terça-feira, 15 de setembro de 2015

RUI PEREIRA. ANALISA O PASSADO E PREVÊ O FUTURO

O futsal sénior tem uma época muito difícil pela frente. Rui Pereira, boavisteiro de coração enfrenta uma causa que muitos consideram condenada. Sem medos, mas conhecendo a realidade, Rui Pereira assume a sua “nau” rumo à tranquilidade.


A época passada., foi de grandes esperanças, a presente época, apresenta um sinal oposto. Entre a frustração e o sentimento de inversão. Como analisa a época anterior? Falhou o quê?

Não quer estar a falar muito da época passada, uma vez que não fui o treinador do Boavista todo o ano. Fui somente até Janeiro e depois não acompanhei o clube de perto. Penso que na época passada os primeiros meses de trabalho e o início do Campeonato marcaram a época do Boavista. 
Se os primeiros meses, se a pré temporada e se as primeiras jornadas tivessem corrido melhor, a época do Boavista poderia ter sido a melhor de sempre. 
De notar que em Janeiro, quando saí, decorrida a primeira volta e 3 jornadas da segunda volta, o Boavista tinha 16 pontos, um cenário que não sendo bom, ainda poderia levar aos play off.

O que se pode esperar desta?

A presente época irá se de grande sacrifício, luta, trabalho e sofrimento. Sabemos que vamos perder muitas vezes, ser goleados algumas e ganhar menos do que no passado. Por isso, necessitamos do apoio dos adeptos boavisteiros e fundamentalmente dos Panteras Negras. 
Necessitamos, desse apoio do primeiro ao último minuto, do primeiro ao último jogo, esteja o resultado que estiver. O plantel foi totalmente alterado, sendo actualmente constituído por jogadores da formação do clube e jogadores recrutados nas divisões inferiores, na segunda divisão e nas provas Distritais. Mas a nossa promessa é que irão sempre ver o Grupo a dignificar a camisola.

Porque aconteceu a  saída do Rui Pereira na época anterior?

A minha saída foi um grande erro. Na altura os resultados, as exibições, as dificuldades financeiras entre outros factores levaram a tomar esta decisão. Mas hoje, classifico como um erro e se fosse possível voltar ao passado, tudo seria diferente, mas não é possível. 
Só podemos aprender com os erros e seguir em frente. Felizmente 6 ou 7 meses depois já estava de volta ao Boavista e com a certeza que é aqui que quero estar, é aqui que me sinto bem, é aqui que estão os meus amigos, este é o meu clube, é destas pessoas que eu gosto. 
Há um clube para um treinador e um treinador para um clube, não é possível fugir a isto. o clube é o Boavista e o treinador sou eu. Obrigado António Morais.


Porque se dá este regresso, apesar de saber das dificuldades?

O Boavista, necessitava de treinador e eu queria voltar já. Nem sequer me preocupei com as dificuldades. Conversamos e logo passamos ao trabalho. Sou treinador do Boavista em qualquer divisão e as dificuldades ainda me motivam para trabalhar mais e melhor. É importante ter em conta que é uma relação igual e nos dois sentidos, eu estou a trabalhar no Boavista e o Boavista a ajudar me a mim. 
Não existe aqui ninguém superior ou mais importante, eu dou tudo pelo Boavista e o Boavista faz tudo para me apoiar. O Boavista é enorme. Não existe um vir ajudar numa situação difícil, o que existe é um Grande Clube, no qual os dirigentes pensam que eu sou a pessoa ideal para liderar o Grupo neste momento, como pensou o mesmo em momentos passados.


Todos apontam o Boavista como o maior candidato à descida. Concorda ou não?

É verdade, a modalidade aponta o Boavista como um dos maiores candidatos à descida. Mas a nós cabe-nos contrariar esse destino. Com a ajuda dos nossos adeptos e dos Panteras Negras, vamos alterar o nosso destino e ganhar esta batalha, não vamos descer de Divisão e para nós será como ser Campeão Nacional. Vamos necessitar do apoio de todos, principalmente nos momentos mais negativos, mas vamos alcançar esse feito da manutenção.


