDADÃO MUTI-FACETADO

Paulo para além de treinador da equipa sénior é também o coordenador de todo o voleibol do Boavista. Faça um, resumo da sua actividade antes do ingresso no Clube.
Estive ligado (quase uma vida) aos escalões de formação do SC Leixões, desde muito novo que identifiquei com a modalidade e fui evoluindo nela. Estive em todos os escalões de formação no Leixões.
Quando estava nos juvenis, propuseram-me tirar um curso de árbitro. Na altura considerei que poderia ser interessante e me permitiria ganhar mais uns dinheiritos, para além de nos juvenis muitas vezes faltarem árbitros. Apostei e tirei o curso de árbitro estagiário com dezasseis anos.
Arbitrava e jogava?
Sim até ao meu segundo ano de juniores conciliava as duas funções. No final do tempo de juniores, uma pessoa tem que fazer opções. Há os que têm muita habilidade para continuar a jogar a modalidade no escalão de seniores e outros não. Eu considerei que não tinha a habilidade suficiente para jogar e acabei como jogador, nessa altura continuando a apostar na arbitragem.
Poderia ter continuado a jogar em escalões secundários mas todos os treinadores que tive e todos foram muito bons, me incutiram ambição e me ensinaram muito. Mesmo como árbitro continuei a acompanhar os escalões de formação do Leixões.
Qual o seu nível como árbitro?
Sou do quadro de árbitros nacionais, posso dizer-lhe que sou o árbitro mais novo do país. Tenho sentido que a federação tem apostado em mim, porque tenho naturalmente feito um bom trabalho.
E como treinador como aparece?
Entretanto tirei o curso de treinador. Treinei os escalões mais jovens do Leixões, como minis e juvenis, tendo a dada altura desempenhado funções como adjunto da equipa junior.
Mas para além de tudo isso, sei que também pratica Boxe no Boavista. De competição ou só de manutenção?
Não. Só de manutenção. Quando terminei a competição como atleta, dedicando-me só aos treinos e curso, senti necessidade de fazer algum desporto, fazia muita natação e em conversa com um amigo surgiu a possibilidade de vir para o boxe do Boavista, já que eu sempre gostei muito artes marciais.
Amante de uma modalidade sem contacto físico, como o Voleibol, como faz uma transferência radical, para uma cuja base é o contacto?
Toda a gente me dizia para não vir porque era um desporto violento, tem mau ambiente, isto e aquilo… Posso dizer-lhe que é um desporto fantástico, com pessoas fantásticas e com um ambiente fantástico. É uma escola de desporto, é uma escola de vida, onde sobre tudo há muita camaradagem. Sempre me habituei a muita união em toda carreira de jogador a lutar por objectivos a lutar por ser campeões onde imperava a responsabilidade de muita entre ajuda e muita camaradagem, incutida pela nossa equipa e pelo Leixões.
Eu sentia a falta dessa competição, dessa camaradagem, dessa união que vim encontrar no boxe do Boavista. É preciso é saber estar. Se for a um casamento tem que saber estar num casamento, se for a um baptizado tem que saber estar num baptizado, no Boxe tem que igualmente saber estar.
Gosta mesmo do boxe…
Sim e convido toda a gente a praticar, porque é uma arte nobre, não parece mas é uma arte nobre!
Atleta,árbitro,pugilista…ainda há aí mais alguma coisa escondida?
Sou nadador salvador na praia de Leça há quatro anos.

