sexta-feira, 21 de maio de 2010

MANUEL TAVARES UM HOMEM DO VOLEIBOL


Manuel Tavares é o seccionista das seniores do Voleibol axadrezado. Pessoa atenta, mas calma e ponderada.
Tem uma vida ligada ao Voleibol, primeiro com atleta depois como árbitro e agora dirigente do Boavista. Não quis ficar só na foto e procurou o seu grupo, mostrando ser um homem de equipa

Temos conhecimento de o Senhor ser um Homem do Voleibol. Vamos começar por o tentar conhecer um pouco melhor. Como começou no Volei?
Posso dizer que comecei a ver Voleibol ainda estava no verso, digamos assim, porque eu morava ao lado de um campo de Voleibol, que era ao ar livre.
Pertencia a quem esse espaço?
Ao Grupo Dramático e Recreativo Oliveirense (Oliveira do Douro, V. N. Gaia).
Continuemos com a explicação...
De míudo habituei-me cedo, a ver os jogos que me entusiasmavam a mim e à minha geração.
Como praticante, jogou em que clube?
Joguei no Oliveirense até aos juniores.
Abandonou cedo a prática...
Sim, depois dos juniores passei para a parte directiva do Clube.
Mas sei que posteriormente passou para a arbitragem. Como aconteceu?
Curiosamente por influência de um saudoso dirigente do Boavista, o Senhor Alcídio Fonseca que era meu chefe na empresa em que trabalhávamos. Na altura os clubes eram obrigados a apresentar elementos para a arbitragem. Como ele sabia que eu estava ligado ao Voleibol e aliás, o nosso patrão também estava ligado à arbitragem, foi dirigente da A.Voleibol do Porto, como presidente da A. Geral durante muitos anos. Com esta situação toda o meu chefe contratou-me para ser árbitro na posição de representante do Boavista.
Quantos anos durou essa missão?
Esse bichinho durou cerca de trinta anos.
Foi mais árbitro que jogador...
Efectivamente é verdade.
Até que escalão na arbitragem?
Terminei como nacional, fui Estagiário, Regional e Nacional. Não me candidatei a internacional, porque considerei que não tinhas as condições exigidas pelos Regulamentos, mormente a falta do conhecimento de Inglês e a falta de tempo.
Não saber inglês cortou-lhe as pernas?
Tenho conhecimento que existiram árbitros que foram internacionais sem saberem inglês, mas isso são contas de outro Rosário...
Curiosamente volta ao dirigismo no Boavista. Como aconteceu?
Há cerca de um ano, ano e meio em conversa com o falecido José Manuel Palmeira, mostrei interesse em colaborar com o Boavista. Comecei como árbitro no Boavista e como sabia que existia um ambiente muito bom no Boavista, fiz-lhe notar esse meu desejo. O José Manuel ficou de me contactar mal eu terminasse a arbitragem. ficou essa promessa – isto aconteceu, muito antes de ele ter adoecido. Depois aconteceu o que todos lamentamos e sabemos, mas eu cumpri a promessa e aqui estou como seccionista do Boavista.
Infelizmente não chegaram a trabalhar juntos...
Sim a minha carreira de árbitro terminava em 2009/10 e só nessa altura tive oportunidade para assumir o meu objectivo/promessa.
A situação do Volei axadrezado no que respeita a condições te treino etc... surpreendeu-o ou já estava informado?
Eu já sabia que infelizmente o Boavista não nada em dinheiro, como seria desejável para relançar a modalidade a outros níveis. A conjuntara actual não permite que o Boavista possa lutar por outros patamares desportivos. Mas estou convencido que boas vontades e com a vontade dos dirigentes ao mais alto nível do Clube isso poderá ser possível em breve.
Acredita nisso?
Isso tem que acontecer porque se no momento o Boavista não tem estruturas de base porque perdeu o pavilhão Acácio Lelo, mas estou convencido que num futuro próximo, como já disse, com as boas vontades dos dirigentes do alto nível, se possa proporcionar a todas as modalidades e não só ao Voleibol bases para se guindar o clube a outro nível competitivo.
Acredita no regresso à divisão A1?
Sem dúvida nenhuma!
Isso vai impor uma estrutura mais activa, já que na A1 e até na A2, algumas equipas já não são totalmente amadoras...