O Plantel sendo actualmente constituído por jogadores da formação do clube e jogadores recrutados nas divisões inferiores, na segunda divisão e nas provas Distritais. Será possível contratações ou reforços?

Não me parece. Poderá acontecer qualquer alteração pontual, mas o objectivo da Direcção foi aproveitar as dificuldades financeiras, a falta de apoios externos e até internos para aproveitar mais a formação do clube, para fazer regressar antigos jogadores da formação, para dar oportunidade a jogadores de outras divisões para vir para a primeira divisão. 
Penso que esta estratégia vai ser difícil mas vai ter sucesso. Se tivermos sucesso vai ser um marco na modalidade e no clube e servirá para alterar muito a forma como sempre se fizeram as coisas na primeira divisão, alargando assim a base de recrutamento, dando mais visibilidade a outras divisões e possibilitar a redução dos orçamentos.

Existe uma frase dos marinheiros......quando vão para o mar preparam-se em terra. O navio está pronto?

Não foi possível aplicarmos essa frase muito bem. Tivemos que nos lançar ao mar sem grande preparação e agora vamos ter que nos prepara no decorrer da viagem. 
Mas se tivermos os marinheiros certos, sem medo, com o carácter forte, com qualidades e valores humanos e a ajuda, não me vou fartar de pedir, de todos os Boavisteiros, que serão os nossos bons ventos, de certeza que vamos descobrir o Brasil, ultrapassar o Adamastor e descobrir o Caminho Marítimo para a Índia, ficando assim na Primeira Divisão Nacional.


Deseja ter um Pavilhão cheio a apoiar uma equipa, mas só quando luta pelo título ou um pavilhão de 5, 10 ou 15 pessoas que apoia de verdade uma equipa que luta para não descer.

Desejo ter um pavilhão repleto de boavisteiros, que demonstram o seu estado de espírito, umas vezes mais contentes com a equipa, outras vezes menos. Mas que sabem ajudar nas dificuldades, empurrar a equipa, que vão ter consciência da grande tarefa que este grupo de trabalho terá pela frente. 
Que vão sempre apoiar, mesmos quando as coisas não nos correrem bem, porque vão a cada momento ter orgulho no esforço e na atitude da equipa.

Como me disse um grande amigo, Pantera Negra, apoiaremos sempre a equipa, nos bons e nos maus resultados, desde que os jogadores honrem o emblema e o manto sagrado que trazem vestido.

  

FABIANA SILVA UMA MADEIRENSE COM ESPIRITO DE PANTERA

Fabiana Silva, será a atleta mais experiente da equipa sénior de Voleibol. A atleta, que representava o Belenenses, é natural da Madeira, tem o Porto no seu coração e o espirito da pantera na sua personalidade. Esperançada numa grande época mas consciente da dificuldades que o futuro da prova vai trazer.

Vamos começar por fazer uma apresentação aos adeptos. Quem é a Fabiana Silva?

Sou Madeirense, nascida na cidade do Funchal e tenho vinte e nove anos. Vim para o continente há dez anos, tendo vivido oito desses anos, na cidade do Porto da qual gosto muito e por isso, foi com imenso prazer que voltei ao Porto.

Desportivamente?

Vim do Belenenses, para regressar ao meu primeiro clube do Continente, o Boavista. Joguei cá, no Ala de Gondomar e no Castêlo da Maia.

Como acontece este regresso ao Boavista?

Principalmente por razões profissionais, decidi voltar à terra que, eu gosto, e ao Boavista, clube com que identifico, para dar continuidade à minha carreira no Voleibol e partilhar os meus conhecimentos com as minhas colegas.

Onde iniciaste a tua vida no Voleibol?
No Sport Madeira, que foi o meu primeiro clube. E que por sinal, foi um clube que fez muita frente ao Boavista, durante largos anos.

Sei que és uma líder dentro do campo, mas que muitas vezes substituis essa simpatia e dás um berro dentro do campo. Confirmas ?

Primeiro eu gosto de berrar… depois, o povo Madeirense, é um povo que se caracteriza pela sua raça, que se identifica um bocado com os Boavisteiros. Guerreiros, que lutam pelos seus ideais e a quem ninguém vence.