O TREINADOR DE VOLEIBOL DO BOAVISTA

Como acontece o seu ingresso no Boavista?
Quando estava a acabar de tirar o curso de árbitro fui contactado pelo Senhor José Manuel e Dª Graziela que já me conheciam há alguns anos, pessoas por quem tenho grande estima e assim cheguei ao Boavista.
Mais pormenorizadamente, como aconteceu?
No momento estava a treinar as juvenis e era adjunto das juniores e tinha decidido abandonar definitivamente os treinos, para me dedicar exclusivamente à arbitragem que começava a exigir mais de mim, com deslocações constantes. Para além disso continuei sempre os estudos (que terminei o ano passado com o curso de contabilidade e gestão).
Estava eu em Caminha a passar férias e recebi uma chamada do senhor José Manuel, questionando-me se estava disponível para tomar conta da equipa de juvenis, fiquei de pensar e pedi mais um dia para dar a resposta. A minha vontade era dizer que sim, mas eu tinha decidido acabar e tinha terminado no meu clube de sempre e do coração… fiquei a pensar. Muitas vezes uma pessoa fica amarrado ao seu clube de sempre e pensa, ou é ali ou não é mais lado nenhum e… é errado. Uma pessoa tem que abrir os horizontes e ver mais além. Tinha pedido um dia mas duas horas depois a resposta estava dada.
E o que encontrou?
Tinha uma ideia completamente errada do Boavista. Na altura, o Boavista estava ainda no escalão máximo e eu pensava para comigo, as miúdas do Boavista são diferentes, são de outra sociedade e tal. Temia que o meu feitio viesse a colidir com elas (tinha medo de dar dois berros e…) eu como treinador sou muito exigente. Exige muito de mim e muito de quem oriento. Mas depois verifiquei que partia de uma premissa errada.
Como consegue conciliar as funções de treinador e árbitro?
Até ao escalão regional é fácil, porque a Associação colaborou bastante e alterava-me as nomeações conforme os jogos que tinha como treinador. Mas depois foi mais difícil o que me levou a voltar a deixar de treinar.
Saiu do Boavista?
Sim após um ano excepcional e maravilhoso, com pessoas que vivem o Voleibol ao extremo como é o caso do senhor José Manuel e Dª Graziela e atletas excepcionais da altura. Mas aconteceu que a federação chamou-me para ir fazer o curso de árbitro nacional e tive uma vez mais de optar, porque como árbitro nacional temos deslocações a todo o país incluindo ilhas.
Eu tinha a perfeita noção que passaria a ser arbitrados por árbitros mais novos que poderia influenciar um bocado e isso não quero de todo.
E tirou o curso?
Sim tirei e estive dois anos a apitar a nível nacional, fazendo um esforço para me mostrar como árbitro nacional. Os clubes já me conhecem e as coisas evoluíram de forma a que fosse possível voltar à situação de ter as duas funções.
E há o regresso ao Boavista…
Exactamente, este ano surgiu a oportunidade de regressar ao Boavista. Pensei muito por que era um projecto bastante cativante com pessoas fantásticas e vindo o convite de pessoas fantásticas e eu não consegui dizer que não. O senhor José Manuel, na altura já estava meio adoentado mas com a esperança que iria melhorar e seguir em frente e para lhe dar alegria, que era também uma alegria para mim, meditei sobre o assunto, falei com a federação para saber se era viável. Nesse momento tornou-se viável dado o Boavista estar no escalão A2 feminino e decidimos que para conciliar as coisas, eu deixo de apitar nesta divisão e faço todas as outras, sendo as nomeações em horas diferentes dos nossos jogos.
Foi fácil essa aceitação pela federação?

Nem por isso. A federação ficou um pouco reticente mas devido á influência, prestigio e respeito que tinham pelo senhor José Manuel, acabaram por aceitar. De registar que quando aconteceu o que infelizmente aconteceu (falecimento do José Manuel) passei a ter o apoio de todos a cem por cento, foram extremamente flexíveis.

O VOLEIBOL DO BOAVISTA

Como analisa a sua equipa?
É uma equipa com um misto de idades, em que a mais nova tem dezasseis anos e a mais velha vinte e oito. É nessa mistura que se consegue o equilíbrio, por mais incrível que pareça, com a experiência de umas e a falta de experiência de outras compensam-se. Era uma equipa que não tinha muito a minha imagem, a forma de treinar a forma de estar era a imagem de outros treinadores que já tinham tido.
Custou a adaptação?
Custou um bocadinho, mas pensei que ia custar mais, neste momento sinto a equipa adaptada à minha forma de ser, à minha forma de estar. Como disse anteriormente sou amigo do meu amigo, mas quando toca a exigir sou bastante exigente. Estamos a falar de um grupo cem por cento aplicado e cem por cento motivado, um grupo fantástico, mas há que realçar que nesta divisão já há clubes que pagam subsídios aos atletas.
As atletas chegam ao pavilhão para jogar e têm o seu equipamento pronto, as sapatilhas no balneário, etc… isto treinando em pavilhões quentes. A nossa realidade é que no Boavista não há renumeração. Quanto aos pavilhões, temos as condições que nós sabemos, o que implica um maior esforço por parte das atletas. Temos atletas que trabalham mais longe do Porto que têm dificuldades em vir aos treinos, deixando de fazer outra coisas na sua vida e se não fosse o amor ao clube, o amor ao Voleibol não conseguiriam continuar. Tenho que dar muito mérito, muito valor a estas atletas porque de facto são fantásticas.
Com todos esses condicionalismos, quais são os objectivos competitivos?
A manutenção é sempre o objectivo máximo, contudo pelo historial do Clube e registo que há equipas na A1 que não têm um historial tão rico como o Boavista, tenho falado disso com as minhas jogadoras e demonstrando-lhes com o palmarés do Boavista, que pode não estar muito bem agora, mas é dos maiores baluartes do Voleibol nacional.
Eu, quando fui convidado para treinar esta equipa, questionei-me “ será que eu tenho capacidade para treinar este clube”?. Este clube tem que realizar campeonatos sempre regulares e lutar pela subida, mesmo tendo em conta a realidade que o clube atravessa e a própria realidade da prova.
Mas isso é possível, nesta época?
Considero que o campeonato não está muito bem equilibrado. Para a fase da luta para o título passam apenas os quatro primeiros classificados desta fase primeira fase, os outros seis irão lutar pela manutenção, contudo a nível de potencial das equipas há um maior equilíbrio de valores.
Temos candidatos ao título como o Santo Tirso que investiu bastante, temos o Belenenses que desceu da A1 e investiu muito para o regresso, temos o Arcozelo equipa que luta sempre para subir e o Vitória de Guimarães, que é sempre o Vitória, temos o Lusófona que se reforçou muito. Convenhamos que os cinco primeiros lugares estão muito competitivos. No entanto, posso dizer que o meu objectivo é ficar nos primeiros quatro lugares e se é o meu objectivo, passa a ser o nosso objectivo, se ficarmos nesses lugares, depois tudo é possível, mas temos que ter a consciência das nossas condições.
Como analisa os resultados até aqui?
Tivemos uma derrota em Guimarães, porque simplesmente a equipa não acreditou que era possível vencer. Contra o Santo Tirso, os tais candidatos, conseguimos equilibrar totalmente o jogo. Frente ao Arcozelo, houve todo o mérito do Arcozelo. Contra a juventude Pacense não entramos bem, corrigimos mas não fomos felizes.
A estrelinha ainda não está connosco mas nós vamos procurá-la e vai estar connosco em breve.