Obviamente que cada vez mais é necessário um esforço financeiro para se manterem vivas as modalidades ditas amadoras, se bem que se saiba que o Voleibol do Boavista é estritamente amador. Paga-se quase simbolicamente aos treinadores, mas estou convencido que esse esforço que um dia se irá fazer para levar o Boavista a outros níveis, obviamente que terá que partir duma base sólida e duradoira.
Quantos treinos se realizam por semana?
Quatro treinos durante a época. Nesta fase estamos só a fazer três.
Para a A1 serão precisos mais treinos ou reforçar a equipa?
Naturalmente que teremos de conseguir alguns reforços. Muito embora o valor das actuais atletas esteja a um razoável nível, mas se o Boavista quiser lutar por outros patamares terá obviamente de reforçar a equipa.
Esta pergunta é mais dos escalões de formação, mas não resisto a coloca-la. No Boavista algumas atletas seniores são treinadoras de formação no Clube. Como considera isto?
Poderá haver nos outros clubes, pontualmente essa situação, mas penso que não será a melhor, isto por aquilo que eu vejo, impiricamente claro, noutros clubes são contratados técnicos que se dedicam só a treinar as equipas.
Vejo-as demasiado desportistas. Não faltará o espírito de querer ganhar?
Não acho! Esse espírito elas têm-no incutido pelas suas treinadoras, são equipas aguerridas pelo que eu tenho visto, só que faltará algumas qualidades mais técnicas para, por exemplo se poderem qualificar para os nacionais.
O Paulo Pardelejo defendo que até aos juniores todas têm o direito a jogar. Depois disso cada um(a) tem que fazer uma auto-análise sobre a sua continuação na modalidade. Concorda?
De certo modo concordo com ele. O que se pretende das camadas jovens não será o objectivo primordial atingir os nacionais, mas se um dia o Boavista quiser colocar equipas nos nacionais, terá forçosamente que ter outra estrutura.
Na próxima semana vai acontecer o Torneio que será o primeiro e que se quer seja mesmo o primeiro de muitos, em homenagem ao José Manuel Palmeira. O senhor vai estar presente?
Seguramente vou estar presente, não só como director, mas também vou participar como árbitro, creio que ainda estarei dentro das regras mesmo das que foram alteradas. Esperemos que este torneio se perpetue na medida que se homenageie-e o José Manuel pelo que fez pelo Voleibol do Boavista. Trabalhou pela modalidade para que o Voleibol no Boavista seja uma realidade e agora com a Esposa como Directora, acho que o Boavista tem capacidade para, não só, manter esta modalidade como para elevar num futuro próximo.
Ele dizia-me muitas vezes que era director no tempo das vacas magras... se as coisas melhorassem, apareceriam outros...mas ele marcou o Voleibol.
O José Manuel marcou seguramente o Voleibol. Foi um homem que deu tudo ao Boavista nesta modalidade, um homem interessantíssimo, interessado na modalidade, amigo das atletas e do Clube. Ele diria isso, naturalmente e por modéstia, mas eu sei que o seu objectivo era levar o Boavista sempre o mais longe possível e tinha tudo estruturado para o conseguir.
Eram amigos?
Eu considero um grande amigo, não só pelo infúrtunio que lhe aconteceu. Acho que era uma pessoa afável, amigo do amigo. Não é por ele já ter desaparecido que digo isto, porque na família do Voleibol ele foi sempre uma pessoa muito querida.
Nunca o ouvia queixar-se das suas dores...
Absolutamente. Era um homem de coração, um homem forte e agora terá na sua esposa uma continuidade do seu trabalho por esta modalidade. Oxalá que os dirigentes do mais alto nível se interessem pala realidade do Voleibol, que é um modalidade que não traz prejuízo e fará engrandecer o Boavista.
As meninas que entram no Volei, não são todas Boavisteiras, mas ao vestir a camisola podem passar a sê-lo...
Exactamente e assim poderá ajudar a crescer o clube.
Como dizia o José Manuel não é preciso ser Boavisteiro de pequenino...
Claro. E ele é a prova disso, porque deu tudo ao Clube. Ao clube e ao Voleibol.