Para além de atleta da equipa sénior, vais trabalhar nos escalões de formação. Em que condições e com que equipas?

Vou trabalhar com o minivoleibol, numa situação em que me tenho dedicado há alguns anos. Comecei, no Castêlo da Maia, com o minivoleibol “B” masculino e fui mudando até chegar às camadas mais altas. 
Em Lisboa, no Belenenses, mantive esse trabalho, que quero continuar no Boavista. É neste meio, que me sinto bem e, quem sabe, um dia subir até lá acima.

Como nasceu este amor pelo Voleibol?
Eu sempre fui uma atleta de muitos desportos. E quando digo muitos, digo mesmo muitos. Colectivos, individuais, com raquete, sem raquete, com bola, sem bola… houve uma altura, em que jogava futebol, que o meu pai me obrigou a decidir. 
Por opinião de amigas e influência do Desporto Escolar, acabei por optar pelo Voleibol, até hoje.

O que esperas, para a próxima da equipa do Boavista?
Não vai ser facilitada de todo. Nós vamos ter algumas dificuldades, dizendo melhor, muitas dificuldades até, porque somos, uma equipa muito jovem. 
Felizmente, ou infelizmente, eu sou, até ao momento, a jogadora mais velha e só tenho vinte e nove anos! Temos algumas limitações técnicas, que estão e terão que ser melhoradas…

Desculpa interromper, mas parece que estou a ouvir o professor José Machado…

Mas isto é a verdade e tudo é muito fácil de explicar.

Explica então.

O que falta em Portugal é haver  poucos treinadores de base, que possam dar às atletas todos os conhecimentos, ou parte dos conhecimentos, que elas necessitam para utilizar depois nas seniores. 
O que acontece, é que o trabalho está a ser realizado de forma muito rápida, ou então não da melhor forma. Isso, faz com que elas cheguem ao escalão sénior com muitas falhas técnicas, tácticas e até mesmo, de personalidade. Sinceramente, neste momento, é o que considero que mais falta no Voleibol.

Deixa-me colocar uma pergunta pessoal. O que eu verifico na formação do Voleibol, é que as jovens, salvo poucas excpeções, levam a fase de formação, quase como uma brincadeira do fim das aulas diárias, e assim, muito poucas se preparam para jogar Voleibol “a sério”. Sentes isso?

Concordo, na base. Mas isto advém muito, da nossa sociedade e da caracterização da sociedade de hoje em dia. 
A sociedade, hoje em dia, quer que todos os jovens sejam os melhores alunos, exigindo que quase todos eles, tenham que ter “cinco ou vinte”. Se têm que ter “cinco ou vinte”, não têm tempo para praticar as suas actividades e serem melhores atletas.
O problema, é que a maior parte dos pais e encarregados de educação, não entendem, e existem estudos que provam o que eu vou defender, que se os jovens forem bons atletas e souberem qual é a diferença entre jogar, ganhar, perder, sorrir, chorar, ser campeão, ou simplesmente estar dentro do campo só por estar. Não percebem, que isso, se irá refletir depois na sociedade de futuro. 
O que acontece, hoje em dia, é que as crianças vêm para cá brincar, porque simplesmente… têm direito a tudo! Há uma facilidade incrível de hoje em dia, as crianças receberem tudo o que querem e por isso, não têm que lutar muito! 
Tudo isto, acaba por se refletir no Voleibol e em todas as outras modalidades.

Vais, com a ajuda da tua equipa técnica, impor essas alterações de comportamento?


Existe, um ditado que diz; “de pequenino se torce o pepino”. Eu gosto do espirito Boavisteiro e gosto que as pessoas tragam para aqui as suas filhotas, porque têm um amor especial ao clube e não só porque as crianças têm que fazer alguma actividade física. Isso, em si, já traz alguma garra. 
Agora só temos que incutir algumas coisinhas para que as miúdas  percebam que o "amigo está do outro lado, mas se pode, jogar contra ele". 
Ter prazer, mas ser irreverente. 

Entrevista de