O COORDENADOR AXADREZADO

Tem já um projecto para o Boavista?
A base do projecto passa por uma interligação entre todos os escalões. Inicia-se com a aprendizagem do mini-volei, a adaptação ao volei, à bola e ao convívio, à união. Um pouco a introdução ao desporto.
Temos que ter um fio de jogo comum nas iniciadas, juvenis e juniores (que para o ano voltaremos a ter este escalão), temos que ter uma escola que marque a diferença. Para conseguirmos isso, todas as treinadoras têm que saber o que as outras estão a fazer, para quando acontecerem as mudanças de escalão não haja nenhuma mudança de estilo de jogo.
Como analisa o nível da formação do Clube?
Para fazer uma análise rigorosa tenho que ter em conta as condições de trabalho. Há duas espécies de formação. Uma competitiva a cem por cento, ou outra como costumo definir, de navegar à vista. O Boavista sempre teve uma grande escola de formação, sem comparar com o Leixões, Espinho ou Esmoriz, e porquê? Porque são clubes que têm dois/três/quatro pavilhões dedicados ao Voleibol. O pavilhão abre às dezoito com uma equipa de voleibol e fecha às vinte e três com uma equipa de voleibol.
São clubes de voleibol…
Exactamente e isso marca a diferença. Por exemplo nós temos dificuldades com os pavilhões, se quisermos levar a ver os treinos não é fácil. Nesses clubes as bancadas têm sempre adeptos a ver os treinos. É uma filosofia de crescimento e incremento da modalidade. Depois temos que ter em conta os investimentos que se fazem.
O Boavista este ano está a apostar em treinadores jovens, a meu ver muito bem, com novas ideias, novos métodos e cheias de vontade. Mas no início a nossa vontade não é suficiente, só os anos nos irão dar o conhecimento necessário para evoluirmos. Era muito fácil colocar treinadores de elite a treinar escalões de formação e se calhar os resultados apareceriam mais rapidamente, mas temos que ver os contras de tudo isso, que seria um investimento que o clube não pode assumir. Os mais novos são o futuro e os resultados irão a aparecer.
Quando na sua óptica de treinador se deve lutar para obtenção de um título?
Pela escola (exigente) que tive considero que a luta pelo título deve ser exigida no escalão de iniciadas. Começando neste escalão com esta postura vai criar e alimentar o bichinho da conquista que acompanhará o atleta por toda a sua carreira. Se deixarmos para depois, mais um ano ou dois, somos seniores e aí acaba a nossa experiência.
No Boavista isso é impossível?
Sim! O maior título do Boavista é manter uma estrutura bem montada e sem tirar valor a nenhum dirigente, essa estrutura foi sempre “carregada”por duas pessoas o José Manuel e D.ª Graziela que ao longo dos anos foram incansáveis, como já disse às atletas “estas pessoas estavam no Boavista quando ele estava em grande – em grande – e quando o Boavista caiu... continuam cá!
E sempre com a casa às costas e sempre com o mesmo rigor, entrega e a mesma vontade de evoluir e vencer. Isto é fundamental para o voleibol do Boavista.
Essa senhora trabalha vinte e quatro horas para o Voleibol…
Não duvide! Muitas vezes às três horas da manhã recebo mails dela a explanar pormenores que nos vão ser úteis alguns dias depois.
Antes eram duas pessoas que se compensavam, porque um era bom neste aspecto e outro em outro aspecto, hoje é só uma senhora que para além de ter ficado viúva e isso já é uma enorme desilusão que continua a lutar e a entregar-se (quando todos esperávamos a aceitávamos uma certa e momentânea ausência) antes eram duas pessoas que carregavam a casa, hoje é só uma senhora! É um exemplo para todos! Mesmo que todas as dificuldades que passamos posso dizer que no Voleibol, não nos falta nada. Para se lutar para o título, mesmo que em iniciadas, precisamos de quatro treinos por semana…em que três deles têm que ter no mínimo duas horas de duração. Penso que isto servirá de explicação. O voleibol tem muito mais que uma bola no ar!
Este ano, todas as treinadoras (e não só) falam repetidamente em garra, atitude. Foi o Paulo que impôs esse lema?
Faz tudo parte da minha forma de estar na vida e no desporto. Fui educado em que a atitude, a garra, a vontade eram as palavras-chaves. Tive treinadores fantásticos, como o Hugo Silva e Mário Martins que me incutiram desde início essa filosofia. Com garra, atitude e vontade tudo é possível!
Alguns defendem que isto só se impõem no masculino, mas isso é errado. As raparigas gostam tanto ou mais que os homens, que lhes exijam essa garra e essa atitude. Muitas das actuais treinadoras forma minhas atletas nos juvenis e aí encontro a explicação. Mas essas palavras não têm valor se não as sentirmos. Eu não posso incutir garra às atletas se não tiver garra interior.
Elas auto-flagelação em cada derrota. Não acha demasiado negativo essa postura?
Elas sentem que faltou algo, mas temos que ver o que faltou e porque faltou? Estamos a falar de treinadoras muito novas e que pensam que muitas vezes o erro está só nelas. Elas com o tempo vão apreender a ganhar confiança e auto-estima, neste momento sentem responsáveis pela derrota, quando se calhar o mérito foi do adversário e temos que lhes dar o devido valor sem nos culpabilizarmos pela derrota.
Mas para elas as adversárias nunca ganham, elas é que perdem sempre…
É a juventude delas, com o tempo vão evoluir e aprender.
Quase todas as treinadoras são jogadoras do clube. Acha isso útil ou prejudicial?
Acho muito positivo essa decisão do Boavista. Neste momento aposta-se pouco na juventude, temos sempre a mania que as “velhas guardas” dos treinadores é que são bons. Eu digo por muitos títulos que tenham ganho, têm que dar a vaga.
O futuro é dos jovens! E onde podemos ir buscar esses futuros treinadores? Ao clube no qual já conhecem tudo. Até aos juniores todos temos lugar, todos jogamos, mas nos seniores nem todos podem jogar, é a hora de optar. E estas jovens já têm mais potencial para essa opção. O Boavista está muito neste aspecto. Estou convencido que para daqui a quatro/cinco estarem na elite da formação ou muito mais.
Paulo não acha que se as redes fossem mais baixas para as minis e infantis, poderia desenvolver-se mais o jogo ofensivo?
Não concordo. As pessoas gostam de ver espectáculo e quem vem ao pavilhão quer ver a luta na rede, contudo é preciso ter em conta que se o primeiro toque (recepção e defesa) não sair bem, nenhum seguinte vai sair bom. Não adianta ter uma equipa muito forte na rede se não conseguirmos levantar a bola na recepção. Na formação o serviço é um factor muito importante, há equipas que se preocupam muito com a rede e esquecem o serviço e nunca atingem grande nível. A situação de redes mais baixas iria originar a procura de jogadoras altas em detrimento das outras se calhar com melhor técnica.
Há clubes ( por exemplo o Leixões, o Braga) que vão a escolas onde entre cinquenta miúdas escolhem as mais altas e trazem doze. Com redes mais baixas essas equipas teriam toda a vantagem e os jogos tornar-se-iam mais monótonos. Em Itália há várias condições para os escalões de formação, como o serviço que não pode ser efectuado em suspensão, etc… Cá e muito bem, obriga-se a serem feitas as substituições de forma a que todas joguem.
Rendo-me…
Aqui não mandamos ninguém embora por ser alto, baixo, gordo ou magro.
Não sendo um boavisteiro desde pequenino, como vê o Boavista FC?
Conheço muito pouco e claro os adeptos vivem muito o futebol, mas o clube vive muito as actividades amadoras. São poucos os clubes que têm tantas modalidades como o Boavista. Muita gente tem a percepção da força das Amadoras. Há que dar grande mérito a todos os trabalham neste sector.
Peço para começarem a aparecer nos pavilhões para ver o Voleibol. E estou convencido que ainda esta época, hei-de ver o pavilhão cheio para nos verem jogar.
Para terminar…
Dar valor a todos os sites do Boavista que mostram o verdadeiro clube. Em clubes grandes não existe um terço da informação que existe no Boavista sobre as amadoras.

Entrevista de: Manuel Pina

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

FILIPE RIBEIRO, UM ADEPTO DE CABEÇA FRIA

Filipe Ribeiro é uma presença constante nos jogos de Voleibol estando também presente em muitos treinos. Tentamos saber o porquê de tal assiduidade.

Acompanha só voleibol ou também outras modalidades?
Acompanho principalmente o voleibol, no entanto também dou uma espreitadela no Futsal uma vez que gosto bastante dessa modalidade.

É adepto do Voleibol. já jogou Volei?
Para bem da modalidade nunca joguei volei como federado, apenas pratico em jogos de solteiros contra casados e fico-me mesmo por aí, as minhas manchetes são uma miséria e o os meus serviços são medonhos!!!!

Qual o escalão que mais acompanha?
Sem dúvida que acompanho mais as Minis uma vez que é nesse escalão que a minha cara metade é treinadora, a Catarina Gomes. No entanto ultimamente tenho acompanhado também as juvenis uma vez que a Catarina tem sido chamada para ajudar na orientação deste escalão. ~

O que pensa sobre a escola de volei do Boavista?
Eu penso que a escola de volei do BFC está em óptimas mãos! Desde dirigentes às treinadoras todos tem feito um enorme esforço para manter a escola a formar atletas. O amor à camisola voltou em força aos escalões de formação e isso só pode ser visto como algo de muito positivo e que a médio prazo trará frutos para o volei do Boavista FC. Há que continuar o bom trabalho!!!

Conhece as Amadoras do Clube?
Sim, já estou completamente dentro do mundo das amadoras do clube como espectador de bancada!

Como simples adepto, como vê o momento que o Boavista atravessa?
Não sendo boavisteiro dos sete costados, mas como sócio do Boavista FC vejo o clube numa situação agoniante. Acho que não vale a pena falar do que levou o clube a esta situação, acho sim que se deve falar sobre o futuro, e esse é neste momento uma incógnita. O Boavista FC vive essencialmente do futebol profissional e concerteza que as receitas da 2a divisão não chegam para suportar os encargos financeiros de um clube como o Boavista.
No entanto tenho confiança na direcção actual, eles mais do que ninguém querem recolocar o clube novamente no lugar que merece, portanto vamos deixa-los trabalhar com serenidade.
Não podemos pedir resultados desportivos espantosos, vamos apenas pedir estabilidade para mais tarde atacar em força a nível desportivo. O Boavista FC é o 4o grande, e como tal os sócios e os adeptos estão ávidos de grandes vitórias...e essas vão voltar a aparecer concerteza...é o destino dos campeões.

Alguma vez temeu (ou teve conhecimento de alguém que temesse) o fim das Amadoras do Clube?
Não, julgo que esse cenário nunca se colocou. As modalidades amadoras actualmente vivem muito do amor à camisola dos dirigentes e treinadores, e por muito mal que o clube esteja, estas pessoas nunca deixariam as amadoras caírem num vazio. É óbvio que a crise no clube também afecta as actividades amadoras mas nunca de forma a que estas se venham a extinguir.
Nem isso alguma vez poderia acontecer, por respeito aos muitos jovens que todos os dias dão sangue, suor e lágrimas pela camisola axadrezada a troco de quase nada
.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

NOTA DO EDITOR


Agora que temos um espaço dedicado a artigos de fundo, gostaríamos de sentir a intervenção dos nossos leitores, com comentários sobre as entrevistas e colocando artigos de opinião.

Para mantermos um bom nível nessas intervenções solicitamos que todos os comentários sejam assinados e os artigos de opinião se façam acompanhar por fotos do autor ao referentes ao tema que versa.

Para enviar esses artigos ou comentários mais longos deverão utilizar o nosso mail;


Ficamos a aguardar a V/intervenção

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

HÓQUEI EM PATINS - JACINTO CATAU - NO REGRESSO AO PASSADO


"O NASCIMENTO E FIM DO HÓQUEI NO BOAVISTA"


"VÍTIMA DA GUERRA COLONIAL"

Jacinto Catau, homem robusto e com uma lucidez que mistura as lembranças do passado com o desejo de o afirmar no presente do Boavista FC, mostrou-se convicto, com sentimentos, mas sem demonstrar a saudade do tempo que passou, aceitando o percurso normal e inexorável da lei da vida...
Mas ninguém apaga o que fizemos no passado!
E o passado é já... hoje!

Jacinto Catau, qual a idade do senhor?
Quase setenta anos.
Quando começou o Hóquei no clube?
Por volta de cinquenta e quatro, princípios de cinquenta e cinco. No primeiro ano o Boavista fez uma equipa de Infantis e uma de Juniores. Creio que adoeci nesse ano e por isso nunca joguei nessa época, comecei a jogar no ano de cinquenta e cinco (mostrou-nos o cartão).
Com as mesmas equipas?
Nessa época já havia três equipas, uma de Infantis e duas de Juniores, divididas em duas categorias de “A” e “B”, porque tínhamos muitos jogadores. Na época seguinte o Boavista tinha essas duas equipas mais a equipa de Seniores.Estava num processo de evolução…Sim estava tudo muito bem estruturado e organizado.
Em que equipa jogava?
Eu fazia parte da equipa de Juniores no fomos “A” e nesse ano fomos campeões Nacionais. Os mais velhos que jogavam nos seniores ganharam o campeonato regional da 2ª divisão. Isto no ano de cinta e seis e sete (mostrou-nos o livro, que nos ofereceu) subindo à primeira divisão.Nessa altura começou a aparecer o FC Porto. Eu como sénior, joguei contra o Porto quando eles tinham um guarda-redes (Acúrsio) que jogava futebol simultaneamente ao hóquei. O jogo foi no ringue da Constituição.Houve um percalço na modalidade…Com a guerra de sessenta e um/dois/três… (início da guerra colonial) ingressaram no clube jogadores mais velhos Boavisteiros, que estavam espalhados por outros clubes, por exemplo o Infante Sagres, (o Saramago, o Magna). O Boavista continuou mais uns anos… talvez até a sessenta e oito e aí acabou com a modalidade.
Como é que começando tão forte, houve esse abandono?
Nessa altura já não se coadunava jogar hóquei ao ar livre, como nós o fazíamos. Quando o Boavista começou com o hóquei, não tinha ringue e os primeiros jogos e treinos foram realizados no ringue do Académico do Porto.E então tudo se passa antes do ringue do Bessa (que eu - Manuel Pina – conheci…)?Esse ringue foi construído para dar incremento ao hóquei, mas os primeiros jogos foram no Académico, como a secção estava a formar-se apareceu alguém que aproveitou esse espaço, que ficava atrás da bancada (na altura central, hoje ocupada pelos panteras atrás da baliza) no antigo (primeiro) Bessa.
Mas o que determinou o fim do hóquei foi essencialmente a guerra colonial.
Recorda-se de algum dirigente?
Penso que o Presidente era o Silva Reis (penso que era) o Dr. Babo Magalhães (que chegou a ser Presidente) havia na altura muitos Boavisteiros ligados á arbitragem como o Jaime Pimenta.

O ATLETA!

EU SOU BOAVISTEIRO, NÃO PORTISTA... NÃO JOGO MAIS!!!


…E como atleta o que aconteceu?
Eu (hesitou)… deixei o Boavista e fui para o Porto…
Jogou no Porto?
Não, não joguei no Porto. Fui para o Porto!
Troque isso por miúdos…
Na altura eu era puto, queria jogar hóquei. Tínhamos um treinador que foi o homem que arrancou com a modalidade, que era o professor Humberto Peixoto. O professor foi ao Infante buscar um Senhor que tinha sido guarda-redes já com a idade de trinta e cinco anos. Eu que tinha chegada a fazer jogos seguidos, primeiro pelas reservas e logo em seguida pela primeira equipa, vejo-me a determinada altura, a perder o meu lugar.
Como?
O senhor Peixoto foi ter comigo ao escritório e disse” olha, quem vai defender logo é o Morais.” Eu, respondi… está bem!O Morais jogou um, jogou dois. Ao terceiro jogo fui ter com o treinador e perguntei quem ía defender, ao que me respondeu “ é o Morais” e eu de imediato dei a resposta…” muito bem! O Morais que defenda que eu já nem me equipo..."
Não jogo mais.
E deixei de jogar (aqui sente-se uma certa mágoa… arrependimento? Do “puto” de outrora?)…
Tempos difíceis para o hoquista “desempregado”?
Arrumei os patins. O meu pai que era um Boavisteiro ferrenho, eu também sou, mas ele era ferrenho mesmo. Arrumei os patins (repetiu) e havia um senhor que tinha sido treinador do Académico no tal ano em que o Boavista ganhou o campeonato Nacional, que se chamava Correia de Brito que era jornalista e pertencia ao Comércio do Porto e foi também treinador do Porto durante anos. O Correia de Brito foi ter com o meu pai e informou-o que desejava levar-me para o Porto.A vontade do meu pai era de o mandar dar uma volta ao bilhar grande… mas pensou (se ele for para o Porto o Correia de Brito vai noticiar no Comércio para “adoçar o dente” ao Peixoto que vai sentir uma alfinetada).
Chegou a casa e tentou convencer-me para aceitar o convite.
Qual foi o diálogo entre dois boavisteiros para um ingressar no Porto?(Diálogo directo)
Pai- Ouve lá, queres ir para o Porto?
Filho - É maluco. Vou agora para o Porto!- É pá, vai. O Correia de Brito foi falar comigo, vais para o Porto e eu amanhã chego ao café (Café Embaixador ) e aqueles “gajos” todos revoltados por tu ires para o Porto, pois ele põe logo no jornal… e assim foi, acabei por ir para o Porto.
Mas disse que nunca lá jogou. Porquê?
Assinei os papéis para o Porto e comecei a treinar ainda no tempo do Acúrsio. Num treino levei com uma bola no pescoço. Eu era um bocado “macacote” e virava a baliza ao contrário (risos) já se usava a mascara, aliás um dos primeiros a usar mascara, devo ter sido eu. Fui eu que fiz a minha primeira mascara. Mas nessa fase as mascaras não protegiam a parte do pescoço e por magoei-me bastante. Parecia que tinha engolido a bola. A partir daí quando rematavam forte, principalmente o Acúrsio que tinha uma sticada fortíssima, “levantava a alça” eu… saía da baliza (rui-se).O treinador veio ter comigo e disse-me.Ouve lá tu no Boavista eras um “mau, mau” e aqui no Porto foges da bola? Eu disse-lhe “ó senhor Correia de Brito, eu não sou Portista, eu sou Boavisteiro! Eu ando aqui por dois ou três meses pois devo estar a ser chamado para a tropa.
E olhe, não jogo mais!
E por isto não cheguei a fazer nenhum jogo oficial pelo Porto.
E o pai, como ficou?
Muito chateado!
O hóquei era um passatempo, ou um prazer?
Foi um acidente. O meu pai era dirigente do andebol do Boavista e eu andava muitas vezes por lá.E no futebol havia um treinador de bancada, que chegou a treinar a primeira equipa, que era o “Avelino fala-barato” que treinava os juniores. Um dia o “fala-barato” virou-se para mim e disse “Ó Catau aparece nos juniores para treinar” eu era alto e ele afirmou “eu fazia de ti um Carlos Gomes” (Carlos Gomes foi um dos grandes guarda-redes portugueses. Jogou no Sporting e há quem afirmou que foi o melhor de sempre).
Aceitei o convite e fui recebido pelo Senhor Ricardo Cardoso, que era um senhor de idade e os jovens andavam muito á volta dele.
Fui treinar no velhinho (primeiro campo) Bessa e comecei a defesa (eu nunca tive muito jeito para a bola) a determinado momento passou um rapaz por mim… ou melhor não passou! Passou a bola mas ele ficou! O Ricardo Cardoso que era um educador não gostou e chamou-me a atenção, “ isso não se faz, deves jogar a bola, só a bola”! Eu expliquei-me “ mas se eu deixasse passar o cavalheiro ele ia fazer golo”!E disse-lhe a minha fase mortal…
Não jogo mais!…
Uma vez fui treinar andebol a defesa central. Saltei com um rapaz mas devo ter saltado com os joelhos levantados e atirei com o rapaz ao chão, ele ficou deitado cheio de dores e eu pensei. Não sirvo para isto, porque parto tudo.
E que concluiu?
Não jogo mais!
Foi quando apareceu o hóquei?
O meu pai chegou lá a casa com uns patins e disse-me; “amanhã começa o hóquei no Boavista e tu vais lá. Levas estes patins (ainda eram aqueles patins de atarraxar nos sapatos) vais ter com o Ricardo Peixoto e diz que és meu filho. Fui ter com ele e comecei a treinar. Dei duas voltas, caí duas vezes e fiquei com um inchaço debaixo do braço e… não joguei durante essa época por causa disso. Tive que ser lancetado etc…
Tem alguma istória da competição?
Sim, quando fomos campeões, jogamos dois jogos em Lisboa. No primeiro no pavilhão dos desportos em que empatamos e tivemos de desempatar no ringue do Benfica, onde fomos campeões. Nesse jogo passou-se uma situação grave.O meu pai tinha-me feito uns patins especiais com um eixo de ferro a unir as rodas. Com o meu peso esse eixo amassou e as rodas estavam tortas e não rolavam, assim eu não patinava, apenas andava em cima de patins. Quando acabou o jogo um jogador do adversário reparou nisso e disse aos dirigentes para protestarem o jogo. Eu ouvi, dirige-me para os balneários e mandei o “homem à aquela parte…que nós sabemos!
E trouxe os meus patins que não rolavam… mas eram campeões nacionais.…

CATAU O ADEPTO
Vamos falar do adepto boavisteiro. Como vê o seu clube actualmente?
Não vejo. Sinceramente nem quero pensar nisso. Isso incomoda-me…
Como é?
Não consigo ver por dois motivos, primeiro porque sofro demais e não aguento já ver qualquer jogo ao vivo, nem na televisão sequer. Limito-me a ligar o rádio a cinco minutos do final e saber o resultado. Ainda ontem (falávamos no dia seguinte ao jogo em Viana) soube na net que estávamos a perder e saí logo de casa para não tentar ir mais ao computador, só depois de terminar soube que perdemos e aí já não se pode fazer nada.
E a segunda razão?
A segunda é que eu não acredito que esta situação seja real. Onde está o meu Boavista?
Vejo que o senhor era sócio no tempo da recuperação do estádio do Lima. Lembra-se dessa época?
Eu durante muitos anos fui sócio do Boavista tem aí alguns cartões e um deles é o mil e tal (temos fotos) eu seria agora para aí o duzentos e tal. Nessa altura eu fui para a tropa e quando isso acontecia nós podíamos pedir a suspensão dos pagamentos de quota, entretanto casei e deixei de ser sócio. Nessa fase eu fumava dois maços de cigarros durante um jogo de futebol e saía daqui completamente de rastos. Tive que parar.
Mas nunca se esqueceu do Boavista?
Quando o Boavista desceu à primeira divisão eu voltei a entrar para sócio. Assisti aquela fase do Boavista jogar com o Oliveira do Douro, Vilanovense, Candal, de ira a Penafiel etc… ainda me lembro de irmos buscar o Alfredo ao Oliveira do douro do Moinhos ao Vila. O Boavista subiu de divisão e foi para o Lima enquanto se faziam as obras no Bessa.
O clube investiu lá…
Sim o campo estava abandonado, pertencia à Santa Casa de Misericórdia. Recuperou parte do relvado, fez-se uma limpeza de tudo porque o campo estava completo tinha pista de ciclismo e tudo. (também me lembro estive na inauguração num dia de chuva miudinha que me deixou todo molhado, acrescentamos nós) nem sei quem era o Presidente, talvez o Silva Reis. E para fazer a obra começou a vender-se uns cativos, que eram muito baratos, qualquer coisa como quinhentos escudos por cinco anos que passaram do Lima para aqui, que é como quem diz para o antigo Estádio do Bessa, com a bancada daquele lado. Ainda conseguiram vender mil e tal cativos.
Quanto tempo, utilizaram o Lima?
Jogamos lá um época, enquanto aqui decorria as obras no tempo daquele senhor que foi presidente da Assembleia Geral, Olímpio Magalhães. No mandato dele modificou-se a posição do campo que era o contrário deste e rebentou com os terrenos do lavrador que existia aqui.
Há quanto tempo não vem ao Bessa?
Para aí há vinte anos que não venho cá para ver a bola, nem na televisão, aliás na televisão só vejo o Porto nos dois últimos minutos e se estiver a perder.
Vamos convidá-lo para voltar ao Bessa ver um jogo…
Eu ver o Boavista? Nem pensar! Só nos últimos dois minutos para saber o resultado para não me enervar.

Aqui deixamos uma viagem ao passado do “puto” que quando as coisas não corriam bem… não jogava mais!

MENSAGEM DO VICE-PRESIDENTE


Caros amigos (as),
Quase dois meses depois da eleição da actual Direcção, estamos a dar os primeiros passos desta nova época nas diferentes modalidades e apraz-me desejar a todos os nossos Directores, Treinadores, Seccionistas, Atletas e Demais Colaboradores, onde também incluo todos aqueles que fazem a divulgação do Clube nos diferentes meios de informação onde dão o seu contributo, os meus votos, assim como da restante Direcção, de uma época feliz para todos, recheada dos triunfos possíveis e, acima de tudo, numa convivência onde a lealdade e o saber estar pontifiquem como grandes bandeiras deste clube fazendo, assim, jus aos mais de cem anos do Boavista Futebol Clube.

Não posso deixar de prestar os meus agradecimentos públicos à pessoa do N/ Presidente, Álvaro Braga, pelo convite que me endereçou e pela possibilidade que me deu de poder com ele trabalhar e, acima de tudo, pela honra que me investe de poder prestar serviço neste clube onde, há mais de 70 anos, familiares meus também ajudaram e contribuíram para os primeiros passos de algumas das nossas modalidades amadoras.

Considero que este tipo de funções, quando praticadas num clube como o Boavista, traduzem necessáriamente um sentimento de dever e de responsabilidade em face da máxima exigência de que estão investidos. Considero também que a disponibilidade, o respeito por todos e a união da família BOAVISTA, são e serão lemas desta Direcção.
Assumo também que encontrei um clube onde as modalidades amadoras são, por si mesmas, um grande feito e, acima de tudo, uma forma de vida onde a humildade e a coragem daqueles que sabem o que querem e por essa luta se entregam no seu dia a dia, me surpreendeu e, simultaneamente, fez aumentar o meu respeito pelo clube.

Uma palavra para as actuais modalidades do Clube, que iremos tentar dinamizar com a ajuda de todos. Estamos particularmente sensíveis ao Andebol, ao Futsal e ao Voleibol que, sabemos, lutam por um pavilhão, sendo certo que tudo faremos para o conseguir. Sabemos também das necessidades da Ginástica e do melhoramento que as actuais instalações pedem, incluindo ainda aqui o Judo, o Karaté e a Ginástica de competição onde aqui damos cartas a nível internacional. Estivemos na recente Gala do Boxe que muito nos orgulhou e tudo faremos para que esta modalidade continue na senda dos êxitos que a têm caracterizado. Encaramos também o Desporto Adaptado como uma secção de grande futuro no Clube e para a qual iremos olhar de forma muito prática. O futebol feminino tem um historial recheado de títulos e, embora atravesse agora uma fase de reorganização, sabemos bem onde tem os olhos postos. O Atletismo, a Esgrima, o Futebol para Veteranos, a Natação e o Xadrez são as restantes modalidades que iremos procurar colocar ao nível dos interesses do Clube.

Depois destes primeiros passos no clube, entendo que, do ponto de vista da prática de gestão, temos de colocar como principais objectivos desta direcção a abertura do ginásio 5, ainda em bruto, e a reformulação de todo o espaço interior e de acesso da ginástica, possibilitando assim uma entrada nas amadoras mais digna e de acordo com os pergaminhos do nosso clube. Um pequeno bar de apoio a toda a gente que utiliza essa mesma área e a quem devemos disponibilizar um salão de estudo onde qualquer um dos nossos praticantes possa dedicar-se a algumas horas diárias de estudo pois consideramos importante, para não dizer obrigatório, que este clube contribua, também, desta forma para o desenvolvimento dos seus atletas.
Gostava ainda de transmitir a todos que esta direcção tem igualmente como grande objectivo o aumento significativo das suas modalidades. É nesta orientação estratégica que vamos, nesta primeira fase, incluir três novas modalidades no clube, designadamente uma secção de PaintBal, uma outra de Actividades subaquáticas, onde incluiremos: cursos de mergulho, expedições de mergulho, fotografia subaquática, caça submarina e apneia, e ainda outra que será o Israeli krav Maga Association Portugal (IKMAP), sistema de defesa e combate israelita. Gradualmente iremos incluir mais modalidades pelo que desde já convidamos todos os sócios, que assim o entendam, a propor-se como dinamizadores desta estratégia.
Não posso deixar de terminar sem agradecer a todos o apoio que tenho recebido e, desejar que os jogos das diferentes modalidades sejam, dentro das possibilidades de cada um, um motivo de encontro e confraternização e, claro, de apoio a todos os que diariamente se entregam à sua modalidade contribuindo assim todos nós para o engrandecimento do BOAVISTA FUTEBOL CLUBE.

José Chalupa Sampaio
Vice-Presidente das Modalidades Amadoras